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História Uma ressaca de nove meses. - Extra: Segredos catastróficos.


Escrita por: MaryAckerman

Capítulo 47 - Extra: Segredos catastróficos.


Tenho a filosofia de que somos fadados a passar por tais provações ou situações desde o momento que nascemos. No meu caso, fui fadado a sofrer e vir de uma família péssima pelo destino e tudo já se iniciou pelo fato de eu ter nascido primeiro que meu irmão. E consequentemente fui obrigado a carregar o peso de uma responsabilidade que jamais quis, depois disso, foi perder minha mãe que simplesmente sumiu em um dia sem deixar rastros nenhum para trás.

Foi perturbador e eu tive que amadurecer bem mais cedo que gostaria para proteger Zeldris, meu irmãozinho que passou a sofrer de depressão e ansiedade e perseguição por nosso pai. Acusando-o de ser fraco e tão parecido com nossa mãe.

Enquanto Zel tinha a oportunidade de estudar coisas que queria, como informática e até aulas de violino. Eu fui treinado para reinar, para ser perfeito. Quando fizemos doze anos, passei a ter aulas particulares, longe do meu irmão e nessas muitas aulas eu aprendi línguas estrangeiras como inglês e até alemão, além de aprender a administrar as coisas que minha família fazia.

Dominei aos quatorze anos tudo que meu pai tinha e contribui para a Bratva, dei idéias novas para o tráfico de armas e de narcóticos. Foi na mesma época, quando eu me desdobrava em ser o irmão mais velho presente para Zel, um adolescente normal e herdeiro da máfia que ela surgiu na minha vida. 

Na verdade ela já estava no meu ciclo social há muito tempo, mas eu nunca havia lhe visto antes com aquele interesse. Zanelli tinha desabrochado como uma adolescente linda, baixinha e brava que conseguia fazer os seguranças de seu pai saírem de sua cola com apenas um olhar. Eu não poderia dizer que a amei de início, na verdade enquanto ela parecia obcecada por mim e maltratava meu irmão, apenas consegui odiá-la.

Mas eu podia conversar com ela sobre tudo que me atormentava na Bratva, não precisava esconder dela as coisas que eu não contava para Zeldris por ter medo de ele tentar algo contra a própria vida. Eu odiava beber embora fizesse isso com frequência ainda sendo tão novo e discordava completamente de Estarossa que usava LSD o tempo todo.

Papai sempre me dizia "O homem inteligente edifica e o tolo destrói". Meu primo jamais conseguiria comandar os narcóticos se ele ficasse dependente primeiro.

No meu aniversário de quinze anos tudo muda para sempre na minha vida.

– O comantande do exército estava procurando você. – Viro-me para olhar por cima do ombro, onde Zanelli está vindo até mim, ela tem dois copos de drink nas mãos e se apóia na escrivaninha que estou.

Eu pego o copo e tomo um gole, o líquido amargo desce queimando minha garganta e entorpece lentamente meus sentidos, no andar de baixo há uma festa ocorrendo em comemoração ao nascimento de Zel e eu. Mas para nós não havia o que comemorar e eu nem tinha visto meu irmão o dia todo.

O suspiro alto da garota atraí minha atenção e eu olho para ela, sob a luz amarelada do exterior da casa e do abajur aceso, Zanelli fica ainda mais bonita. Seus cabelos cor de cobre foram cortados na altura dos ombros e ela usa um vestido tomara que caia vermelho, a roupa colada abraça cada curva do seu corpo e eu ergo o olhar quando ouço um risinho baixo seu.

– Está me admirando? – Ela pisca e eu reviro os olhos, ignoro seu sorriso malicioso e ela deixa seu copo sobre o tampo da mesa, seus dedos esfregam meu pescoço e ela beija a cartilagem da minha orelha. – Vamos, você só tem quinze anos, não seja tão rabugento.

