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História Unbreakable - .o amor nunca foi tão perigoso.


Escrita por: LovePizzaS2

Notas do Autor


Boa leitura❤

Capítulo 16 - .o amor nunca foi tão perigoso.


Fanfic / Fanfiction Unbreakable - .o amor nunca foi tão perigoso.

Grace como sempre sorria empolgada e prestativa enquanto andava se um lado a outro servindo os filhos. Cinco observou surpreso quando ela colocou uma xícara de café puro diante dele, algo que era quase proibido na casa.

– Meu menino merece para renovar suas energias – disse ela.

A mulher se inclinou e beijou a bochecha do garoto com carinho, e mesmo Cinco que detestava demonstrações de afeto, não resistia aquele amor maternal, de forma que sorriu para ela.

– Obrigado, mãe – Cinco respondeu pouco antes de ela se virar e voltar a tarefa de servir cada um dos sete filhos.

– A gente quer detalhes, seu mané – disse Diego com a boca cheia de biscoitos. Cinco observou a cena com uma careta de repulsa antes de dar de ombros e levar a xícara até a boca.

– Não tem muitos detalhes – ele bebeu um longo gole, se deliciando com aquele líquido preto fervente que parecia o néctar dos deuses. Grace sabia o que fazia – Maluco com cartola, choques, hipnose.

– Se ele te hipnotizou estava atrás de alguma informação, o que você viu, sabe... aqui – Luther tocou com o dedo na cabeça e Cinco revirou os olhos fingindo tédio, quando na verdade desejava apenas esquecer tudo.

– Ele fez o Cinco viver os piores pesadelos dele, então não acho que ele queira falar sobre isso – disse Vanya passando a geléia na torrada com a maior paciência do mundo. Cinco apontou para ela e encarou os irmãos.

– Ouçam a voz da razão – ele disse antes de afundar novamente na cadeira e beber mais um gole do café.

– Precisamos saber o que ele queria, se ele conseguiu...

– Eu matei ele, Allison – Cinco disse. Seus olhos se fixaram na mesa com os pensamentos vagando longe.

O som do crânio do mago se partindo em dois com o golpe dele parecia ecoar na cabeça do garoto. E como se não bastasse, havia descontado toda a raiva transferindo inúmeros golpes no cadáver até o sangue ficar pegajoso em suas mãos e espalhado em seu rosto e roupas. Havia sido uma violência desnecessária, e isso o fazia sentir-se um monstro.

– O que ele arrancou de mim vai apodrecer na terra com ele – disse Cinco tentando voltar a realidade – Vão treinar o que hoje?

Os irmãos pareceram esquecer completamente do assunto anterior e se jogaram nas cadeiras completamente desanimados.

– O papai vai tirar nosso couro por termos desobedecido ontem – disse Klaus colocando a mão de forma dramática na testa.

– É injusto sermos forçados a nos matar treinando enquanto vocês dois ficam tocando serenatas na sala de música – disse Diego depois de engolir o último biscoito.

Sonatas, seu idiota – Cinco corrigiu.

– O erro foi proposital – disse Diego com um sorrisinho cínico que irritou o irmão profundamente. 

– Ah, quanto tempo vai levar pro Diego parar de implicar com o Cinco e a Vanya? – Ben perguntou puxando uma maçã. 

– Ele vai parar de irritar quando eu esfregar a cara dele no piano – disse Cinco.

– Nem pensar – Luther protestou – Papai nos mataria por estragar o piano. 

Diego bufou.

– Odeio vocês – declarou ele roubando um dos biscoitos de Klaus.

●♢●♢●♢●♢●

A música corria agitada, que lembrava muito o tipo de música medieval que poderia ser tocada em festas de camponeses. Vanya quase conseguia imaginar os casais dançando em volta de uma fogueira, em algum vilarejo humilde.

– Droga – Cinco murmurou intereompendo a viagem imaginária da garota com uma pancada no piano. Ela fez uma careta antes de parar de tocar e olhar para baixo.

Estava sentada sobre o piano com as pernas cruzadas e todas as partituras espalhadas à sua frente.

– O que foi? – ela perguntou.

– Eu machuquei meus dedos ontem enquanto... – "matava o homem que me sequestrou". Ele parou a frase no ar. 

Não queria completar de jeito algum, não diante dela. Vanya entendeu.  Ela sempre entendia. Colocou o violino de lado e desceu do piano com cuidado, se acomodando no banco ao lado dele.

Ela entendia que não era apenas aquilo. Tocar aquelas músicas alegres e festivas enquanto estava destroçado por dentro era como tortura para ele.

