1. Spirit Fanfics >
  2. Unintended >
  3. Segredos

História Unintended - Segredos


Escrita por: eveelima

Notas do Autor


Oii! Como estamos?
Então, eu disse que dessa vez não ia atrasar, e aqui estou. :D
Mais um capítulo que extrapola o teto de caracteres, e ele ainda devia ter tido mais uma cena, mas NÃO IA CABER, SOCORRO. Infelizmente tive que cortar, mas vocês ainda vão ter que ler horrores aí, se preparem.

Boa leitura!

Capítulo 25 - Segredos


O sol brilhava com força sobre a agitada cidade do Oeste, castigando os trabalhadores que carregavam cargas pesadas pelas ruas, e alimentando as árvores e arbustos cobertos de flores que formavam um pequeno canteiro perto da praça, onde uma jovem humana se reunia com os pequenos filhos dos moradores locais.

O calor do dia forçou a humana a se abanar com seu leque, embora ela não fosse dada a tal gesto, a fazia lembrar demais das damas esnobes da corte, como uma certa inuyoukai em particular. Naquele dia de verão, entretanto, Rin não viu escolha, procurando desesperadamente uma forma de se refrescar.

Eu bem que podia levar as crianças até a cachoeira...

Ela rapidamente dispensou a ideia. Não estava autorizada a ir até um lugar tão isolado, tinha que se lembrar sempre de que, por mais que tivesse tantas amizades ali, ainda havia muitos que estariam dispostos a lhe fazer mal na primeira oportunidade que tivessem.

Sesshomaru havia permitido que ela passasse a visitar a cidade quando quisesse, mesmo que Hayashi não estivesse disponível, contanto que um guarda a acompanhasse. Apesar de ambos saberem que não era inteligente confiar em qualquer guarda, eles confiavam nas amizades que Rin mantinha. Se o guarda, ou qualquer outro, pretendesse ferir a humana, ele não teria escolha a não ser eliminar metade dos cidadãos junto. Certamente, se houvesse testemunhas, o culpado seria denunciado imediatamente a Sesshomaru e então seria seu fim.

Rin observou de soslaio o guarda carrancudo que viera com ela, mantendo sua distância, não parecendo nada satisfeito de estar ali. Mas, enquanto estivesse entre amigos, ela estaria segura.

- Senhorita Rin, olha essa aqui! - Uma das menininhas que a cercavam chamou, a pequena mão oferecendo um minúsculo botão de flor rosado para a inspeção da humana.

- Ah não, Tsuki! Você tem que esperar elas florescerem primeiro. - Rin instruiu, recolhendo o caule das mãos da pequena youkai.

- Assim, senhorita Rin? - Uma outra perguntou, mostrando uma bela margarida com as pétalas perfeitamente abertas, seu sorriso mostrando pequenos caninos protuberantes perfeitamente brancos.

- Isso, Yui. - Ela parabenizou, sorrindo em retorno.

Rin observou em silêncio as crianças ao seu redor trabalharem em seus pequenos buquês, cada uma delas única de sua própria maneira. Ela quase esqueceu o calor por um instante, tamanho o seu prazer em estar ali com os pequenos.

- Senhorita Rin, boa tarde. - Uma youkai ursa adulta saudou, um copo em uma de suas mãos e um bule simples de barro cozido na outra. - Aceita uma bebida?

- Obrigada, Usagi, eu estava mesmo precisando!

Rin tomou o copo em suas mãos e tomou um gole do chá preto, o líquido bem vindo em sua garganta seca de tanto falar com as crianças a manhã inteira. Eram as únicas, além de Hayashi, capazes de fazê-la falar tanto.

A humana sorriu ao terminar de beber, oferecendo o copo de volta para a proprietária.

- Por nada. Eu é que te agradeço por tomar conta da Yui por um tempinho. Às vezes acho que ela vai me enlouquecer. - Desabafou a ursa.

- Ah, que nada, ela é um amor!

- Você vai entender quando tiver os seus, senhorita Rin. Filhos só não dão tanto trabalho quanto os maridos, mas pelo menos esses têm mais o que fazer.

Rin riu em resposta, mas um pouco distante ao pensar naquelas simples palavras.

- Usagi, posso te perguntar uma coisa? - Ela prosseguiu diante do aceno positivo da fêmea. - É que eu estou gostando de um... Rapaz....

O rosto da humana não podia estar mais vermelho enquanto ela confessava aquele inocente fato. Normalmente, seria um assunto sobre o qual ela trataria com Kagome, mas já não a via há tanto tempo... E precisava tanto de alguém com quem pudesse falar. Não Hayashi, ele era homem e não entendia. Nem mesmo Asai, que viveu uma vida inteira em celibato e era tão tímida para esses assuntos.

Usagi, a youkai ursa, era mãe de dois filhos e casada há alguns séculos. Sua forma alta e forte jamais denunciaria que ela era tão gentil e bondosa, mas Rin sabia bem, após alguns meses ajudando a olhar os filhos dela quando tinha um tempo livre para vir até a cidade. Naquele momento, era a melhor figura feminina a quem ela podia consultar.

- Oh, um rapaz! Mas que sortudo!

- S-sim, m-mas... - Rin titubeou, suspirando em seguida, cabisbaixa. - Eu não consigo saber o quanto ele gosta de mim.

