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História Unidos Pelo Caos - Únicos Sobreviventes


Escrita por: Monique_Dixon

Notas do Autor


Olá caras leitoras:)
Tudo bem com voces?
Estavam com saudades da fic? Espero que sim, pois entramos agora numa reta muito importante para a historia..
E ai galera gostaram na nova capa ( eu estava enjoada da antiga,rrsrsr) .
Vamos dedicar este capitulo a juhcalder, ~D1V4H e Jen-Winchester que favoritaram a fic.
Obrigada tambem a todas que deixaram recadinhos
Boa leitura.

Capítulo 37 - Únicos Sobreviventes


Emily:

 

Já estávamos na estrada há algum tempo. Parecia que a viagem de volta para casa estava sendo mais longa do que quando saí para procurar Daryl e os outros. Eu agora fitava a janela onde as árvores corriam por nós em alta velocidade, estava entorpecida e minha visão começava a escurecer, mas eu resistia bravamente para que o sono e a exaustão não me dominassem. Eu precisava fazer isso por Daryl.

Ele por outro lado, dirigia o carro em silencio. Às vezes lançava um olhar rápido em minha direção e quando se certificava que eu estava bem, voltava a olhar para a estrada, pensativo. Daryl nunca foi bom em expressar suas emoções. Bem, pelo menos as emoções boas. Talvez fosse a forma que ele encontrara de escapar do sofrimento. Embora ele não admitisse, eu sabia que em seu intimo, havia um caos de sentimentos eclodindo. Com minha experiência em “Daryl Dixon”, decidi não pressioná-lo. Quando fosse o momento certo, ele me procuraria para falar. Afinal, a perda de seu irmão era muito recente.

O céu já apresentava tons alaranjados, indicado que o fim do dia estava próximo e que a noite avizinhava-se. Nós dois tínhamos esperanças de encontrar Michonne pelo caminho, andando a pé com sua espada nas costas. Mas nenhum sinal dela.

Daryl diminuiu a velocidade do carro e remexeu no banco de trás.

-Toma. –disse ele jogando para mim um pano escuro que logo identifiquei como uma manta. –Se cubra, está esfriando.

Eu tive o bom senso de obedecer prontamente. Não queria dar mais motivos para que ele se preocupasse. Tive um pouco de dificuldade em abrir o cobertor, pois minha mão estava inchada pela falta de circulação, mas não reclamei. Logo Hershel me daria algum analgésico.

Então comecei a repassar em minha mente tudo que acontecera naquele dia que estava sendo mais longo que o comum. A minha conversa com Merle e suas ironias... parecia que havia sido a vários dias. Leander confessar que me amava... Nossa. Aquilo foi uma verdadeira surpresa para mim. Preferia levar ao tumulo a contar ao Daryl. Ele já tinha muita coisa na cabeça sem precisar que eu lhe fizesse mais pressão. E por fim, Merle morto... Era tão inconcebível. Tão surpreendente. Merle havia se sacrificado para nos dar uma chance. Ele levou Michonne ao Governador e ainda lutou com seus capangas... tudo para salvar o irmão da ira do “louco de Woodbery”.

-Estranho... –disse Daryl por fim, estreitando seus olhos azuis e franzindo a têmpora.

Eu me aplumei no acento e virei meu rosto para ele.

-O que, Daryl? O que é estranho?

-Tem mais zumbies que de costume por aqui... –disse ele diminuindo a velocidade do carro.

Eu olhei para a estrada. Mais trezentos metros a frente e nós estaríamos em vias de avistar a prisão. Então meus olhos foram mais além: por toda a extensão havia dezenas de zumbies. Era cinco vezes mais que o comum.

-Algo aconteceu... –Daryl murmurou soando preocupado. –Fica abaixada.

Eu obedeci. Abaixei-me o máximo que pude, mas sem perder de vista a estrada. Apertei minha automática com força e aguardei pronta para qualquer emergência.

