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História Universo em conflito - Quando se está muito insatisfeito


Escrita por: Mallagueta

Notas do Autor


Turma da Mônica Jovem e seus personagens são propriedade dos Estúdios Mauricio de Sousa e Panini Comics/Planet Manga. História escrita apenas para entretenimento, sem fins lucrativos ou comerciais. É proibida a reprodução parcial ou integral da história sem permissão da autora.

Bom, para que ninguém fique perdido, digamos que a história começa no finalzinho da edição 93 da TMJ, "Nunca mais". Nessa história, Cebola não conseguia lidar com a sua tristeza de ter perdido a Mônica e deseja que tudo isso acabe. Uma entidade muito poderosa chamada Provedor, que é encarregada de realizar os desejos das pessoas, decide atendê-lo e faz a Mônica sumir e todos esquecerem que ela existiu.

Só que o Cebola não a esquece e tenta trazê-la de volta de qualquer jeito. No fim, ele descobre que foi responsável pelo sumiço dela e pede que Provedor a traga de volta, levando-o no lugar. O Provedor aceita, mas ao perceber que os jovens não esqueceram do Cebola e pretendiam lutar por ele, resolve trazê-lo de volta. É nesse ponto que essa fanfic começa.

Pode parecer estranho eu começar a história na ed. 93 sendo que a Mônica e o Cebola já se reconciliaram há muito tempo. Bem... digamos que Cebola precisava de uma razão para estar insatisfeito com tudo. E também porque... hum... se eu disser, será spoiler. Acho que vocês entenderão melhor à medida que forem lendo a história.

Eu coloquei alguns avisos só por segurança, mas não se assustem. Não há detalhamento de nada, só uma leve menção de que o fato correu. Fiz o máximo possível para não causar desconforto a ninguém.

Boa leitura e espero que gostem!

Capítulo 1 - Quando se está muito insatisfeito


O quarto estava em penumbra, com porta e janela fechada. Cebola não queria ver nem falar com ninguém, apenas ficar sozinho para remoer sua mágoa e solidão. No criado ao lado da cama tinha uma foto dele com a Mônica, lembrança de quando as coisas ainda estavam boas entre eles. Às vezes ele tinha a sensação de que uns dez anos se passaram.  Aquilo parecia um passado distante e ao mesmo tempo muito presente, gravado na sua alma de forma definitiva. Não dava para se conformar, muito menos esquecer.

Mais cedo naquele dia, ele tinha oferecido sua vida para que o Provedor trouxesse a Mônica de volta. Ela tinha desaparecido por culpa sua, então ele tinha que trazê-la de volta de qualquer jeito.

Mesmo sentindo seu corpo perder matéria e desaparecer ele não teve medo porque a viu se materializar na sua frente. Ele queria ter falado algo e não pode. E tudo ficou escuro. Depois sua mente foi clareando novamente até ele reaparecer no mesmo lugar onde tinha desaparecido. Mesmo sem ninguém lhe dizer nada, tudo ficou claro: o Provedor, por alguma razão que ele desconhecia, o trouxe de volta sem com isso levar a Mônica em seu lugar.

Cebola olhou para trás e sorriu para seus amigos, especialmente para a ela que  também o olhava incrédula. O que estaria passando pela cabeça dela? Ele queria muito que ela estivesse feliz de verdade ao vê-lo. Após um momento de choque, ela pulou no pescoço dele com lágrimas nos olhos.

- Cebola, eu não acredito! Graças a Deus! – Mônica falou entre soluços, deixando-o sem reação. Há tempos ele não recebia um abraço dela e era tão bom poder sentir de novo o calor do seu corpo e o cheiro dos seus cabelos! Cascão e Magali também se juntaram ao abraço, felizes e aliviados por tê-lo de volta..

- Calma gente, eu tô legal!

- Não entendo, careca! Por que o tal Provedor te mandou de volta?

- E mesmo, pensei que ele tivesse te levado no lugar da Mônica!

- Você abriu mão da sua existência pra me trazer de volta? Cebola...

