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História Unbreakable - .um pedido especial.


Escrita por: LovePizzaS2

Notas do Autor


Boa leitura❤

Capítulo 22 - .um pedido especial.


Fanfic / Fanfiction Unbreakable - .um pedido especial.

Depois de dois dias recebendo mais atenção do que em todos os treze anos de sua vida, Vanya deixou a enfermaria completamente satisfeita por poder finalmente andar pela casa sem algum de seus irmãos a empurrando de volta para a cama. Algo que talvez a deixasse feliz e realizada.

Klaus levou para ela vários jogos e talvez tenha deixado que ela ganhasse a maioria das partidas de propósito.

Ben leu seu livro preferido em voz alta com toda a emoção, e quando fechava os olhos ela quase podia imaginá-lo declarando amor eterno a alguma musa bela e inteligente.

Diego por sua vez, se limitava a conversar. Sem jogos, piadas, ou qualquer paparico. Ele apenas se sentava na cadeira e conversava sobre o que viesse a mente, o que era bem mais do que ela esperava dele.

Luther passou todo o tempo contando sobre as mais engraçadas e surpreendentes missões da Umbrella. E isso arrancou dela boas risadas.

Allison trazia revistas, seus kits de beleza e transformava a enfermaria em um perfeito spa, enquanto fazia fofocas sobre os irmãos e volta e meia mencionava Luther com uma risadinha tímida e um sorriso apaixonado.

E Cinco foi quem passou a maior parte do tempo ali. Sempre se desculpando por ter demorado, ou por precisar deixá-la.

Vanya se sentia presa em um estado de felicidade que feria seu coração com o medo. Como se sentisse que algo acabaria arruinando aquela fase tão perfeita de sua vida.

Cinco lhe trazia um mp3 e compartilhava a música com ela. Na maioria do tempo em um silêncio regado a carícias e olhares de devoção. Um silêncio que ela amava.

E quando Grace finalmente disse que ela estava pronta para voltar a viver sua vida atarefada e excluída dos demais, ela sentiu como se jamais fosse receber aquele carinho e atenção dos irmãos novamente.

– Você cortou o cabelo? – Allison perguntou ao se sentar na cama da irmã. Vanya, que estava sentada diante da janela com um livro nas mãos, se virou e sorriu.

– Você foi a primeira nessa casa a notar – respondeu passando a mão nas madeixas aparadas pela metade das costas. Allison suspirou e sorriu. Mas um sorriso quase apagado e talvez marcado de tristeza, que levou Vanya a fechar o livro e se virar para a irmã – Está tudo bem, Allison? 

– Luther e eu discutimos de novo – disse a morena. Ela se jogou para trás dramaticamente e encheu as bochechas de ar. Em seguida soltou olhando para o teto – Me diga, porque os homens são tão cabeça dura?

Vanya levantou ambas as sobrancelhas e assentiu colocando o livro no parapeito da janela. Ela saltou da cadeira para a cama e se deitou ao lado de Allison, encarando uma rachadura no teto.

– São criaturas curiosas – disse Vanya.

– São criaturas insuportáveis – Allison respondeu e as duas sorriram.

– Se achasse mesmo não estaria namorando um – disse Vanya. Allison revirou os olhos com uma careta.

– Luther não é meu namorado – disse Allison. Vanya a olhou por alguns segundos na esperança que seu olhar arrancasse a verdade da irmã, mas a garota apenas continuou olhando o teto – Vai sair com o seu namorado hoje?

– Cinco não é meu namorado – Vanya franziu a testa.

– Só o irmão que você gosta de beijar esporadicamente – Allison provocou. Vanya riu incapaz de encontrar algum argumento que rebatesse aquilo, mas não foi necessário já que a irmã desviou completamente do assunto – Você acha que algum dia vamos ter vidas normais? Tipo, um emprego, filhos e essas coisas. Passar a Ação de Graças falando sobre receitas e sobre os vizinhos?

Vanya fez um beicinho pensativo. Foram longos segundos de silêncio em que ela se perguntou como seria uma vida daquela forma, menos sangrenta e perigosa, mais cheia de normalidade e tranquilidade.

Mas era quase impossível imaginá-los vivendo sem toda aquela adrenalina. Nada sobre eles jamais seria normal e tranquilo, talvez conseguissem algo perto da normalidade, mas sempre seria a Umbrella Academy, as crianças de 1 de outubro de 1989 e os filhos de Sir Reginald Hargreeves. Normal estava fora de cogitação.

