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História UNKNOWN (JIkook) - Especial Kihyun


Escrita por: evyamaze

Capítulo 12 - Especial Kihyun


KIHYUN

[Japão, um ano e meio antes da gravidez]

Estava me sentindo nervoso, meus dedos soavam, e minha respiração pesava. Doutor Nakamoto, me olhava, com um olhar estranho, talvez de pena, talvez não, com certeza pena.

— Mas eu irei viver? Eu tenho apenas vinte e nove anos... — Olhei o doutor nos olhos, suplicando por uma resposta positiva.

— Senhor Yoo se acalme. — ajeitou os óculos e me olhou. — O senhor está com insuficiência cardíaca diastólica.

— Mas isso significa que posso morrer, não é? — levantei e comecei a caminhar de um lado a outro. — Mas eu sou jovem doutor Nakamoto... Eu não posso morrer!

— Senhor, eu já disse, se acalme! — elevou a voz, me chamando à atenção. — Por favor, sente-se.

Assenti e me sentei. Meus dedos pareciam ter vida própria, batendo uns aos outros, sobre minhas pernas.

— Como te disse, seu diagnóstico foi de insuficiência cardíaca diastólica no ventrículo esquerdo... Os músculos do seu coração estão rígidos, e esse tipo de coisa não permite que ele relaxe, e assim ele não enche de sangue adequadamente.

Mas o principal ponto, é que a insuficiência cardíaca faz com que o coração não execute sua função primordial, que é bombear adequadamente o sangue, para alimentar os tecidos e órgãos do corpo, e isso é bastante grave senhor.

— Eu te dou quanto dinheiro for necessário, eu só quero a cura! Tem cura?

— Para ser sincero com o senhor, existe sim, um "tratamento", que basicamente fundamenta-se em medidas que reduzem os sintomas congestivos, como os diuréticos e nitratos. Contudo, o uso excessivo desse tipo de drogas pode reduzir significantemente o volume diastólico final do ventrículo esquerdo, com consequente redução do débito cardíaco e aparecimento de hipotensão arterial sistêmica...

— O senhor está me deixando ainda mais nervoso, porque eu não entendi nada...

— Basicamente, podemos iniciar um tratamento com a introdução de drogas como diuréticos, e nitratos, que iriam reduzir a massa ventricular e a hipertrofia. Mas como disse, o uso excessivo pode causar hipotensão arterial que é a situação médica na qual existem baixos valores da pressão arterial.

— Mas isso é pior do que a insuficiência? Meu coração está literalmente começando a parar, doutor...

— Ambos são ruins, Com os valores da pressão arterial baixo, o senhor pode desenvolver danos aos seus órgãos, o que é chamado de "choque". O risco de um derrame cerebral, e um infarto agudo no miocárdio, é muito grande.

— Então mesmo com o tratamento, eu corro risco de morte?

Encarei o doutor, sentindo minhas mãos trêmulas.

Ele respirou fundo, parecendo ter ainda mais pena de mim, e assentiu.

— E essa é a minha última saída? Não há mais nada que possa ser feito?

— Claro que há senhor Yoo, a melhor coisa a ser feita no seu caso, é o transplante de coração... Incluirei seu nome na lista de espera, mas preciso que fique ciente que isso pode demorar um pouco.

— Como assim demorar? Eu sou um dos mais ricos da Coreia! Diga-me onde posso burlar esse sistema, que burlarei com dinheiro.

— Senhor Yoo, eu compreendo que isso seja assustador, mas entenda, assim como o senhor, há uma fila de pessoas com o mesmo problema, ou até mais grave... O senhor não pode burlar a lei, precisará aguardar como os outros, mas iniciaremos o tratamento urgentemente, e isso te dará tempo.

Respirei fundo, e passei as mãos pelo meu rosto, sentindo cada centímetro de mim, cair em frustração.

Basicamente o que estava ouvindo era, que se eu iniciar o tratamento poderia ganhar algum tempo, mas quanto? E se fosse prolongado demais, eu poderia morrer... Somente um transplante me salvaria.

— Ok doutor... Mas me diga quanto tempo até lá?

— Isso é incerto... Não há como afirmar.

— Eu tenho um noivo, doutor. Um noivo que amo, e que quero casar, e cuidar... Eu poderei fazer isso? Diga-me, eu conseguirei me casar, ou virarei um empecilho na vida dele?

— Uma coisa de cada vez senhor Yoo, porque não trás o seu noivo na próxima consulta, e deixa que eu explique para ele? Seria mais fácil, não?

— Eu não quero assustá-lo, doutor... Eu tenho medo...

— Não tenha medo, o senhor está no melhor hospital de toda Ásia, ficará bem.

Assenti, e ouvi todas as informações restantes, mas ao final, tudo o que rodava a minha mente era:

EU IREI MORRER!

[Um ano e meio depois]

Voltei ao Japão para um de minhas muitas consultas com o doutor Nakamoto.

Havíamos refeito todos os exames, e a situação já começava a piorar.

— Mais de um ano doutor, mais de um ano e nada de achar um novo coração para mim?

— Tenha calma senhor, iremos continuar tratando, até conseguirmos!

— Eu não tenho tanto tempo assim... Eu me sinto fraco, e eu preciso mentir para meu noivo toda vez. Ele acha que estou em uma reunião de trabalho agora mesmo!

— Tente contar a ele, vai ser o melhor... Ele pode te ajudar a aguentar firme!

— Não, jamais faria isso com ele...