A ursa pareceu pensar por um momento, pousando um dedo indicador sob o queixo.

- Hm, você tentou perguntar a ele?

- Bom, não exatamente... Mas eu disse como eu me sinto...

- E ele?

A cor das bochechas de Rin podia rivalizar diretamente com as rosas vermelhas nos arbustos espinhentos ao redor. Ela respirou fundo, tentando se recompor e espantar a vergonha.

- Ele me beijou. - Sussurrou, constrangida.

A youkai sorriu um sorriso aberto, cruzando os braços de forma satisfeita, as sobrancelhas grossas arqueando sugestivamente.

- Não acha que essa é sua resposta, senhorita Rin?

- Não é simples assim, Usagi! - Ela protestou, balançando a cabeça em negativa. - Eu e ele, nós... Não devíamos! Mas eu o amo... tanto! E ele me diz que não me vê dessa maneira, mas como isso pode ser verdade? Ainda assim, ele é tão orgulhoso... Mesmo que ele sentisse algo, ele nunca admitiria e, para piorar, eu sou só uma humana... Mesmo que ele admitisse, nunca poderíamos ficar juntos, pertencemos a mundos tão diferentes. É tão frustrante!

A youkai franziu o cenho, solidária com a confusão e insatisfação da jovem. Ah, ela lembrava como era ter aquela idade, quando coisas tão simples quanto relacionamentos pareciam complicadas. Antes que ela pudesse oferecer sua opinião, a humana continuou, parecendo mais estar falando consigo mesma do que com a youkai:

- Ele é muito reservado, sabe? Por isso eu fico tão mexida que ele sempre me trate tão diferente das outras pessoas, e ele me olha de um jeito... Às vezes eu acho que seria melhor mantermos distância, mas quando ele está perto eu simplesmente não consigo dizer não.

- Você não vê, senhorita Rin, o quão atraído esse rapaz está por você? - A ursa disse, sabedoria em sua voz. - Use isso a seu favor, minha querida. Se você não consegue dizer não, faça com que ele lhe diga sim.

A humana permaneceu pensativa após ouvir aquele conselho, ponderando por longos minutos o que ele realmente queria dizer. Como poderia ela, uma humana tão jovem e inexperiente, fazer com que alguém tão decidido e autoritário quanto Sesshomaru ceder dessa maneira? Era impossível, certamente.

O que tirou Rin de seus devaneios foi o súbito silêncio no canteiro, as risadas e conversas das crianças ao redor cessando abruptamente, rapidamente chamando a atenção da adolescente que estivera ouvindo o som no plano de fundo o tempo inteiro.

Rin levantou os olhos para a youkai ursa à sua frente, tentando entender o que havia acontecido, mas esta não a olhava de volta. Seus olhos estavam fixos em algum ponto atrás da humana, parecendo levemente assustados e apreensivos.

- Rin. - A inconfundível voz grave de Sesshomaru a chamou antes que ela pudesse se virar para descobrir o que Usagi tanto olhava.

- Senhor Sesshomaru! - Ela respondeu rapidamente, virando-se para recebê-lo com uma mesura, o coração batendo freneticamente, tanto pela surpresa quanto pela simples presença dele ali.

- Meu senhor! - Usagi saudou em voz baixa, imediatamente se curvando também.

Rin observou com curiosidade até mesmo as crianças abaixando as cabeças em submissão. Apesar de não terem conhecimento sobre o que a figura daquele homem representava oficialmente, elas podiam sentir sua energia sinistra, muito maior do que qualquer outra que já haviam sentido em suas curtas vidas. Instintivamente, elas sabiam que ele era perigoso e que não deviam incomodá-lo de forma alguma.

- Você está atrasada. - O daiyoukai disse, se dirigindo diretamente à humana.

Compreensão inundou os olhos castanhos dela, a cabeça rapidamente se virando para olhar o céu, analisando a posição do sol afim de tentar deduzir a hora.

- Deuses, eu me distraí completamente! Perdoe-me, senhor Sesshomaru!

Havia se passado dois dias desde o incidente no Meidou e o inesperado encontro com Takayama. Após aquele evento, Sesshomaru havia decidido acatar a sugestão de Rin e permitir que ela tentasse obter controle sobre a Meidou Seki, sob sua supervisão. Ele havia determinado que eles se encontrariam durante as tardes para tal, o que deixava Rin com a manhã livre para vir até a cidade, mas àquela altura ela já devia estar pelo menos duas horas atrasada para o compromisso.

- Venha comigo. - Ele chamou, sem desperdiçar um único olhar para os outros presentes, percebendo a pequena multidão de curiosos que interrompera seus afazeres para observar a interação dos dois.

- S-sim, senhor. - Ela acatou, acenando rapidamente para Usagi e as crianças, não querendo fazê-lo esperar mais do que já havia feito.

Usagi acenou de volta, erguendo uma sobrancelha ao reparar na forma como Rin enrubesceu quando falou com o daiyoukai.

xXx

 

Sesshomaru observou atentamente a humana sentada de pernas cruzadas à sua frente. O cabelo dela estava preso em um rabo-de-cavalo, e os olhos estavam fechados, a expressão em seu rosto era ao mesmo tempo tranquila e concentrada. Em suas mãos abertas, com as palmas para cima, repousava o pingente com a pedra negra.