– Acho que isso vai depender de nós respondeu Vanya – Depois que formos adultos o papai não vai mais ter poder sobre nós. Se é o que quer, Allison, acho que deveria ir atrás disso.

A morena fez sinal afirmativo. O silêncio se instalou perfeitamente entre elas, enquanto ambas refletiam sobre um futuro que parecia ainda distante demais.

●♢●♢●♢●♢●

Uma batida forte na porta foi o que tirou a atenção do velho de sua pilha de papéis e pastas. O escritório era seu santuário e era impossível não se sentir irritado quando era interrompido em suas sagradas horas de estudo, trabalho e planejamento.

– Entre – gritou o cansado Sir Reginald, que não conseguiu prever a luz que o assustou, materializando o Número Cinco sentado diante dele. O pai estreitou os olhos para aquela criatura que parecia calma demais – Você deveria estar realizando seus estudos de latim. Espero que tenha um bom motivo para estar aqui se não quiser ser punido.

Cinco desdenhou aquilo com um gesto da mão e se inclinou para a frente juntando as mãos como quem estava prestes a fazer uma oferta irrecusável. 

– Eu vim aqui porque resolvi fazer as coisas do jeito certo – disse ele. Puxou o ar e e juntou toda a coragem que tinha antes de falar – Sir Reginald Hargreeves, eu vim pedir formalmente a mão da sua filha em namoro.

Reginald ficou estático. Não se moveu, falou, sequer parecia respirar enquanto encarava o garoto a sua frente. Sem sombra alguma de brincadeira, Cinco se portava como um homem feito fazendo um pedido ao pai de alguma garota que conheceu na faculdade. Não pedindo ao próprio pai para namorar a irmã.

Por alguns segundos Reginald quis rir, e rir muito alto pois em anos era a primeira vez que alguém lhe dava motivos genuínos para aquilo. Mas precisava se manter firme se quisesse lidar com aquilo e ser levado a sério.

– Não tenho tempo para suas brincadeiras, Número Cinco, saia agora e vá...

– Não é nenhuma brincadeira, eu garanto que estou falando muito sério – disse Cinco enfatizando bem cada palavra – Senhor.

Reginald se viu sem palavras. Que resposta ele daria quando sequer conseguia pensar direito. Jamais em um milhão de anos seria capaz de prever aquilo. Como sempre, Cinco o surpreendia das formas mais diversas.

– Você não pode estar falando sério Reginald pigarreou percebendo que já estava prestes a perder a postura. 

– Mas estou – disse Cinco – Sei que você preza muito os bons e velhos padrões éticos. 

– Não vou dar permissão para que andem pela casa trocando carícias e poemas de amor como se vivessemos em um motel – ralhou o velho entre dentes. Cinco revirou os olhos.

– Ah claro, porque é realmente muito indecente eu dar um beijo nela por dia – disse Cinco. Em seguida ele suspirou consigo mesmo se convencendo a corrigir – Talvez mais de um. Mas isso não importa no fim das contas.

Reginald piscou algumas vezes. Estava boquiaberto e ainda parecia ter tido uma espécie de pane no sistema. Não conseguia encontrar as palavras ou sequer pensar em uma bronca.

– Eu nunca permitira uma coisa dessas – disse Reginald.

– Muito bem então – Cinco deu de ombros – Ela e eu vamos sair hoje a noite.

Foi como se o velho homem recebesse uma descarga elétrica e de repente sua fúria se acendeu diante daquele olhar desafiador do garoto. Todas as palavras duras que lhe haviam fugido segundos antes, agora estavam ali borbulhando em sua mente.

– Você pensa que pode vir no meu escritório e me desafiar dessa forma debaixo do meu teto? – rosnou o pai, mas surpreendentemente isso sequer abalou o Número Cinco que apenas levantou uma sobrancelha.

– Eu acabei de fazer isso, não é? – disse Cinco completamente despreocupado, o que serviu apenas para adicionar lenha na fogueira de cólera do pai.

– Escute aqui seu moleque...

– Escute aqui você, papai – disse Cinco se inclinando mais ainda para a frente com os olhos cravados em Reginald – Eu encontrei sua salinha das gravações. As fitas das câmeras de segurança da casa, e sabe que tinha umas coisas muito interessantes.

