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História Universo em conflito - Mais reforços estão a caminho


Escrita por: Mallagueta

Capítulo 24 - Mais reforços estão a caminho


Como tiveram um dia muito estressante, Mônica convidou Magali para almoçar na sua casa e passarem a tarde juntas. Magali tinha decidido falar com o Quim no final da tarde e Mônica teve a idéia de dar um trato no seu visual para deixá-la bem bonita e assim impressionar o ex-namorado. Magali não se sentia lá muito confortável com isso, mas acabou se deixando levar. Qualquer coisa que pudesse ajudá-la a reaproximar do Quim era bem vinda contanto que não significasse agir feito idiota.

- Sei lá, isso é muito estranho. – falou um tanto desconfortável enquanto Mônica pintava suas unhas.

- Você nunca usou esmalte?

- De vez em quando eu pintava de preto e só.

- Tá, mas cor de rosa fica lindo em você. Olha que luxo!

A ex-valentona ergueu a mão olhando as unhas atentamente. Não tinha ficado ruim, apesar de tudo.

- Você nunca fez essas coisas, né?

- Não. Achava que era só pra patricinhas frescas.

- Cuidar da beleza não é frescura. Dizem que o corpo é nosso templo, então a gente tem que cuidar bem dele.

- Eu não tô acostumada com isso, sabe. É muito estranho pra mim.

Mônica sorriu com paciência.

- Você já pensou no que quer pra sua vida? Como quer ser de verdade?

Aquela pergunta a pegou de surpresa.

- Eu... eu não sei...

- Olha, você não precisa mais ser a valentona que era antes. Isso ficou no passado. Agora você pode ser do jeito que te faz bem.

- Do jeito que me faz bem... – ela refletiu.

- Quando eu entrei pra escola, as meninas me falaram que você era muito fofa e meiga quando criança.

- E por isso os moleques abusaram de mim. Eles só passaram a me respeitar quando comecei a tocar terror em todo mundo. Hein? – ela teve um sobressalto quando Mônica segurou suas mãos.

- Isso te fez feliz?

- Feliz?

- Sim. Ser daquele jeito te fez bem? Você era feliz?

A moça abaixou a cabeça. Há quanto tempo ela não sabia o que era ser feliz de verdade?

- Se eu não fosse daquele jeito, eles abusariam. Ninguém se importou em me defender, eu tava sozinha porque nem meus pais me apoiaram. Aí eu tive que me virar como pude.

- Você fez o que deu pra fazer na época e eu entendo isso. Ser valentona foi útil um dia, mas agora não é mais. Então por que você não tenta outra coisa, tipo ser você mesma?

- Porque eu já não sei mais quem eu sou. – a resposta veio num sussurro.

- Então vamos descobrir quem é a Magali de verdade e cuidar bem dela.

- Como vamos fazer isso?

- Aos pouquinhos. Você vai se conhecendo, descobre do que gosta, o que te faz bem e com o tempo vai aprender sobre si mesma.

- Parece complicado.

- Um pouco, mas vou te ajudar e sei que você vai conseguir. Eu também tô nesse processo, você não vai atravessar tudo isso sozinha. Não esquece que o Cebola e o Cascão também vão ajudar a gente.

Um suspiro escapou.

- Eu também queria muito ajudar o Cascão.

- O Cebola tá fazendo o melhor que pode e ele já progrediu muito.

- Bom, pelo menos ele aceita andar com a gente. Já é alguma coisa.

- Viu só? Um passo de cada vez e a gente chega lá. Agora olha só esses adesivos de unhas, que coisa mais fofa! Tem até pata de gatinho!

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- É isso aí, cara! É agora ou nunca! Você tem que encarar isso de qualquer jeito! Vai lá, vai! Você consegue! – Cascão tentou incentivar a si mesmo em vão. Nada no mundo ia fazê-lo entrar naquela coisa cheia de água. Mais uma tentativa frustrada.

Só que aquilo não podia continuar acontecendo ou ele poderia acabar estragando o encontro dele com a Magali por causa do seu mau cheiro.

O rapaz saiu do banheiro muito chateado por mais uma tentativa frustrada. Bem... ele tinha até domingo para conseguir encarar o banho. O jeito era continuar tentando, uma hora ia dar certo.