- Alguma coisa? – Ele perguntou, finalmente cedendo ao impulso de dizer algo.

Estavam sentados ali no doujo há umas boas duas horas, um de frente para o outro, apenas os dois. A meditação de Rin parecia infrutífera durante todo aquele tempo.

Ela abriu apenas o olho direito a princípio, mas logo desistiu e abriu os dois, sua coluna relaxando da postura rígida que ela mantivera por tanto tempo. Colocando a pedra em seu colo, ela esticou os braços acima da cabeça, se alongando.

- Não, nada. – Rin suspirou. – Com toda aquela conversa de destino, eu esperava que isso fosse fluir mais naturalmente.

- Controle raramente vem sem esforço.

- Quanto esforço, exatamente? – Ela perguntou, impaciente.

- Quanto for necessário. – Sesshomaru disse, pegando o colar e colocando-o de volta nas mãos dela. – Você precisa sentir o objeto, falar com ele. Sinta a energia dele.

- Não parece que ele queira falar comigo... – A humana argumentou, os lábios formando um pequeno bico de insatisfação. – Por que essa coisa só funciona quando eu não estou prestando a menor atenção nela? Justamente quando eu me concentro tanto, ele me ignora totalmente.

- Porque algo em você é capaz de despertá-la, você precisa prestar atenção para saber o que é. Um pensamento, uma ação, um sentimento. – Explicou. – Tente encontrar o que é isso dentro de você que consegue falar com a pedra.

Rin fechou os olhos de novo, endireitando sua postura. Na primeira vez que fora transportada ao Meidou, ela estivera apenas analisando o objeto. Honestamente, ela não achava que havia sido ela a fazer alguma coisa naquela primeira vez, e sim a própria mãe de Sesshomaru. Já quando ela abriu o portal para o cão infernal, ela nem sabia ao certo o que estivera sentindo. Medo, desespero, impotência, certeza de que ia morrer? Todas aquelas sensações se misturavam em completo caos quando ela pensou por um instante que Sesshomaru poderia perder a batalha no norte. Na mais recente experiência, ela estava em um turbilhão de sentimentos maravilhosos e confusos, e então ela pegara na mão dele...

O inuyoukai voltou a observá-la em silêncio enquanto ela se concentrava, tentando ocupar sua cabeça com os deveres que ele estava negligenciando para ficar ali, olhando para o rosto dela durante horas. Mas não era tão fácil se ocupar com papeladas enquanto ele executava aquela simples tarefa de monitorá-la. Seus olhos se perdiam de tempos em tempos nas feições suaves e relaxadas da humana, frequentemente se prendendo no arco rosado e macio de seus lábios. O penteado dela dava a ele livre acesso ao pescoço delicado, que parecia tão tentador iluminado pela fraca luz do sol que entrava pelas telas das janelas.

Não se passaram mais de dois dias desde que ele havia decidido que o envolvimento físico entre Rin e ele precisava parar, depois de ter perdido totalmente o controle e a beijado até a exaustão naquela noite no jardim. Não se passara mais de um segundo desde a última vez em que ele pensara em beijá-la de novo, só mais uma última vez. Só para confirmar se era realmente tão bom quanto ele se lembrava ou se sua memória estava apenas lhe pregando uma peça.

Certamente não podia ser tão bom assim. Nada podia ser tão bom assim, correto?

Ele podia testar e confirmar que realmente não era, só precisava de mais uma tentativa.

Era claro que o cheiro do desejo dela não podia ser tão doce quanto ele lembrava. Obviamente, a textura dos lábios dela não era tão macia assim, e o gosto da saliva dela não devia ser nem de perto tão intoxicante. Não, o cabelo dela não seria tão sedoso quando ele o acariciasse, e os suspiros de satisfação dela não seriam tão provocantes...

Ele tinha certeza de que se experimentasse só mais uma vez ia perceber que realmente não era tudo aquilo. E, então, poderia finalmente sossegar e deixar toda aquela tolice de lado de uma vez por todas.

Rin gemeu em derrota, pousando a pedra sobre o chão à sua frente, antes de se atirar para trás e se deitar de costas sobre o piso de madeira, desesperada por um bom apoio para sua coluna.

- Argh, isso é realmente cansativo. – Ela reclamou. – Como pode não fazer absolutamente nada ser tão cansativo?

A pergunta havia sido retórica, mas ela ainda estranhou o silêncio que se seguiu por tempo prolongado.

- Senhor Sesshomaru? – Ela tentou se erguer para vê-lo, mas antes que pudesse, ele estava sentado logo acima de sua cabeça, o tronco inclinado sobre o dela para ver seu rosto.

- Você precisa de controle. – Ele disse, mas seu tom não era mais didático como antes. Era sério e soava levemente intimidante também.

- E-eu estou tentando. – Ela gaguejou, desconfortável com a proximidade que mantinham tão de repente, vendo-o de cabeça para baixo pela posição invertida, os cabelos longos e prateados dele caindo sobre ela e se estendendo pelo chão.

- Tente mais. Feche os olhos. – Ele sussurrou, instrutivo.

Rin obedeceu, mas seu coração acelerado prejudicava bastante sua tentativa de meditação.

Sesshomaru se inclinou ainda mais sobre ela, encostando a testa levemente sobre a ponta do nariz dela, consequentemente pousando o próprio nariz sobre a testa dela.

