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História Uma ressaca de nove meses. - Ações para o caos. - Parte I


Escrita por: MaryAckerman

Capítulo 33 - Ações para o caos. - Parte I


Comparar aquele Meliodas que conheci na boate e convivi por cinco meses com este, era inegavelmente estranho. Aquele que conviveu comigo em Londres era risonho, cheio de piadas maliciosas e preocupado com a família que estamos constituindo.

Entretanto este da Rússia é completamente seu oposto, quer dizer, eu havia o visto sem toda essa máscara que criou quando estávamos a sós no quarto. Mas agora com homens nos seguindo com os olhos em todas as direções e ele sendo o atual dono da Bratva era diferente. Andando na frente ele liderou caminho por corredores que eu estava tentando memorizar, mas a gravidez andava fazendo sua parte de me deixar com a memória mais curta.

Ele empurrou uma porta preta com dobradiças douradas e acenou para eu entrar, Dolor e um ruivo da altura de Harlequin ficaram na porta com armas em punho e ouvidos atentos, a porta bateu fechada atrás de mim e eu olhei ressabiada o local. Era como a sala que havíamos estado mais cedo, porém esse escritório era dele eu pude deduzir pela familiaridade que Meliodas andou pelo cômodo. Com um suspiro alto ele se jogou sentado em sua cadeira e eu me sentei no sofá de couro marrom, o móvel bem cuidado é macio quando relaxo contra ele.

Não tenho coragem e nem vontade de quebrar o silêncio que fica entre nós, é claramente desconfortável mas Meliodas está perdido em seus próprios pensamentos e eu com mente trabalhando algumas opções de como escapulir daqui o mais rápido possível.

Passou-se dez minutos inteiros até aquela porta se abrir novamente, mas não é Zeldris quem entra. É um militar,  seus cabelos são grisalhos e há pequenas rugas nos cantos dos olhos, imagino que ele tenha no máximo quarenta anos, sua farda em tons azuis claro e a quepe está enfiada de forma desleixada no bolso da calça, seu cinto com arma e distintivo não está com ele.

Ele sorri abertamente e abre os braços, seus olhos afiados me encaram rapidamente e ele move a cabeça e me cumprimentar, é russo, então não entendo o que ele diz. Meliodas engata em uma conversa com ele seu tom muito menos macio do que usou conosco durante o café da manhã, há uma brusquidão em seus movimentos que não causa nenhuma reação negativa no militar.

- Você sabe inglês, use-o. - Meliodas instrui o homem.

- Pensei que quisesse deixar a garota às cegas a respeito do que anda fazendo. - Sinto um gelo na boca do estômago e ele se curva pegando minha mão. - Hendricksen Yosef ao seu dispor senhora.

- Largue a mão dela, Hendricksen. 

- Ele gosta do osso dele, não é. - O homem sussura e pisca endireitando a postura, ele sorri e anda até estar com as mãos apoiadas na poltrona em frente a mesa dele. - Uma boa carga de cocaína de primeira qualidade acabou de passar pela alfândega. Maior do que tínhamos combinado.

- Cusack deve ter se esquecido disso. 

- Ou talvez você está tentando quebrar o contrato que fizemos.

Meliodas bufou e esfregou a testa repetidas vezes.

- O que diabos você quer? 

Hendricksen olhou em volta e estalou a língua no céu da boca.

- Dinheiro, armas, drogas? - O loiro questionou novamente. 

- Que tal caducar a dívida que tenho? 

Meliodas levantou os olhos do papel que analisava sobre a mesa, um vinco se formou entre suas sobrancelhas e ele negou.

- Você deve um milhão para a Bratva.

- E você passou mil toneladas de drogas só nesses dois meses que assumiu. 

Engasguei e levantei depressa do sofá, a conversa estava me deixando enjoada e engoli em seco quando ambos os homens olharam pra mim, levei a mão até a boca e andei até a porta onde bati na madeira e aguardei ela ser aberta. Foi imediato Dolor dar acesso para minha saída e eu não olhei para trás quando ouvi Meliodas instruir algo ao homem.

Ele tinha na mão o cinto com o coldre de Hendricksen e o entregou para o outro segurança, segui as cegas pelo imóvel. Apenas andei pelo corredor e virei a primeira esquerda que surgiu, é uma das intermináveis salas de descanso daquele lugar.