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Antônio pagou todas as contas como Sr. Malacai tinha ordenado e estava indo para o ponto de ônibus. Fazia um calor terrível e sua roupa preta deixava tudo pior. Sem falar que ele estava morrendo de sede. Para resolver isso, bastava comprar uma garrafa de água mineral, só que ele teve a decepção de descobrir que até aquilo estava em falta. A maioria dos lugares não tinha e outros vendiam por um preço absurdo que ele não podia pagar.

Como a sede estava terrível, ele teve uma idéia ao ver que estava perto do Shopping. Havia bebedouros lá dentro e ele podia saciar sua sede sem pagar nada.

“Que alívio!” ele suspirou quando sentiu o ar condicionado amenizando seu sofrimento e ficou surpreso quando olhou ao redor e viu a beleza do lugar. Lojas bonitas, luzes, muitas cores. Ele nunca foi de ir ao shopping, pois não lhe interessava. E continuava não interessando muito, mas aquele lugar era tão bonito!

Havia enfeites nas lojas, algumas tinham quadros e uma delas até exibia um belo aquário cheio de peixes coloridos, algo difícil de conseguir e manter. Mais uma vez ele ficou em dúvida. Aquilo era realmente errado?

Sr. Malacai sempre falava que aquele shopping era um antro de futilidades e que ia dar um jeito de fechar aquele lugar maldito para construir uma escola, orfanato ou mais uma filial da organização. Cada hora ele tinha uma idéia diferente e Antônio somente concordava sem falar nada.

Para não perder tempo, ele correu até o bebedouro mais próximo para saciar sua sede e depois foi ao banheiro. Quando estava indo embora, viu um grupo de garotas olhando as vitrines e fofocando. Bando de preguiçosas e fúteis! Ao invés e estarem estudando ou fazendo algo útil, estavam olhando produtos que nem podiam comprar! Qual era a finalidade daquilo?

Uma das garotas lhe chamou atenção. Era Denise. A ruiva usava as Maria-chiquinhas das quais ele se lembrava, vestia roupas alegres e parecia muito feliz junto com as amigas. Ela ria, falava coisas que faziam as garotas rirem e todas iam de loja em loja olhando os produtos.

Mesmo sabendo que não podia se atrasar, Antônio as seguiu por curiosidade e viu, através da vitrine, Denise colocando um vestido em frente ao seu corpo e falando qualquer coisa que ele não pode ouvir.

“Não, o que eu estou fazendo? Não posso participar dessa futilidade de jeito nenhum! Tenho que voltar para a organização agora mesmo!” ele repreendeu a si mesmo e resolveu sair dali rapidamente.

- Ué, você por aqui? – uma voz falou e ele virou para trás para ver Denise na porta da loja. Ela o tinha visto de lá de dentro e deve ter ficado curiosa.

- Eu estava resolvendo alguns assuntos para o Sr. Malacai e já estou indo embora. Não tenho tempo para essas futilidades.

Ela só deu de ombros e falou.

- Você não sabe o que tá perdendo. Eu adoro uma futilidade e não abro mão disso.

- Vocês poderiam estar estudando! – ele falou surpreso com a resposta dela.

- Mais tarde vamos estudar na minha casa. A gente só passou aqui pra esfriar a cabeça porque as coisas no colégio estão um saco!

- Você não devia falar assim!

- Falo mesmo!

- Você é muito atrevida, desse jeito não chegará a lugar nenhum.

Mais uma vez ela não se importou.

- Minha vida não é da sua conta. Eu não falo nada dessa sua roupinha cafona de inspetor, então não vem me encher o saco.

Ela voltou para dentro da loja antes que ele pudesse lhe retrucar e o rapaz foi embora dali super irritado por não ter dado a palavra final.

- Hunf! Garota fútil, fofoqueira, tonta, burra! Fica aí perdendo tempo com essas bobagens e não pensa no futuro!

E foi resmungando mentalmente mais insultos contra aquela ruivinha tão bonita e alegre.

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- Denise, como você respondeu o Tonhão daquele jeito? – suas amigas perguntaram espantadas.

- Estamos fora da escola e eu não vou ficar bajulando ninguém não. Vamos meninas! Essas roupas não vão se provar sozinhas!

