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História Unbroken (temporariamente em edição) - Solução Fora de Cogitação


Escrita por: DELPH

Capítulo 5 - Solução Fora de Cogitação


Fanfic / Fanfiction Unbroken (temporariamente em edição) - Solução Fora de Cogitação

POV DELPHINE

Cosima despertava em mim costumes e vontades que eu nunca havia conhecido, nem sequer eu sabia o que era sentir tão próxima e tão necessária. Desde o primeiro dia que a vi, tive a sensação que estávamos designadas a algo maior, mas toda essa covardia e receio pertencentes a mim me cegavam e não me davam a liberdade de explorar mais amplamente meus sentidos. Esses últimos dias foram resumidos em mim mesma tentando me convencer que tudo era natural, que aquela estranha sensação no estômago não passava de uma reação natural do corpo, mas não, hoje eu pude sentir na pele que aquilo era muito mais que carência, era mais que sentir a necessidade de estar perto de alguém. Quando senti Cosima em mim, algo me aflorou internamente, algo novo e colorido que fez tudo parecer menos monótono. De início não soube reagir diante a isso, não soube formular as palavras que definiam o que estava sendo aqueles sentimentos em mim, eu simplesmente paralisei e fugi. Eu sei que de alguma forma eu a magoei, mas na verdade eu só estava tentando encontrar uma forma de tentar mostra-la o que aquele beijo roubado significou para mim, e o que todas as novas sensações provenientes dele me proporcionaram.

Por isso eu me sentia ansiosa para o amanhecer, para chegar ao Dyad e poder abraçar novamente Cosima, desta vez, sendo um pouco mais que apenas conhecidas, mas por enquanto eu só tinha a minha vida real.

Assim que piso em casa sou recebida por Suzan. Não posso negar o quanto sou apegada a ela, mas todas aquelas teorias que eu e Cosima havíamos levantado hoje me deixaram com uma certa desconfiança do que Suzan realmente era por trás das máscaras. Suzan parece estar diferente, mesmo com a fratura no pé, ela me recebe em pé, vestindo sua longa camisola de seda. Os funcionários da casa me olhavam de lado, com aflição em seus olhares.

— Chegando depois da meia-noite, Delphine — Suzan diz calmamente — Parece que minha criança está crescendo.

— Verdade, e já faz tempo. — Respondo em tom grosseiro e logo Suzan segura firme em meu pulso — Suzan, o que está havendo?

— Eu que o diga, o que está acontecendo com você Delphine?

— Eu não estou entendendo

Suzan solta uma respiração pesada.

— Deve ser esse bichinho que vive no armário. Eu sei o que você foi fazer Delphine

Suspiro pesado. Eu não acredito que ela foi capaz de fazer algo assim comigo, e nem conseguia entender essa necessidade toda de tirar a minha privacidade. Mas o que havia mesmo me deixado intrigada foi o comentário totalmente homofóbico, tendo em compensação que a maior parte do nosso círculo pertence a pessoas homossexuais e isso nunca havia sido um dos nossos problemas. Além do mais, Cosima era uma das suas melhores amigas, então aí tinha coisa. Se ela queria jogar jogos, eu daria as cartas.

— Isso nunca foi um problema pra você.  Grace é lgbt, você sabia? —  De repente a face de Suzan é tomada por uma expressão de medo, ela olha para o lado e dispensa os funcionários com um sinal, como se estivesse acuada — Poisé, disso você deve saber muito bem, afinal, são tão próximas.

 —  Você não é ela, Delphine. E seja o que for que você esteja querendo insinuar, é melhor ficar calada.

—  Ficar calada? Sabe que eu nunca curti isso. — Suzan apertava seus punhos tentando conter a suposta raiva que estava por se sentir inferior na discussão, mas de qualquer forma, isso não me faria recuar — Inclusive, nesses últimos dias eu falei bastante, conversei muito com um homem próximo a você e Grace, e coitado, tinha uma historia bem triste,  deduzi isso pelas cicatrizes no corpo dele, e aquele braço todo queimado, minha nossa, me deu tanta pena. — Menti, mas o principal objetivo era tentar arrancar uma informação sobre ele com Suzan

— Os Castores — Suzan sussurrou, mas já foi o suficiente para que eu pudesse tirar a conclusão que ela estava envolvida nisso. — Como os conheceu?