Voltei para o hotel no qual estava hospedado, e não consegui dormir direito durante toda à noite. Pensava em Jimin, e em como ele ficaria arrasado... Ele viveu em Seul sozinho tempo demais, sem família, e eu o disse que eu agora era a sua família, e agora... Agora irei morrer.

Eu não posso permitir que ele sofra com isso, não posso deixar que isso aconteça, não posso mais mentir, não posso.

Passei alguns dias no Japão, para alguns exames e afins, pensando e analisando tudo que estava acontecendo... E para piorar, estava também preocupado com meu pequeno.

Jimin havia me ligado há uns dias atrás, me dizendo que não estava se sentindo bem, que havia vomitado e até sentido algumas tonturas.

Passei o contato do melhor hospital de Seul para ele, e o pedi para procurar um médico o mais rápido possível, pois não havia muito que fazer, estando longe.

Um dia antes de retornar a Coréia, ele apenas me mandou uma mensagem dizendo que estava sentindo saudade... Uma única mensagem cheia de corações e sentimentos.

Meu coração já enfraquecido sofreu com aquilo. Ele era tão amável, tão bondoso, não podia viver ao lado de uma pessoa que estava mentindo e pior, morrendo... Não podia virar sua vida desse jeito, mas me imaginar sem ele, era como se eu nem existisse.

É um total impasse, mas o correto a se fazer é não o incluir nesse sofrimento.

Ele é jovem, e merece viver feliz, livre, e não preocupado.

No dia seguinte, arrumei minhas malas, e retornei a Seul, tentando imaginar uma forma correta para arrumar toda essa bagunça.

Assim que o avião pousou, fui até as cadeiras de espera do local, e pensei, pensei, e pensei, por longos minutos, mas nada, absolutamente nada, vinha a minha mente, de uma forma que resolvesse isso, e ele não sofresse.

Decidi ir para casa, talvez ter apenas uma conversa com ele, em dois ou três dias... Não sabia ao certo.

Assim que cheguei a nosso apartamento, e abri a porta, tudo que estava a minha mente, sumiu, e meus olhos capturaram o ser mais amável, vindo em minha direção, e se enroscando em minha cintura, me dando o maior e melhor abraço que poderia sentir no momento, e um beijo, tão caloroso, e envolvente, que me desarmou por completo.

— Senti sua falta. — sorri e o disse, o que era verdade. Meu coração, que já não era nada bom, parecia acender ao vê-lo. — Como você está? Melhorou?

Ele apenas assentiu ainda abraçado a mim, como se tivesse dez vezes mais carente.

Meu peito doeu ainda mais, como poderia deixá-lo ir, se eu o amava muito...

— Vou tomar um banho, e pedimos algo para comer em seguida, ok?

O dei o beijo na testa e segui para nossa suíte.

Jimin me seguiu, e mesmo não entendendo o porquê, não achei estranho, e apenas segui meu caminho.

Assim que entrei no quarto, vi uma caixa vermelha, sobre nossa cama.

Olhei para a caixa sem entender e em seguida para trás, onde Jimin estava parado, me olhando em expectativa.

— O que é isso? — ergui a caixa, o olhando sorrindo.

A verdade é que Jimin sempre me surpreendia. Seja com presente, ou até atitudes. Ele amava mimos, e amava ainda mais me mimar.

E eu o queria tão perto, mas precisava o afastar.

— Abre. — ele disse, chegando mais perto de mim.

Jimin é realmente surpreendente.

— É alguma peça de renda? Você sabe como eu amo ver você com elas né?

— Brinquei com ele, e não resisti à vontade de beijá-lo.

Ele sorriu e negou.

— Abre logo seu safado. — disse, cheio de entusiasmo.

Estranhei seu jeito, mas decidi abrir a caixa.

No primeiro momento olhei o que tinha dentro da caixa, e permaneci quieto. Um tecido com uma única palavra à frente.

"PAPAI"

Papai? Não, não, não.

Não pode ser, pode? Eu pai? Não!

Eu irei morrer. MORRER!

Senti uma leve tontura, e ainda sem reação, sentei à beira da cama.

Peguei o tecido, e vi que se tratava de uma roupinha de bebê, a coloquei sobre a cama, ao meu lado a olhando, sentindo ainda mais medo naquilo.

Jimin veio até mim, e parecia nervoso.

Minha respiração já estava toda bagunçada, e sentia como se algo apertasse meu coração.

Um filho? Um filho que crescerá sem pai...? Oh não.

Lembrei-me de vinte e dois anos atrás. Um acidente de carro, uma morte. Um garoto de sete anos sem o pai.

"Kihyun, o papai agora está no céu".

Ouvia a voz de minha mãe ecoar dentro de mim.

"Mamãe, você pode brincar comigo?"

"Desculpa filho, a mamãe precisa cuidar da empresa, sem seu pai tudo está dificil".

"Mas o papai sempre brincava comigo"

"O papai não está mais aqui".

A solidão, a tristeza, o frio na barriga.

Eu não poderia fazer uma criança sentir o mesmo que senti, é doloroso demais.

Jimin se aproximou mais, e tentou me tocar, mas eu estava com medo, então apenas me levantei rápido, e me afastei.

— O que é isso? — perguntei de costas para ele, sentindo o clima pesar ali.

Ele tentou novamente me tocar, mas segurei suas mãos, antes que o fizesse.

— Jimin... Eu... — Eu irei morrer, era isso que tinha que dizer. — Nós, não podemos.

Eu fui fraco, não era pra ter dito isso, não, não era.