E voltou a olhar as roupas ainda pensando no que o temível Tonhão tinha se tornado. Era de dar pena. Se bem que ele estava até bonitinho com aquela aparência mais civilizada.

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Cebola tinha acabado de almoçar e ainda tinha um tempo para descansar antes de começar o trabalho. Um colega seu o chamou.

- Ô Cebola, tem uma mina aí querendo falar com você. Tá fazendo sucesso, heim? – o rapaz falou maliciosamente. – Depois você tem que me falar qual é o seu segredo, cara!

Sem entender nada, ele foi até o balcão da lanchonete e ficou preocupado ao dar de cara com a Mila. Ele gostava dela, mas só como amigo. Será que ela interpretou seu gesto de boa vontade como algo mais?

- Oi, Mila, o que faz aqui?

- Oi, beleza? Tem uma pessoa que quer falar com você.

- ???

- Esse é o meu tio Afonso. Ele é advogado.

Ele reparou no homem que a acompanhava. Era um senhor não muito alto, levemente barrigudo, nariz meio torto parecendo uma batata, uma verruga meio escura perto do canto esquerdo da boca e com um pouco de calvície. Mas parecia ser bem simpático e agradável.

- Prazer, garoto. A Mila falou muito bem de você. Muito bem mesmo!

- P-prazer, seu Afonso... Mas... – a moça sorriu e se afastou dali falando.

- Vou deixar vocês conversarem. Agora tenho que ir, meu namorado tá me esperando.

Ao ouvir a palavra namorado, Cebola ficou aliviado pois era garantia de que ela não ia querer nada com ele. Mas a presença de Afonso, um advogado, o deixou nervoso.

- Você ainda está no horário de almoço, não é mesmo?

- Sim senhor.

- Então vamos conversar. É um assunto do seu interesse.

Cebola obedeceu e os dois se sentaram numa mesa vazia.

- Mila me falou o que você fez por ela.

- Ah, isso não foi nada...

- Foi sim, rapaz. Isso salvou a minha irmã e vai colocar a vida deles nos eixos de novo.

- Puxa, que bom!

- É por isso que estou aqui. Minha sobrinha me falou sobre o problema que você vem enfrentando com seus parentes e quero que me conte com todos os detalhes. 

O rapaz ficou bastante sem jeito.

- É que eu consegui fazer as pazes com a minha tia, sabe... a gente não tá assim morrendo de amores, mas podemos viver em paz até ela acabar de pagar essa dívida.

- Dívida? Hum... me fale mais sobre isso.

Cebola se concentrou um pouco e logo conseguiu acessar as memórias do seu duplo. Ele ainda não entendia como era possível, mas até que achou interessante e por vezes divertido. Pelo que ele conseguiu entender, o marido de Rosália era sócio de uma empresa de construção. Sem que ninguém soubesse como, ele tinha contraído uma dívida muito grande e faleceu antes que pudesse pagar. Rosália acabou ficando com esse encargo e para não perder sua casa, precisou pagar a dívida em prestações. Afonso logo ficou muito desconfiado.

- Sua tia era sócia dessa empresa?

- Pelo que sei, não. Acho que ela nem trabalhava fora.

O advogado fez algumas anotações num bloco de notas e voltou a falar.

- Pelo que Mila me falou, você queria o carro para que ela pudesse pagar essa dívida e sair da sua casa, certo?

- Sim senhor.

- Sabe, se seu tio era sócio de uma empresa, devia ter direito a uma porcentagem. Quantos sócios a empresa tinha?

Cebola puxou na memória.

- Além dele, tinha mais dois.

- Então imagino que ele devia ter direito a uns 33%, mais ou menos. Você sabe me dizer qual é o valor da dívida?

- Aí é que tá. Eu nem faço idéia. Pensei que o valor do carro ia dar pra pagar, mas eu não sei o quanto ela deve. Minha tia não me falou.

Após mais algumas anotações, Afonso pediu.

- Sei que seu relacionamento entre vocês ainda não está bom, mas eu gostaria de conversar com sua tia sobre essa dívida. Talvez eu possa fazer alguma coisa para negociar o valor, talvez reduzir.

O rapaz ficou bem animado.