Daryl desligou os faróis e se aproximou. Os zumbies ainda não tinham nos visto. Avançamos devagar, bem devagar. Então Daryl soltou uma exclamação me fazendo erguer os olhos assustada. Uma linha grossa de fumaça escura rodopiava sobre a torre de vigia indicando que a mesma pegava fogo. Quando o carro em fim chegou aos portões da prisão nos deparamos com a cena mais preocupante ate ali.

As grades haviam sido arrebentadas com violência. O metal dos portões estava retorcido e pendurado nas dobradiças. Centenas de zumbies andavam pelo pátio. As paredes do pavilhão C, onde dormíamos, haviam sido levadas a baixo. O fogo se alastrara por quase toda a extensão. Além dos carros do nosso grupo havia também tanques de guerra e caminhonetes esportivas e grandes que eu reconheci como sendo de Woodbery.

-Merda! –exclamou Daryl parando o carro no primeiro pátio. –Aquele maldito.

-O-o que houve aqui? –eu perguntei sentindo que meus pés abandonavam o chão.

-O Governador não contente em matar a Michonne veio atrás da gente. –disse ele que parecia tão abismado quando eu, dando um soco no volante.

Eu ainda estava processando as informações dentro de minha cabeça quando os zumbies finalmente perceberam nossa presença. Um deles avançou e bateu no capô do carro atraindo a atenção dos demais.

-Temos que sair daqui agora. –Daryl falou ligando o motor do carro e dando ré.

-Mas e os outros? Temos que verificar se alguém sobreviveu! –eu exclamei, já não adiantava falar mais baixo, eles já tinham nos visto.

-Não dá Emily. –Daryl gritou um pouco exaltado. –Não sobrou ninguém vivo aí dentro. Se alguém conseguiu fugir foi para a floresta.

-Mas... –eu ainda tentei argumentar sentindo meus olhos malejarem de lagrimas.

-Vamos embora. Fica de olho na estrada se avistar alguém me avise.

Eu não pude senão assentir em silencio. As lagrimas vieram em cascatas. A prisão havia sido atacada. Eu não estava lá para defendê-los. Mas com todo aquele estrago o que eu poderia ter feito? Daryl estava com uma expressão carregada. Sério e preocupado. Parecia que tinha perdido o fio dos pensamentos assim como eu. Nós arrancamos na estrada a toda velocidade com a horda de zumbies logo atrás. Daryl acendeu os faróis para visualizarmos melhor a estrada. Eu grudei meu rosto na janela na esperança de avistar alguém ainda vivo que tivesse conseguido escapar.

Mas até aquele momento parecia que eu e Daryl éramos os únicos sobreviventes...

Instantaneamente a noite caiu fria como nunca. Demos algumas voltas pela região, mas sem sinal de nenhum deles. Nem de Rick, Carl, Glenn, Meggie ou até mesmo de Leander...  Eu voltei a chorar. Daryl sentia-se imobilizado em não poder me consolar. Ele pegou minha mão e apertou-a.

-Vai ficar tudo bem... –ele sussurrou para mim em um tom totalmente sem esperança. –É melhor acharmos um lugar seguro. A gasolina não vai durar muito.

Por mais difícil que pudesse ser nós então demos as costas às buscas e seguimos pela estrada. Eu continuava a chorar em meu banco e Daryl continuava calado. Então avistamos um caminhão de portas abertas no meio da estrada, barrando nosso caminho; decidimos verificar por precaução. Ao saímos do carro uma rajada forte passou por nós me fazendo tremer de frio. Eu olhei para Daryl e depois para os dois lados da rua. Não havia sinal de zumbie. Nos aproximamos do caminhão lentamente e avistamos inúmeros corpos de pessoas espalhados pelo chão. Todos fuzilados, percebi depois. Olhei o rosto de cada um deles e fiquei contente de não encontrar nenhum dos nossos no meio dos cadáveres.

-Acho que eu já vi esses caras antes... –eu falei entre soluços apontando para um dos cadáveres usando um boné.

Daryl ergue a cabeça para mim.

-São de Woodbery... –eu continuei. –Será que foram mortos pelo nosso pessoal ou o deles?