Ele se afastou de mim, assustado, e eu só conseguia olhá-lo sério, com as palavras engasgadas na garganta.

EU IREI MORRER!

— E-Eu pensei q-que nós... — ele gaguejava nervoso.

— Não, Jimin, nós não podemos. Eu... não posso.

— Kihyun, calma, eu-.

— Não!

O interrompi, sentindo meu coração falhar, e tentando achar um modo correto de explicá-lo.

— E o que quer que eu faça? Kihyun, eu estou grávido, estou com quatro semanas, amor.

Quatro semanas... Um mês! Jimin estava grávido há um mês.

— Quatro semanas? Mas como eu pude me descuidar assim... Merda. Jimin eu vou arrumar um jeito ok? Não vou deixar esse... essa coisa mudar nada.

Não, não, não seu idiota! A coisa aqui é você! Eu sou o vilão... Eu irei arruinar tudo, eu irei.

Mas como iria deixar Jimin sozinho no mundo, ainda mais com uma criança?

— Eu não estou acreditando que está falando isso kihyun.

Merda...

— Eu estou! — estava nervoso, falando besteira, pensando besteira... Estava sem saída.

Comecei a tirar minhas roupas, sentindo meu corpo suar.

— Amanhã mesmo nós iremos ao médico e resolveremos

Eu sabia que estava errado, mas talvez estivesse menos errado do que deixá-lo desamparado com um filho para cuidar sozinho.

— Eu não irei a lugar algum. É meu filho. — Ele bateu o pé no chão.

— Eu não quero essa criança, Park! — gritei o fazendo ter um leve susto.

EU SOU UM IDIOTA!

Fala para ele, apenas fale a verdade.

Estava travando uma batalha interna com meu subconsciente, o lado correto, e o lado fácil, frente a frente.

— Mas eu quero, Hyun! O corpo é meu, e nem você, nem médico algum irá tocar nessa criança! — ele também gritava, e pude o ver tremer. Ele tremia muito.

Jimin é assim, ele não desiste fácil.

Disse a pior coisa que poderia ter dito, e me amaldiçoou por isso.

— E como você irá criar essa criança sozinho? Esqueceu que você vive no luxo graças a mim?

Ótimo... Um idiota com o pé na cova e de baixíssimo nível.

Eu sou mesmo um lixo...

Ele chorou, e senti o arrependimento na mesma hora. Eu fiz o meu homem chorar.

— Eu sou um artista e consigo viver com meus quadros.

Era verdade, ele era e é o melhor pintor de Seul, senão do mundo. Era uma opinião minha, mas com certeza compartilhada com qualquer um que tivesse o prazer de ver qualquer obra sua.

Sorri para ele, tentando o acalmar, mas eu sou um idiota, talvez um dos piores, e ali vi a oportunidade de ser o maior babaca do século.

— Pare com esse choro, e eu já disse que não quero essa criança jimin. Está decidido.

Eu juro que tentei falar de uma forma correta, mas sejamos francos, existe uma forma correta de dizer isto?

Como disse, eu sou um idiota...

— Eu não irei tirar!

Ele gritou, e em seus olhos vi determinação.

Ele não iria tirar realmente, mas como iria criar essa criança sozinho? Diga-me, como? Eu até poderia vê-la crescer até dois ou três, mas e depois? Depois ela iria me procurar, mas eu já não iria está mais lá.

Jimin é capaz, ele pode cuidar dessa criança, mas eu não, eu já disse, eu não posso fazer isso com ela.

— Então me esquecerá! — falei alto, mas no mesmo instante a dor de tê-lo longe veio, e novamente a ideia de ser um babaca também. — Ou fica comigo enquanto der, ou com esse... esse bebê e sozinho no mundo.

Ele podia me escolher certo? Estávamos juntos há três anos, e ele dizia que me amava todos os dias, então poderíamos fingir que nada daquilo aconteceu certo?

ERRADO!

Ele se levantou com todo o rosto vermelho e molhado de lágrimas, e foi até nosso closet, e buscou uma mala.

Senti o desespero me corroer, e o ver determinado a ir, me matar.

Mas era isso o que eu queria desde o começo... Eu o queria afastar, mas eu ainda o queria perto, porque tem que ser tão difícil assim? Porque a merda da vida precisa ser tão filha da puta comigo, ao ponto de mandá-lo escolher entre mim e o bebê.

É meu bebê também, eu que o fiz junto a ele... Eu sou o mais babaca, e mais filha da puta de todo o mundo, com certeza sou.

Ele puxou a mala, retornando para o quarto.

— Irá mesmo fazer isso?

Por favor, não. Por favor, não.

Não me deixe sozinho. não me deixe outra vez sozinho no mundo.

Ele abriu a mala e a jogou sobre a cama, voltando para o closet, buscando suas coisas.

— Jimin, olha o que você está fazendo! Irá mesmo estragar tudo, por causa de algo tão pequeno? Eu te amo, podemos viver bem pelo tempo que temos, só nós dois.

Eu estava estragando tudo, mas ao mesmo tempo eu não queria. Amava Jimin ao ponto de enlouquecer por ele, mas precisava deixá-lo ir.

Eu era o covarde ali, ele estava mostrando sua força, e eu me escondendo.

— Você quem está estragando tudo! Você só pensa em você! Esse era pra ser um momento lindo kihyun. Sabe quantas vezes eu chorei em dois dias? Eu imaginei a sua melhor reação! Eu pensei que me amava.

E eu o amo, pensei.

— e que todas as vezes que disse que eu era única sua família ao seu lado, fosse real!