Sir Hargreeves sentiu o corpo gelar, como se tivesse acabado de ser beijado pela morte. Nem mesmo ele sabia ao certo o conteúdo de cada fita, mas Pogo selecionava e separava as coisas mais importantes a cada final de mês. Se aquele pirralho insolente tivesse visto algo sobre os poderes da Número Sete, ele estaria muito encrencado.

– Inclusive as filmagens do seu escritório – disse Cinco, e Reginald sentiu o coração falhar uma batida. A mão deslizou lentamente pela mesa e se deteve debaixo dela sobre uma arma de choque que ele mantinha presa justamente ao lado de uma pistola. E permaneceu ali – Todas as vezes que você ameaçou a Vanya inclusive quando afirmou que havia machucado ela pra me atingir. Com uma ótima imagem e um áudio impecável. Devo admitir que você não poupou recursos pra nos espionar.

Reginald soltou o ar que estava prendendo e relaxou os ombros. Tentando não demonstrar alívio ele deslizou a mão para longe das armas e voltou a juntá-las sobde a mesa. 

– Eu peguei aquelas fitas e também alguns escândalos bem extravagantes da nossa família – Cinco se recostou para trás como alguém listava móveis novos comprados recentemente – Coisinhas como Klaus bebendo escondido na sala de jogos, ou Diego detalhando para o Ben a forma sangrenta como matou um cara naquela missão em Estocolmo, e até um vídeo meu e da Vanya na biblioteca semana passada, e por sinal, Luther e Allison no corredor ontem. 

Reginald cerrou os punhos com força temendo o que viria a seguir.

– Imagine que repercussão teria no mundo todo se algum canal de televisão passasse esses vídeos – disse Cinco com um sorrisinho cínico irritante – Acho que as manchetes seriam algo como "Drogas, incesto, ameaças e violência: a base da família Hagreeves" ou quem sabe "Reginald Hargreeves: o pior pai do mundo".

A mandíbula do homem estava travada. Seus olhos emanavam um sentimento que beirava o ódio por aquele garoto astuto e maldoso que tinha diante de si. Com aquele sorriso vitorioso.

– As fitas estão muito bem guardadas e só eu sei onde. Contei a localização pra um dos meus irmãos por garantia, mas claro que não vou dizer qual disse Cinco – Mas vou dar uma dica: não é a Vanya, afinal eu não sou tão óbvio.

– Você não sabe com quem está lidando – disse Reginald entre dentes. Seria capaz de tudo para manter seus planos em funcionamento, para manter a bomba desativada pelo maior tempo que conseguisse. E para isso precisava se livrar de Cinco.

Pelo menos antes que ele acabasse descobrindo os poderes ocultos da Número Sete.

– Acho que você quem não sabe, pai – disse Cinco antes de desaparecer de vista. Reginald soltou um grito irritado e estapeou uma xícara que se partiu em mil pedaços ao cair no chão.

●♢●♢●♢●♢●

– Você não vai vestido assim, não é? – a garota ergueu uma sobrancelha ao barrá-lo na porta um um empurrão firme. Ele franziu a testa irritado pela presença dela lhe bloqueando a passagem.

– Qual o problema agora, Allison? – perguntou Cinco impaciente. Ela revirou os olhos e apontou ele inteiro como uma estilista experiente ofendida.

– O uniforme da academia? Você usa essa merda o dia inteiro, sete dias por semana, o mês todo e o ano inteirinho – disse ela irritada – Qual é! Se pretende fazer algo memorável troca de roupa.

– Eu não tenho outra roupa – ele disse irritadiço.

E era verdade. Dentre todos os irmãos, Cinco era o único que parecia não ter vomtade alguma de ter roupas normais. Enquanto todos os outros economizavam e compravam roupas novas, ele preferia não perder tempo. A roupa da academia era confortável, por qual razão comprar outras?

Allison esfregou as têmporas dramaticamente e se virou.

– Espere aqui que eu já volto – ordenou ela. Cinco até pensou em ignorar, mas a última coisa que queria era Allison lhe irritando na volta. Ele voltou para dentro do quarto e se sentou na cama como uma criança emburrada enquanto aguardava.

Depois do que pareceu uma eternidade, ela passou pela porta com uma pilha de roupas bem dobradas e sorriu ao entregar para o irmão. 