-Não acho que tenha sido os nossos. –Daryl respondeu gentilmente para mim. Ele se abaixou e pegou um projetil usado que estava no chão e ergueu para que eu pudesse ver. –São de armamento militar. As armas que a gente tinha na prisão não chegavam nem perto dessas aqui. Isso é obra dele.

Eu assenti. O ele que Daryl mencionou era o Governador.

-Não contente em nos atacar ele atacou o próprio povo? –eu perguntei horrorizada. –É isso?

Ele não respondeu. Daryl se ergueu do chão e colocou a besta nas costas. Caminhou até o caminhão e o revistou. De dentro dele tirou duas mochilas e as jogou no banco de trás.

-Vamos sair daqui... –disse ele me conduzindo para dentro do carro. Depois deu uma ultima olhada na região e entrou também.

Voltamos à estrada onde rodamos por mais algumas horas. Então quando não havia mais combustível, estacionamos o carro o mais fundo na floresta que conseguimos penetrar e o cobrimos com algumas folhas e galhos.

-Está muito frio. Vamos passar a noite aqui dentro hoje. Amanhã a gente segue de moto. –Daryl falou enquanto ajustava os bancos da frente para que ficassem inclinados como uma cama.

-Seguimos para onde? –eu perguntei assustada. –Daryl, não temos para onde ir... Achar a prisão já foi difícil. Vagamos meses e meses no inverno com a Lori gravida. Você se lembra? Está tudo acabado, logo nós seremos os próximos.

Então minhas pernas cederam e eu desabei no chão. Eu não tinha mais forças para continuar. Não queria acreditar que tudo que a gente lutou para construir tivesse ido por água baixo por conta de um demônio vestido de gente.

-Ei, ei, ei. –Daryl correu para me acudir. Ele se agauchou e passou seu braço por meus ombros me envolvendo em um forte abraço. –Calma. Não é o fim...

Ele me afastou o suficiente para fitar meu rosto. Com a outra mão segurou minha nuca. Seus olhos azuis começaram a brilhar e mesmo no escuro eu pude perceber que ele estava sofrendo tanto quanto eu.

-Não é o fim... não diga isso Emi. Já está sendo muito difícil aceitar tudo isso, e vê-la assim me enfraquece mais...

Eu não respondi, mas saber que Daryl sofria por me ver daquele jeito me fez soluçar mais.

-Olha para mim, Emi. Nós dois somos uma família agora. Eu e você. E nós dois vamos sobreviver a isso juntos. Você me ouviu?

Eu assenti com a cabeça. Daryl estava fazendo eu me sentir melhor. Ele disse que eu era sua família. Ele nunca havia dito algo tão bonito assim para mim. Estava me trazendo a realidade. Fazendo-me pôr os pés no chão. Ele me ergueu do chão e me conduziu para dentro do carro. Depois trancou as portas e me cobriu com a manta. Ficamos em silencio por um momento que só foi quebrado pelo ruído que ele fazia ao secar minhas lagrimas com seus dedos calejados e ásperos.

Quando não havia mais lagrimas para derramar, eu fitei Daryl em silencio. Ele estava revistando agora as duas mochilas que achamos no caminhão. Havia uma lanterna, duas pistolas, alguns cartuchos carregados e algumas frutas maduras.

-Pelo menos dá para comermos hoje. –disse ele tentando soar otimista, mas sem sucesso.

Daryl me entregou uma maçã mole e começou a comer a outra com gosto. Eu levei-a a boca a e dei uma mordida e logo senti enjoou, mas a fome era grande e engolindo minha aversão comi a maçã. Quando terminamos. Daryl desligou os faróis e o interior do carro foi tomado pela escuridão. Senti que ele se mexia procurando uma posição confortável para deitar.

-Vem... –disse ele em voz baixa. –Chegue mais perto.

Eu me aproximei lentamente dele e pousei a cabeça sobre seu peito envolvendo-o em um abraço. Em seguida nos enrolamos com a coberta que era fina. Mas o calor dentro do carro e de nossos corpos unidos acabou por nos aquecer.