E é, é real... Jimin era a única família que eu ainda tinha. A única com sanidade suficiente para sorrir para mim, para me amar e sentir minha falta. A única família que me amava como eu realmente era.

— mas não, para você eu sou apenas o namoradinho relaxado que vive do luxo que você proporciona.

Doeu ouvir-lhe dizer aquilo.

Ele é mais, ele é a minha luz, o meu desespero, o meu amor.

Mas o que eu sou pra ele? Talvez o amor, mas com certeza o caos. Eu sou a mentira, a morte, sou infelicidade, e a imagem que tenho do meu pequeno chorando a minha frente, é uma comprovação disso.

Ele enxugou as lágrimas, e me olhou nos olhos.

— Eu tenho uma carreira também, pode não ser grande como a sua, mas é o meu orgulho. Eu estou indo, porque amo o meu filho. Eu o descobri há dois dias, mas já o amo muito e não desistirei de algo que quero por causa de você!

— Você está sendo tolo.

Não, eu estou sendo covarde.

— Eu estou fazendo a coisa certa. Eu pensei que amava um homem, mas amo um covarde. Eu não fiz essa criança sozinho, Kihyun, mas irei cuidar dela dessa forma.

Eu estou o perdendo? Ele está se livrando desse saco de lixo, que sou? Era esse o propósito do começo, mas porque eu não me sinto feliz?

Eu sou um doente...

— Jimin, por favor.

Desesperei-me vendo-o fechar a mala e calçar seus sapatos, pronto para ir.

— Eu venho buscar o resto das minhas coisas depois.

Ele se afastou ainda chorando e se foi.

Ele se foi, ele passou por aquela porta chorando, com um filho meu no ventre, e um coração partido.

Eu o perdi.

Mas era isso não era? Será melhor assim, não será?

Não, não será.

[...]

Dois meses... Dois meses que não vejo o meu jimin.

Mas soube que ele agora está estabilizado em um apartamento no centro.

Voltou a pintar e agora estava vendendo seus quadros.

Tive que retornar ao Japão, para alguns novos exames, e não me surpreendi quando soube que a situação ainda era a mesma, talvez até pior.

Eu vinha me sentindo fraco, mas não podia passar essa imagem.

A imagem que tinha que ser mantida era a de um CEO jovem, rico e com um futuro brilhante pela frente.

Piada...

Uma semana depois, no qual retornei a Seul, sem nenhuma novidade, pensei em ir até Jimin, talvez me desculpar, mas ainda tinha medo.

Duas semanas depois, eu passei próximo ao seu prédio, e o vi conversando com um garoto jovem, com uma sacola na mão, e um sorriso enorme no rosto.

Sua roupa como sempre estava justa, e pude ver uma pequena bolinha formando em sua barriga, que sempre foi tão magra, e sorri.

Sentindo-me o maior idiota do mundo, em não participar daquilo.

Dias depois, vi uma matéria sobre ele na revista The Korea to the World, onde Kim Namjoon, falava sobre suas maravilhosas obras, e de como passava um sentimento revigorante.

Havia tido uma exposição de arte, onde vários artistas apresentaram seus trabalhos, e mesmo não tendo ido, eu sabia que Jimin estaria no meio, então apenas mandei minha secretária ir, e comprar o quanto de quadros dele ela conseguisse.

Ela me trouxe apenas dois quadros, disse que os dele, foram os mais valorizados da exposição.

Então olhei os dois quadros, e um em específico, me chamou tanto a atenção.

Era como uma flor, e ao meio havia algo pequeno, ligado à flor, e o nome da obra era, "O nascimento, e a vida". Era algo divino.

Coloquei ao centro de meu apartamento, como uma lembrança, e todas as vezes que o olhava me sentia melhor.

Todos os dias era assim, eu o olhava e sorria.

Até que um dia acordei, e olhei para o céu.

Estava azul, mas o dia ainda permanecia frio, o tipo de dia preferido dele.

Levantei e ainda incerto decidi o procurar.

Estava com meu carro, indo em direção ao centro, mas antes de chegar lá, vi uma loja de departamento de bebê.

Estacionei meu carro, e fiquei olhando para dentro da loja.

Será que ele ainda vai me aceitar? Eu queria tanto me desculpar.

Sai do carro, e caminhei até uma pequena praça que havia ali, até parar e sentar em um dos muitos bancos de madeira dali.

Olhava ao redor, crianças, animais, casais, todos pareciam felizes demais.

Fechei meus olhos e apenas aproveitei a brisa.

— Um lindo dia, não é?

Ouvi uma voz baixa ao meu lado, e olhei assustado.

Havia um senhor bem idoso sentado ao lado.

Ele me olhou e sorriu, então apenas assenti.

— Vem sempre aqui?

Neguei.

— Está tudo bem?

Neguei.

— Você é mudo?

Neguei e dessa vez sorri.

— Desculpe-me...

— Tudo bem. — ele sorriu — Está com problemas?

— Sim... Um baita problemão.

— Quer desabafar com um estranho numa praça? — ele perguntou sorrindo simpático.

O encarei por breves segundos, e me sentei de lado no banco.

— Eu irei morrer, e meu noivo... Meu ex-noivo está grávido, e agora eu queria pedir desculpa, mas me sinto um idiota e tenho vergonha, mas eu o vi sorrir para outro, e meu coração está doendo, e nem é por causa da minha insuficiência cardíaca, porque eu irei morrer, entende? É porque eu o queria de volta, mas ele vai me bater, e com razão.