- Pode me deixar sozinha um pouco? - Pedi ao segurança, ele apenas assentiu e voltou o caminho que havia feito.

Eu andei até a sacada com parapeito de ferro dourado e respirei profundamente o ar gelado da cidade. Os fundos da propriedade dá vistas para a orla e eu observo os diversos navios ancorados na redondeza. Imaginar o quanto de coisas erradas que Meliodas autorizou nos últimos meses me causa terror e me sento na poltrona de jardim colocada alí. 

Quantas vidas Dominique e Meliodas haviam desgraçado empurrando drogas ilegalmente para outros continentes e países? Quantas famílias destruiu ou quantas pessoas viciou apenas para conseguirem aumentarem a fortuna da Bratva? 

A bile sobe a minha boca e eu inclino o corpo para frente respirando fundo algumas vezes. Antes de saber da realidade de sua família, eu podia jurar que Meliodas era apenas o filho rebelde que não concordava com o modus operandis de sua casa e por isso tinha decidido deixar o país onde nasceu. Era pior a realidade, não havia o que ele pudesse fazer. A Bratva sempre o assombraria, não só ele como Zeldris também.

Tentar decifrar o que realmente havia acontecido para Meliodas deixar a Rússia era diferente, eu me contentava apenas com poucas informações vagas que ele uma vez ou outra me dava e imaginava algo completamente diferente disso. Ele me dava apenas as sombras da maldita realidade que vivia.

Eu não deveria ter aceitado o convite de Madeleine, deveria ter deixado Meliodas partir sem ter a esperança de tê-lo de volta.

Eu deveria ter ficado em casa e não ido para a boate com Diane e Elaine meses atrás, dessa forma não teria conhecido ele e sem querer ter me enfiado em todo esse redemoinho de caos.

Eu quero ir para casa.

Levantei-me da poltrona e passei pela sala, o frio doía meus ossos quando olhei para ambos os lados do corredor sem saber para onde seguir naquele labirinto de várias salas. Escolhi a esquerda e andei alguns metros até a porta aberta que parei apenas para me arrepender da minha decisão.

Um copo cheio de whiskey com gelo estava colocado sobre a cômoda de mogno do quarto e eu tropecei para trás tentando sair às pressas dali. Estarossa riu erguendo a cabeça e fungou forte em êxtase quando as duas fileiras de pó que havia acabado de cheirar entrou no seu sistema respiratório, ele limpou o nariz e lambeu os dedos.

- Essa é realmente boa. - Disse alto e em seguida olhou para mim ainda travada na porta, incrédula. - Entre de uma vez.

Ele agarrou o copo de bebida e andou até a entrada do cômodo, dei dois passos para trás e tentei escapar antes que sua mão apertasse meu pulso e ele me puxou com força para dentro do quarto, ele girou a chave na maçaneta e a guardou no bolso da calça.

- Você é insuportavelmente curiosa, Elizabeth. - Ele resmungou e fungou novamente antes de dar um gole do Whiskey. - Deveria estar sob as asas do meu primo idiota e não zanzando por aí.

- Me deixe ir. - Pedi, meu coração estava acelerado pelo medo e surpresa, era a primeira vez que eu via alguém se drogar. 

- Sabe, podemos curtir um pouco primeiro. - Estarossa virou e sorriu abertamente aproximando-se de mim, o cheiro de álcool estava forte e as pupilas quase engoliam o azul de suas íris. - Beba um pouco.

Ele encostou a borda do copo na minha boca e eu empurrei sua mão, dei dois passos para trás e engasguei com minha respiração quando atingi a parede, Estarossa riu e tomou um gole da bebida novamente. 

- Meliodas é um filho da puta de merda, sempre consegue as melhores coisas. - Ele se lamentou. - Herdeiro da Bratva, o filho exemplar, tem uma mulher gostosa e simplesmente não quer nada disso só pra viver uma vida pacata numa cidade estrangeira.

- As pessoas fazem suas escolhas.

- As pessoas nascem predestinadas a fazerem coisas, Elizabeth. Já nascemos com nosso destino pronto.

- Eu não acho. - Respondi e ele franziu o cenho.