-Como está sua mão? –ele me perguntou.

-Doe muito, mas estou me acostumando com a dor. –respondi.

Então ficamos em silencio por alguns segundos, apenas ouvindo o farfalhar das arvores ao serem sacolejadas pelo vento e alguns poucos pássaros que voavam de galho em galho.

-Emi... me desculpa por ter escondido de você sobre o plano de entregar a Michonne. –Daryl recomeçou em voz baixa depois de um tempo. –Eu não queria te preocupar.

-Não importa mais, Daryl. A culpa não é sua... oh! Não quero pensar nisso... não quero pensar que...

Daryl me apertou com mais força e beijou minha testa.

-Emi...

-Hum? –funguei sem conseguir dizer nenhuma palavra com sentido. Minha garganta estava contraída e seca.

-Eu estou feliz de estar junto de você mesmo que... mesmo que nosso fim esteja próximo.

Eu não respondi. Aconcheguei-me o melhor que pude em seus braços. Eu não queria dormir, na verdade eu achava que não ia conseguir porem, com os olhos inchados de tanto chorar, a dor no pulso, a tristeza sem fim em meu coração... Não havia outro remédio senão adormecer.

 

* * *

A noite finalmente terminara e agora os primeiros raios do sol infiltravam pelas janelas do carro. Eu abri meus olhos, mas logo voltei a fecha-los. Senti que estavam sensíveis e inchados. Fiz uma nova tentativa de reabri-los, desta vez parcialmente. Ergui minha cabeça e vi que ainda estava deitada sobre o peito de Daryl e que suas mãos rodeavam-me em um abraço. Eu me perguntara por quanto tempo eu havia dormido. Que horas seriam e se tudo isso teria alguma importância dali para frente.

Eu ergui meu rosto para Daryl. A principio, achei que estivesse dormindo, mas seus olhos estreitos piscaram ao me ver.

-Você está bem? –foi à primeira coisa que ele me perguntou.

Daryl levou uma de suas mãos o rosto e esfregou os olhos. Eu notei que estavam vermelhos.

-Não ser dizer... –respondi demorando em processar a pergunta. –Você não dormiu, não é?

-Não. –ele respondeu. –Com tantos zumbies a solta pela região achei melhor ficar de vigia.

Eu me sentei no banco e Daryl fez o mesmo. Os galhos e folhas continuavam a cobrir boa parte do carro e da moto.

-Por que não me acordou? –eu perguntei sentindo-me mal por não ter ajudado. Na verdade eu estava me sentindo uma inútil.

-Não se preocupe. –ele respondeu tentando não parecer preocupado. –Fique aqui no carro. Eu vou dar uma olhada lá fora. Só saia quando eu pedir.

Eu concordei em silencio. Daryl abriu a porta do carro com cautela e levou consigo a besta. Em seguida fechou a porta e sumiu. Eu me encolhi juntando as pernas ao corpo. No momento em que fiquei ali sozinha, pensei em muitas coisas. Todas elas relacionadas à prisão. “Todos se foram...” refleti comigo. “Mesmo que alguém sobreviva, nunca saberemos, pois nunca mais nos veremos...”.

Como tudo aquilo foi nos acontecer? Quando me uni ao grupo que já era grande naquele tempo, achei que a nossa luta fosse apenas contra os zumbies. Já havíamos tido varias perdas. Dale, Jim, Lori, T.Dog, Oscar, Axel e até mesmo Shane...

Eu sofrera por todas as mortes mais do que qualquer um, mas sempre tive pessoas que me consolavam e me faziam seguir em frente, mas agora quem eu tinha?

Somente Daryl...

Eu amava Daryl e agradecia a Deus por ter deixado ele vivo, e por ele agora está cuidando de mim como sempre me prometeu, mas mesmo tendo-o ao meu lado, eu não podia suportar a ideia de não ver mais meus amigos de que tanto gostava. “Oh! Deus! Por que isso está acontecendo comigo?”