— Nossa... Calma meu jovem. — ele sorriu e se virou de lado. — Você irá morrer por causa dessa insuficiência cardíaca aí?

Assenti.

— E seu ex-noivo está grávido de você?

Assenti novamente.

— E você quer se desculpar, mas se sente um idiota? E ele vai te bater com razão se fizer isso?

Assenti pela vigésima vez.

— Por que se sente um idiota?

— Porque eu queria isso, eu queria o afastar. Mas aconteceu tudo errado, eu fui um idiota com ele e o bebê, e agora sinto vergonha de mim mesmo.

— O que o senhor fez?

— Eu o humilhei... Eu disse para tirar a criança ou teria que escolher entre mim e ele.

— Nossa... Você foi realmente um idiota.

— É, obrigado por constatar o óbvio.

— Mas ele sabe sobre a sua doença?

— Não... Mas eu pretendo abrir o jogo, pelo menos poderei me afastar do trabalho, e descansar um pouco até morrer, ou pela graça do universo, fazer um transplante.

— Entendo... — ele olhou para frente, e pareceu pensar. — mas se você irá morrer o que tem a perder?

— Como assim?

— Vá, se desculpe viva com seu filho até enquanto puder.

— Ele não permitirá... Eu pedi para ele matar a criança, você compreende?

— Você se arrepende disso?

— Todos os dias... O único culpado disso tudo sou somente eu, ele e o bebê merecem o melhor.

— Então isso é o que importa! Rapaz, você me parece jovem demais, viva e ultrapasse o limite, curta, ame! Não fique aqui nesse banco sofrendo, e contando sua vida para um velho estranho.

— O senhor não é um velho estranho, é um velho sábio.

— Não deixo de ser velho. — ele sorriu.

— Agora vá, viva a felicidade de ser pai enquanto puder.

— O senhor acha que devo realmente ir?

— Já deveria estar lá, agora vai... Xispa, xispa!

Ele abanou a mão, e só pude sorrir. Levantei-me e fiz uma reverência, indo a caminho de meu carro, de um modo tão rápido, que nem me lembrei de perguntar seu nome.

Quando parei de frente ao carro, vi a loja de bebês novamente, e resolvi entrar.

— Posso ajudar? — uma moça simpática perguntou, parando de frente a mim.

— Preciso de algo especial para um bebê que ainda irá nascer.

— para recém-nascido... — ela pensou, e começou a caminhar. Fui seguindo-a, indo para uma sessão mais ao fundo.

— Para um recém-nascido, o melhor são as pelúcias. Essas são pelúcias antialérgicas.

Olhei ao redor, e vi várias pelúcias em formatos de animais.

— Qual o sexo do bebê?

— Ainda não sei...

— Temos de várias cores e formatos. Algumas pessoas não se importam muito com isso de azul e rosa, para tal sexo, mas o senhor pode ficar à vontade.

Assenti e olhei ao redor.

Lembrei-me de uma viagem que fiz uma vez com meu pai, meses antes dele morrer, para a África, e de todos os bichos que havia na savana, apenas um me chamou atenção.

— Você tem algum em formato de zebra? — perguntei à atendente.

— Há sim. — ela se abaixou e buscou nas pelúcias de baixo. — Aqui.

Era uma pelúcia de uma zebra bebê, linda.

— Perfeita, irei levá-la.

Ela sorriu, e caminhou até o balcão.

— Algo mais?

— Não, você pode embrulhar para presente?

Ela assentiu e buscou um papel cheio de corações e algo a mais que não conseguia decifrar.

Com o pacote em mãos, sai da loja, e fui até o prédio dele.

— Com licença, qual o apartamento de Park Jimin? — perguntei a um senhor de idade que estava quase dormindo em sua guarita.

— Um estante... — ele olhou com cara de sono para frente. — Apartamento 278.

Assenti e entrei, ele me chamou algumas vezes, mas fingi não ouvir, e fui até o elevador.

Se Jimin fosse avisado da minha chegada, jamais iria me liberar.

Subi até o quinto andar, e por sorte era o andar correto. No fim do corredor, vi a porta com a numeração 278.

Parei em frente e respirei fundo, toquei a campainha e esperei.

Jimin abriu a porta sorridente, mas congelou no mesmo instante que me viu.

Sorri para ele, sentindo meu coração palpitar.

Tomara que ele não pare agora, isso não é hora de morrer, pensei.

— Posso entrar? — o olhei e ele permanecia do mesmo jeito.

— Kihyun, o que faz aqui?

O estendi o pacote, para ele e dei um passo para frente.

— Podemos conversar? — fiz menção de entrar, pois estava agoniado ali parado, mas ele me impediu, com uma mão em meu peito, travando minha passagem.

— A gente não tem o que conversar.

Ele respirou fundo e pegou o pacote, o colocando no canto.

Reparei melhor nele, e o vi como estava lindo.

Vestia uma calça preta justa, uma camisa branca folgada, mas que a barriguinha já marcava e um casaco vermelho por cima, lindo, ele estava lindo.

Senti uma vontade enorme de abraçá-lo, mas não sabia se podia.

— Jiminie... — toquei seu rosto com minhas mãos. — Me desculpa meu amor.

Ele retirou minhas mãos de seu rosto, e me olhou nos olhos.

— Primeiro não me chame de meu amor, segundo, te desculpar pelo o que? Por ter chamado o seu filho de coisa e o querer tirar? Por ter me humilhado? Ou por ter rido de mim, como se eu fosse patético?

Respirei fundo, sentindo a mágoa em suas palavras, sentindo a culpa me acertar novamente.

