Estava somente distraída com meus pensamentos para tentar entender o que me tinha acontecido até ali, conheci e aprendi sobre todos os departamentos da empresa, o trabalho de Viceroy como assistente de papai e enfim enquanto ele estaria ocupado como o chefe que ele é, receberia a tutela da Srta. Mandy, permanecia com nossas mãos ainda unidas e ainda permanecia gelada, me dava uma sensação estranha de arrepio.
— Você está bem? Parece meio surpresa. - Perguntou a moça e solto a mão dela enfim
— Só me deu um mal estar de repente, mas eu fico bem, e me arrepie com suas mãos geladas.
— Ah não se preocupe, deve ser do fato do ar condicionado estar ligado, é que anda muito calor não acha? - Ela me indica para me sentar novamente e a obedeço - Aqui, tome um pouco de chá, vai se sentir melhor.
Srta. Mandy me oferece uma bandeja com xícara enquanto pegando uma e bebericando o sabor quente e doce de chá, logo a agradeço pela bebida. A moça continuava a me observar ainda com um sorriso. Papai tosse um pouco chamando a atenção pois parecia que estava prestes a dar um comunicado, creio eu.
— O senhor parece querer falar algo a mais papai, está tudo bem?
— Ah sim, estive conversando também com sua mãe e vejo que até conheceu um pouco dos seus colegas na escola, porém poderia conhecer de uma maneira além dos corredores, livros e coisas que obtêm em um ambiente escolar.
— O que quer dizer? - Questiono
— Minha querida, estamos pensando em organizar um baile em seu nome como se fosse uma forma de boas-vindas a cidade!
Espera aí, festa? Mas já? Eu mal entrei na família e só tive meu primeiro dia de aula e não conheço todo mundo, em exceção dos que conversei pouco por exemplo de Randy e Howard, eu tinha que tomar uma providência antes que isso fosse algo bem grande.
— Eu agradeço bastante por isso, mas olhem bem, ainda estou na minha primeira semana de aula e mal fiz um melhor amigo – Levo as mãos a mesa fitando-o - Não acho que seja uma boa ideia realizar um baile agora.
— Porque não? Vai ser legal para se enturmar, se divertir e serviremos uma mesa farta de petiscos.
Ele falava de maneira empolgante como se esperasse a minha resposta fosse “sim”. Ainda me sentia insegura e como se tudo estivesse passando rápido naquela semana – e olha que ainda era segunda feira.
—O senhor não acha que é melhor eu esperar me adaptar um pouco para eu realmente quiser fazer um baile? Quer dizer - Balancei a cabeça tentando assimilar – Eu preciso de um tempo para pensar.
Dou mais um gole em meu chá poupando minhas palavras sobre o assunto, eu precisaria de mais alguns dias para pensar neste dilema. A conversa seguiu adiante me mostrando os planos caso eu chegasse a escolher em realizar a tal festa, como por exemplo entrega de convites, aperitivos e sobremesas, decoração e até meu vestido – isso é um baile e não um casamento onde eu sou a noiva.
E POR FAVOR, NÃO ME REVELEM LOGO CEDO QUE ATÉ ME ARRANJARAM UM CASAMENTO COM UM FILHO DE OUTRO MILIONÁRIO! Eu só tenho quase dezesseis anos e só quero viver como uma adolescente normal, é pedir demais?
Pelo decorrer da tarde, minha conversa com ele seguiu apenas com planos e mais planos para essa tal festa em minha homenagem, até o pondo onde que me permitiu ir embora acompanhada da Srta. Mandy, como forma de nos conhecermos melhor enquanto deixávamos ele e Viceroy à sós em seu escritório. Quanto a mamãe e Bash, bem ambos tinham o que fazer sendo ela trabalhando em alguma coisa e ao meu “irmão”, sem dúvida estaria em algum beco escuro dançando ao som de algum disco de Hip hop enquanto espera alguém para roubar o dinheiro do lanche, típico de um valentão.
E isso me deixa completamente sem planos para o resto da tarde, eu falo para a minha tutora que queria ir direto para casa, talvez eu poderia praticar um pouco no violoncelo ou até ficar um pouco no jardim, ela concordou comigo dizendo que não tem nenhum ambiente melhor para nos conhecermos do que em minha casa, não vejo porquê.
(...)
Depois daquele dia no centro da cidade e na sede das Indústrias McFist, estava de volta ao lar e mais ainda em meu quarto, não totalmente sozinha pois Srta. Mandy estava logo atrás, logo a noto observar cada centímetro do meu quarto enquanto eu me preparava para pegar umas partituras com melodias de Mozart e Vivaldi e praticar um pouco meus instrumentos.
—Você gosta mesmo de música clássica, qual a sua história com ela querida? - A moça perguntou.
—Praticamente no orfanato eu tenho praticado desde criança e aprendido com os supervisores a tocar cada um dos instrumentos. Acabei me apaixonando pelas melodias suaves como se toda vez que eu tocasse me fizesse voar entre as estrelas. - Vou separando as partituras em um tipo de apoio e me sento em um banquinho com o instrumento em mãos - Mas tenho vergonha de tocar para todo mundo porque hoje em dia, adolescentes da minha idade não curtem muito os clássicos. Eu sou considerada estranha?