– Quer fazer uma pausa? – perguntou ela. Ele assentiu, não disse nada. Não queria falar, não queria tocar. Tudo que queria era refletir sobre o tipo de pessoa que Reginald estava fazendo com que se tornasse.

Não sabia se o homem que o levou era apenas um peão de alguém. Não sabia se o homem tinha família, filhos, se tinha alguém como ele tinha Vanya.

Sequer sabia o nome verdadeiro, e o matou a sangue frio, sem nem piscar. Espancou o cadáver porque estava com raiva, aquilo era desumano.

Vanya encostou o queixo no ombro dele e puxou sua mão.

– Cinco – sussurrou ela. Ele a olhou – Fala comigo, por favor.

Ele sabia que ela não estava falando sobre jogar papo fora. Ela queria mesmo que ele conversasse sobre o que o estava deixando tão atordoado e desfocado a manhã toda. 

Não queria preocupá-la com o fato de que a cada dia se tornava mais fácil matar, que a cada ele se tornava melhor nisso. Com o fato de que o pai estava a ameaçando em troca da obediência e eficiência dele. Que ele temia que ela visse tudo isso, toda a escuridão e deixasse de sentir por ele aquilo que sentia. 

– Eu adoraria – ele disse – Mas tem coisas que eu preciso enfrentar sozinho, Vanya.

Ela suspirou. Compreendia que ele precisava do próprio espaço, isso não mudaria pelo fato de as coisas terem evoluído entre eles, mas ao mesmo tempo ela não queria que ele precisasse enfrentar nada sozinho.

– Você não está sozinho – disse ela. Ele sorriu.

– Eu sei – disse ele – Obrigado.

Ela se afastou e olhou as teclas do piano, em seguida correu os dedos por elas sem pressionar para não fazer barulho. Cinco apenas olhou para ela.

– Não é estranho como as coisas mudam de repente? – perguntou Vanya recordando alguns acordes e se arriscando a apertar as teclas, mas sem formar canção alguma – Você e eu...

Ela olhou para ele e sorriu.

– Às vezes eu me pergunto o que você viu em mim, Cinco – ela disse. Ele não pode evitar um risada. Aquilo não podia ser sério. Ela lhe deu um cutucada com o ombro – Estou falando sério. 

– Vanya, quem deveria perguntar isso sou eu, não você – ele disse. Vanya fez uma careta que dizia que não estava convencida.

– Ah claro, o Número Cinco, pra quem centenas de garotas escrevem cartas todos os dias mortas de amor, o garoto mais bonito da Umbrella Academy, o tremendo "pedaço de mal caminho" como diria Klaus – disse ela com as sobrancelhas levantadas. Cinco teve de rir com a ênfase que ela havia dedicado à "centenas de garotas" e "mortas de amor".

Ele suspirou.

– Só por isso gosta de mim, então? – ele perguntou com uma ponta de mágoa ao voltar a encarar as teclas do piano. Vanya negou ainda fazendo acordes aleatórios, mas parou quando percebeu que reslmente piano não era para ela.

– Lembra quando a gente tinha sete anos – ela começou, mesmo sem entender como aquilo respondia sua pergunta, Cinco assentiu – Eu costumava ter muita raiva de você. 

Ele levantou uma sobrancelha e Vanya riu.

Escuta – ela pediu – Você era todo bad boy, chegava a ser irritante toda aquela rebeldia incontrolável. Eu nunca sabia o que viria a seguir, se você ia cuspir nos sapatos do papai ou falar um palavrão durante o jantar.

– Eu vivia perigosamente – ele brincou.

– Cala a boca – ela disse – Me deixa falar... como eu ia dizendo, sua imprevisibilidade me irritava profundamente. Você não era como os outros. Eu sabia exatamente como eles reagiriam a cada coisinha, mas você nunca teve um padrão.

Ela fez uma pausa.

– Aí um dia eu caí no quintal, o Klaus e o Ben me derrubaram sem querer, e nem viram – disse ela – Eu acabei com um corte na palma da mão, e nem conseguia olhar porque estava sangrando muito.

Ele ouvia atento, e Vanya olhou nos olhos dele.

– E você chegou perto e disse: minha nossa, isso tá muito feio – disse Vanya, Cinco riu. Ele tentava, mas não conseguia se lembrar daquilo, e estranhamente se sentia mal por isso – Depois ao invés de me ajudar a limpar ou chamar a mamãe, você pegou a mesma pedra que tinha feito o fatídico corte e cortou sua própria mão. 

Ele ergueu uma das sobrancelhas.

– E você segurou a minha, virou uma mistura muito asquerosa de sangue e sujeira e me admira que não tenhamos tido tétano – disse Vanya – Mas você disse: um pacto de sangue não pode ser quebrado nunca.