— Jimin... Eu errei, eu sei. Mas estou arrependido... Ele é o nosso bebê.

— Toquei sua barriga, sentindo um arrepio tomar meu braço, e se espalhar por todo meu corpo.

Era meu filho ali, o meu filho...

— Eu quero participar disso agora.

Ele me olhou com o olhar de desdém, talvez chateado ao extremo, querendo socar minha cara.

Não julgo, eu iria querer me socar também.

— Acho um pouco tarde para isso, não? Foram três meses kihyun, você ao menos se preocupou em como nós estávamos? — tirou minha mão de sua barriga.

Abaixei o olhar, sentindo a culpa, a vergonha, o arrependimento...

Meu deus, eu queria ter ligado, eu deveria ter ligado.

Mas... Eu fui covarde.

— Não, né? Estou cansado hyun, eu te esperei muito, com um pedido de desculpa...

Esperou? Ele me esperou, e eu não vim?

— Mas você chegou um pouco tarde demais...

Poderia ter sido diferente... Eu poderia ter feito diferente.

— Jiminie... — supliquei mais uma vez, mas uma voz logo atrás, o chamou mais alto.

— Jimin? — ele olhou por cima dos meus ombros e sorriu.

— Desculpa, mas tenho que ir.

Empurrou-me de leve pelo peito, e passou.

Havia um homem esperando. Um homem bem mais jovem e bem vestido logo à frente. Jimin parecia feliz ao vê-lo.

Senti meu coração falhar, e pedi aos céus que agora fosse minha morte, para assim, não o ver sorrir daquele jeito para outros, mas infelizmente não era.

O olhei mais uma vez, e era como se estivesse em câmera lenta.

— Jimin. — Segurei seu pulso, o impedindo de ir, mas eu já o tinha deixado ir a muito tempo atrás.

— A gente já falou o que tinha para dizer, adeus hyun. — virou e saiu.

Pedaços, era assim que me sentia em pedaços.

Mas sei que o que sinto agora, é pouco para o que ele sentiu.

O rapaz sorriu para ele, e ele o retribuiu.

Ele falou alguma coisa, que fez Jimin sorrir ainda mais, fazendo seus olhos sumirem em uma linha, do jeito que tanto amava vê-lo sorrir.

Continuei parado o olhando, e seu olhar para mim foi como um olhar de pena.

Em seguida o elevador chegou, ele apenas me olhou e com um sutil inclinar de cabeça, ele se despediu, e se foi de vez, me deixando ali, sozinho.

Pensei em ir embora, tipo sumir, ou até morrer.

Mas a voz do senhorzinho da praça invadia a minha mente.

"Você irá morrer, o que tem a perder?"

E eu realmente não tinha nada.

Resolvi esperar Jimin, no hall de entrada, e quando já era noite, o vi descer de um carro tão luxuoso quanto o meu, sorrindo bobo para o motorista. Do mesmo modo como um dia sorriu para mim.

Vi o mesmo rapaz dentro do carro, e só então percebi o que poderia estar acontecendo ali.

Jimin estava seguindo em frente.

Quis sumir, talvez assim tudo se resolvesse. Eu poderia deixar em meu testamento a empresa e tudo que tinha para ele e o bebê, e assim ele poderia ser feliz, com quem sabe o rapaz do carro... Meu filho teria outra imagem de um pai junto à Jimin, e eu apenas morreria.

Assim como tem que ser, mas eu sou sincero... Eu nunca iria conseguir fazer isso, talvez deixasse realmente tudo para ambos, porque afinal, o bebê era o meu único herdeiro.

Mas além de covarde, sou egoísta, e no mesmo instante, quis que aquele bebê me visse como pai, e que eu pudesse mostrar para todos que eu poderia ser o pai que eu não tive.

Até onde eu conseguisse mostrar.

E eu sabia que mesmo depois de minha morte, Jimin não o trataria como eu fui tratado. Não o deixaria sendo cuidado por empregadas para que o império da família Yoo continuasse de pé.

Ele caminhou até a entrada do prédio, mas parou quando me viu, e cheio de ódio, veio até a mim, me olhando de baixo, com as mãozinhas na cintura.

— Será que podemos conversar agora?

— Kihyun qual o seu problema?

— jimin, por favor... Eu sei que eu errei, mas eu só quero 5 minutos, vamos conversar.

— Não há mais nada para conversar, que inferno!

Ele bateu o pé no chão, chamando a atenção do porteiro, e me assustando.

Ele deve realmente me odiar...

— Cinco minutos — insisti. — e nada mais...

O implorei.

Ele pareceu um pouco menos bravo, e respirou fundo.

— Ok, cinco minutos. Mas você não vai entrar no meu apartamento!

Como eu disse um pouco menos bravo.

— Sem problema, podemos dar uma volta?

Ele assentiu e eu faltei pular, sentindo meu coração acelerar.

Ok respira... O coração é fraco, e eu não quero morrer agora.

Começamos a andar na calçada mesmo, lado a lado, e eu ainda me sentia nervoso.

— Olha, você pode começar a falar se quiser. — ele disse me olhando.

Assenti rápido, e tentei juntar algumas palavras, para fazê-lo uma pergunta coerente.

— É... — Nada vinha à mente. — Como você está? Digo como o bebê está?

Ele parou de frente a um playground e me olhou.

— Estamos ótimos, mas foi pra isso que queria tanto conversar? Você poderia ter perguntado lá.