– Eu montei um look perfeito – disse ela empolgada – As calças são do Diego, acho que vão te servir, essa camiseta é do Luther e a jaqueta é do Ben, os tênis são do Klaus já que calçam o mesmo número. Só devolva depois de usar que vai ficar tudo bem.

Ele estreitou os olhos.

– Eles sabem que você pegou tudo isso? – perguntou. Ela deu de ombros e sorriu ao se virar para sair.

– Ninguém diria não pra mim – disse Allison – Sou bem persuasiva

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A batida na porta anunciou que seu tempo de preparo havia acabado. Era a hora. O fatídico momento em que, pela primeira vez, ela saíria com um garoto. Que por sinal era seu irmão com quem já havia escapado com o intuito de comer donuts muitas vezes.

Mas era diferente. Desta vez, os demais não estariam junto, e desta vez, eles sairiam com a permissão do pai. Algo que para ela seguia sendo motivo de desconfiança. 

Não sabia o que Cinco poderia ter dito que fizesse Reginald deixar que ambos saíssem, a noite e sozinhos. Ainda acreditava que Allison tinha algo a ver com aquilo.

Deu uma última olhada no espelho. O vestido de alça simples e preto, com um saia rodada e um All Star vermelho. Segurou o casaco firme na mão e caminhou decidida na direção da porta.

Suas mãos suavam quando ela abriu a porta. Cinco sorriu timidamente, com um nervosismo contido ao olhar para ela. As mãos enfiadas nos bolsos da calça jeans preta, uma camiseta branca e jaqueta de couro preta, e um coturno preto. 

Era a primeira vez em toda a vida que ela o via sem o uniforme da academia, algo que a deixou momentaneamente sem fôlego. As bochechas dela estavam quentes, e tinha certeza que estavam muito vermelhas.

– Você está linda – disse ele ao perceber que ela não falaria nada. Vanya fechou a boca e engoliu o excesso de saliva antes de sorrir.

– Ob-brigada – gaguejou e em seguida pigarreou se sentindo uma tremenda idiota. 

O que havia entre eles estava ali haviam semanas, não parecia justificável todo aquele nervosismo por um passeio. Somente um passeio.

– Você está perfeito  ela disse como se acabasse de lembrar como se falava. Cinco alargou mais ainda o sorriso que segundos antes quase a fizera babar. 

Era estranho como mesmo depois de tantos beijos trocados, tantas carícias recebidas, eles conseguissem chegar àquele nível de nervosismo e timidez com um simples passeio.

Como se os sentimentos fossem segredo, como se os beijos ainda não tivessem acontecido. Como se fosse a primeira vez em que aquele romance pairava entre eles.

– Vamos? ele disse depois de um lomgo silêncio. Vanya assentiu e saiu do quarto fechando a porta em seguida, ansiosa por aquele "primeiro encontro".

●♢●♢●♢●♢●

– Esse lugar é incrível! – ela disse maravilhada ao olhar em volta. Havia visto muitas vezes em filmes, figuras e fotografias, mas estar ali era inexplicável.

Cinco se deleitava com o sorriso sincero e admirado que ela dirigia a cada detalhe daquele parque. Ele mesmo havia se sentido da mesma forma na semana anterior quando fugiu com os irmãos e entrou na maldita casa de aranhas. 

– Achei que fosse gostar – disse ele andando devagar.

– Gostar é pouco – disse ela – Eu amei!

– Onde quer ir primeiro? – ele parou em meio a multidão de pessoas. O som das risadas, das crianças, o cheiro dos doces, as cores. A garota parecia perdida ali, sem saber para onde olhar – Quando sentir fome, fazemos uma pausa. Não aconselho você a comer antes de andar nos brinquedos mais agitados.

– Eu sempre tive vontade de andar de montanha russa – disse Vanya – Oh, ou poderíamos ir no carrossel! 

– Temos bastante tempo, o parque fecha uma da madrugada – disse ele – Não temos pressa.

– Primeiro de tudo preciso saber se você planejou alguma coisa – disse ela. Ele suspirou e assentiu sentindo o coração acelerar. 

– Sim, mas é surpresa – ele disse com um sorriso travesso – Até a hora chegar, você decide o que faremos.

Ela riu ao olhar em volta novamente. Por onde começar? 

