História Uma vida juntos - Olá, Emma.

Com a chegada de Emma ficando mais próxima, Ezra resolvera que ficaria em casa e deixara o Brew nas mãos dos funcionários. Não é como se ele não confiasse nos funcionários, mas sim, ele não estar lá. Ele adorava organizar os livros que eram vendidos lá, experimentar uma receita nova do cozinheiro e, a melhor parte, tomar um café de verdade, não esses que vem em potinhos.
 O sol entra pela janela, se perde nas árvores que tem no quintal. Emma está muito quieta nos últimos dias, sei que a médica falou que era pra ser nessa semana, mas hoje?
Só de pensar nessa possibilidade meu coração acelera um pouquinho. Ezra ainda está dormindo, com cuidado me levanto e vou até a cozinha. Panquecas, estava com muita vontade de comer panquecas.
Estou terminando de prepara-las, quando Ezra aparece. O cabelo desgrenhado, apenas de cueca, os olhos muito azuis.
- Bom dia - digo. Ele me beija e senta à mesa.
- Bom dia - ele responde.
- Emma está muito quieta - digo levando os pratos até ele.
- É?
- Sim, ela é sempre muito agitada, mas não hoje - digo.
- Pode ser um sinal ou ela está dando uma folga de toda agitação.
- Será que ela vai ser agitada - pergunto.
- Com certeza - ele responde rindo - ela vai ser destemida, determinada, talvez teimosa, sonhadora e linda.
- A parte da teimosia eu não sou fã -digo torcendo o nariz.
- Nem eu, mas falam que os teimosos são os melhores - ele diz enchendo a boca de panqueca.
- Pode ser - respondo - acho que ela va...
- Aria? 
- A minha bolsa...
- O que?
- Estourou. Temos que ir pro hospital. Agora
- Certo.
- Tudo está pronto, querido. Pega as coisas - digo sentindo outra contração .
- Vamos ser pais - ele diz parado no meio da cozinha.
- Só vamos se chegarmos ao hospital.

Muito suor. Dor. E empurrões. O mundo fica silencioso por um instante, consigo sentir meu coração na têmpora, então um choro. 
O dela.
Meu corpo desaba, coloco a cabeça no peito de Ezra que não para de me agradecer. Quero vê-la, segura-lá.
A médica vem, com um embrulho rosa nos braços, Emma não chora mais.
Colocam-na nos Meus braços e tudo faz sentido, o mundo volta a girar e tudo o que eu vivi antes disso me pareceu errado. Me pareceu um sonho, por que eu sinto que minha vida sem Emma não existirá.
Eu sei que é bobagem, mas é isso.
- oi Emma - eu digo baixinho.
- Oi meu amor - Ezra diz passando os dedos pela testa da menina.
O que vem depois não era esperado, Emma abre os olhos devagarinho e a imensidão azul de seus olhos se abrem.
Eram exatamente iguais ao de Ezra, azuis como o céu num dia de verão.
- O seus olhos - digo
- A sua boca - ele fala.
Abro espaço na cama para ele se sentar, ele me abraça, Emma já está dormindo novamente.
Sim, agora tudo faz sentido.

Meus pais são os primeiros a entrarem, seguido pelos meus sogros, nossos irmãos e por fim minhas amigas.
Nicholas vem agarrada a perna de Toby e eu abro um sorriso pra ele, ele se esconde.
- Vem cá, Nick - digo batendo na cama.
- Tem alguém que quer muito te conhecer - Ezra diz.
Nicholas tinha uma ligação com Ezra inexplicável, ele conseguia conversar com Nick muito facilmente. 
Nicholas larga da perna do pai, devagar se aproxima de Ezra que o pega no colo e o coloca na cama.
- Olha Emma, esse é o Nicholas - digo - segredo: vocês serão melhores amigos - isso faz Nick sorrir. Ele se aproxima de Emma.
- Neném bonito - ele diz e beija a testa de Emma.
Todos no quarto se derretem, inclusive a minha filha que abra um dos olhinhos pra ver o que acontece lá fora.
Se ela soubesse como sorrir, aposto que o faria.