1. Spirit Fanfics >
  2. Uma ressaca de nove meses. >
  3. Infeliz destino;

História Uma ressaca de nove meses. - Infeliz destino;


Escrita por: MaryAckerman

Capítulo 23 - Infeliz destino;


Estupefata o encarei esperando que a determinação que Meliodas exibia agora desaparecesse junto com a idéia louca e suicida de se entregar para sua família, porém os ombros erguidos e a expressão lívida era o que eu precisava para entender que ele estava falando sério. Eu soltei o ar que estava prendendo sem perceber e respirei fundo pela boca tentando fazer passar a ardência em meus pulmões, minha cabeça ainda doía quando me senti muito fraca para me aguentar nas pernas e vacilei para trás, onde só não caí de bunda no chão porque Meliodas me segurou com força pela cintura.

- Ellie! - Ele exclamou e eu tombei a cabeça em seu ombro, o cheiro de menta de seu shampoo preencheuminhas narinas e o abracei forte pelo ombro.

- Não ouse se entregar para sua família. - Grunhi e senti seus ombros tremerem quando Meliodas me abraçou e apoiou a testa na curva do mesmo pescoço, ficamos ambos ajoelhados no hall de entrada sem querer soltar um ao outro.

Ele fungou fraco e esfregou círculos lentos na minha lombar, acalmando eu e ele.

- E que escolha eu tenho, amor?

- Nós acharemos. - Respondi. - Se você assumir a herança, quem lhe garante que seu pai ainda não quererá os bebês? 

Meliodas se afastou alguns centímetros e riu baixinho tirando a franja dos meus olhos, vi medo em seu semblante.

- Estamos enrascados.

- Nem me diga. Sua família é mafiosa e a minha trabalha para a Lei.

O loiro sorri abertamente mostrando os dentes brancos e eu sentei sobre minhas pernas, ainda me sentia fraca e trêmula.

- Eu preciso comer ou desmaiarei logo.

- Vou ver algo para você comer. - Levantei-me com sua ajuda e empurrei meu corpo para voltar o caminho que tinha feito mais cedo, Meliodas desviou para a cozinha e eu me joguei deitada em seu sofá.

Hawk veio correndo do quarto e pulou no móvel junto comigo, acomodando-se entre minhas costas e a almofada. Fechei os olhos e respirei fundo quando o cansaço do dia amorteceu minhas pernas e deslizei para a inconsciência cheia de sonhos confusos.

Quando acordei, sem saber quanto tempo tinha se passado, Hawk ainda estava dormindo espremido atrás de mim e Meliodas estava sentado no chão com minha mão direita entre as suas, minha aliança estava de volta no lugar e eu pisquei várias vezes quando vi tudo dobrado.

- Você precisa comer. - Ele sussurrou e eu assenti ainda sem me levantar, senti seus dedos acariciarem os nós dos meus dedos e ele levou o dorso da minha mão até sua boca, todos seus movimentos estavam extremamente cuidadosos.

Respirei fundo e me sentei com cuidado para não machucar Hawk, Meliodas se afastou e o colocou no meu colo um prato com macarrão com carne moída e dei uma garfada. Tinha um gosto bom e eu suspirei pelo alívio de estar comendo alguma coisa depois de muitas horas em jejum, dei um pedaço fio de macarrão para o Pug que estava tentando meter o focinho achatado no meu prato. Meliodas esfregou meus tornozelos com cuidado e ergueu a massagem até as canelas, tão perdido em pensamentos quanto eu. 

- O que faremos? - Ele questionou com olhar perdido e eu engoli o que tinha na boca, sem saber o que responder empurrei a comida para os lados no prato e encolho os ombros.

- Estamos sem opções. - Respondi e olhei para ele, Meliodas bufou e coçou a barba por fazer em seu pescoço num gesto nervoso, ele agarrou o pingente do seu colar e o esfregou na corrente algumas vezes. Eu quase podia ouvir seu cérebro trabalhando, quando finalmente ele se deu por vencido jogou-se deitado contra o tapete no chão e levou o antebraço até os olhos, ele falou algo em russo que presumi ser um xingamento e permaneceu assim por um bom tempo.