- Anh... que tipo de exercício é esse? – A humana questionou, nervosismo transbordando em sua voz.

É o que iremos descobrir, ele pensou por um instante, antes de enfatizar:

- Foco.

A garota se esforçou para seguir as instruções, procurando relaxar e focar em alguma coisa que não fosse a respiração ritmada de Sesshomaru em sua testa.

Ele observou o progresso dela, não deixando de perceber que o objeto de estudo daquele treinamento em si, o colar com a pedra, ainda estava esquecido em algum lugar pelo chão, onde ela o deixara. Não importava mais. Naquele instante, só o que importava era ela e ele e sua necessidade de provar para si mesmo que não havia como ela ser tão boa para fazê-lo chegar aquele ponto, ignorando a pequena voz em sua cabeça que tentava lembrá-lo que o fato de ele estar tão obcecado em provar isso experimentalmente já era o suficiente para que ele confirmasse o que já sabia.

Bem, talvez ela fosse ainda melhor. Agora que já estavam ali, ele devia pelo menos tirar a prova real de uma vez.

Ele deslizou o nariz pelo rosto dela, posicionando uma mão estrategicamente sob o queixo para inclinar a cabeça dela para trás, exatamente no ângulo perfeito. Podia sentir a respiração dela tocar seus lábios, tão suave quanto um dia ameno de verão, ele já podia antecipar o sabor, a distância entre eles quase nula, tão próximos.

Repentinamente, Sesshomaru se afastou, os olhos se direcionando a uma das janelas. Rin voltou a se sentar com a súbita reação, preocupada.

O daiyoukai podia ouvir dois soldados conversando casualmente do lado de fora, passando por ali em sua ronda, indiferentes aos dois ocupantes do lado de dentro, protegidos pelas telas nas janelas.

- Algo errado, senhor Sesshomaru? - Rin perguntou, não conseguindo captar a razão do alarme com seus sentidos inferiores.

- Não, eles já foram.

Aquelas palavras que pretendiam tranquilizá-la, apenas serviram para lembrá-la de um fato que ela tendia a esquecer sempre que estavam juntos daquela maneira. O fato de que tudo aquilo era errado, proibido, de que eles precisavam esconder seu envolvimento - por mais incerto que fosse - de tudo e de todos.

Rin sabia de tudo aquilo, ela sempre soube, mas a lembrança não deixava de ser dolorosa. Ela não podia evitar se sentir culpada, suja, como se todas as fofocas que ela sempre acabava ouvindo fossem finalmente verdade, como se agora todos que a detestavam sem motivos finalmente estivessem corretos em suas presunções. E se estivessem mesmo certos sobre todo o resto? Sobre ela ser apenas uma distração insignificante e descartável?

- Rin. - Sesshomaru a chamou, percebendo sua preocupação. Ele pousou uma mão delicadamente sobre a dela, que estava pressionada contra o chão para ajudá-la a se apoiar. - Não se preocupe. Não fomos vistos.

Ela não sabia se ele dizia aquilo para acalmar os receios dela ou os de si mesmo. Ela não podia culpá-lo por querer ser cauteloso, havia muito em jogo para que eles se dessem ao luxo de se descuidarem e serem revelados, Rin sabia disso, precisava se lembrar de que aquilo não se tratava apenas de seus sentimentos, do amor implacável que ela cultivava por aquele nobre daiyoukai. Aquele envolvimento poderia destruir tudo que Sesshomaru prezava, era perigoso e potencialmente destrutivo para a reputação dele. E um governante sem reputação é um governante sem respeito. Um governante sem respeito está fadado a cair.

Ela sabia, em meio a tudo isso, que a cautela era o melhor caminho, se eles insistiam em permanecer na companhia um do outro, mas era tão fácil esquecer de todos os detalhes quando o coração dela estava acelerado daquela maneira, quando estavam próximos daquela maneira. E talvez o segredo não a incomodasse tanto assim, se ela pudesse ao menos ter um vislumbre dos reais sentimentos dele, se ela pudesse ver de fato o quanto ela realmente significava.

Recolhendo sua mão de sob a dele, Rin voltou sua atenção para a pedra negra abandonada no chão, estendendo o braço oposto para recuperá-la.

- Eu devia continuar tentando. - Ela disse, cruzando as pernas e alisando a superfície polida da pedra mística com um polegar. Pelo menos uma coisa ela podia fazer para ser útil, pelo menos uma coisa que poderia ajudar o Oeste ao invés de causar sua ruína.

- Certo. - Assentiu Sesshomaru, voltando a observá-la, como fizera durante as últimas horas.

O par não percebeu a luz que jorrava pelas finas frestas das janelas começar a diminuir enquanto o tempo passava, o treino ainda sem quaisquer resultados. Teriam prosseguido indefinidamente, não fosse pela batida na porta que chamou a atenção de ambos para a entrada.

- Jaken. - Reconheceu o inuyoukai. - Entre.

O pequeno youkai verde hesitantemente deslizou a porta para abri-la e se curvou perante seu senhor, antes de limpar a garganta audivelmente e se endireitar.

- Perdoe-me a interrupção, senhor Sesshomaru. - Pediu ele. - Mas os criados o aguardam para prepará-lo para o jantar. Você também, Rin.

xXx

Rin procurou com todo o esforço manter a atenção em seu prato, o par de hashi remexendo a comida distraidamente, mas não conseguia evitar os olhares dirigidos ao anfitrião do banquete de tempos em tempos, corando e voltando a abaixar a cabeça quando percebia que ele a olhava de volta.