— Não! — neguei rápido com as mãos balançando. — Quer dizer, sim. Eu quero saber como estão, mas não é isso que eu quero conversar com você.

Ele assentiu me observando.

— Podemos nos sentar ali? — apontei para um banco de concreto que tinha no playground.

— Ok hyun, mas lembre 5 minutos.

Assenti e caminhei com ele, sentando cada um na ponta do banco, deixando um enorme espaço entre nós.

— Pode começar. — ele disse sem me olhar.

— Primeiramente Desculpa. — ele olhou pra mim fazendo uma caretinha. — Estou falando sério jimin, por favor, me desculpa.

— Pelo quê? — ele queria ouvir, queria saber se estava realmente arrependido.

— Por ter te destratado, por ter diminuir, e por querer interromper a gestação sem saber a sua opinião primeiro.

Ele respirou fundo, e enfim me olhou nos olhos.

— Hyun, você me magoou muito... Você nem quis conversar. Poxa, apenas me humilhou e não se importou. Foram três meses hyun que você não nos procurou.

Cada palavra era uma tapa na minha cara.

— Eu sei, eu sei, mas jimin entenda... Eu sempre tive medo de ser pai, por conta da minha infância.

Mentira, eu sou um grande mentiroso. Fala a verdade para ele, fala agora!

Nem meu subconsciente gostava de mim.

— Isso não tem nada a ver hyun, você podia ser um pai muito melhor do que o seu foi.

Impossível, aquele homem era perfeito. Mas Jimin não sabia disso, não sabia que o ruim na verdade era eu.

— Eu sei, e é por isso que estou aqui.

— Isso é verdade, eu queria tentar ser um pai pra essa criança. Não para ser melhor que o meu, mas para ser mais do que o meu foi, querer participar da vida dele ainda sendo meio impossível, e tendo o mesmo provável futuro, ou seja, a morte.

— Jimin eu quero isso. Eu quero ser o pai que eu não tive, eu quero participar de tudo... Você pode não me perdoar, mas não me afaste do meu filho, por favor.

Era uma súplica novamente.

Estava na cara que Jimin já não me queria mais, o sorriso para o outro rapaz pareceu sincero, mas mesmo assim ainda tínhamos o bebê, e isso eu realmente queria.

— Eu te afastar? Você mesmo se afastou hyun... Por que não nos procurou em três meses?

Fala, fala logo para ele.

Meu subconsciente implorava.

A vontade de chorar veio, era tão difícil...

— Diz... Porque não nos procurou?

Porque eu sou um lixo, porque eu irei morrer logo, porque eu queria te poupar... Porque eu te amo.

Eram muitos os pensamentos.

— É difícil... Eu não podia te contar. — Mentira, eu podia sim. — eu... Jimin eu estou com uns problemas, e fiquei com medo de atrapalhar a vida de uma criança com isso. — isso era verdade.

— Que problema hyun? — ele procurou meus olhos, mas permaneci olhando para baixo.

— Não importa. — Claro que importa seu idiota.

— O que importa é que eu quero esse bebê, eu quero ser o pai que ele merece, quero me redimir.

Ouvi um suspiro, e em seguida sua voz.

— Olha, por mais que eu queira, eu não posso te afastar. Legalmente você tem direitos paternos sobre essa criança assim como eu.

Levantei meu olhar, sentindo um fio de esperança.

— Mas eu não irei voltar. Você pode ser o pai que quer ser, até porque não posso impedir, será assim... Você lá e eu cá. Nossa história já acabou.

— Mas jimin...

Era óbvio que tudo havia acabado e eu nem sabia o porquê de insistir. Jimin estava feliz, e tinha que continuar assim.

— Não hyun, está decidido. Minha vida está indo para frente, eu sou independente agora.

— Mas eu já pedi desculpa pelo que disse...

Deixa de ser idiota hyun, ele não vai voltar.

Meu subconsciente parecia gostar de me maltratar.

— Eu sei, e eu já te desculpei, mas não iremos voltar. É isso.

Ele ficou de pé, e só então eu entendi de uma vez por todas, que eu e ele, já não existíamos a tempo.

— Não irei insistir porque sei que errei demais.

Ele assentiu começando a retornar, e eu o segui, indo logo atrás.

Estávamos caminhando em silêncio, mas logo um assunto me veio à mente.

— Mas me diga... Você já sabe o sexo?

O perguntei meio inseguro, com medo de receber um tapa, ou sei lá...

— Ainda não, mas seu nome será Jiwan.

Surpreendi-me com aquilo.

— Já escolheu o nome? — ele me olhou sério. — Desculpa não participar disso junto a você, Jiwan é um lindo nome.

— É sim. Park Jiwan. — parei olhando-o seguir andando, olhando para frente.

— Ele... Ele terá apenas o seu sobrenome?

Ele se virou me olhando feio.

— Sim, algum problema?

— É que... Por pior que seja, eu... Eu sou o pai dele também, né?

Tentei não parecer grosso, mas poxa... Eu queria o meu sobrenome nele.

— Há um dia você não queria saber como estávamos, e agora quer até dar o seu sobrenome?... Não entendo você.

Senti a mágoa novamente em suas palavras.

— Jimin olha. — Segurei seu braço, eu queria explicar o porquê de tudo aquilo. — Eu não tenho muito tempo... É difícil te explicar agora, mas tudo o que eu tenho é dessa criança.

— Como assim não tem muito tempo? O que aconteceu com você?

Ele me encarava, tentando entender, mas nada saía de minha boca.