A porta do carro foi aberta e eu me sobressaltei. Era Daryl que tinha retornado. Ele olhava para mim com uma expressão curiosa e preocupada, como se eu fosse feita de porcelana e fosse me quebrar a qualquer momento.

-Encontrou alguém? –eu perguntei esperançosa.

Daryl balançou a cabeça negativamente.

-Vem. Ainda tem um pouco de gasolina na moto. Da pra andar alguns quilômetros.

Eu obedeci e sai do carro carregando comigo uma das mochilas. Abri-a e coloquei as armas e a manta: não havia mais nada que pudesse ser aproveitado. Quando pisei no chão, senti uma certa dormência nas pernas, provavelmente pela noite mal dormida dentro do carro.

Daryl já estava tirando os galhos de cima do automóvel. Eu coloquei a mochila no chão e fui ajuda-lo. Com muita dificuldade tiramos a moto de cima da carroceria. Daryl montou nela e ligou o motor. Eu peguei a mochila no chão e subi logo atrás. Abracei-o e encostei meu rosto nas suas costas.

-Você tem certeza que está bem? –Daryl ainda me perguntou.

-Sim, e se não estiver... Eu ficarei. –respondi.  “Ficarei bem por você, Daryl.” Completei mentalmente.

Daryl assentiu com a cabeça e me deu sua besta. Eu a coloquei em meu ombro, e ele deu a partida.

* * *

 

Daryl nos guiou por dentro da floresta. Segundo ele, se o Governador ou algum capanga dele estivesse na estrada naquele momento nós dois seriamos alvos fáceis. Ainda tentamos voltar à prisão, pois agora estava de dia e mais fácil de ver, mas não teve jeito. Ainda tinham muitos zumbies, mais que na noite anterior. Estávamos desprotegidos em cima da moto.

-Não há o que fazer... –Daryl falou para mim. Estávamos em uma parte alta do solo de onde tínhamos uma visão boa da prisão.

-O que faremos a partir de agora? –eu perguntei com a voz rouca, pois a muito não falava.

-Vamos nos afastar o mais longe possível. –ele respondeu dando partida na moto e depois meia volta. Eu dei uma ultima olhada na fortaleza em ruinas: nosso antigo lar. Não pude deixar de me sentir triste e vazia. Era a ultima vez que a veria.

Pela posição do sol, julguei que fosse umas três da tarde quando finalmente paramos pela segunda vez naquele dia. Estávamos muito longe agora. Eu não sabia onde, mas Daryl tinha uma vaga noção do local.

-O que aconteceu? –eu perguntei quando Daryl me mandou sair da moto.

Ele não respondeu de imediato, ao invés disso se abaixou para a motocicleta, analisando-a.

-Acabou a gasolina. –respondeu como se as palavras ditas lhe causassem indignação.  –Droga!

Então chutou a moto com força. Ela estremeceu, mas não caiu.

Eu queria dizer alguma coisa de incentivo, mas sentia que qualquer coisa que eu dissesse só pioraria as coisas.

-Vamos! –ele resmungou pegando em minha mão a força e me puxando para continuar a caminhar.

Eu segui ao seu lado calada. Daryl sempre amou aquela moto. Ela pertencera a seu irmão Merle. O ultimo legado dele e Daryl agora teria de deixa-la para trás. Era a primeira vez que eu não tinha o que dizer. A primeira vez que me senti tão assustada desde que fiquei isolada naquele prédio há milênios atrás em Atlanta.

Caminhamos por mais duas horas em baixo daquele sol quente a queimar nossas costas e cabeça.

-Aguente mais um pouco. –Daryl me incentivou.  Eu não respondi, na verdade não tinha forças para falar. –A gente vai achar algum abrigo...

Era isso que eu intimamente esperava, mas apesar de caminhar por horas dentro daquela maldita floresta, não encontramos nada. Nem uma choupana, um casebre, uma cabana. Nada. Absolutamente nada.

Então, quando não aguentávamos mais andar, Daryl finalmente parou em uma clareira pequena, mas que dava para ver o azul do céu. Eu sentei-me no chão e estiquei minhas pernas tentando massageá-las.