O ambiente iluminado de forma calorosa e o burburinho das conversas isoladas ao longo da mesa devia ser confortante, mas a humana sentia-se sufocada e incomodada. Depois daquela primeira experiência desagradável, os jantares passaram a ser um evento que apenas servia para fazê-la sentir-se mais deslocada do que o normal, com todos aqueles nobres youkais que a olhavam de cima, com os narizes empinados e posturas superiores. E, além de tudo, havia Mizuno.

A relação das duas nunca fora das mais exemplares, era verdade, mas naquele dia em especial Rin percebeu que não tinha mais a coragem de olhar diretamente para a suposta futura senhora do Oeste. Depois de tudo o que aconteceu entre ela e Sesshomaru naquele curto período de tempo, a humana não podia evitar a culpa que se alastrava sobre ela quando lembrava que apenas alguns dias atrás estivera aos beijos com o noivo de outra mulher. Por mais que a detestasse, não parecia algo certo. Mas lhe trazia certo conforto lembrar-se de que Mizuno não amava Sesshomaru, que ele não passava de uma ferramenta para a obtenção de mais poder para ela, e isso permitia que Rin dormisse com uma consciência mais tranquila à noite.

- Você ainda não comeu nada, Rin. - Hayashi sussurrou ao seu lado, chamando sua atenção.

Rin deu de ombros, tomando um breve gole do seu chá para disfarçar seu desconforto.

- Não estou com muita fome.

Apesar de não parecer convencido com a desculpa, ele pareceu deixar o assunto de lado, voltando-se ao próprio prato.

À medida que os youkais iam terminando suas refeições, eles iam se levantando e se espalhando em pequenos grupos de conversas pelo salão, o movimento contínuo de pessoas sendo uma boa mudança de cenário depois de tanta quietude.

- Então, conseguiu alguma coisa com a Meidou Seki? - Hayashi perguntou, conduzindo-a casualmente até o lado leste do salão depois que ela dispensou seu prato praticamente intocado, devolvendo-o a um dos criados.

Por onde eles passavam, as conversas dos outros youkais cessavam abruptamente, o silêncio que preenchia o ar deixando óbvias suas tentativas de esconder que falavam sobre ela.

- Não consegui nada. - Lamentou a humana, procurando ignorar os olhares pouco amigáveis que recebia daqueles que a cercavam.

Lidar com a Meidou Seki era tão mais difícil do que Rin pensou que seria. Ela quase desejava que pudesse ser outra pessoa a ajudá-la com o treinamento. Sesshomaru podia ser bastante... Distrativo, quando queria. Ao mesmo tempo, ela não podia dizer que se incomodava de ser distraída, se fosse por ele.

Discretamente, ela observou o objeto de seus pensamentos no outro lado do salão, debatendo seus próprios assuntos com seus militares.

Os olhares deles se cruzaram e era como se estivessem apenas os dois ali em meio àquela multidão, mesmo com pessoas passando entre eles a todo o tempo, era como se elas fossem perfeitamente transparentes, incapazes de fazer os dois cessarem o encarar fixado. Rin não pôde evitar um sorriso tímido, automaticamente desviando o olhar para outro lugar quando percebeu o tempo que havia passado fitando-o, o rosto ruborizando.

- Seja menos óbvia, Rin. - Aconselhou Hayashi ao seu lado, em um sussurro baixo.

A humana imediatamente ergueu a cabeça para ele, os olhos arregalados em alarme, a expressão mortificada.

- E-eu não-

- Tudo bem, eu não me importo de você querer flertar com quem quer que seja. - Apaziguou o amigo, um sorriso cúmplice se abrindo. - Mas algumas pessoas podem não compartilhar da minha mente aberta.

Hayashi sinalizou discretamente com o queixo em uma direção e Rin seguiu o gesto até a esplendorosa senhora Mizuno em um canto mais isolado. A fêmea daiyoukai parecia estranhamente deslocada sozinha naquele ponto onde a iluminação central do salão mal alcançava, o que chamou a atenção da humana curiosa.

Rin continuou observando por mais tempo do que seria apropriado, mas Mizuno não estava olhando para ela e sim para alguém que se aproximava a passos lentos. Era um dos soldados, mas a observadora não o reconhecia de vista, embora pudesse reparar em detalhes mais marcantes, como o cabelo cor de mel preso em um coque alto por uma fita azul real. Ela não conseguia ver muito mais daquela distância, mas era claro que os dois conversavam sobre algum assunto que parecia delicado, tamanha a discrição de suas posturas e seu isolamento do resto das pessoas.

A adolescente estava vagamente ciente de Hayashi falando alguma coisa com ela no plano de fundo de sua mente, mas sua atenção estava fixa no par parcialmente oculto pelas sombras, uma sobrancelha erguida em relutante desconfiança. Desconfiança aquela que apenas se acentuou quando as palavras trocadas entre os dois pareceram ficar íntimas o suficiente para que o soldado preferisse sussurrá-las ao pé do ouvido de Mizuno.