Ele então se lembrou. Daquela garotinha de cabeça erguida que se recusava a olhar a própria mão ferida, de ter que explicar para o pai o corte na própria mão. Se lembrou de tudo.

– Eu não lembro do pacto – disse ela – Mas naquele momento minha aversão sobre você sumiu. Foi quando decidi que você seria meu melhor amigo, mesmo que tivesse que aguentar seu humor péssimo. 

Cinco não achou que fosse relevante lembrá-la do pacto que haviam firmado com uma mistura de seus sangues naquela tarde, portanto focou naquilo que mais importava naquele instante.

– Ainda não respondeu minha pergunta – ele disse. Vanya sorriu.

– Você é imprevisível – disse ela – É bom sair da rotina às vezes, e quando estou com você... é uma aventura porque eu nunca sei o que vem a seguir. E eu gosto da forma como você cuida de mim apesar de ninguém achar que precise. Eu gosto de você por cada pedacinho seu que pertence só a mim.

Ele sorriu de orelha a orelha. Aquela garota perfeita e disciplinada, que havia voluntariamente lhe entregado o coração. A menina que havia roubado o dele no instante que veio ao mundo e que sempre o teria.

Ele se inclinou e a beijou. Os lábios macios dela receberam os dele como se tivessem esperado muito por aquilo. Ele queria estar mais perto dela, por isso se virou e segurou o rosto da garota com as duas mãos. O beijo deles era um misto de emoções, de sentimentos, o que tornava cada movimento único e especial.

Os arrepios, as borboletas no estômago. Tudo estava presente. Quando se afastaram, tudo que pensavam era quantos segundos levaria até o próximo beijo.

– Eu queria poder te levar embora daqui – disse ele.

– Talvez algum dia a gente possa ir – disse ela – Quando formos adultos.

– Vai demorar demais – ele bufou. Ela sorriu.

– Não vale a pena esperar? – Vanya perguntou. Cinco sorriu.

– Por você eu esperaria séculos se precisasse – disse ele. Desta vez foi Vanya quem o beijou, um beijo que durou apenas alguns segundos antes de a porta se abrir do nada e Vanya se afastar bruscamente.

– O que os pombinhos estão fazendo?? – gritou Klaus que parecia liderar aquela comitiva de interrupção.

Cinco fechou os olhos e os esfregou irritado.

– Um dia eu mato esses imbecis – disse num murmúrio. Vanya sorriu para os irmãos.

– Estamos atrapalhando? – Allison perguntou.

– Sim – disse Cinco.

Não – Vanya o fuzilou com um olhar de repreensão e ele bufou irritado – Não deveriam estar treinando?

– Papai nos liberou por meia hora depois que a Allison e o Diego caíram nas escadas – disse Ben se aproximando e sentando no banco do piano ao lado de Vanya, forçando ela e Cinco a saltarem mais para o lado.

– E cadê ele? – Vanya perguntou ao perceber a ausência de seu irmão menos preferido.

Luther fez uma careta estranha que remetia dor.

– A Allison caiu em cima dele e bateu com o joelho no...

– Entendi – disse Vanya alto e claro impedindo que ele completasse a frase.

Os garotos todos, inclusive Cinco, automaticamente fizeram uma careta de dor como se pudessem sentir a dor do irmão apenas diante da menção do ferimento.

– Eu já me desculpei, não foi de propósito – disse Allison se recostando no piano e puxando uma das partituras.

– Você empurrou ele, Allison – disse Luther.

– Mas a joelhada nas partes não foi premeditada – disse ela concentrada na folha – E eu ralei meu joelho também, estamos quites.

– Um joelho ralado não é a mesma coisa disse Ben com os olhos bem apertos fixos no piano. Allison deu de ombros realmente acreditando que tudo era apenas drama desnecessário.

– Podem tocar, façam de conta que não estamos aqui – disse Klaus girando o arco do violino de Vanya no ar, até acertar o próprio rosto e decidir soltar se perguntando se alguém tinha visto.

– Não vou encostar nesse piano até vocês saírem – Cinco declarou arrancando uma das partituras da mão de Allison. A morena revirou os olhos.

– Então que tal falarmos sobre a Vanya ter dormido no seu quarto essa noite? – Luther ergueu uma sobrancelha se apoiando no piano ao lado de Allison. Cinco esticou os dedos, preenchendo o ambiente com a música como resposta.

●♢●♢●♢●♢●

– Pode entrar – um resmungo alto foi ouvido do outro lado da porta, e o garoto entrou, mesmo que demonstrasse não estar feliz com a convocação repentina, se sentou na poltrona cuidando a postura e encarou o pai.

– Mandou me chamar porquê? – perguntou, alguns segundos depois acrescentou – Senhor.