— Eu sou boa em descobrir as coisas Suzan, mas essa você me entregou de bandeja. — Suzan aparentou surpresa — E outra, é só uma questão de tempo até eu descobrir o que rola entre você e Grace — Avisei, mas Suzan apenas me deu as costas como resposta. — Boa noite pra você também Suzan.

Suzan já havia me dado algumas pistas, e agora era só tentar entender quem eram os castores. E se for depender de mim, logo isso viria a tona, com Suzan querendo ou não. Mas para isso eu sabia que teria que iniciar pelo lado mais frágil, ou seja, Grace.

(...)

Antes mesmo do sol nascer sou surpreendida por Suzan em meu quarto, as coisas não precisavam ser daquele jeito, mas estavam acontecendo. Suzan andava atormentada, de um lado para o outro, com o olhar baixo e sério, nós a anos não tínhamos mais uma conversa seria e esclarecedora de mãe para filha, na verdade não costumávamos a dialogar frequentemente, mas nem isso impediu de Suzan me proibir de deixar de lado todos os seus cuidados. No tempo eu tentava entender que Suzan apenas queria me proteger da perseguição aos clones, sinceramente, não sei mais, tudo agora parece uma grande ilusão.

— Suzan? — pergunto um pouco aflita e ansiosa para saber o que trouxe Suzan até mim.

— Eu passei a noite pensando na melhor maneira de esclarecer essas coisas pra você — Suzan senta ao meu lado — É melhor não manter mais segredos entre nós,

Suzan ofegava de nervosismo, de alguma maneira eu teria que aceitar que o que viria a seguir poderia me chocar. Mas por outro lado eu sabia que não conseguiria acreditar no que Suzan me contava, a um tempo ela já havia perdido a minha credibilidade.

— Bom, sou toda ouvidos.

— Nem sempre o Dyad e a Neovolução foram inimigos, em 1985 nos juntamos em um projeto que seria revolucionário, o projeto Leda e o projeto castor — Não pude disfarçar o espanto ao descobrir  a minha ligação com os castores— Enquanto o Dyad trabalhava com as fórmulas e probabilidades, a Neovolução coletava o DNA de pessoas diferentes nos mais diversos locais até encontrar um compatível. Foi então que em 1992, em um presídio no Texas eles encontraram Kendall Malone, a pessoa que um tempo depois seria a doadora de material genético, e a principal peça para que as ledas e os castores ganhassem vida.

— Onde ela está hoje? Por que ela?

— Kendall foi uma quimera, seu organismo era composto de células distintas, ela tinha tanto o gene feminino quanto o masculino.

— Agora faz sentido a história da proteína que se manifestou de maneira diferente nas ledas, maldita Neovolução.

— Na verdade não Delphine, em 1994 houve uma grande disputa de poder entre as mais poderosas entidades de desenvolvimento dos EUA, o Dyad e a Neovolução. Então ficou decido que haveria uma divisão consensual, a Neovolução ficaria responsável a dar finalidade ao projeto castor e o Dyad ao Leda. Mas nós queríamos algo revolucionário, que tornasse as ledas organismos diferentes e superiores ao Castor, a culpa de tudo isso é principalmente da nossa ambição.

— Vocês não têm noção alguma.

— Por incrível que pareça, a história de vocês poderia ter sido pior se estivessem na mão da neoevolução. A neoevolução nunca havia tido uma experiência comprovada nesse tipo de procedimento e por consequência de frequentes erros, todas as 27 tentativas foram tragédias completas, todos nasceram com limitações físicas. Mas isso não foi suficiente para parar a Neovolução. Durante anos os castores sofreram das piores formas possíveis, com experimentos totalmente desumanos que eram feitos no Afeganistão, longe de toda civilização. Após um ano do fim da neoevolução seu pai, Ethan Duncan ofereceu ajuda a Grace para fornecer ao menos o mínimo dos mantimentos necessários para a vida dos meninos.

— Mas mesmo com toda essa droga da neoevolução, por que você e Grace mantém amizade. Ou melhor, por que você surtou ontem ao saber que eu sai com Cosima?

— Sempre fiquei muito chateada com esse seu coração de pedra, Delphine, Grace foi uma peça essencial na cura das Ledas e eu queria no mínimo que você se relacionasse com alguém que tenha feito algo por você. — Escuto em silêncio, Suzan não fazia ideia — Durante toda a perseguição às ledas, eu fui atrás de Kendall para buscar em seu DNA a cura, porém quando a encontrei, Kendall estava em estado vegetativo na uti, devido a um câncer. Três dias depois ela veio a óbito. Mas quando eu pensei que tudo estava perdido, Grace ofereceu ajuda, foram meses de pesquisa até termos a ideia de fertilizar seus óvulos.

