Depois do almoço, o Betão ajudou a mãe a lavar a louça, e ela começou a limpar o fogão. Enquanto fazia isso, olhou para o filho e perguntou:
— Você ficou calado durante todo almoço... Aconteceu alguma coisa?
— A Laura terminou comigo, mãe.
— Nossa, filho... Mas você não pediu desculpas para ela?
— Pedi, só que não adiantou nada, porque ela está afim de outra pessoa.
— Como assim?
— Ela me traiu com uma menina do nosso colégio, mãe.
— Ah, não... — balançou a cabeça em negativa — O que essa menina tem na cabeça? Vocês vão ter um filho!
— É... Mas mesmo assim ela me deixou...
— E agora? Você vai continuar dando apoio a ela, como eu disse, né?
— Vou, mãe... Amanhã mesmo, ela tem consulta com o Dr. Reginaldo, e eu vou estar presente.
— Ok... Não vejo a hora de saber se vou ter um netinho ou netinha.
Betão sorriu e disse:
— Eu queria um menino para ensiná-lo a andar de skate.
— Como o seu pai fazia?
— Isso, mãe... Eu quero um filho skatista.
— E eu aprovo. — disse ela, sorrindo.
O garoto terminou de lavar a louça e comentou:
— Mãe, eu vou na pista de skate me encontrar com uma menina...
— Claro, filho. E quem é a menina? Eu conheço?
— Não. Ela se chama Suzana e é do primeiro ano.
— Hum... — disse ela, sorrindo.
— Mãe, não é nada disso... Ela é bonita, mas ainda sou apaixonado pela Laura.
— Oh, meu filho... Olha... Eu acho a Laura super bacana, sabe? Mas se não deu certo, siga a sua vida, porque o amor não é um sentimento que a gente implora... Ele acontece naturalmente.
Betão ficou ouvindo aquelas palavras, mas em seu íntimo ele queria reconquistar a Laura. Se a Kelly achou que o garoto desistiu tão fácil, ela estava enganada, pensou o garoto consigo mesmo.
Em casa, Ygor ainda estava almoçando ao lado das meninas. O prato principal era um delicioso macarrão espaguete à bolonhesa que havia sido preparada por Priscilla.
— Priscilla, eu não me canso de elogiar esse macarrão que você faz... — disse Ygor.
— Isso é porque você ainda não viu a pizza de lombo canadense com catupiry que ela fez para mim uma vez... — comentou Natalie.
— Nossa... Já quero marcar um dia para você fazer aqui, Pri.
Priscilla sorriu e disse:
— Eu faço com o maior prazer, amigo.
— Só a Laura que perdeu... — comentou Ygor, lembrando que tinha convidado a garota também.
— Ela foi lá para casa com a Kelly, Ygor... — disse Natalie.
— Sério, menina? Agora, eu entendi tudo... E posso falar? Aquela mansão vai pegar fogo, hein?
As duas garotas sorriram, e ele continuou:
— Meninas, agora vamos para a sobremesa? Eu fiz um pudim de maracujá com chocolate que vocês precisam provar! Não sei cozinhar muito bem, mas esse pudim ficou uma delícia, modéstia à parte.
— Hum... Já quero! — respondeu Natalie nem se importando com a dieta.
Minutos depois, Betão saiu de casa e chegou até a pista de skate. Suzana já esperava por ele com um enorme sorriso no rosto. Assim, eles se cumprimentaram com beijinhos no rosto.
— Que bom que você veio, Suzana. — disse ele, sorrindo.
— Eu amei o seu convite e estou louca para te ver treinar.
— Ok... Eu vou dar uma treinada então e já volto.
— Vai lá, gatinho...
Betão entrou na pista e treinou um pouco, mas a sua atenção foi desviada para um homem encapuzado que estava os observando atrás de uma árvore. O rapaz, então, achou aquilo estranho e saiu da pista para verificar, mas o homem saiu rapidamente do lugar.
— O que houve, Betão? Você parece preocupado.
— Eu vi um cara encapuzado olhando para cá...
— Sério? — disse ela, olhando para trás — Agora fiquei com medo.
— Não fique... Vou te fazer companhia aqui. — disse ele, sentando-se ao lado dela.
Ela sorriu e respondeu:
— Você manda muito bem no skate.
— Valeu, Suzana. Mas ainda quero melhorar algumas manobras para participar dos campeonatos.
— Hum... E tenho certeza que vai ganhar todos, porque você é um garoto incrível.
Ele sorriu novamente, e ela aproximou-se dele para beijá-lo, mas o garoto desviou o rosto. Suzana ficou sem graça e afastou-se um pouco.