Reginald soltou a caneta, olhou o filho em silêncio e segundos depois virou o monitor que havia sobre a mesa na direção do garoto. Cinco sentiu um pequeno incômodo na boca do estômago ao encarar o monitor e ele se moveu na poltrona incapaz de emcarar o pai. Suas unhas se cravaram nos braços do assento.

– Sabe me explicar isso, Número Cinco? – o tom afiado na voz de Reginald forçou Cinco a olhá-lo nos olhos.

– Não foi um simples ato de bondade me liberar dos treinos hoje – Cinco resmungou com a mandíbula travada – Queria me flagrar.

– E você como o garoto estúpido e desesperado por carinho que é, não hesitou – disse Reginald.

Cinco se forçou a observar a gravação das câmeras de segurança da sala de música. Não havia como negar ou como dizer que estava fazendo outra que não beijando Vanya deliberadamente.

– E agora vai fazer o quê? – Cinco não hesitou em usar seu tom mais insolente e arrogante – Vai me proibir de ver minha própria irmã, na nossa casa?

– Eu acho bom você diminuir o tom de voz comigo – Reginald disse. Cinco no mesmo instante afundou na poltrona se calando – Ainda estou pensando no tipo de punição para vocês dois, por essa falta de decência.

Cinco não segurou uma risada de sarcasmo que resultou em um olhar terrível do pai.

Falta de decência? Onde diabos um beijo pode ser considerado falta de decência? – Cinco perguntou com uma sobrancelha arqueada.

– Acha que não estou sabendo que sua irmã passou a noite no seu quarto na noite passada? – Reginald perguntou. No mesmo instante Cinco se sentiu o ser humano mais estúpido do universo. Claro que Reginald sabia. Ele sempre sabia sobre cada passo deles,  pois tinha olhos na casa toda.

– Ela pegou no sono – disse Cinco – Foi isso. Não é como se tivessemos ido assaltar um banco às escondidas.

– Este tipo de promiscuidade não é permitida sob este teto, Número Cinco – disse Reginald se levantando.

Promiscuidade?  Cinco esfregou as têmporas já se perguntando aue tipo de mente doente o pai tinha – Nós temos 13 anos!

– Não vou admitir isso – disse Reginald ignorando o garoto por completo – Seja o que for que haja entre vocês, você vai acabar com isso, ou eu mesmo terei que tomar providências.

Cinco se levantou. Seus olhos emanavam a fúria que se remexia dentro dele de forma incontrolável. Olhou nos olhos do pai esquecendo por completo das ameaças.

Nunca – Cinco disse entre dentes – Eu morro antes de permitir que você faça isso com a gente. Já chega, papai.

Cinco deu um passo na direção do homem. Cabeça erguida e os olhos quase felinos.

– Ninguém nessa maldita casa ama a Vanya como eu amo – disse Cinco – Ninguém ao menos se esforça pra fazer com que ela se sinta especial, você a trata como uma falha, os outros agem como se ela sequer existisse e eu sou tudo que ela tem. O único que cuida, o único que se importa, o único que ama. Então, Reggie, não vai me tirar dela. Pode fazer o que quiser comigo por isso, mas não vou deixar que a machuque mais do que já fez.

Reginald olhou o fundo dos olhos de Cinco e confirmou cada uma de suas suspeitas. O garoto era uma pedra em seu sapato. E então havia um empasse. Cinco era o melhor dos irmãos, mais esperto, mais inteligente, mais eficiente. Mas ao mesmo tempo estava agitando os poderes dormentes de Vanya de uma forma que nem mesmo ele sabia explicar.

Isso o preocupava. Como poderia lidar com aquilo?

De todas as situações para as quais havia se preparado com relação aos poderes da Número Sete, jamais imaginou que o primeiro amor pudesse ser um empecilho tão grande.

Como poderia imaginar que o terrível Número Cinco, com toda a sua agitação e sede por rebeldia, poderia não só se apaixonar mas também conquistar o amor da tímida e delicada Número Sete.

Não, nem mesmo ele poderia prever algo tão inesperado.

– Suma da minha frente agora disse Reginald. Precisava pensar e jamais conseguiria chegar a alguma coisa útil sob o olhar enfurecido de Cinco.

Não levou nem um segundo para que a luz azul refletisse em seu rosto, então Cinco não estava mais ali. O homem olhou diretamente para o monitor que ainda repetia aquela gravação. Os detalhes que Cinco não notara.

O lustre sacudindo e a interferência na câmera. A onda de energia invisível que ela emanava, que parecia originar um pequeno terremoto e fazia as luzes piscarem. 

Precisava colocar um fim naquilo, antes que o garoto acabasse ativando a bomba que mataria todos eles.


Notas Finais


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