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História Uma nova vida - Encarando a realidade


Escrita por: Vampira

Capítulo 83 - Encarando a realidade


- Olha... Muita coisa aconteceu. E nenhuma delas foi culpa sua, mas você foi a única que restou para pagar a dívida dele.

- Muita coisa o quê?

- Eu e o pai dele trabalhávamos na Celestia, e perdemos o emprego em uma situação de crise. E a vida ficou muito difícil pra nós, para ele principalmente. Ele não tinha só um irmão, tinha dois.

Eu até podia imaginar o final da história.

- O irmão mais velho dele estava doente, tinha um tumor e precisávamos de dinheiro para o tratamento. Mas não tínhamos. O irmão dele acabou morrendo.

Até eu me senti mal depois de ouvir isso.

- Eu e meu marido demoramos, mas conseguimos lidar melhor com a situação depois de uns anos. O Edmund não. Levei-o ao psicólogo, tentei arrancar essa ideia de vingança da cabeça dele, mas, quando ele completou 18 anos, saiu de casa, foi morar com uns amigos, ficou rico não sei como, e nunca mais falou comigo. Quando ele soube da sua existência, tentei entrar em contato com você, mas nunca te encontrei pessoalmente.

Era uma situação complicada, eu tinha de admitir.

- Ele não acha que já causou dor o suficiente?

- Ele é vingativo. Vai até você não ter mais nada com o que se importar.

Pensei imediatamente na minha tia.

- Eu sei que é muito pra encarar. Há quanto tempo está fugindo dele?

- 8 anos.

- Eu tentei fazê-lo desistir, mas não posso fazer mais nada agora. – Ela me olhou, com pena. – Lamento, mas perdeu seu tempo vindo aqui.

Eu e o Dean saímos, eu estava derrotada. Acomodei-me no banco do passageiro e perguntei:

- E agora? Se ela não pode fazer nada...

- Acho que só resta uma solução – ele disse, e eu já sabia qual era a solução. Bem a que eu não queria.

- Não vamos chegar nisso. – Falei, advertindo-o.

- Tem alguma ideia melhor? – ele me confrontou.

Encostei-me no banco e disse:

- Me dê um tempo pra pensar.

- Será que ele te daria esse tempo?

Revirei os olhos.

- Para onde vamos agora?

-Seguindo para o plano B. Litoral.

Algumas horas se passaram, de completo silêncio, ele dirigindo, até que ele resolveu falar comigo.

- Kath... Está acordada?

- Sim. – Eu consegui notar o nervosismo na voz dele.

- Eu queria te falar uma coisa.

- Estou ouvindo. – Em nenhum momento ele se virou para mim.

- Sobre o que eu fiz ontem... Desculpe-me.

- Ir embora foi a coisa mais sensata que alguém teria feito. É muita coisa para absorver.

- Eu não deveria. Depois de tudo o que eu fiz... Parecia que eu ia desistir de você.

Surgiu um imenso ponto de interrogação na minha cabeça.

- Não vai?

De repente, o celular dele tocou, em um momento bem oportuno, por sinal.

- Pai? – o Dean atendeu. E, como eu estava perto, consegui ouvir.

- Está melhor?

- Sim. Eu soube que você falou com a Kath.

- Ela é a única pessoa perto de você agora. – O John disse, dando uma ideia de estar se distanciando dele. – E ela tem boas intenções.

- E desde quando você começou a pensar assim? – O Dean fez a pergunta que todos queríamos fazer.

- Desde que... As coisas mudaram um pouco. Enfim, ela está ouvindo?

- Não.

- Pois deixe no alto falante. Isso eu quero dizer para os dois.

Depois de feito o que ele pediu:

- Oi John. – eu disse.

- Quero ver vocês dois pessoalmente.

Eu e o Dean nos olhamos, curiosos.

- Posso saber o motivo? – ele perguntou.

- Saberá se vir à Califórnia, em dois dias.

- O Sam vai estar lá?

- Não – o John respondeu, amargo. – Seu irmão andou se afastando de mim, por uma série de motivos. Mas vocês vem, certo?

Eu e o Dean nos olhamos, curiosos.

- Vamos – ele respondeu.

- Então, até daqui dois dias. E se cuidem, entenderam?

- Sim – eu respondi.

O John desligou.

- Tem alguma ideia dos motivos dele?

- Nenhuma.

Mudamos a rota, ainda pensando nisso que o John havia nos dito. O que ele queria me dizer? Se isso tivesse acontecido um tempo antes, eu certamente estaria muito chocada e pensando que ele iria me difamar, portanto nem iria. Mas, como deu pra ver que ele mudou, muito, ele era imprevisível para mim agora.

Em minha mente, também passavam possíveis pessoas com as quais o Edmund tinha alguma ligação e talvez escutasse ainda, apesar do ponto aonde o psicológico dele havia chegado. Me veio a família dele: a esposa e o filho. Bom, para falar com ela eu teria que chegar disfarçada e não deixar que ele soubesse, senão meu destino depois seria o cemitério.

Pensei se ele tinha tios, tias... E, de repente, alguém me veio à cabeça. Abri o porta luvas, peguei uma folha de papel e comecei a anotar tudo que me lembrei, rapidamente. O Dean me olhou, confuso e, quando terminei, ele perguntou:

- O que você estava anotando?

- Tudo que eu me lembrava da família do Edmund.

- Ainda vai atrás de alguém que consiga pará-lo? – ele estava impaciente.

- Você sabe que não quero chegar ao ponto de mata-lo. - Respondi, olhando-o.

- Por pena?

- Não é por isso. Eu não tenho pena dele. – Falei, estressada. – Dean, ele tem um filho. Ele tem esposa. Ele pode ter arruinado a minha vida, mas se eu acabar com a dele, vai ter gente sofrendo.

- Não acha que deveria pensar mais um pouco na sua... Segurança? Ou quem sabe em aumentar seu tempo de vida? Porque com ele vivo, nunca se sabe quando será seu fim.

- Eu entendo que você discorde de mim. Mas, já ouviu falar em empatia? – Ele revirou os olhos. – Se coloque no meu lugar.

- Aí que eu ia querer acabar com ele.

- Se coloque no lugar do filho dele. Vamos arruinar a vida de uma criança.

- Quer continuar vivendo assim? Nessa correria, nessa incerteza? – Ele perguntou.

Eu não soube o que responder. Era claro que eu não queria continuar vivendo daquele jeito. Eu já estava cansada, e disso ele sabia muito bem. Mas, acabar com o Edmund não me parecia algo correto a se fazer. Mesmo estando na situação em que eu estava, mesmo sentindo o que eu sentia. Eu não queria mais arruinar a vida de ninguém, e o Dean não entendia isso. Ele também não entendia que, se eu fizesse aquilo, eu ia conviver com a culpa, com o pesar, o resto da minha vida.

- Não vou brigar com você – eu respondi. – Quer mudar de assunto?

- Você precisa enfrentar os seus problemas.

Fiquei em silêncio e não respondi nada.

...

Continua...



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