História Under My Skin - 30

Passei talvez meia hora pensando enquanto observava o rio cem porcento mais calmo que alguns dias atrás, eu precisava me levantar e continuar o desafio ou optar por esperar o vigésimo primeiro dia chegar. Olhei a casinha por dentro e estava intacta com apenas algumas partes da estruturas trincadas por conta do vento forte que acompanhou a tempestade, meu buquê de Delfin's se encontrava no cantinho da casinha me fazendo sorrir pois lembrei do dia em que o ganhei, suspirei fundo sentindo minhas costelas doerem e me levantei inundando meus pés naquela médiana camada de lama, caminhei até onde eu tinha a estrutira certa pra fazer o fogo vendo que dali só sobrou algumas pedras que faziam parte, o resto a água levou para a minha "alegria". 

Ajeitei a bolsa no ombro e peguei a câmera para filmar minha situação e a situação do local, em seguida peguei o facão que era de Hoseok que se encontrava dentro da casinha e caminhei alguns passos a frente entrando numa parte mais densa da floresta, fui abrindo o caminho pra poder passar sem me machucar tanto mas era quase inevitável, algums galhos continham espinhos e os mesmos feriam fortemente meus braços, pernas e costas. Eu estava fraco e em pele e osso, era complicado desviar dos ágeis galhos que me acertavam.  No caminho encontrei uma trilha mais aberta seguida de um pequeno filete de água, uma miniatura estreita de um rio digamos assim e o segui aproveitando pra molhar os pés na água gelada, de certa forma ver aquela água transparente e geladinha me deu sede.

Preciso lembrar de que quando eu fizer fogo, por uma panela de água pra ferver..

Enquanto andava alongava os ombros tensionados pela noite mal dormida e bocejei implorando uma cama. No fim da pequena trilha encontrei uma clareira com um penhasco a frente, eu não tinha medo de altura mas de imediato lembrei de Hoseok e ri baixinho..

-Se Hoseok estivesse aqui, ele sairia correndo.;Falei para o câmera enquanto sorria e ele filmou um pouco da bela paisagem a nossa frente.

Dei alguns passos a frente e vi o precipício que era aquilo e senri um frio percorrer minha espinha e uma leve vertigem me correu nos olhos e me afastei, algumas pedrinhas deslizaram precipício abaixo.

Não posso morrer agora ainda mais dessa maneira

Balancei a cabeça e segui meu caminho para a esquerda encontrando lenha, estava molhada mas eu já tinha um plano para isso então não me preocupei apenas a cortei em pedaços pequenos e coloquei tudo dentro da bolsa levando a câmera na mão para não correr o risco de danificá-la.

A cada golpe que eu transferia na madeira meu corpo implorava por descanso, meu estado era dos piores, eu me sentia um zumbi.

No caminho de volta palra casinha gravei mais um pouco dessa vez contando como estava minha situação atual e também dizendo o quanto eu sentia falta do meu companheiro.

Chegando ao meu cafofo deixei a câmera lá dentro e tirei a lenha da bolsa a empilhando num canto, em seguida segui outra trilha, aquela do outro lado que levava à cachoeira, no caminho encontrei o que eu precisava e então voltei ao meu ponto principal. Coletei alguns galhos grossos de uma árvore que eu desconhecia com a ajuda do meu facão e também peguei dois pedaços de cipó verde, daqueles que WonHo usou no meu buquê.   Juntei todos os galhos com mais ramos na ponta amarrei na parte acima desses ramos e depois com o último pedaço amarrei na parte de cima onde eu seguraria, formando assim uma espécie de vassoura, com isso eu conseguiria tirar toda a lama da frente da casinha e ao redor podendo assim fazer o fogo e perambular por ali sem lambança.