●♢●♢●♢●♢●

– Eu juro que minha vida nunca mais vai ser a mesma depois disso – declarou Vanya com a boca cheia de pretzel. Cinco não deixava nem por um segundo de observá-la e sorrir. A forma como ela se deliciava com o doce que jamais tinha comido – É maldade jamais terem servido isso de sobremesa, é maravilhoso.

Cinco mantinha um urso de pelúcia grande e marrom debaixo do braço, fruto de sua vitória em um jogo que consistia em acertar patos de borracha com uma arma falsa. Não foi nenhuma dificuldade para ele.

– Quer mais um? ele perguntou – Podemos voltar e comprar se quiser.

– Não – disse ela negando com a cabeça – Quero continuar andando para a "surpresa super secreta".

Curiosa ele acusou voltando a olhar para a frente. Vanya jogou o papel do pretzel em uma lixeira assim que passaram por ela e bateu as mãos uma na outra para se livrar do açúcar.

– Não é sempre que recebemos surpresas boas – disse ela – É bom aproveitar, então me deixe ser curiosa.

Cinco se aproximou mais dela, e como se fosse a primeira vez, puxou a mão dela e enlaçou seus dedos com os delicados e calejados de Vanya. Ela sorriu para ele e as bochechas imediatamente se tornaram rosadas.

Na última hora inteira, haviam brincado, conversado e dado boas gargalhadas. Desde a montanha russa até o carrossel, havia sido uma noite regada a bom humor e sorrisos.

– As pessoas ficam nos olhando como se fossemos filhotinhos de panda – ela sussurrou. Cinco riu.

– Suponho que um casal de adolescentes seja quase equivalente à filhotinhos se panda em termos de fofura para adultos – ele respondeu. 

– Eu gosto de me sentir um filhotinho de panda – ela disse. Em seguida os dois riram da observação estranha de Vanya, mas quando pararam diante da roda gigante, Cinco respirou fundo sentindo-se mais nervoso do que na primeira missão da Umbrella.

– Vamos? – ele perguntou. Ela desviou o olhar dele e encarou o gigantesco círculo luminoso e giratório e negou com a cabeça afoita.

– É alto demais, nem pensar – declarou a garota. Cinco fez uma careta confusa. 

– Você andou na montanha russa – acusou ele.

– É, mas lá eu estava ocupada demais gritando por causa da velocidade pra notar a altura. E era a montanha russa infantil – se defendeu ainda olhando para o brinquedo – Isso sobe muito devagar, treme demais e vai parando. E é bem mais alto.

– Vamos logo – ele disse lhe soltando a mão apenas para a empurrar com cuidado na direção da roda gigante. Vanya relutou, mas acabou subindo na plataforma com um beicinho.

O operador do brinquedo abriu passagem e os dois se sentaram, um sacolejar leve fez Vanya se agarrar ao braço de Cinco enquanto o operador prendia os cintos e a trava de segurança.  O garoto colocou o urso de pelúcia ao seu lado e se voltou para a garota.

– Fica tranquila, Vanya, vai ficar tudo bem – disse Cinco com um sorrisinho. Não podia negar que era divertido.

– Se eu morrer te levo comigo, Cinco Hargreeves declarou ela segurando firme na barra de metal.

– Espera, Hargreeves? – o operador abriu um sorriso surpreso e olhou diretamente para Cinco com os olhos brilhando de empolgação – Cinco? Tipo da Umbrella Academy?

Cinco bufou. Nem sem o uniforme da academia acabava escapando de ser reconhecido. Ele sorriu brevemente para o rapaz e olhou para a frente.

– Eu sou um grande fã – disse o empolgado que não deveria ter mais de dezessete anos, e estendeu a mão que por pouco não atingiu Vanya – Sou Travis. Eu adorei aquela missão em Paris, foram espetaculares!

– Prazer, Travis – Cinco apertou sua mão com desanimo, mas isso sequer foi notado pelo fã quase histérico que em seguida olhou para Vanya e alargou ainda mais um sorriso. 

– Sua amiga...

Vanya imediatamente o interrompeu.

– Na verdade sou irm..

– Minha namorada – disse Cinco de súbito olhando Travis com impaciência. Vanya o olhou de olhos arregalados e o operador sorriu com malícia.

– Uuh, a namorada do Número Cinco! – disse Travis – Nem acredito que conheci vocês! Bem, não quero atrapalhar... bom passeio!

