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História Uma nova vida - Perda de memória


Escrita por: Vampira

Capítulo 41 - Perda de memória


Não perguntei o que era, mas a vontade de fazer isso era imensa. Eu esperava que meu plano desse certo e que ele logo decidisse que eu era um caso perdido e me tirasse dali, mas, parecia que ele não ia desistir sem lutar.

Essa era uma característica dele que eu queria que sumisse, porque, seja o que for que ele tanto anseia saber, não deve ser coisa boa. Como se estivesse tentando me lembrar de alguma coisa, fiquei quieta e ele disse:

- Se lembra de antes?

- Antes? – perguntei, fingindo confusão. – Antes quando?

- Antes de chegar aqui.

- Não.

- Nadinha?

- Nadinha – confirmei e ele olhou ao redor, revoltado.

- E de antes disso?

- Antes quando? – perguntei, sem entender.

- Quando você virou policial.

À medida que ele falava as lembranças iam chegando, mas ele não ia saber de nada.

- Eu era bem nova ainda, não é? – questionei, e ele assentiu.

- Quando te encontrei você era uma policial mais ou menos.

- Aposto que eu ficava trancada dentro de um escritório, assinando papéis – eu supus.

De jeito nenhum que eu ia acabar em um escritório. Embora fosse o lugar mais tranquilo de lá, onde você não tinha que lidar com ninguém que oferecesse perigo à sua integridade física ou moral, trabalhar lá devia ser um tédio. Sempre fui de viajar, de forma nenhuma que eu ia ficar trancafiada em um cômodo com uma pilha de papéis e uma mesa.

- Pior que não. Você era policial de cena de crime. – Ele respondeu e eu fingi me espantar.

- Nunca que eu pensaria nisso – tentei mostrar que eu estava diferente, para dar força à encenação. – Fiquei nisso por quanto tempo?

- Até resolver virar detetive. Aí começou a viajar para vários lugares.

- Mas onde eu ficava antes?

- Em Chicago.

Constatei que ele sabia coisas demais sobre mim. Sabia onde eu trabalhava, o que eu fazia, quem eu era... Ele certamente tinha isso escrito em algum lugar, eu só não sabia onde. Reparei que aquela sala era cheia de gavetas, que podiam conter muitas coisas diferentes. Eu precisava sumir com a ficha, mas havia uma questão impertinente que realmente me incomodava: como eu ia esconder uma ficha criminal? Que, se eu estava presa, ele certamente devia ter uma ficha criminal minha, embora o único crime que eu cometi foi parar de cometer erros.

De repente, houve uma batida na porta e ele foi atender. Olhei discretamente quem era, ainda no mundo da lua.

- Um psicólogo chegou – ouvi meu novo guarda de solitária dizer. – Ele disse que o senhor o chamou aqui.

- Pode mandar entrar – o detetive disse, com pressa.

Um homem alto, por volta de 1,80, calvo, jaleco, sério. Olhou para o detetive e olhou para mim logo em seguida.

- Ela é a pessoa que teve um branco na memória?

- Sim.

Para aumentar a certeza dele, eu o observei com a curiosidade evidente, mas sem falar nada.

- Tenho umas perguntas a fazer antes de começar qualquer coisa. – O detetive não gostou disso. – Ela pode escutar?

O detetive olhou para mim e eu fingi estar distraída, pensando em outra coisa, mas com os ouvidos atentos.

- Pode. Ela não se lembra direito de nada.

- Olhe só onde ela está. Por qual motivo quer que ela recupere a memória? – era essa a pergunta que eu queria ver respondida, quer fosse antes ou depois de sair daqui.

- Eu te liguei. Você trabalha na delegacia. Não deveria estar fazendo perguntas – o detetive falou, visivelmente incomodado.

- Eu preciso saber do que se trata para que eu possa ver qual o melhor método de recuperação da memória.

- Se trata de algo muito importante que eu preciso que ela se lembre.

- Algo muito importante pra ela? Ou pra o senhor, detetive?

Tive que conter um sorriso.

- Para os dois.

Essa resposta me deixou confusa. O que poderia ser importante para duas pessoas completamente diferentes? O que ele queria saber, afinal?

- De quando, mais ou menos, ela deve se lembrar?

- 4 anos atrás.

Tudo que aconteceu há 4 anos atrás passou como um filme longa metragem na minha mente, e devo dizer que, nesse ano, eu passei por muitos problemas. Muitos mesmo. E, tentando juntar a data com a informação de que era algo importante para o detetive, não consegui nada. Eu nem sabia que ele existia e muito menos que era detetive.

O psicólogo queria perguntar mais alguma coisa, mas resolveu prestar atenção em mim. Ele sentou-se de frente para mim, como se estivesse tentando se concentrar. Olhou para mim e disse:

- Qual seu nome? – e eu que pensei que ele já soubesse disso.

- Katherine.

- Qual o sobrenome?

-... – Não respondi, apenas devolvi o olhar.

Ele e o detetive se olharam, e pude perceber que eles estavam começando a se preocupar.

- O que você fazia na delegacia?

- Segundo ele, eu era detetive.

- Segundo o que você se lembra.

Fingi que estava confusa.

- Sei que eu viajava. Para vários lugares.

- Fazia o que nessas viagens?

- Eu... Conversava com bastante gente.

- Sobre...

- Aí eu não sei.

Eu só queria saber quando eu ia sair dali mesmo. Ele continuou com as perguntas mais simples, se eu me lembrava da minha infância, e da minha adolescência, porque, pelo que eu entendi o detetive não passou nada para ele e queria que ele restaurasse minha memória magicamente.

Quando eu me cansei de responder perguntas, e o psicólogo estava cansado também, me mandaram de volta para a cela. Só voltei à minha atitude normal, que não era desanimada e caída daquele jeito. Não sei se meu mais novo guarda de cela notou alguma coisa, sei que fiz apenas uma refeição e dormi.

Nos sonhos, muitas coisas apareciam, sejam repetidas ou não. Os Winchester e o Castiel eram quem mais aparecia. Diziam que eu deveria fugir dali. Minha família também apareceu. Minha tia dizia estar preocupada comigo. Me lembrei que estávamos conversando e logo tudo foi sumindo. Eu estava em plena queda para dentro de um buraco escuro que não parecia ter um fim. Como caí nesse buraco? A Nikki me empurrou lá para dentro, me lembrando que ela disse que eu ia pagar.

Quando acordei, já caída no chão, meu guarda de cela e o psicólogo estavam a me observar.



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