- Eu não sei por que ele me trouxe de volta. E Mônica, fica tranqüila porque eu não me arrependo nem um pouco. Faria de novo se fosse preciso.

O rosto dela ficou corado e ela deu aquele sorriso que há muito tempo ele não via, deixando-o com as pernas moles.

- Caham! Estou interrompendo alguma coisa? – ele ouviu uma voz que lhe deu a mesma sensação de unhas arranhando um quadro negro. Era DC olhando para eles com os braços cruzados, uma ruga na testa e cara de quem tinha chupado limão com vinagre. Mônica o soltou imediatamente.

- Olha, DC, acho que você nem vai acreditar... – começou um tanto sem jeito por causa do momento emotivo, achando que DC podia interpretar de forma errada.

Com a ajuda de Cascão e Magali, ela explicou o que tinha acontecido. Felizmente, DC tinha grande facilidade para acreditar em coisas que ninguém mais no mundo acreditaria.

- Poxa, que bom ter você de volta então! Engraçado que eu nem percebi nada...

- Pois é, mas eu percebi a falta da Mônica num instante. – alfinetou olhando-o de forma desafiadora querendo mostrar que ELE se importava muito mais com ela.

O clima ficou tenso e eles se encararam com faíscas saindo dos olhos e se chocando no ar. Foi preciso que Mônica interferisse antes que as coisas ficassem sérias.

- Ah, o importante é que tudo acabou bem, né? Obrigada, Cebola, de verdade.

- Tranquilo.

Após se despedir, ela saiu dali abraçada com DC deixando o rapaz com um gosto ruim na boca. Bem, o que ele esperava? Que ela desse um merecido chute naquele mané e caísse em seus braços? Isso não ia acontecer. Ele havia se conformado que ela estava feliz com o maldito contrariado cara de fuinha e aprendeu a respeitar isso, pois não era justo atrapalhar a felicidade dela só porque ele não sabia lidar com a rejeição.

Bom, pelo menos era o que seu lado racional dizia, porque o coração insistia em lhe contrariar o tempo inteiro lhe dizendo que era com ele que a Mônica devia ficar, que os dois foram feitos um para o outro e não havia como serem felizes separados. Era como se faltasse um pedaço dele, um pedaço muito grande. Um vazio que somente ela podia preencher.

- Droga, nem sei mais o que fazer! – ele falou alto, sentindo-se péssimo. De repente, sua vida lhe pareceu uma grande porcaria. Nada dava certo, ele não se sentia feliz e tudo tinha perdido a graça.

Dominar o mundo não lhe interessava e a coisa chegou a um ponto em que nem da aparência ele cuidava mais. De que adiantava ficar bonito e cheiroso se não tinha a Mônica para lhe abraçar e lhe dar aquela cheiradinha no pescoço?

Quando estava no auge das suas lamentações, ele sentiu algo frio e molhado no seu rosto, pulou da cama e se debateu como se tivesse afogando.

- Hahaha, olha só a sua cara! – Era Maria Cebolinha apontando uma pistola de água na sua direção. A pestinha ainda lhe deu mais dois tiros e saiu correndo antes que ele tivesse a chance de lhe dar uma bronca. Ainda assim ele não queria deixar passar batido e foi até a sala onde seus pais viam televisão.

- Mãe, pai! Olha só o que a filha de vocês fez! – o rapaz bradou mostrando seu rosto e a camisa molhada. A menina fez cara de choro.

- Mentira, eu não fiz nada!

- Ah, tá! Eu me molhei sozinho então!

- Mãe!

- Cebola, pára de implicar com sua irmã!

- Então manda ela parar de me encher o saco!

- Não fale assim com sua mãe, mocinho! – Seu pai ralhou visivelmente irritado por não poder assistir seu programa sossegado.

- Mas...

- Tenha paciência, ela ainda é pequena! – Dona Cebola falou e Cebola percebeu que era inútil discutir.