- Puxa, isso ia ser bom demais! Deixa só eu conversar com ela primeiro, senão ela vai ficar desconfiada achando que o senhor quer colocá-los pra fora. Ela ainda não confia em mim, sabe?

- Entendo, rapaz. – ele escreveu no bloco, arrancou a folha e deu ao Cebola. – Aqui está meu telefone e também os dias e horários em que eu estou livre essa semana. Converse com ela e me ligue para marcar uma visita. Acredito que seja possível fazer algo para ao menos amenizar essa dívida.

- Acha mesmo?

- Claro que sim! – ele falou orgulhosamente. – Só preciso saber de mais detalhes.

Afonso foi embora e Cebola voltou a trabalhar feliz da vida. Se fosse possível reduzir o valor daquela dívida, Rosália ia pagá-la mais rápido e em pouco tempo sair da sua casa. Finalmente liberdade!

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A padaria estava bem diferente do seu tempo de infância. Fazia muitos anos que ela não colocava os pés ali. No entanto, os cheiros eram muito semelhantes e Magali pode ver no balcão todas as gostosuras de que tanto gostava. Seu Quinzão trabalhava atendendo os clientes, mas Quim não estava em lugar nenhum.

- Bom dia, moça. O que tu vais querer? – ele perguntou com seu sotaque português. Aparentemente não a reconheceu.

- Trezentos gramas desses biscoitos. – ela apontou para as rosquinhas cobertas metade com chocolate branco e metade com chocolate ao leite.

Seu Quinzão atendeu seu pedido e quando foi pesar os biscoitos, ela viu Quim saindo detrás do balcão. O rapaz pareceu não notá-la e justo quando levantou a mão para acenar e chamar o nome dele, uma garota de cabelos castanhos veio ao seu encontro eles deram um breve beijo. Por um instante, ela sentiu o chão partindo debaixo dos seus pés.

Já o seu Quinzão era todo sorriso.

- Oi, menina, como vais?

- Tudo bem, seu Quinzão.

- Nós vamos dar uma volta, pai. O senhor sabe... – o rapaz falou todo sorridente.

- Tudo bem, tu podes ir. Mas não voltem tarde!

O casal saiu abraçado e Magali sentiu vontade de deixar os biscoitos para trás e sair correndo.

- Aqui está. Mais alguma coisa?

- Não, obrigada.

Ela saiu dali no momento em que uma lágrima começou a cair. Bem, ela não podia esperar que seu ex-namorado continuasse solteiro a vida inteira. Felizmente ele não a reconheceu e isso evitou uma situação embaraçosa. Aquela fase da sua vida estava encerrada. Era hora de seguir em frente.

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- Fala sério, olha só que beleza! – Rômulo vibrava diante dos pneus belíssimos feitos para motos Harley Davidson.

- São de uma edição limitada, poucas unidades foram produzidas. – O vendedor falou empolgado diante de uma possível venda. – Esses pneus dispõem da tecnologia Multi-Tread, que combina um multicomposto resistente e duradouro na parte central e compostos com excelente aderência lateral de ambos os lados.

- Minha moto vai ficar tunada com essas belezinhas!

Rômulo comprou os pneus sem pensar duas vezes, pois sua linda moto merecia sempre o melhor.  

Quando chegou em casa, ele levou os pneus para o fundo do quintal e mesmo sentindo um aperto no coração, deu um jeito de sujá-los com lama e dizer a sua mãe que os comprou bem barato num ferro-velho.

- Pronto! Ela nem vai desconfiar. Depois é só lavar que tá novo!

Como tinha a tarde inteira livre, Rômulo resolveu se jogar no sofá para comer algo e ver televisão. Ah, vida boa! Tirando o fato de não poder mais dar tablefes no Cebola, pois sua mãe proibiu, tudo ia as mil maravilhas e ele pensou que podia viver assim por um bom tempo.

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Em determinado momento, o sujeito foi para a cozinha pegar mais cerveja e Paradoxo se aproveitou para tirar algo do bolso de sua jaqueta que ficou jogada no outro sofá da sala. Ele desapareceu dali rapidamente após colocar no bolso do jaleco a nota dos pneus que o imbecil tinha comprado mais cedo. Os dias dele naquela casa estavam contados!



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