Rapidamente, a candidata a senhora do Oeste o dispensou, mas não antes de o homem tomar a liberdade de tocá-la delicadamente na altura dos quadris, em um gesto com o qual Rin viera a se familiarizar mais do que gostaria tendo observado o monge Miroku por tantos anos. A humana não conseguiu evitar um breve arfar de surpresa com o ato, sua boca aberta em descrença quando Mizuno não fez mais do que bater no ombro do soldado com seu leque fechado, uma reação muito mais brincalhona do que indignada como seria esperado.

- Você viu isso? - Ela perguntou em uma voz alarmante ao amigo ao seu lado, procurando manter o seu tom o mais baixo possível.

Hayashi se virou para olhá-la, sem compreender a pergunta repentina no contexto do que ele estava falando.

- Isso o quê?

Rin sentiu seu estômago se revirar em uma mistura nervosismo e repulsa, não conseguindo acreditar em suas próprias conclusões, mas que outra explicação poderia haver?

- Eu... Eu preciso falar com o senhor Sesshomaru.

- Rin, espere-

Antes que Hayashi pudesse impedi-la, Rin já tinha desaparecido entre os nobres que bloqueavam o caminho entre ela e o general do Oeste, se desvencilhando deles da melhor forma que podia em sua urgência.

Quando finalmente alcançou seu objetivo, a humana percebeu que não havia realmente pensado que talvez ele estivesse um pouco ocupado para dar atenção à ela naquele momento. Ela simplesmente parou diante dele e dos outros youkais que o cercavam, sem saber o que dizer, intimidada pela presença dos outros homens que a encaravam com desdém e indignação.

- Rin? - Chamou Sesshomaru, erguendo uma sobrancelha em questionamento.

Endireitando sua postura, ela limpou a garganta em uma tentativa de dispersar o constrangimento.

- Er... Perdoe-me pela interrupção, senhor Sesshomaru. Senhores. - Ela pediu, curvando-se em respeito. - Mas eu tenho uma informação importante para compartilhar com o senhor, se não for nenhum incômodo.

- Uma informação que não pode esperar, eu imagino. - Deduziu o daiyoukai.

- E bastante confidencial, receio eu. - Ela enfatizou, levando em consideração a quantidade de ouvintes presentes.

Sesshomaru simplesmente ergueu uma mão com a palma para cima, indicando o caminho para que Rin o seguisse, o que ela fez sem hesitar.

Deixando o salão, virando em alguns corredores e subindo algumas escadas, o par chegou a um pequeno terraço aberto, isolado o suficiente do restante dos ocupantes do castelo. A noite caía sobre eles, o céu limpo de verão exibindo exuberantes estrelas brilhantes e uma meia-lua. Rin absorveu a vista, admirada. De um lado, a cadeia montanhosa que providenciava um clima tão agradável àquele território, e do outro, as luzes sutis da cidade semiadormecida. Ela se apoiou na resistente grade de madeira que protegia as beiradas, afim de ter uma visão melhor do pátio lá embaixo e, quando Sesshomaru veio se postar ao lado dela, Rin quase esqueceu o motivo de ela tê-lo chamado para uma conversa em particular, o coração batendo forte em seu peito, como vinha se acostumando a fazer toda vez que ele estava perto.

O youkai a observou com a mesma atenção que ela observava a paisagem, visto que o cenário lhe era mais do que familiar, mas a humana parecia estar sendo vista pela primeira vez. Satisfeito, ele reparou que ela vestia naquela noite as roupas que ele lhe dera de presente em seu último aniversário, os tecidos ricos e pesados caindo sobre seu corpo tão impecavelmente quanto o véu de estrelas caia sobre o céu. Não havia sentido em negar para si mesmo o quão linda ela estava naquela noite em particular, com os cabelos escuros parcialmente presos em um coque que o fazia lembrar das flores que ela tanto apreciava, com finas correntes douradas que tilintavam quando ela se movia complementando o adorno.

- Você tinha algo para me contar? - Ele lembrou, tentando focar mais no motivo pelo qual estavam ali e menos na forma como a seda deslizava pelos braços dela quando ela os movia para unir suas mãos.

Rin tomou um longo fôlego, procurando dispersar seu nervosismo.

- Perdoe-me, senhor Sesshomaru. De maneira nenhuma é minha intenção fazer fofocas, muito menos levantar rumores, mas... Eu acabo de presenciar uma cena que me leva a crer que a senhora Mizuno...

Ela parou, incapaz de continuar seu raciocínio, sentindo-se realmente como uma das servas que viviam aos cochichos pelo castelo. Mas ele tinha o direito de saber e, como uma leal seguidora do grande senhor Sesshomaru, era obrigação dela não ocultar informações.

- Prossiga. - Sesshomaru pediu, pacientemente.

A humana respirou fundo mais uma vez, antes de se virar para olhá-lo nos olhos.

- Eu acredito que ela esteja tendo um caso, senhor Sesshomaru. - Revelou, e emendou antes que ele pudesse dizer algo. - Eu sei que eu teria motivos mais que suficientes para inventar isso, mas eu jur-

O youkai ergueu uma mão em um sinal para que ela parasse de falar, o que ela rapidamente fez, observando-o em expectativa para ver sua reação.

- Não duvido de você, Rin. - Garantiu, perfeitamente calmo. - Conte-me o que você viu.