Ao dar uma última olhada para trás, a menina lhe mostrou a língua aproveitando que seus pais não estavam olhando. Sem forças para fazer mais nada, ele resolveu sair para dar uma volta e não ter que agüentar aquela carinha atrevida que sua irmã fazia sempre que aprontava das suas e era protegida pelos pais. Mas o que ele queria mesmo era poder sair daquela droga de vida para não voltar nunca mais.

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Paradoxo viu o rapaz do cabelo espetado saindo de casa com as mãos no bolso e com a cabeça baixa. Ele estava alheio a tudo ao seu redor, preocupado apenas em remoer suas mágoas e preocupações. Dava para ver o quanto ele estava insatisfeito com sua vida.

- Interessante... o que esse rapaz acharia se eu mudasse algumas coisas?

Ele o seguiu discretamente sem ser visto. E nem foi muito difícil porque ele estava muito distraído e não prestava atenção em nada.

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Cebola caminhava a esmo pelas ruas e foi até a praça do bairro. Não havia muito movimento e ele sentou-se em um banco sentindo o corpo pesado e muito cansado. Algumas pessoas caminhavam, outras levavam seus cães para passear e nenhuma delas parecia se importar com o seu sofrimento. Por que aquela maldita depressão não passava nunca? Será que ele ia ficar sofrendo pelo resto da vida?

O celular tocou, tirando-o dos seus pensamentos. Era o Cascão.

- Que foi? – Cebola atendeu um tanto mal humorado. O amigo pareceu não se importar.

- A galera tá reunida aqui na padoca do seu Quinzão, por que não vem? Tá muito legal!

- Não tô afim não.

O outro pareceu ter notado seu desanimo, porque continuou insistindo.

- Sai dessa, cara! Vai ficar aí sofrendo pra quê? Anda, vem pra cá que num instante você vai ficar melhor. Tem cada gata aqui! (ai!)

Ele ouviu uma voz de garota falando alto e o pobre Cascão tentando se explicar. Como queria mesmo sair daquela depressão, Cebola resolveu aceitar o convite. A turma toda estava mesmo reunida e eles pareciam se divertir. No meio de toda aquela agitação, Aninha distribuía folhetos e parecia muito empolgada.

- E aí, careca? Belê?

- Vou indo. A Cascuda te deu muito peteleco na orelha?

- Nem, até que foi tranquilo.

Ele duvidou muito quando viu a namorada do amigo ainda fazendo cara feia e lançando olhares ameaçadores. Mas enfim...

- O que tá pegando? – ele perguntou se juntando aos outros rapazes.

Antes que Cascão respondesse, Aninha se aproximou lhe dando um folheto. Era uma caminhada beneficente para ajudar animais abandonados. No final, ao meio dia, ia ter um piquenique comunitário e logo após uma feira de adoção. Ela estava ajudando a organizar o evento e até tinha conseguido patrocínio das Balas Bilulas e das Bolachas do Ursinho Bilu.

Com ela estava o Titi que segurava os folhetos e tinha um sorriso cheio de esperanças no rosto. Embora gostasse mesmo de animais, sua maior motivação era estar ao lado da Aninha e ganhar pontos com ela.

- Vai ser no sábado, não deixe de aparecer! Quem participar vai ganhar uma camiseta, pacotes de bolachas do Ursinho Bilu, água mineral e muitas balas Bilula!

- É uma causa muito importante, galera. Apareçam! – Titi falou mostrando animação e quando Aninha virou as costas, falou baixo e em tom de ameaça. – Se furarem, vou falar pro treinador Átila pegar muito mais pesado com vocês nas aulas de educação física!

Quando os dois saíram de perto, Cebola virou os olhos e falou com má vontade.

- Blé, coisa mais chata! Pra que vou perder tempo com isso? Prefiro ficar em casa jogando.

Xaveco pareceu não se importar.

- É um evento muito importante pra ajudar animais abandonados.

- A gente tem que fazer a nossa parte. – Luca também falou. – As pessoas são muito sem noção e ficam abandonando os animais todos os dias.