– Não sou rabugento. – Retruquei e mesmo assim me virei de frente para ela, ela sentou-se sobre a escrivaninha e abriu as pernas puxando-me para ficar entre suas coxas. Suas sobrancelhas estavam erguidas e ela sorriu desabotoando os botões da minha camisa enquanto mantinha o semblante inocente.

– Claro, a mal humorada sou eu. – Ela revirou os olhos e empurrou minha camisa para baixo, apenas a observei enquanto ela abaixava o zíper lateral de seu vestido e ele escorregou até seus quadris exibindo os seios pequenos para o ar frio da sala, suspirei e agarrei o tecido puxando-o para o chão e apenas a admirei por alguns segundos, usando apenas uma calcinha rendada e nada mais.

– Este é o presente que me prometeu? – Indaguei e ela riu balançando a cabeça, meu cinto de couro foi aberto e ela abaixou minha calça.

– Este é só um deles. – Sussurrou e enroscou os braços atrás de meu pescoço beijando-me com a mesma gana da primeira vez.

Deslizei as mãos por seu corpo e amei cada centímetro de pele exposta naquela noite, onde ignorei tudo a nossa volta. Ignorei a festa lá embaixo, ignorei que muito provavelmente papai me daria um esporro no outro dia por não estar firmando negócios com aqueles homens de poder e até me esqueci do pai de Zanelli, que além de ser o braço direito de meu pai, torcia para que eu me casasse com sua filha.

Eu não sei quando passei a amar Zanelli ou se um dia realmente amei um dia, mas eu gostava da maneira como ela conseguia desviar meus pensamentos caóticos e ser meu escape da loucura que eu vivia. Éramos o porto seguro seguro um do outro e descontavámos todas nossas frustrações no sexo.

Quando finalmente acabamos naquela noite, eu me vejo sentado na poltrona da escrivaninha enquanto Zanelli está sentada no meu colo, seus cabelos todos bagunçados e a maquiagem borrada. Ela sorri ofegante e abre a primeira gaveta da mesa, de onde tira uma caixinha de veludo preto, eu observo seus movimentos um pouco borrados na minha percepção pelo álcool que está fazendo efeito.

– Este é seu presente. – Ela tira daquele porta-jóias um colar, o cordão é de ouro fino e ela abre o encaixe e se inclina para frente prendendo no meu pescoço, a pedra fria descansa sobre meu esterno e Zanelli segura o pingente nos dedos. – É uma ágata preta. Ela é a pedra da cura, proteção, sorte e da verdade.

Olho para baixo, onde o pingente descansa e em seguida para ela que parece orgulhosa pelo presente que me deu. Sorrio e deixo o copo vazio de lado e a abraço pela cintura, minha orelha fica sobre seu coração e eu ouço as batidas que me trazem paz.

– Ela é para me dar tudo que não tenho?

– Você tem sorte e proteção, deixe de ser reclamão. – Zanelli bate no meu ombro e eu rio baixinho.

– Certo, vou fingir que acredito.

Ela sai do meu colo e pega seu vestido agora amassado pelo tempo que ficou no chão, depois de vestida ela alisa o tecido e arruma o cabelo chanel, fingindo que não havíamos acabado de transar no meu escritório.

– Zeldris está no terraço há horas. – Zanelli joga minha camisa no meu colo e acena para que eu me apresse. – Vá vê-lo, dirri para sua família que você precisa de um tempo sozinho.

Levantei e me vesti as pressas, pisquei algumas vezes para passar a vertigem da embriaguez e calcei meus sapatos, enquanto ela já tinha deixado a sala. Eu rumei direto para o terraço de casa após pegar um cobertor no meu quarto no caminho, estava um pouco frio mesmo sendo verão e tudo que não precisávamos era de Zeldris com pneumonia novamente.

Ao empurrar a porta destrancada das escadas eu respiro fundo e olho ao redor, onde encontro a figura encolhida de Zeldris sentada com as costas apoiadas na parede da casa.