– Obrigada – Vanya agradeceu com um sorriso tímido e Cinco apenas acenou com a cabeça. Travis correu até o painel de controle e então o brinquedo deu partida com um solavanco. Vanya permaneceu agarrada à barra de metal e engoliu seco.

– Eu só queria sair um dia sem ser o Cinco da Umbrella – declarou Cinco.

– Podia começar procurando um nome comum... minha nossa isso sacode demais! – Vanya disse ofegante fechando os olhos com força.

– Talvez você me ajude com isso – ele sugeriu. Vanya assentiu tentando ficar o mais imóvel possível para que aquela geringonça não sacudisse – Está mesmo com medo?

Apavorada – disse ela sem hesitar. Cinco se aproximou e passou o braço pelo ombro dela.

– Fica tranquila – disse ele – Eu estou aqui.

– Se prometer que consegue saltar direto para terra firme e me levar junto caso algo dê errado eu posso arriscar abrir os olhos – Vanya disse.

– Antes que você pisque posso nos levar lá pra baixo – ele disse em tom solene – Agora abre os olhos, estamos quase no topo.

Ela abriu um de cada vez. Ainda faltavam alguns metros para atingirem o topo. Os olhos dela se iluminaram quando estavam no ponto mais alto. Todas as luzes da cidade podiam ser vista dali, cada pequena luz colorida, os carros nas avenidas, pessoas abaixo no parque. Ela sorriu.

– Uau – disse ela. Cinco sorriu.

– É só pra você ir se acostumando com a altura – disse ele. Ela lhe olhou confusa e um tanto temerosa com o que poderia significar aquela frase. Cinco se limitou a abrir um sorriso disfarçado.

– O que você pretende aprontar? – ela estreitou os olhos.

Cinco lhe entregou o urso de pelúcia e em seguida a segurou firme pelos ombros, sem ao menos avisar, se transportou. 

Como sempre ela sentiu uma náusea e um tontura incontrolável. Como ele aguentava fazer aquilo o tempo todo?

Seus pés se firmaram no chão e ela olhou em volta. O vento frio bateu em seu rosto e ela se encolheu pouco antes de notar a vista. Se era lindo do alto da roda gigante, ali era perfeito.

Cinco a soltou e permitiu que ela olhasse em volta.

– Acho que estou com vertigem – disse ela. Cinco segurou a mão dela e a puxou para perto abraçando a cintura da garota. Vanya apoiou as mãos nos ombros dele e sorriu, agarrando firme o ursinho de pelúcia para não deixá-lo cair.

– Eu te seguro – ele disse.

– Você é uma alma bondosa – ela ironizou. Cinco riu – Porque aqui?

– É só o prédio mais alto dos Estados Unidos – ele deu de ombros – A melhor vista pra passar a noite. E ver o nascer do sol.

Vanya franziu a testa.

– Papai vai nos matar se não voltarmos antes da uma e meia – disse ela.

– Mas nós vamos – Cinco disse – Antes da uma e meia da tarde.

Vanya riu e o empurrou. Ao se virar ela notou a cesta de piquenique no chão, alguns cobertores e uma toalha estendida.

– Você planejou isso tudo de última hora? – ela perguntou.

– Na verdade passei dias planejando – disse ele se aproximando e sentando ali. Ele tapinhas no lugar vago ao seu lado. Vanya sorriu e se sentou. Cinco puxou um dos cobertores e ajeitou sobre os ombros dela – Conclui que é muito frio aqui em cima.

– Bem, suponho que tenhamos uma longa noite pela frente – disse ela.

– Eu acho que nós dois precisávamos disso – Cinco falou – Sabe... só sair e conversar. Sem ameaças do papai, sem nossos irmãos interrompendo. Por uma noite somos só nós dois.

Vanya suspirou profundamente. Ela tinha sorte. Dentre tantas pessoas no mundo, era ela quem estava ali com ele naquele momento. Ela quem recebia a ternura daqueles olhos de esmeralda. Era ela quem ele amava.

●♢●♢●♢●♢●

– ... então os dois começaram a gaguejar e tentar dar desculpas, eles juravam que iam acabar muito ferrados e eu subornei eles com isso por anos – disse Cinco. Vanya continuava rindo da situação um tanto embaraçosa, algo que nem ela seria capaz de prever.

– E quando foi que você perdeu o poder sobre isso? – perguntou Vanya quase eufórica. 