Assentindo, ela recontou detalhadamente a forma como o soldado havia sussurrado segredos no ouvido da daiyoukai e, por fim, a tocado de forma íntima e extremamente inapropriada, enfatizando que a reação de Mizuno a tudo aquilo parecia inegavelmente conivente.

 O youkai permaneceu pensativo por um momento, ponderando suas palavras, até concluir, por fim:

- Essas são boas notícias.

- C-como? - Rin perguntou, sem entender o que ele queria dizer.

- Você se lembra de quando eu lhe disse quais eram os meus verdadeiros planos para Mizuno?

Rin balançou a cabeça positivamente, era claro que ela se lembrava. Ela vinha se agarrando àquela promessa por todos aqueles meses, sonhando com o dia em que não precisaria mais dividir a atenção do homem que ela amava com aquela outra mulher detestável que tinha, inevitavelmente, muito mais direitos sobre ele do que Rin jamais teria.

Apesar de os destinos de Sesshomaru e Mizuno terem sido selados há muito tempo atrás, ele havia garantido que não havia necessidade de se preocupar com nada daquilo, pois haveria uma forma de contornar as regras rígidas que os prendiam um ao outro.

 - Eu estava esperando um deslize como esse, cedo ou tarde ela ia acabar se descuidando. - Sesshomaru explicou, uma expressão vitoriosa em seu rosto. - Eu a deixei aqui por duzentos anos, esse comportamento era de se esperar. As fêmeas inu não são exatamente as criaturas mais castas. De certa forma, eu a induzi a isso. Entretanto, quando eu retornei, ela se mostrou muito cautelosa, na esperança de que eu fosse finalmente dar-lhe alguma atenção. Agora que ela percebeu que eu não planejo fazer tal coisa, Mizuno simplesmente parece ter voltado às suas atividades secretas.

- Espere, o senhor planejou isso? – Rin perguntou, incrédula. Ela realmente não achava que um dia poderia entender um mundo como aquele, onde as pessoas se casam por poder e entregam o outro nos braços de um amante como se não significasse nada.

– Infidelidade por parte da fêma é um dos poucos argumentos válidos para dissolver uma união como a nossa, pois compromete a legitimidade do herdeiro concebido. - Ele esclareceu, indiferente. - Mizuno foi uma tola de pensar que eu não iria reparar. Eu já sabia que ela não estava dormindo no próprio quarto ultimamente. Você me deu a última peça que faltava, descobrir quem era o traidor.

Rin arregalou os olhos, cobrindo a boca com ambas as mãos para esconder o seu choque. Ela jamais imaginou algo daquela proporção, sentia uma mistura de felicidade e raiva crescer dentro de si. Uma felicidade sem tamanho ao perceber que a esnobe Mizuno finalmente teria o que merecia, mais ainda ao saber que acabou contribuindo com a peça mais importante do quebra-cabeças que causaria a derrota definitiva da fêmea inu.

Não era de seu feitio desejar coisas ruins para outras pessoas, por mais merecedoras que elas fossem, mas a fazia se sentir melhor pensar que fora a própria Mizuno quem decidira ir por um caminho tão desonroso. Como a senhora Kaede lhe dizia, “nós colhemos aquilo que plantamos.”

Já a raiva vinha do conhecimento de que Mizuno realmente estava traindo Sesshomaru. Ela se atrevia a uma atrocidade daquelas? Mais do que apenas furiosa por alguém ousar cometer um ato tão desleal contra seu senhor, Rin estava irada por ser justamente a noiva prometida dele. Alguém que estava destinada desde o nascimento a tê-lo e, ainda assim, escolhera aventuras com outra pessoa, enquanto Rin teria dado tudo para estar no lugar dela e ter permissão para simplesmente amá-lo. Como o mundo podia ser tão injusto?

- Ela realmente jogou tudo fora... Ela poderia ter tido tudo, como ela conseguiu arriscar perder? Eu não entendo... - A humana desabafou, a mistura de emoções tão conflitantes que ela sentia deixando-a ainda mais confusa.

- Apesar do adultério ser um crime válido, ele é frequentemente relevado. – O inuyoukai revelou. – Ela é a fêmea mais poderosa disponível, não seria vantajoso para mim dissolver nosso compromisso por causa de puladas de cerca, visto que eu não tenho como substituí-la. Ela não acha que eu me importe, principalmente considerando o fato de não haver laços emocionais entre nós.

- Mas então... O que o senhor vai fazer? - Perguntou ela, um pouco nervosa com a resposta, sua felicidade esvaindo-se lentamente, à medida que ela começava a perceber que talvez livrar-se de Mizuno não fosse tão benéfico quanto ela pensou que seria a princípio.

Sesshomaru voltou a observar a paisagem noturna, o som de corujas audíveis à distância, junto ao suave cricrilar de grilos. Rin ouviu em silêncio junto a ele, esperando pela resposta.

- Não se preocupe com isso agora. - Ele respondeu por fim, virando-se para olhá-la novamente, apreciando a forma como seus olhos pareciam negros na escuridão, exceto por um centelho cor-de-avelã quando a luz da lua os atingia no ângulo certo. - Você fez bem em compartilhar sua descoberta comigo, será muito útil.

Mordendo os lábios em hesitação e torcendo distraidamente a ponta do quimono mais externo pendendo de seus ombros, ela confessou:

- Eu devo admitir, eu estava um pouco animada para entregá-la.