– Você está aqui há quanto tempo? – Pergunto ao me aproximar e meu irmão olha para cima, ele sorri torto e acena para que eu me sente do seu lado. Quando faço ele me entrega um saco de papel com marca de gordura e eu jogo o cobertor sobre os ombros dele antes de ver o que foi me dado.

São hambúrguer e batata frita frios pelo tempo que está guardado, mas eu como do mesmo jeito, por estar ligeiramente faminto e para acabar com o álcool que está circulando no meu sangue.

– Acha que um dia ficaremos livres disso? – Zel pergunta e eu encolho os ombros.

– Quem sabe? Talvez eu não saía, mas você sim. Vai conhecer todos os países que tem vontade e estudar tudo que gosta como o bom nerd que é.

– Eu não vou sem você, babaca. – Zeldris me passou um copo de refrigerante, pelo ar da noite ainda estava meio gelado, embora o gás fosse inexistente agora. – Se eu for, você também vai.

Assenti e terminei meu hambúrguer, deixei os restos no canto onde depois tiraria e empurrei seu ombro levemente.

– O que está pegando?

– Eu só estou cansado, Meliodas. – Ele suspirou. – Do pai me chamando de inútil, do Estarossa que parece que sua existência é para me irritar e fazer bullying comigo. 

– Eu vou quebrar a cara dele, prometo. – Respondi e meu irmão sorri.

– Já imaginou o que vai fazer quando for adulto?

– Eu queria não ter o que tenho e ser quem sou. – Suspiro. – Eu abriria uma boate, com o nome de Chapéu de Javali e veria as pessoas diariamente ir lá festejar e chorar sobre suas vidas.

– Chapéu de Javali? Que cafona.

– Ah, cale a boca seu merdinha. – Bufei e ele riu sonoramente. – Não é cafona, você que parece um velho de oitenta anos.

– Eu não pareço. – Zeldris parece ofendido de início e em seguida olha para o céu estrelado. – Eu queria ser médico, cardiologista ou obstetra.

– Quer fazer bebês? 

– Sim, fazer bebês nascerem. – Ele me olha de soslaio. – Quero ver famílias se reunindo e crescendo, quero ver felicidade nas mulheres.

– Então seja obstetra, veja bebês e cuide de mulheres. – Abracei meu irmão pelo pescoço e o puxei para mim. – Seja tudo que quiser, Zel.

– Você vai estar comigo sempre?

– Você é meu gêmeo, não vou deixar você longe demais. Temos digitais idênticas, já imaginou se você comete um crime e eu sou preso sendo inocente?

Zeldris riu e me empurrou levantando-se do chão em seguida, o cobertor permaneceu em seus ombros e ele me puxou para ficar de pé.

– Só me prometa uma coisa. – Pedi atraindo sua atenção. – Vá para a universidade mais longe que puder daqui.

Ele concordou e eu sorri nos levando para descer as escadas para entrar em casa. 

– Eu prometo.

– Agora vamos fingir que amamos nossa família louca, irmãozinho.

Parecia ridículo para mim hoje em dia ter treinos de tiro e luta, embora a última eu gostasse de fazer por aliviar parte do meu estresse. As coisas entre Zanelli e eu tinham desandado um pouco antes de sua viagem mês passado para o Canadá, com sua mãe. Nós havíamos brigado por algum motivo idiota e até agora ela não tinha voltado e não me restava outra opção para distrair a cabeça cheia.

Setembro estava quase chegando ao fim e os dias cada vez mais frios em São Petersburgo. É nove da noite quando finalmente consigo um tempo só para mim após um dia cheio onde sequer conseguia ouvir meus próprios pensamentos. Eu desço as escadas correndo enquanto ajusto o cordão da calça de moletom que estou usando, os tênis de corrida de solado macio abafam minha fuga e eu saio para o ar frio da noite a fim de correr um pouco.

