- Como ela chegou lá? – ele também ficou surpreso.
- Sabe que... policiais tem inimigos, certo? Investigadores também tem e... ás vezes somos sequestrados.
Ele não reagiu muito bem a isso.
- Isso é uma coisa... normal?
- Dependendo de quem você investiga, sim.
- Quem sequestrou ela? – Ele estava preocupado.
- Não sei.
- Não tem nem ideia?
- Não. Pode ser muita gente.
- Ela já está livre?
- Sim. Quem quer que tenha sequestrado a Nikki já foi embora. – Ele ficou mais calmo, porém não totalmente.
- Vamos, então?
- Ok.
Ele foi dirigindo e, como ele tinha uma ótima noção de lugar, eu pude ficar sozinha com meus pensamentos. Com a mente viajando pelas investigações, acabei dormindo e acordei com o sol refletindo em meu rosto.
- Bom dia – ele disse, rindo.
- Bom dia – eu respondi, zonza. – Qual a graça?
- Já viu seu cabelo no espelho? – Olhei e dei risada também.
- Ainda está bonito assim, Cass. Já esteve pior. – Fiz uma pausa enquanto olhava meu reflexo. – Dirigiu a noite inteira?
- Sim.
- Cadê o cansaço?
- Sumiu... Eu estava pensando no que você me disse. – Ele estava pensativo.
- Sobre...
- Sobre investigadores serem sequestrados e tal. Isso é errado.
- É, mas, não é como se pudéssemos impedir.
- Então, ninguém do departamento de polícia ajuda vocês?
- Ajudar eles ajudam, mas não podem manter os olhos em nós o tempo todo. Geralmente a pessoa é encontrada depois...
- Assassinada?
- Não! Não desse jeito. Só meio traumatizada. Por isso geralmente andamos em duplas.
- A Nikki é investigadora?
- Está mais para policial – eu respondi. Ele estava fazendo perguntas demais. Parecia realmente estar se importando com tudo isso, querendo mudar essa realidade. Porque o que eu estava dizendo à ele era realmente verdade. Nunca aconteceu comigo, mas já ouvi casos assim.
- Você anda sozinha por aí?
- Sim – ele estava abismado.
- Isso é perigoso, Kath.
- Nem tanto. Essa história de sequestro só acontece com investigadores que procuram casos mais polêmicos, do tipo que aparece nos jornais. Eu procuro meus casos de outro jeito – eu dei risada. – Eu fico ouvindo a conversa alheia.
O Castiel deu risada.
- Por que será que esse jeitinho só podia ser seu?
Algumas horas depois...
Fizemos uma parada em um posto e compramos mantimentos.
- Quer que eu dirija? – perguntei à ele.
- Seria bom – ele respondeu. Para mim também seria bom, pois ele pararia de fazer perguntas.
- Posso... te perguntar uma coisa? – eu disse isso quando ninguém mais ia ouvir.
- Estou te enchendo de perguntas. Vá em frente.
- Você dorme quanto tempo?
- O mesmo que todo mundo – ele disse, estranhando minha pergunta. – Por que a curiosidade?
- É que você ficou um tempão sem dormir e ainda está bem... – eu disse, querendo insinuar o resto da pergunta. Ele me olhou por mais alguns segundos até que entendeu aonde eu queria chegar.
- Não tenho mais poderes. Pelo menos acho que não. Mas nunca fui muito humano não. Parece que ainda tenho um “sexto sentido”.
- Nós, humanos, chamamos isso de dedução. Claro que eu não entendo muito dessa coisa sobrenatural.
- Não é complicado. É mais improvável mesmo – ele deu risada. – Mas acontece.
Quando vi, ele já estava dormindo, e, um tempo depois, o celular dele tocou.
- Alô? – ouvi do outro lado da linha.
- Dean?
- Prior? – Ele ainda me chamava pelo sobrenome. – Cadê o Castiel?
- Dormindo.
- Como anda a investigação?
- Estamos chegando na Virgínia ainda.
- E como anda a viagem? – estranhei a preocupação dele.
- Normal... – Fiz uma pausa. – Do que é que você está desconfiado?
- De nada.
Ele era mesmo um mentiroso.
- Sabemos que você ou quer saber se não aconteceu nada com o Castiel ou quer me pressionar para que tudo seja resolvido logo. Não precisa desencavar gentileza. – Eu disse.
- O Sam está me obrigando – ouvi uma voz no fundo da ligação. - Ele quer que eu seja amigável. – Eu dei risada.
- Uau.
De repente, o celular foi trocado de pessoa.
- Estou mesmo obrigando-o a ser mais amigável. – o Sam disse. – Principalmente com você que está fazendo tanto por nós. Obrigado, Kath.
Eu sorri, alegre. Mas a culpa me roía por dentro. “Nem estou fazendo nada. Estou enganando duas pessoas maravilhosas por causa do medo que sinto. Duas não, uma”, pensei.
- Não é nada demais.
- O Castiel te falou alguma coisa de mim?
- Não, ele deveria ter falado? – fiquei desconfiada.
- Quem sabe? – Eu queria saber, mas ele não contava. – Vou desligar. O Dean não quer que eu fale com você.
- Mas ligaram por quê? – fiquei confusa.
- Para saber da investigação. Do Castiel também. Até mais – o tom de voz dele era alegre, mas parecia ocultar alguma coisa. Quem dera eu soubesse o que era.
Depois de desligar e de me certificar de que o Castiel não iria acordar tão cedo, liguei para a Nikki.
- Oi. Onde vocês estão? – Ela disse.
- Gentileza mandou lembranças, Nikki. – Eu respondi, irritada.
- Só quero saber se vocês estão chegando.
- Vai demorar um pouco ainda.
- Se apressem. Aí tudo isso vai acabar.
- Com quem você se encontrou? – Fui direto ao ponto.
- Ninguém importante.
- Nikki... Não me diga que é o detetive-chefe.
- Como se ele não tivesse o que fazer, não é? – Isso tudo era só por que eu gostava do Sam e estava me aproximando do Castiel, como amiga, é claro?
- Quando foi que as coisas ficaram assim? Tão conflitantes? – Eu perguntei.
- Quando você perdeu completamente o juízo.
Continua...
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