– Quando Luther descobriu, ele chorou por duas semanas inteiras todas as noites, e não falou com o Diego por um mês – disse Cinco.

– E depois de dois anos eu finalmente entendi o que aconteceu naquele mês – Vanya riu – Acho que já tenho argumentos pra rebater o Diego todas as vezes que ele fizer piadinha sobre incesto. 

– Eles tinham sete anos – disse Cinco antes de beber mais um gole de café – Mas acho que o Luther nunca vai superar não ter sido o primeiro a beijar a Allison.

– Não me surpreenderia nem um pouquinho se ela já tivesse beijado todos vocês – disse Vanya mordiscando outro morango coberto de chocolate. Cinco fez uma careta a mera menção de ser beijado pela garota mais chata do universo.

– Não, acho que Klaus e eu pelo menos não – declarou Cinco. Em seguida suspirou olhando para ela – Você foi a primeira.

Ela sorriu empinando o nariz com um ar de superioridade e orgulho. Cinco riu e colocou a xícara de lado. Ele juntou coragem e puxou fôlego. Havia ensaiado aquilo dezenas de vezes, com a ajuda de Luther e Diego e em seguida sozinho por concluir que os dois eram péssimos com aquilo.

– Ahn... Vanya – ele pigarreou. Olhou para dentro da cesta e esticou a mão para agarrar a caixinha de veludo preto. A garota engoliu seco sentindo como se alguém lhe desse uma injeção de adrenalina. Cinco olhou o horizonte já se tornando um misto de cores. O sol estava nascendo, era a hora certa – Eu realmente queria ter algum poema, ou palavras super bem elaboradas, mas é meio difícil expressar o que eu sinto em palavras.

Ele abriu a caixinha e estendeu para ela. Vanya pegou como se estivesse segurando a jóia mais rara do planeta. E sorriu com os olhos cintilando alegria. Um colar com um pingente dourado da letra "V", delicado e brilhante.

 – "V" de Vanya – disse ele – E o número cinco em algarismos romanos.

– É perfeito, Cinco – ela sussurrou encantada. Ele se aproximou mais e limpou a garganta novamente.

– Eu pensei muito sobre nós, sobre isso que temos – ele disse – Pode parecer precipitado e eu sei que qualquer um pode dizer que somos jovens demais pra entender dessas coisas mas eu sinto aqui dentro que nem todo o tempo do mundo seria capaz de apagar o que eu sinto por você, Vanya.

Ele fez uma pausa e respirou fundo.

– Não importa o que aconteça, o que o futuro tenha reservado para nós, eu não tenho medo – Cinco continuou – Porque isso nunca vai morrer. E isso é uma promessa. Enquanto eu respirar eu vou lutar por nós, contra tudo e todos.

Ela suspirou e Cinco puxou sua mão, beijando o dorso com toda a delicadeza.

– Você foi a primeira garota que eu beijei, a primeira por quem me apaixonei – ele disse – Eu quero que seja a primeira em muitas outras coisas. E se por acaso o tempo e todo o resto permitir quero que seja a única.

Ela sorriu de orelha a orelha. Seus olhos brilhavam marejados e o vento batia em seus cabelos os tornando a mais bela bagunça banhada pelos primeiros raios do sol.

Vanya olhou os olhos carregados de emoção e de ternura, aquele verde tão perfeito e sentiu o coração quase explodir de tanto amor.

– E quero que seja minha namorada – disse ele sorrindo – Então, Vanya Hargreeves. Você aceita?

– Não há nada que eu queira mais – disse ela o puxando com a mão no rosto do garoto para lhe dar um beijo. 

Ambos sorriram quando os lábios se tocaram. Um beijo carregado de emoções e sentimentos. Os dois queriam que o outro sentisse aquele amor e a devoção que tinham um pelo outro. Se beijaram como os dois apaixonados que eram.

Em seguida se afastaram, respirando fundo e mantendo aquela proximidade perfeita. Os narizes roçando um no outro, as respirações se misturando. Cinco tocou o rosto dela, se afastando o suficiente para olhar cada traço do rosto dela naquela luz do alvorecer.

A dona do coração tempestuoso do Número Cinco.

E em seguida ambos se beijaram tendo apenas o sol como testemunha daquele momento.


Notas Finais


O que estão achando?❤

Obs: capa nova feita pela talentosissima e perfeita @YevilMS! Mais uma vez obrigada por essa obra de arte😍


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