É um dos poucos momentos que consigo distrair os seguranças que Chandler coloca no meu encalço e eu saio da propriedade rumo a orla do mar. Correr faz meus pensamentos ficarem mais calmos e eu menos preocupado com as coisas que um adolescente não deveria estar pensando, eu corro por uma hora e meia e apenas paro quando minhas pernas estão doendo e meu coração tão rápido que acho que vou acabar vomitando ou desmaiando.

A volta para casa é mais cansativa, me arrependo de ir tão longe e não ter levado sequer dinheiro ou documentos caso eu sofra algum acidente. Quando passo os portões e chego em frente a mansão, reconheço o carro parado entre as fontes desligadas e respiro fundo. Zanelli estava de volta.

Não é difícil encontrá-la, apenas passo no escritório de meu pai para cumprimentar ele e Jude, dispenso conversar com ambos e sigo até minha sala, no final do corredor. Quando entro a encontro de pé olhando para o exterior da janela aberta.

– Como foi a viagem? – Pergunto e ela se assusta virando-se para me ver. É a primeira vez que a vejo não tão arrumada quanto gosta por ser tão vaidosa.

Seus olhos estão brilhantes e as bochechas pálidas, porém ela permanece mordendo o lábio inferior até tirar a pele e sangrar, como fazia anos atrás quando algo a deixava encabulada.

– Está tudo bem? Ficou doente?

– Eu preciso te contar uma coisa, Meliodas. 

– Sou todo ouvidos. – Respondo e pego no frigobar instalado na sala, uma garrafa de água gelada, os primeiros goles aliviamimha garganta ardendo e eu enxugo o suor da testa enquanto a observo se sentar na poltrona, me apóio na escrivaninha. – E então?

Trêmula ela puxa da bolsa atrás de si algo que de primeira não consigo ver o que é, mas quando ela pega minha mão e coloca aquilo nela eu reconheço e travo.

– De quem é isso? – Minha voz saí baixa e tão assustada quanto eu estou.

– Meu.

– Isso é impossível! Está brincando comigo não é?

– Acha que eu brincaria com isso? – Zanelli se levanta, furiosa, e em seguida cobre o rosto com ambas as mãos e chora ruidosamente.

Aterrorizado eu olho para o objeto que ela tinha me dado, para aquele teste de gravidez e aquele sinal de ( ) de confirmação me faz querer vomitar. 

Não podia ser verdade. Eu não queria que fosse. Tinha sido uma única vez sem preservativo, no dia do meu aniversário e o resultado estava aqui.

– Isso não pode estar acontecendo. – Sussurrei e deixei aquele teste com o peso do mundo sobre a mesa, eu tremia o suficiente para não conseguir nem beber água e me inclinei para frente, recusando a vomitar pelo medo e desespero que eu sentia. – Quem mais sabe?

– Por enquanto ninguém. – Zanelli respondeu e sentou-se para enxugar o nariz e o rosto, agora eu compreendia sua aparência desleixada. – Eu passei mal quando estávamos em Vancouver, eu nem tinha notado minha menstruação atrasada porque meu ciclo é irregular, mas estava há tempo demais sem menstruar e aí fiz o teste que comprei sem a mamãe ver. – Ela soluçou e fechou os olhos, a cabeça apoiada na mão esquerda. – Eu fui no médico ontem quando cheguei, estou de oito semanas.

– Oh Deus. – Me levantei e andei em círculos pela sala. – Temos que dar um jeito, eu não posso ter um filho, não posso continuar dando herdeiros para minha família.

– Eu vou embora da Rússia essa semana, Meliodas. Você nunca mais vai saber de mim e nem sua família.

– Não dá, Zanelli! – Exclamei voltando para olhá-la. – Dominique sempre descobre!

– Não desta vez!

– Você tem abortar! Tem clínicas legalizadas e até mesmo o médico da minha família pode fazer se eu o pagar bem e mantê-lo de bico calado!