- Eu nunca abandonei animal nenhum, até gosto deles! Só não tô afim mesmo. – ele retrucou. Nada parecia melhorar sua rabugice.

- Qualé, vai ser legal. Eu vou levar o Chovinista, ele bem que precisa caminhar um pouco. – seu porquinho estava tão gordo que um vizinho falou que ele estava quase no ponto para virar torresminho. O rapaz levou na brincadeira, mas o coitado chegou a ficar traumatizado. Mais uma vez, Cebola virou os olhos.

Não lhe passou desapercebido que Titi andava de um lado para outro atrás da Aninha ajudando com os folhetos. Aquilo era tão bobo e patético que ele quase sentiu pena do amigo.

- Maior bobalhão esse cara. – Cebola sussurrou para o Cascão. - Fica aí fingindo que se importa só porque a Aninha tá organizando tudo. Eu é que não caio nessa, tô vacinado!

Os outros não se importavam em participar. O evento parecia mesmo divertido e pelo que ouviram falar, ia ter bolachas, balas e camisetas de graça.

Cebola sentou-se para tomar um refri junto com os amigos e seu estômago embrulhou quando viu DC e Mônica felizes e abraçados. Aquilo ajudou a estragar seu dia mais ainda. Será que ela não se enjoava daquele sujeito? Que graça ela via nele? Se não fosse a insistência do Cascão, ele teria ido embora mais cedo. Mas ele resolveu ficar, conversou um pouco com os rapazes e no fim da tarde a turma foi se dispersando.

Enquanto ia embora junto com Cascão, ele ouviu uma conversa entre Mônica e DC, que caminhavam logo à frente.

- Ah, não! Logo no sábado? – Ele ouviu Mônica falar em tom de lamentação.

- Foi mal, é que eu já tinha prometido pro sensei tirar um sábado pra ajudar os alunos em dificuldade e não dá mais pra adiar.

- Ai, que coisa mais chata!

- Pois é... e eu queria tanto levar um ornitorrinco com a gente...

Ao ver que a namorada ficou muito triste, ele tentou consertar.

- De repente nem aparece tanta gente assim. Aí eu termino mais cedo e vou te encontrar durante a caminhada. – isso fez com que ela desse um sorriso.

- Tomara que você termine logo então, vou estar te esperando de qualquer jeito.

Eles deram mais um beijo, para raiva do Cebola, e foram embora abraçados.

- Aqui, sua cara não queima não? Coisa feia ficar ouvindo conversa dos outros! – Cascão repreendeu e Cebola não se importou.

- Não foi de propósito. Que culpa eu tenho se eles falaram alto?

- Tá bom. E aí? Parece que o DC não vai aparecer. Por que não tenta chegar nela?

- Ela vai pensar que eu tô com segunda intenção.

- E não tá?

- Isso não vem ao caso. Mas se o DC der o toco nela e eu estiver por perto pra fazer companhia, a história vai ser diferente!

- Vixe, lá vem plano!

- Que mané plano, Cascão! Eu não faço mais isso. Pelo menos não com a Mônica. Eu só vou ficar de tocaia. Se o DC marcar bobeira, eu entro em ação. Bem simples até!

Seu amigo deu uma risada.

- Ué, não era você que achava ridículo participar dessa parada só por causa de uma garota?

- Não muda de assunto! – ele falou um pouco alto e voltou a montar seus esquemas.

Tudo o que ele precisava fazer era ficar de olho. Se DC não aparecesse, Cebola ia ficar do lado da Mônica durante a caminhada. Ele pretendia até levar um lanche bem gostoso para ela comer no piquenique.

- Hehehe! Dessa vez não tem erro! – ele falou esfregando as mãos e Cascão suspirou.

- Sei não... tomara que não sobre pra mim.

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Os dois seguiram conversando e não viram que Paradoxo os observava de longe.

- Bom plano, muitas chances de dar certo. – ele falou em voz baixa e em seguida deu um sorrisinho maroto. – tenho que dar um jeito nisso!



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