-Eu vou procurar comida. Fique por aqui e se ver qualquer coisa grite. –Daryl falou largando a mochila ao meu lado e preparando uma flecha na besta.

Eu concordei ainda em silencio. Estava morta de fome. Minha barriga estava grudando no estomago. Havia comido apenas aquela maçã velha na noite anterior e nada mais. Abri a mochila para pegar a manta. Logo escureceria e não tínhamos achado um lugar para dormir. A morte de Merle, a prisão sitiada... parecia que havia acontecido a milhares de anos.  Mas algo, naquele exato momento, estava estranho, mais estranho do que os acontecimentos do dia anterior.

Primeiro ouvi um farfalhar próximo, supus que fosse Daryl caçando ali perto.

-Daryl? –chamei.

Mas não era ele. Era um zumbie. Eu me levantei e apontei a arma para a cabeça dele, mas Daryl surgiu de algum lugar e acertou a flecha, primeiro.

-Corre Emi! –ele gritou para mim com uma expressão que eu nunca tinha visto antes: era de desespero.

Enquanto ele se abaixava para o zumbie e puxava a flecha da cabeça dele, eu pegava a mochila e jogava-a nas costas, um pouco confusa. Afinal era um apenas deles podíamos matar sem problemas.  Mal Daryl me alcançara e eu havia entendo o motivo de sua reação.

Logo atrás dele, saídos detrás das arvores, dezenas de zumbies. Todos esfomeados e putrefatos. E a cada momento chegavam mais. Não fiquei para ver e nem contar quantos eram. Se Daryl me mandou correr é por que ele já tinha essa resposta.

Então corremos.

Corremos como nunca antes eu precisara correr.

Corremos tanto que minha barriga que já doía de fome, começou a ter contrações. As armas dentro da mochila batiam em minhas costas sempre que a bolsa balançava. Eu ia à frente e Daryl atrás. Parecia não haver escapatória. Para qualquer canto que se olhasse, zumbies nos cercavam. Havia três barrando a nossa frente. Eu não perdi tempo: atirei em dois e Daryl acertou uma flecha certeira no terceiro e como não daria tempo de armar mais uma, ele bateu com a besta na cabeça de um quarto que surgiu na nossa frente.

-VEM! –gritou para mim.

Voltamos a correr. Os zumbies andavam devagar, mas não podíamos nos dar o luxo de parar, ainda mais quando saltavam de todas as brechas possíveis.  Então finalmente saímos da floresta. Estávamos agora em um descampado com a sebe muito alta, tão alta quanto nós. Quando estávamos bem longe da entrada da floresta e os nossos membros e músculos já não respondiam mais as nossas vontades, desabamos no chão e respiramos ofegantes.  A minha mão encontrou a de Daryl e assim ficamos até ter certeza de que a horda já havia passado.

Daryl se levantou e depois me ajudou também. Atravessamos o descampado e entramos na floresta seguinte. A noite chegara e ainda não tínhamos achado um lugar para dormir. Daryl fez uma fogueira improvisada onde nos sentamos. Ele ficou afastado de mim. Juntou as pernas e olhou fixamente para a fogueira como se estivesse em transi.

-A gente tem que fazer alguma coisa. –eu falei. Ele fingiu não me ouvir. –Daryl, precisamos fazer alguma coisa. Com certeza alguém escapou, que nem a gente.

Mesmo assim ele ainda não respondeu. Continuou imóvel olhando para a fogueira.

-Daryl. –eu me levantei. –Você é um caçador! Pode rastreá-los. Logo vai amanhecer e a gente tem que procurar por eles!

Ele ergueu a cabeça para mim, sério e abatido. Contudo, não respondeu. Eu me sentei novamente, não parecia que Daryl estivesse ouvindo. Sua mente devia estar longe dali naquele momento. Talvez a percepção da perda só o tivesse atingido naquela hora. Eu não insisti mais.

Pelo menos naquela noite...