Terminei de comer o macarrão morno e dei a louça para Hawk lamber os restos antes de me inclinar e colocar sobre a mesinha de centro, meus pés permaneceram apoiados no colo de Meliodas e ele abaixou o braço do rosto devagar, voltando a massagear meus pés. As escleras dos seus olhos estavam vermelhas e haviam rastros de lágrimas secas na lateral do rosto.

- Eu preciso te contar sobre minha infância.

- Você não precisa, Meliodas.

- Eu quero. - O loiro virou a cabeça para minha direção e me olhou com seriedade. - Quando Dominique conheceu minha mãe, ele tinha iniciado sua vida na máfia, tinha um pouco mais de vinte e um anos mas já era acostumado com uma vida de luxo e ter tudo que queria e as vezes o que não podia também. Minha mãe se atraiu por ele por promessas de uma vida confortável e estável além de luxuosa, no início ela pensou que Dominique vinha apenas de uma família rica.  Eles se casaram com pouco tempo de namoro e no dia que seria as núpcias, meu avô contou tudo para ela. Mamãe chegou a tentar sair de lá, fugir, mas antes que conseguisse ela descobriu que estava grávida, já sabia sobre a herança dos Barcov e ficou completamente desesperada quando descobriu que ela teria dois meninos. 

- Acho que Dominique nunca chegou a realmente amá-la, minha mãe era só a garota bonita que não se interessava nele e ele a comprou por dinheiro. E foi assim que tudo foi passando, se ela estivesse mal, ele lhe daria jóias, carros, tudo o que o dinheiro comprasse, menos a liberdade dela. Até que o dia do nascimento chegou, eu nasci cinco minutos antes de Zeldris e como primogênito, herdei tudo. Acho que mamãe se arrependeu de todas as escolhas ruins que ela fez e principalmente pelo tratamento diferenciado que Zeldris e eu tínhamos, eu literalmente tinha tudo aos meus pés. - Meliodas parou por alguns segundos e fechou os olhos com força. - Enquanto crescíamos, mamãe tentou o máximo possível nos manter longe da máfia, porém sempre tinha homens em nossa casa e eu fui jogado naquele mundo desde muito pequeno. Quando fizemos sete anos eu percebi o quão infeliz minha mãe era, ela sempre amou muito Zeldris e eu, mas odiava a vida de prisioneira da máfia então um dia simplesmente ela nos deixou brincando com Estarossa e fugiu. Por muito tempo achei que ela tinha feito aquilo por egoísmo, porém depois vi que ela estava morrendo em vida e entendi.

- Meliodas...

- Quando fiz treze Dominique me levou junto com ele para Moscou e eu vi o quão mau ele é, Alioni era o general do exército da Rússia e devia até as calças para minha família. Como forma de pagamento meu pai aceitava que suas drogas e armas entrassem e saísse do país sem passar pelo pente fino, até mesmo o presidente tinha envolvimento com a Bratva. - O loiro riu sem humor e fitou o teto de sanca. - Eu era o peãozinho dele, tinha minhas próprias vontades e opiniões que para ele não valiam de nada porque eu era seu herdeiro. Mamãe foi forte em aguentar quase oito anos com ele, com treze eu pensei em me matar para não ter que assumir quando fizesse a maioridade, porém Zeldris sempre foi chorão e tinha problemas com ansiedade e eu pensei que não podia deixá-lo sozinho nessa. A história depois você já sabe.

Engoli em seco e pisquei algumas vezes deixando as lágrimas descerem e mordi o lábio antes de perguntar o que tanto me tinha atraído curiosidade.

- Você já procurou o paradeiro da sua mãe?

Meliodas sentou-se no chão e moveu a cabeça negativamente enquando um suspiro trêmulo deixou seus lábios.

- Acho que foi morta por minha família e é isso que me deixa assustado, Ellie. - Abraçado as suas pernas Meliodas apoiou o queixo nos joelhos e seus olhos ficaram perdidos pela frente. - O que eles podem fazer com você? Perder minha mãe já foi o suficiente, não quero perder você e nossos filhos, não agora que já sei o quão incrível é ter uma família de verdade.