- Imagino o que aconteceria se eu drogasse você assim como fiz com ele. Meliodas odiou o ecstasy e eu fui tão bonzinho com ele. - Estarossa suspirou e inclinou para frente. - Você sabia o quanto de coisas eu imaginei fazer com você desde que entrou no meu carro? 

Engasguei e pisquei as lágrimas de medo escorreram quentes por minhas bochechas e ele riu, seu rosto a poucos centímetros do meu ele abriu a boca e lambeu a lágrima. O cheiro de álcool e a saliva quente no meu rosto me enjoou e ele levou a mão até meu pescoço, segurando com firmeza.

- Primeiro Meliodas, depois o tio então agora deve ser eu por linha de sucessão não é? 

- SAÍ DE PERTO DE MIM! - Gritei e ele tampou minha boca, seus olhos flamejando em fúria.

- Xii, quietinha e eu prometo não te machucar tanto. 

Fechei os olhos e solucei alto com minhas lágrimas, o aperto em meu pescoço aumentou e eu lutei para respirar enquanto senti seu nariz traçar a linha do meu pescoço. Meus ouvidos chiavam pelo sangue bombeando rápido nas minhas veias e assim que sua mão deixou meu pescoço eu gritei pela pessoa que tinha sido o motivo de eu vir aqui.

- Meliodas!

O copo estilhaçou no chão quando ele soltou e eu vi pontinhos pretos na visão quando ele bateu com o dorso da mão em meu rosto, o gosto de sangue quente inundou minha boca e eu vomitei em nós dois. O cheiro azedo de vômito subiu e ele grunhiu.

- Vadia estúpida.

De medo e pelo tapa eu estava zonza e cambaleei e caí na cama quando Estarossa me jogou nela.

- Eu prometo que vou ser rápido. - Estarossa sussurrou e puxou a gola da minha camiseta, os botões estouraram e abriram com a força e eu chorei alto.

Meu corpo estava gelado quando eu comecei a orar para que tudo acabasse ou que eu morresse antes que Estarossa fizesse mais alguma coisa. Seus dedos escorregaram até minha barriga e ele riu.

- Quem sabe assim eu não machuco Meliodas como sempre quis?

Gritei e lutei chutando e empurrando-o de cima de mim, consegui acertar um soco em seu nariz antes de ouvir um grito vindo do corredor. Estarossa rosnou e tapou minha boca enquanto permaneci chutando e lutando para fazê-lo me soltar. 

A porta se abriu com força ao ser estourada a tranca com um chute e Meliodas entrou seguido dos homens que estavam na porta de seu escritório. Os músculos de sua mandíbula saltaram e ele avançou contra Estarossa que havia acabado de sair de cima de mim.

- Desgraçado! - Meliodas gritou e eu ouvi o som nauseante de um soco, Estarossa gritou e chutou Meliodas nas costelas. Quando se pôs de pé seu nariz sangrava em bicas. - Eu vou matar você!

- Você não tem coragem, é a criatura mais fraca que já vi. - Seu primo riu e lambeu o sangue que escorria em sua boca. - Seu maldito, sempre com as melhores coisas. Já não bastava tudo que tem, quem a mulher, seus filhos, o trono e meu pai.

- Eu não tô nem aí para o Chandler.

- Ah mas ele só pensa em o quanto você pode contribuir para a Bratva. - O Garky bufou - Sabia que Dominique planejava para ela o que eu estava fazendo? Foi uma pena ter morrido antes, resolvi honrar ele.

- Seu doente! - Meliodas rosnou furioso.

O quarto girava ao meu redor e os gêmeos mexiam dolorosamente em meu ventre, eu sentia os toques de Estarossa queimarem feito magma em minha pele e não conseguia parar de chorar e tentar me cobrir.

Eu queria desaparecer.

- Seria meu maior prazer, quem sabe eu não conseguia matar os três de uma vez? - Estarossa riu e o tempo pareceu desacelerar sob meus olhos. Vi Meliodas puxar a arma do cós de sua calça e destravá-la, ele apontou ela para seu primo e então atirou, a força do disparo empurrando sua mão para trás poucos centímetros e então gritei.

O cômodo ficou silencioso quando vi a fúria distorcer o rosto de Meliodas, ele gritou e disparou mais duas vezes em seu primo já caído.

Eu tive medo de quem Meliodas tinha de tornado.



Notas Finais


Admito que esse capítulo foi bem pesado de escrever 🤧


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