—Bobagem minha jovem, se é uma música que gosta então não são os outros que devem lhe dizer o que gosta ou não. Soube pelo seu pai de suas habilidades ontem após o jantar, permita-me lhe testemunhar tocando o cello?
—Claro Senhorita Mandy – Permito
—Por favor só me chame apenas de Mandy, meu objetivo com a senhorita é de que você me veja mais como uma amiga do que uma tutora. Qualquer coisa pode me contar.
Seu olhar transmitia de alguma forma a absoluta confiança, mesmo que em nosso primeiro encontro que tinha sido sinistro ao cumprimentar sua mão estranhamente gelada. Finalmente dou início a melodia ao dedilhar meus dedos e o instrumento de suporte pelas cordas do violoncelo praticando ao som de Canon em D Maior de Pachelbel. Fiquei por alguns minutos com os olhos fixados na partitura enquanto pensava que poderia desabafar com ela a respeito da minha opinião sobre o baile, sei que querem que eu me enturme com todos e também uma forma de apresentação minha para toda a cidade e a escola, porém não posso deixar de lado minha desconfiança na maioria das pessoas.
Mas algumas no exemplo do Randy, ele parecia alguém legal, divertido e bastante sincero mesmo que só tenha me esbarrado com ele no meio do corredor, só de lembrar acabo por deixar escapar uma risada, na hora parecia um clichê de primeiro dia de aula onde a aluna novata sempre cai no chão ou se esbarra com um garoto que na maioria dos filmes de colegial acabam se...tá bem eu não vou ousar completar a frase, pare de fantasia Lucy, aqui é a vida real e não um drama de Shakespeare.
—Qual é a graça? - Mandy me pergunta ao mesmo tempo que paro de tocar enquanto sinto um leve calor nas bochechas devido a vergonha.
—Desculpe, é que eu lembrei de uma situação engraçada que aconteceu na escola hoje, mas não pense logo no que acho que irá pensar. Eu acabei esbarrando com um menino e meio que conversamos. - Enrolo com meu indicador destro uma mecha do meu cabelo. - Não foi nada demais, só fizemos perguntas básicas um para o outro. Ah e tinha o melhor amigo dele também, eles são legais até. Além deles tem a Heidi, disse que ela quer uma entrevista comigo um dia desses.
—Em minha opinião se aceitar o baile ela pode te entrevistar ali mesmo, pelo que soube a garota afaz coberturas de eventos importantes de Norrisville. E concordo com o seu pai de que é uma boa oportunidade de conhecer melhor mais os seus colegas e ser a anfitriã deles através de boa música e comida.
Com aquelas palavras eu começo a pensar que não saberei bem como são as pessoas se eu não tentar me enturmar com elas, é apenas parte da minha timidez e desconfiar de tudo e todos naquele ambiente, porém ainda me sentia insegura.
—Eu penso que sim...mas é que tá acontecendo tudo tão rápido e eu mal sei dançar. - Junto a palmas das mãos preocupada – Se eu tiver que dançar com o papai ou Bash como naquelas festas de debutante eu vou me enterrar minha cabeça feito um avestruz.
Mandy aproxima de mim apoiando as mãos em meus ombros os afagando levemente no intuito de me acalmar.
—Desculpe por esse pensamento meio bobo, mas eu acho que talvez seja legal, desde que nada possa ocorrer de errado. - Sorrio levemente
—Esse é o espírito! Avisaremos ao seu pai no jantar. Ah e falando na escola, por acaso você chegou a ver o ninja?
—O ninja? Ah sim, as pessoas falavam muito dele, mas eu nunca o vi, ainda acredito que ele é apenas um personagem tirado de algum conto infantil. - Suspiro – Se bem que existem registros históricos de que ele atua na cidade desde a sua fundação há 800 anos atrás e ele está um ano desaparecido, talvez ele seja algum vigilante ou até assistente da polícia. Eu procuro manter minha mente aberta.
Eu tinha também um mini desejo de que o ninja por algum truque de mágica ele poderia aparecer no baile, mas vamos ser realistas, só será meu primeiro evento social rondado de alunos da escola em minha homenagem. Homenagem a Lucille McFist, futura herdeira do maio monopólio desta cidade.
—Então está decido, vou querer que realizem o baile, mas por enquanto eu quero me concentrar em outras coisas como atividades escolares e minha música, entende Mandy?
Ela afirma com a cabeça e logo volto a minha concentração em praticar no violoncelo e em seguida no piano para relaxar até o jantar. Eu e Mandy também conversávamos também sobre o resto do meu dia e meus gostos e até imaginava como o baile seria, de fato mamãe me escolheria o vestido mais caro e bonito da loja e entraria no estilo Cinderela ou até como Julieta na cena da festa na casa doa Capuleto. Imagina só eu uma princesa? Vivo como uma, mas não sou nenhuma.
A donzela entrando na festa linda e plena com os olhares dos convidados sobre ela enquanto descia as escadas do grande salão, de repente um desses olhares revela ser de uma pessoa que nunca viu na vida, estendendo-lhe a mão para beijá-la e convidá-la para uma dança romântica sob as luzes do lustre iluminando cada passo, giro ao som de uma bela melodia tipo estar dentro de um conto de fadas.
Como se isso pudesse acontecer, aqui é a vida real, não seria um estopim para uma história estilo Romeu e Julieta, seria?
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