A cada dez 'vai e vem' que eu fazia com a vassoura pra limpar, meu corpo pedia descanso mas eu me mantinha firme e ignorava meus pensamentos e continuava com a tarefa ardua de limpar o lugar. Por fim depois de um tempo tudo aparentava estar um pouco melhor então larguei a "vassoura" em um canto qualquer pois eu não precisaria mais dela, respirei fundo várias vezes e parti pra parte do fogo que era meu objetivo principal de hoje, apesar de estar um calor insuportável eu precisaria do fogo querendo ou não, meu corpo suava e ardia por conta dos arranhões dos espinhos, sem contar com meu estado físico e mental já pedindo socorro. Empilhei todas as pedras fazendo uma pequena roda e me levantei pra buscar a panela, pra poupar meu serviço de antes agora vou por a panela direto ao fogo sem suporte.

Espero que de certo..

Fui até o rio e enchi a mesma quase sem conseguir levantar depois, fui cambaleando até as pedras e pus a panela com cuidado sob o meio delas, em seguida rodeei de lenha pondo algumas embaixo também e fui em busca dos musgos.

Sua anta já deveria ter pegado quando foi buscar as lenhas...

Me xinguei mentalmente enquanto agarrava os musgos das árvores e na volta já arranquei alguns galhos que me serviriam pra fazer meu equipamento que daria vida ao fogo, a conhecida Broca manual.

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No final das contas o trabalho árduo de hoje em, varrer a área pra tirar a lama, buscar lenha e musgos, fazer fogo e ferver a água.. deu tudo certo, agora já era fim de tarde e o sol se escondia lá no horizonte manchando se laranja e vermelho as águas calmas e límpidas do rio, o vento fresquinho que me causava calafrios deliciosos já estava presente denovo como se dissesse "Sentiu minha falta?", dessa maneira mesmo com as mãos calejadas e feridas com sangue seco e alguns pedaços de pele ausentes das palmas das mãos, eu as esquentava no fogo apurado a minha frente só pra não perder a mania, demorei um pouco pra fazê-lo pegar mas no fim das contas com a ajuda dos musgos que servem como se fossem um tipo de "combustível natural" deu tudo certo.

Agora aqui sozinho eu queria os beijos e carinhos de WonHo, tenho certeza que se ele visse meu estado ou até mesmo minhas mãos iria ficar tão preocupado, e faria de tudo pra tentar tirar minha dor.

Logo estarei em seus braços meu amor, me aguarde..

Enquanto pensava no meu momo eu sorrio bobo mas quando a droga da minha barriga roncou de fome avisando que queria comida eu bufei de raiva e de fome, não comi nada hoje mas amanhã espero que seja diferente. Conforme a noite ia caindo o calor aumentava mas por sorte o ventinho gélido sempre estava presente, a panela com água já estava fervida e fria dentro da casinha, pra saciar um pouco a fome tomei alguns goles secando a panela sem querer.

Me empolguei demais..

Antes que a noite tomasse conta de tudo de uma vez, levei a caçarola até o rio e a enchi denovo deixaria fervendo durante a noite e amanhã eu poderia beber normalmente, o fogo não apagaria pois tem bastante lenha e musgos o alimentando então não me preocupei com aquilo.

Pra inovar hoje eu dormiria fora da casinha, peguei o cobertor e pus no chão e me deitei, eu preferia mil vezes deitar sob o cobertor do que me deitar direto no chão pra sujar meus machucados nas costas e sentir mais dor ainda, não que os pressionando de qualquer maneira não os fizesse doer, mas nunca se deve sujar um ferimento aberto e no vivo pode infeccionar e ser ainda pior.  Me deitei e suspirei fundo pela milésima vez no dia, me virei de costas para o fogo e abracei meus braços, o ventinho espalhava levemente meus fios emaranhados e sujos fazendo uma leve cocerinha na minha testa, fechei os olhos e pensei em Hoseok até conseguir pegar no sono.

Com certeza se eu fosse um peixe dormiria dentro da água pra amenizar o calor.

A casinha era quente e armazenava muito calor, depois dessa tempestade fria e calculista o calor predomoniou e então não tive outra escolha, quando peguei no sono esta noite não imaginei que o décimo nono dia pudesse ser o segundo pior dia da minha vida, não bastou eu ter perdido Hoseok e aí vem a natureza e me prega uma maldita peça.

"Fire"