- Você provavelmente não ficaria tão animada se soubesse que eu planejo executá-la por isso.

Rin imediatamente levantou a cabeça para olhá-lo, as mãos largando o tecido com o qual ela brincava para cobrir sua boca em uma tentativa de abafar sua surpresa.

- O quê?! - Ela sussurrou em um quase desespero, culpa imediatamente preenchendo-a por completo.

Seria uma coisa contribuir para a separação de um casal que ela não aprovava, seria outra completamente diferente contribuir para a morte de outra pessoa, por mais merecida que pudesse ser!

Sesshomaru precisou conter o impulso de rir diante da reação previsível, satisfeito consigo mesmo por conhecê-la tão bem.

- Você não a odeia tanto quanto pensa. Você simplesmente não consegue, não combina com você. - Ele disse, levando a mão direita para repousar sobre a lateral do rosto dela, procurando acalmá-la. Gentilmente, ele acariciou a pele macia e ruborizada com o polegar, observando a preocupação se esvair da expressão dela para dar lugar a uma timidez adorável. - É apenas uma das coisas que faz de você minha Rin.

Ela virou o rosto na direção da mão dele, em uma tentativa de esconder o acanhamento que o pronome possessivo que ele usou provocou, ao mesmo tempo em que apreciava em maior extensão o toque delicado de sua palma, memórias da noite congelante no norte onde ele a tocara de forma semelhante se desenterrando em sua mente.

- Isso faz de mim fraca, o senhor quis dizer. - Corrigiu em voz baixa, sem conseguir evitar.

Postando a mão livre do outro lado do rosto dela, ele a forçou gentilmente a olhá-lo nos olhos. Lembrou novamente da noite em que ele a presenteara com aquele quimono, sua mente passando de novo todos os eventos que se sucederam desde então e os trouxeram até ali. Rin, a menina que encontrou um youkai ferido em uma floresta e decidiu cuidar dele, aquela que presenciou incontáveis batalhas, retornou do mundo dos mortos não uma, mas duas vezes. Ela era incapaz de realmente odiar alguém a ponto de desejar sua morte, mas se prontificou a auxiliá-lo em uma batalha sangrenta contra inúmeros youkais, mesmo antes de saber que tinha o poder de virar o jogo completamente a favor deles.

Como ela havia crescido em apenas alguns meses. Era quase como se ele soubesse, quando dera a ela aquelas roupas, que ela estaria na frente dele vestindo-as agora, com o caimento perfeito. Que ela escolheria vesti-las pela primeira vez quando estivesse pronta para ser vista como uma verdadeira mulher, da forma como ele a via agora.

- Se há uma lição que eu aprendi desde que te conheci, é que pode-se encontrar força das maneiras mais diversas. - Ele falou, seu tom de voz grave e sério, mas delicado. - É preciso força para demonstrar tanta empatia por aqueles que lhe fizeram mal. Eu te admiro, Rin.

Os olhos dela se abriram em surpresa com as palavras ditas, um sorriso doce se formando aos poucos em seus lábios enquanto ela as absorvia. Era possível que ela conseguisse, de alguma forma, amá-lo ainda mais do que amava quando acordou naquela manhã? Aparentemente, Sesshomaru ainda tinha muito a mostrar, e Rin estava ansiosa para despir cada camada que cobria aquele misterioso coração, mal podendo esperar para descobrir o que ela encontraria quando chegasse ao centro. Poderia ser que ela o amaria ainda mais? Repentinamente, lembrou-se dos conselhos que Usagi lhe dera mais cedo naquele dia, sentindo-se estranhamente confiante. Faça-o dizer sim.

Posicionando suas mãos sobre as dele em seu rosto, a humana ergueu-se nas pontas dos pés, inclinando-se sobre o youkai, aproximando seus lábios dos dele em um ato de ousadia. Antes que pudesse beijá-lo, Sesshomaru a afastou delicadamente.

- Não aqui. - Ele explicou sua interrupção com um gesto para o pátio lá embaixo, vazio naquele momento, mas não era certo por quanto tempo permaneceria assim. - Venha.

Sem dar tempo para que ela pudesse questioná-lo, ele a levantou em seus braços, aninhando-a contra o peito. Rin instintivamente se segurou no pescoço dele, surpreendida pelo gesto repentino. Após ter certeza de que ela estava devidamente posicionada e segura, Sesshomaru liberou seu youki, provocando uma leve brisa ao redor dos dois, uma luz branca brilhante os envolvendo. Em seguida, o inuyoukai levantou vôo com a humana em seus braços, a luz brilhante rapidamente desaparecendo para um destino desconhecido.

 


Notas Finais


Fanart do capítulo: https://c1.staticflickr.com/1/508/32218495612_5653f33a45_b.jpg
Zoom no cabelo maravilhoso da Rin, porque levei um ano pra fazer e a qualidade reduzida da imagem upada estragou, e eu não fiz isso à toa: https://c1.staticflickr.com/1/346/32330403426_6a03a03b8f_z.jpg

Enfim, será que agora nós finalmente vamos ver a Mizuno se ferrar? *-* Ou será que ela também tem um plano? ~mistérios~
E aonde Sessh e Rin foram? Pois é, é a cena que ficou faltando, fica pro próximo. :3

Obrigada a quem leu, comentem seus palpites e opiniões à vontade.
Vejo vocês na semana que vem <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...