— Me desculpe, Suzana.
— Não... Eu é que te peço desculpas. Você acabou de terminar o namoro, e eu aqui querendo tentar...
Ele tocou carinhosamente a mão de Suzana e aproximou-se, fazendo com que os seus lábios tocassem os dela. Betão achava a garota muito atraente e resolveu beijá-la como qualquer outro homem faria, mas o seu coração ainda pertencia a Laura.
As horas passaram, chegando o outro dia. Natalie levantou-se e foi até a mesa do café. Judite tinha preparado um delicioso bolo chamado “formigueiro”, que havia aprendido com a Maria.
— Nossa... Bolo formigueiro! A Maria que fez, Judite? — perguntou Natalie.
— Não. Eu aprendi com ela e quero que a senhorita prove se ficou bom.
— Tá bom... — Natalie comeu um pedaço — Hum... Judite, ficou muito bom.
— Então está aprovado?
— Aprovadíssimo!
— E a sua irmã? Ela não vai para colégio?
— Não. Hoje ela tem que ir ao Dr. Reginaldo com o meu pai e o Betão.
— Ah, sim...
Alguns minutos depois, Edgar levou Natalie até o colégio, e Sérgio Smith retirou o seu carro de passeio da garagem. Laura já estava do lado de fora só esperando o pai. Quando ele trouxe o carro, a garota entrou e sentou-se ao lado dele.
— Filha, você vai me dizendo para que lado fica a casa do Humberto, porque nem sei onde esse rapaz mora.
— Tranquilo, pai.
Laura foi indicando as ruas que ele deveria passar, e logo chegaram em frente a uma casa pequena e simples. Sérgio Smith buzinou, e o garoto apareceu, indo se sentar em um dos bancos de trás.
— Bom dia. — disse o rapaz, mas apenas Laura o respondeu.
Logo o carro de Sérgio Smith parou na frente do consultório do Dr. Reginaldo. Eles, então, saíram do carro e se dirigiram ao local, que estava com algumas pessoas na sala de espera.
Em instantes, uma auxiliar do Dr. Reginaldo apareceu na porta falando o nome da próxima paciente.
— Laura Smith.
— Ah, sou eu... — disse Laura, levantando-se da cadeira.
Laura e Humberto entraram, e Sérgio Smith continuou na sala de espera. A auxiliar do Dr. Reginaldo pediu para que Laura se trocasse e depois se sentasse no lugar, onde iria ser examinada. Assim, Laura pediu para que Betão se virasse para que ela colocasse o que fora oferecido.
— Laura, para que isso? Eu já te vi várias vezes nua.
— Cala a boca, Betão. E vire-se, por favor.
O garoto virou-se, mas ficou com uma enorme vontade de vê-la sem roupa. Depois disso, uma porta abriu-se.
— Olá... — disse o médico — O meu nome é Reginaldo Cardoso.
— Eu sou Humberto Silva. — respondeu o rapaz, estendendo a mão ao médico.
— Olá, campeão. — disse ele cumprimentando o rapaz, e olhou para a garota — E você é a Laura Smith, a filha do Sérgio Smith, não é isso?
— Isso... E ele está aí fora nos esperando.
— Certo... E em que posso ajudá-los? — perguntou o médico.
— Eu... — Laura começou a dizer — Eu fiz uns testes de gravidez em casa e deu positivo.
— Tá bom... Vamos verificar se há um bebezinho aí. — disse o Dr. Reginaldo.
O médico sentou-se em um banquinho em frente a ela e pediu:
— Abra as pernas...
Laura abriu as pernas, e o médico colocou um pano em cima dos joelhos dela e depois pôs as luvas em suas mãos. Em seguida, passou um gel em um aparelho e o introduziu na garota.
A seguir, o Dr. Reginaldo foi explicando o que observava pelo aparelho em que aparecia as imagens de dentro da barriga.
— Olha... Lá está o colo do útero... O útero... Está vendo?
— Sim. — disse ela.
— Aquela bolsa escura ali é o saco amniótico... E bem ali no meio está o embrião. Está vendo aquele pulsar? É... o coração.
Laura ficou observando aquela imagem se mexendo, e o Dr. Reginaldo concluiu:
— É. Você está mesmo grávida, Laura Smith. Meus parabéns! — afirmou o médico todo animado.
Laura levantou-se do lugar e começou a ficar emocionada, e Betão também estava sem saber o que falar, mas aproximou-se para abraçá-la. Eles já sabiam a verdade, mas ver aquele embrião de perto era algo extremamente diferente e emocionante.
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