Inclinei para frente e tão maternal quanto Margaret fazia comigo quando eu era criança, afaguei os cabelos loiros dele e o deixei apoiar a cabeça nos meus joelhos. Meliodas havia derrubado todas as barreiras emocionais que tinha criado para se proteger ao longo dos anos e parecia frágil e totalmente quebrado emocionalmente.

- Qual era o nome da sua mãe? - Perguntei enquanto enrolava algumas mechas da sua nuca entre os dedos e Meliodas ergueu a cabeça e sorriu nostálgico.

- Alice Madeleine Hansen. Apesar de ser comprada com dinheiro e luxo, mamãe era a criatura mais doce que existiu comigo e com meu irmão. 

- Vocês se parecem com ela?

- Infelizmente tenho muito de Dominique, mas Zeldris tem a personalidade dela. E eu tenho seus olhos. - Ele respondeu. - Antes da depressão tirar o brilho dela, todas as noites ela nos colocava para dormir com a canção dos lobos.

Continuei fazendo carinho em seus cabelos deixando-o ir até suas lembranças mais felizes e sorri ao escovar a franja para longe dos seus olhos.

- O que acha de por Alice se tivermos uma menina? - Indaguei e Meliodas parou de sorrir imediatamente, ele ficou apenas quieto por alguns segundos e em seguida sorriu tão abertamente que seus olhos se fecharam e em seguida caiu em um choro ruidoso.

- É um nome lindo, amor.

- Eu também acho.

Deixe-o lavar a alma das dores que finalmente ele estava colocando pra fora e guardei para mim todo o pânico que tinha passado durante o dia, eu me sentia exausta e sem sono apesar de tudo. Mais calmo Meliodas sentou-se ao meu lado no sofá e levou a mão quente até minha barriga, os gêmeos passaram o dia estranhamente quietos e ele inclinou a cabeça para meu ombro.

- Eu quero manter vocês seguros, mas não sei como.

- Nós encontraremos um jeito. Em três semanas eu tenho um compromisso para Edinburgh, você pode ir junto comigo.

- Eu irei, não vou sair do seu lado enquanto minha família estiver aqui.

- Eu preciso te contar uma coisa. - Falei virando-me para ficar de frente para ele, eu tinha toda atenção de Meliodas e senti minha coragem vacilar um momento. Respirei profundamente e olhei para o pingente do seu colar para não acabar me calando. - Sua família está me vigiando. Quando Dominique foi até o ateliê com o convite para almoçarmos ele disse que Chandler havia descoberto o endereço e que ele não conhecia a cidade, mas depois ele me levou até minha loja sem que eu dissesse o caminho.

- Isso é...

- Ele quis deixar implícito que sabe todos os meus passos, que sabe os seus também.

Meliodas ficou repentinamente pálido e balançou a cabeça enquanto eu tomada pela coragem despejei tudo o que precisava dizer.

- Ele me beijou a força no carro, disse que sabia o que você gostava em mim. Que eu sou como você mais novo e que sou audaciosa por ter lhe enfrentado.

O loiro arregalou os olhos e vi seu lábio ficar roxo quando Meliodas puxou a lixeira que tinha pego para mim mais cedo e vomitou tudo o que havia ingerido antes. Coloquei a mão em suas costas para lhe trazer conforto e ele me olhou sobre o ombro, completamente desesperado.

- Ellie, você tem que fugir daqui. Ir embora e não me deixar saber...

- Eu não quero ter o mesmo fim que sua mãe, Meliodas. - Respondi e finalmente sentindo-me exausta deixei minha mão escorregar e cair no meu colo. - E não quero que você vá.

Meliodas abraçou-me com força agoniado por tudo e eu suspirei pesadamente quando me manter acordada começou a requerer muita energia.

- Primeiro de tudo precisamos saber o sexo dos bebês. 





Notas Finais


Na primeira versão eu nunca tinha me aprofundado na história da mãe do Meliodas ou sequer dado um nome pra ela. Agora as coisas mudaram.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...