O dia amanheceu. Nem eu nem ele havíamos dormido. Ainda estávamos com fome. Fazia dois dias que não comíamos nada. Eu convencera Daryl a procurar pelos outros. Caminhamos mata adentro até que ele parou de súbito se abaixando. Eu me aproximei em tempo de vê-lo afastar a serapilheira para os lados. Uma pegada. Uma pegada destacou-se nossa frente.

-Pode ser de alguém do nosso grupo?! –eu perguntei sentindo um fiozinho de esperança brotar no meu coração. –Significa que alguém ainda está vivo!

-Não. –ele finalmente falou. –Significa que alguém estava vivo a quatro ou cinco horas atrás.

-Estão vivos! –eu repreendi sua falta de fé. Voltando a andar na direção da pegada.

Daryl me seguiu.

-Apertou o passo bem aqui. –disse ele apontando para outra pegada que só ele tinha visto. –A pessoa saiu correndo. As coisas ficaram feias por aqui.

Eu olhei ao redor e vi que uma arvore havia varias frutinhas vermelhas. Não sabia o nome delas, mas Hershel uma vez me disse que não eram venenosas. Eu tirei minha faça do cinto e comecei a arrancá-las em cachos. Algo roçou no meu braço. Eu olhei. Era Daryl me estendendo um lenço preto. Eu sorri para ele e o enchi com as frutinhas. Quando estava cheio. Eu arranquei mais e as devorei. Não eram tão doces ou suculentas. Parecia-se com ervilhas no tamanho. Mas pelo menos enganou o estomago. Eu as ofereci a Daryl, ele recusou.

Nós voltamos a caminhar. Desta vez mais devagar e prestando mais atenção pelo caminho. Encontramos dois zumbies mortos com facadas na cabeça.

Eu me abaixei e revistei os zumbies. Suas bocas estavam limpas. O que indicava que quem os matou não estava ferido. Um zumbie vivo avançou em mim vindo de algum lugar. Daryl mirou uma flecha nele, mas não atirou com medo de me acertar. Ele jogou a besta no chão e puxou o mostro de cima de mim. Os dois lutaram um pouco então eu puxei a faca e Daryl deu uma chave de braço no zumbie mantendo seus dentes longes. Eu enfiei a faca na cabeça.

-Obrigada. –eu disse. Daryl assentiu.

-Vamos. –disse ele.

Voltamos a andar. Eu ainda muito assustada com a aparição do zumbie. Daryl me acompanhou mais de perto desta vez. Chegamos a um ponto onde a floresta terminava e dava lugar a uma linha de trem muito enferrujada. Do outro lado da linha, havia mais florestas.

-Vamos seguir pela floresta ou pelo trilho? –eu perguntei.

-Vamos pelo trilho. Se alguém sobreviveu, deve ter vindo por aqui... –ele comentou.

Eu concordei. Reparei que nas ultimas horas, após o acontecido, eu estava concordando demais com Daryl, mas que escolha eu tinha? Ele era melhor em sobrevivência que eu.

Andamos alguns metros quando ouvimos um choro baixo, vindo de longe. Eu e Daryl nos entreolhamos. Com certeza era de alguém vivo. Não perdemos tempo e corremos pelo trilho e após traspassar uma pequena curva, encontramos uma garota com as jubas loiras e desgrenhadas sentada no chão e chorando com a cabeça dentro das pernas.

-B-Beth?! –eu exclamei reconhecendo-a. A minha alegria era visível. Daryl sorriu para mim.

Beth parou de chorar e ergueu os olhos azuis e assustados para nós dois. Quando nos reconheceu, ela se levantou cambaleante e me abraçou. Estava suja e com os braços ralados.

-Você está bem? –eu a perguntei lhe abraçando também ao ver que ela voltara a chorar. –O que aconteceu?

Beth se afastou um pouco e me encarou. Seus olhos estavam brilhantes por causa das lagrimas que escorriam.

-Eu... eu não consegui salva-lo. 


Notas Finais


Espero recadinhos de todas que lerem
Até o proximo walkercapitulo


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