Ela parou de chorar e me encarou horrorizada, a boca aberta e as sobrancelhas juntas.

– Eu não vou fazer isso! Abortar pode me matar!

– Eu não quero ter um filho! Somos adolescentes e de famílias terríveis!

Zanelli balançou a cabeça para os lados, descente e agarrou sua bolsa pronta para deixar a sala, porém fui mais rápido e a agarrei pelo braço.

– Você tem que fazer isso, é por nós dois, Zanelli. – Pedi e ela fechou os olhos e quando me olhou novamente, vi uma raiva desmedida.

– Você é repugnante! – Gritou e quando não a soltei ela engasgou com um soluço. – Eu faço o aborto, só me deixe em paz.

– Eu levo você na clínica amanhã, para ter certeza.

Ela engoliu em seco e me deu um tapa na cara, ardeu como um inferno e eu a soltei enquanto ela saiu cambaleando para recobrar o equilíbrio. A porta bateu estrondosamente atrás dela e eu voltei para minha mesa, onde aquele teste ainda estava, o quebrei com todo o ódio que sentia porinha família e por mim também por ter nos colocado nessa situação, foi tempo de eu jogar os restos no lixo e a porta se abriu novamente e Zeldris entrou.

– Eu consegui ouvir o choro dela, o que você fez?

Virei para a janela e encolhi os ombros, eu não poderia contar para ninguém. Se meu pai soubesse, forçaria Zanelli a ter o bebê porque seria meu herdeiro. Eu bufei e olhei para o teto quando o carro saiu da propriedade, Jude confuso e meio irritado por sua filha e eu termos brigado aparentemente.

– Não é nada. – Respondi.

Eu ouvi o riso de Estarossa atrás de mim quando percebi que já era tarde demais, minha visão via cores muito vibrantes e meu coração disparou no peito quando tudo deixou um rastro de luz conforme mexi a cabeça. Gemi e me sentei no chão da sala, o copo de whisky que eu bebia agora estava quebrado da queda que tive, todos os sons estavam altos demais e eu fechei os olhos.

– O que você fez? – Indaguei e ele se agachou na minha frente, sorrindo como o gato de Cheshire.

– Ecstasy na sua bebida, primo. Achei que seria divertido depois de tanto estresse.

A sensação de euforia e bem-estar me nauseou e inclinei a cabeça para trás, amaldiçoando minha falta de percepção sobre.

– Serão as seis horas mais divertidas da sua vida, eu garanto. – Ele respondeu e sorriu. – Quer que eu chame Merascylla para te ajudar na euforia? É uma pena que não está na Inglaterra, ou poderia ser a Londrina que tanto protege. Mas eu gosto dela sabe? Adoraria transar com ela.

Grunhi e ataquei, pela proximidade que estava de mim acertei um soco em seu maxilar e ele caiu para trás rindo enquanto eu tentava me levantar.

– Oh, parece que as mulheres sempre serão seu ponto fraco. Primeiros Zanelli e agora a Elizabeth. – Ele se levantou e cuspiu no copo que estava tomando o sangue do corte que abri na sua boca. – É uma pena que Zanelli tenha xingado e gritado tanto quando nós tivemos nossa festinha.

Meu sangue gelou e eu olhei para cima, erguendo-me em meio a névoa que a droga causou no meu cérebro.

– Do que está falando?

– Dia vinte e sete de setembro, onze anos atrás. O dia que eu dei o que aquela puta da sua namoradinha merecia. – Estarossa sorriu. – Eu tentei ser bonzinho, dizer que eu era melhor que você, mas ela não me ouviu, me xingou e gritou tanto a ponto de eu meter uma bala na cabeça dela. Papai me ajudou e Jude e Ellen foram mortos também, o tio nunca descobriu e você achou que ela tinha simplesmente ido. 

– Foi um crime perfeito, primo. Mas com sua garota agora eu vou fazer diferente. – Estarossa riu. – Quem sabe eu não mostre para ela o quão melhor eu sou? Fiquei triste que em Londres ele não me deixou ficar com ela quando tive oportunidade.