— Vo-você ta querendo dizer que eu... — Suzan respirou fundo

— Sim, se quiser não me perdoe por isso, mas saiba que foi por um bem maior. Nos fertilizamos seus óvulos com os espermatozoides de um Castor, nisso nasceu a pequena e milagrosa 324B21, que trouxe a cura para todas as suas irmãs.

— Quer dizer que eu tenho uma filha e você recém está me falando isso. Nem ao menos eu pude carregar esta criança, tem noção da gravidade? — Pergunto tentando manter o controle.

— Naquele tempo você não estava preparada para uma gestação.

Levanto sentindo todo o meu mundo desabar. O que mais me assombrava nem era ter uma filha perdida pelo mundo, mas sim, saber que essa criança poderia estar nas mãos de Grace. Eu sentia vontade de explodir, jogar qualquer coisa no chão, só para poder arrancar de mim tudo aquilo que estava sentindo sobre Suzan, Ethan, Grace e todo o resto do galinheiro

— Que você, o Dyad e a droga da Neoevolução vão pro inferno — Grito ao espatifar o abajur nos pés de Suzan — Vocês amam ficar de mimimi, mas são todos farinha do mesmo saco. Ao menos você sabe quem falou sobre a proteína no DNA das ledas para a Neovolução antes da perseguição? Foi Grace, mas acho que você estava ocupada demais acreditando nas pessoas erradas. — De repente sinto minha raiva se esvair em lágrimas no meu rosto, Suzan me olhava de canto, encolhida e com lágrimas de arrependimento nos olhos — Sabe pelo menos onde essa criança está? Você mal tem o nome dela, 324B...o que mesmo que você chama?

— Ela vive no Brasil, a sua mãe, Cordélia preferiu manter sigilo das outras informações.

— Na lógica a mãe dela sou eu. Mas que se dane, eu vou embora e vou te fazer pagar por tudo.

Ignoro completamente o fato de recém ter se acordado, visto um sobretudo, pego minha bolsa e as chaves do carro. Eu sabia que tinha exagerado, mas era uma bomba relógio, em algum momento as coisas iam sair de controle e toda essa confusão viria a tona. Ainda tinha varias perguntas que eu precisava fazer, coisas que aconteceram que nunca houveram uma resposta concreta. Eu queria muito saber o paradeiro de Aurora, queria mais informações sobre a garotinha que Suzan dizia ser minha filha, queria saber também sobre o que havia acontecido para que Ethan sumisse repentinamente.

Na verdade, nesse momento eu só queria relaxar e tentar processar de maneira mais coerente tudo o que estava acontecendo. Eu não queria saber de Dyad tão cedo, não seria saudável para minha saúde mental, eu só queria ficar perto da única que eu confiava e que realmente conseguiu me fazer sentir a pessoa mais amável do mundo, Cosima.

Permaneço uns 40 minutos na frente da casa de Cosima, sem ligar ou bater na porta, eu sabia que em algum momento ela sairia para ir ao Dyad e eu queria que a minha presença ali fosse uma surpresa pra ela. Na ultima vez deixei que as coisas ficassem meio estranhas, como se ela não significasse muito pra mim, sendo que na verdade ela havia se tornado mais do que eu havia esperado e a única coisa que eu estava afim agora era abraçar e mostrar o quão especial  ela havia se tornado em minha vida.

Eu ainda estava atirada e meu carro, cuidando cada movimento naquela rua, fazendo o possível para segurar as lágrimas, foi quando vi Cosima, saindo de casa com seu típico vestido preto e all star vermelho. Assim que olhou pra trás reconheceu o meu carro e ajeitou os óculos ao tentar me enxergar, então ao me ver, abriu um simpático sorriso e veio em minha direção.

— Delphine, que cara é essa? Você está bem? — Cosima não desviava o olhar de mim, me analisava de todos os ângulos possíveis. Como eu havia sentido falta disso.

— Digamos que algumas coisas saíram do controle. Podemos sair para falar sobre isso.

— Você não precisa sair, você precisa relaxar, está tensa. — Cosima toca meu braço e instantaneamente minha pele arrepia, ela percebe — Vou ver alguma coisa que você possa tomar para se sentir melhor.

— Cosima, eu não tomo mais remédios.

— To falando de vinho tinto e massagem.



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