Meu estômago deu nó e me inclinei para frente vomitando no chão todo o álcool que eu havia ingerido e alguns alimentos, embora agora o efeito da droga não fosse deixar meu organismo tão cedo e eu me sentisse um saco de merda.

Eu iria matar o Estarossa.

Os próximos meses Zanelli assombra meus pensamentos dia e noite, causando-me insônia. Eu havia matado Estarossa por sua tentativa de estuprar Elizabeth e também vingado a morte de Zanelli no processo.

Quando meus filhos nascem, fico dividido entre o horror e um amor infinito por aquelas pequenas criaturas. Elizabeth tinha sido forte o tempo todo e quando dormiu após o parto assisti seu sono e dos gêmeos com a maior cautela do mundo.

Eu amo esta mulher cheia de imperfeições e perfeições de tal maneira que percebo que esse sentimento é novo, assim como o sentimento da culpa que sinto por Zanelli. Não há túmulo para que eu possa levar flores e pedir desculpas por trazê-la ao inferno que era minha família e não há ninguém com quem eu possa dividir a verdade que agora me sufoca.

Novamente eu acordo no meio da madrugada completamente sem sono e cheio de pensamentos altos demais, Elizabeth está dormindo pesadamente no meio da cama e eu beijo sua testa antes de sair do quarto. Eu verifico se Alice e Nicholas estão bem cobertos e acomodados nos berços antes de sentar na poltrona do quarto deles, por longos minutos apenas reflito sobre tudo que passei desde meus quinze anos, depois quando fui deserdado e quando Elizabeth surgiu na minha vida e trouxe meu maior medo a tona quando engravidou, mas também minha chance de não cometer os mesmos erros.

Eu não a deixei abortar e criamos aos poucos uma amizade e amor. Eu tenho certeza que a amo assim como amo meus filhos. E consegui fazer tudo diferente, sem família agora para nos atrapalhar, com minha mãe de volta e tudo se encaixando.

Tinha feito um excelente trabalho tirando Zel e eu da Rússia e o incentivando a cursar a tão sonhada medicina. Agora ele terá sua própria família e viverá em paz sem a Bratva ou nosso pai para nos assombrar. Eu tinha minhas duas boates como sempre sonhei, uma família e amigos que nem sequer imaginava os segredos que eu carregava.

Suspirei e me afundei na poltrona, se as coisas tivessem sido diferentes eu teria um filho ou uma filha de dez anos e muito provavelmente estaria no lugar de Dominique, comandando tudo e preparando minha criança para os meus passos. Zanelli e sua família estaria viva também, mas eu seria infeliz.

A culpa pesou no peito quando imaginei como seria aquela criança que nunca nasceu, se pareceria mais comigo ou com a Zanelli. Eu segurei o pingente de ágata na mão e fechei os olhos, puxei na memória o rosto da minha namorada da adolescência e sorri pequeno. Ela e Elizabeth se pareciam muito na opinião forte.

– Insônia de novo? – Abri os olhos e sorri para Elizabeth que estava na minha frente, o rosto amassado de sono e os cabelos presos num elástico.

– Pesadelo. – Murmurei e estiquei a mão puxando-a para se sentar no meu colo, ela apoiou a cabeça na minha clavícula e suspirou. Apenas alguns dias atrás ela tinha encontrado e resolvido as coisas sobre sua família biológica. – Um dia eu conto para você o que me dá insônia.

– Quer chá? – Elizabeth perguntou e eu neguei, enfiei o nariz entre seus cabelos e respirei o cheiro de chocolate do xampu de cacau que ela usa. 

Amar Elizabeth me fazia bem.

– Vamos só ficar assim. – Murmurei.




Notas Finais


Pensei nesse bendito capítulo o dia inteiro. Me deu uma dorzinha no coração escrever ele 🤧


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