— É complicado... Mas eu estou sendo verdadeiro com você... Faremos assim, ele não precisa ter meu sobrenome, mas me deixe entrar no registro, me deixe pôr em sua certidão que eu sou o pai biológico.

Eu estava suplicando, e continuaria a suplicar.

Ele me olhou estranho novamente, talvez me achando um louco.

Ok hyun, como já te disse esse é um direito seu. Pode pôr o seu sobrenome se quiser também, mas, por favor, não me faz arrepender.

Assenti rápido, e não pude conter o sorriso que me aparecera no rosto.

Depois de meses no escuro, eu enfim, estava sentindo alegria, e vendo a claridade.

O abracei em impulso, mas logo me toquei do ato, e me afastei, sentindo a vergonha me preencher.

— Yoo park jiwan...

O nome ecoava em minha cabeça, me enchendo de orgulho.

— Nada disso! — sai de meu mundinho, e encarei jimin, que parecia bem irritado a frente. — Se quiser será Park Yoo Jiwan, ou ficará Park Jiwan apenas.

Sorri de sua pequena birra fofa e neguei.

— Park Yoo Jiwan é lindo. — e realmente era.

Ele sorriu pra mim parecendo satisfeito.

— Agora tenho que ir. — ele disse retornando a andar.

— Ah, sim... — Eu me sentia perdido.

— Eu deixei meu carro próximo, então te acompanho até o prédio.

Ele assentiu e então começamos a andar, conversando mais sobre o bebê.

Jimin me disse que estava com dezoito semanas, mas isso era tão complicado de entender, então me explicou que era o quarto mês de gestação.

Também me explicou o que houve no centro com ele e o bebê, e que o mesmo rapaz que havia visto hoje, tinha o salvado. Fiquei em pânico.

Jimin e o bebê poderiam ter morrido, e eu nem ficaria sabendo. Graças aos céus, eles estão bem.

Despedimo-nos, e então retornei para casa.

Cheguei contente, me sentindo leve, e ao olhar para o quadro dele, me senti mil vezes mais feliz.

Foi então que fui deitar, pensando em como contaria a ele sobre a doença... Ao fim não consegui pensar em nada, e assim dormi.

No dia seguinte, recebi uma ligação de minha secretária, lotada de contratos, audições, burocracias e mais burocracias.

Respirei fundo, e vi que era a hora, de me afastar.

Então foi com essa ideia, que entrei em minhas redes sociais, para deixar uma nota de esclarecimento, e aproveitando meus muitos seguidores, para contar sobre o bebê e a doença também.

Jimin iria me matar, isso é claro. Mas eu não via outro meio de contar a ele, sem ser diretamente em sua cara, correndo o risco de apanhar.

Então basicamente, escrevi a nota da melhor forma possível e a publiquei.

"Olá, aqui é Yoo Kihyun, atual CEO da kabum entertainment, e venho por meio desta nota, explicar alguns acontecimentos recentes em minha vida, e deixar todos os que são fãs da minha empresa, e do meu trabalho, ciente de tudo".

Recentemente tive o prazer de receber a notícia de que serei pai.

A notícia me pegou de surpresa, mas atualmente é a melhor coisa que poderia ter me acontecido.

Espero que apoiem a mim e a meu ex-noivo, Park Jimin nessa nova fase de nossas vidas.

A felicidade é tanta, que invade todo meu peito, acreditem.

Outra coisa que preciso contar para vocês, é que precisarei me afastar por tempo indeterminado, devido a um problema de saúde.

Atualmente estou passando por um tratamento e precisarei me afastar para que consiga melhores resultados.

Peço desculpa por trazer a notícia dessa maneira, mas infelizmente é a realidade. Tentem focar apenas na boa notícia que será a nova vida que está para chegar ao mundo, e acreditem que eu ficarei bem.

"Espero poder retornar em breve, amo muito vocês".

Meio hora, e já era um dos assuntos mais comentados.

A TV já noticiava, e não demorou muito, para receber uma mensagem de jimin.

Minnie: Hyun, é verdade o que eu vi na tv?

Olhei a mensagem e o medo de responder e ele querer me matar, foi grande. Então sentei olhando para a tela, pensando se o respondia ou não.

Eu tinha que enfrentar isso, então pedi aos céus que ele não quebrasse minhas pernas por isso.

Me: Sim, desculpa não ter te contado ontem, fiquei com medo de te assustar.

Não demorou trinta segundos e a resposta veio.

Minnie: Então foi por isso que voltou? Que doença é essa?

Expliquei toda a situação, e também do meu tratamento no Japão. E que eu sabia antes mesmo dele dizer sobre a gravidez, bem antes.

Disse sobre o meu medo sobre a criança sofrer sem um pai, assim como eu, mas também disse que vi o quão forte ele era, e que mesmo sem mim, ele iria se sair bem.

Eu sabia que Jimin iria sofrer com isso, mas talvez assim, afastados, ele sofresse menos.

No mesmo dia, fiz mais um dos tantos exames rotineiros, e vi que meu problema continuava na mesma situação. Sem melhoras.

Tive uma reunião, e quase fui comido vivo, por todos os acionistas, por anunciar um afastamento assim do nada, sem ter avisado com antecedência.

Mas sendo bem franco, eles que se fodam, eu quero paz agora, quero poder curtir meu pequeno, e quem sabe viver mais um ou dois anos para o ver me chamar de "papai".

Quando já estava anoitecendo, recebi uma mensagem de jimin, dizendo que nosso bebê com certeza iria amar a zebrinha, e que teria um ultrassom, na qual eu poderia ir também.

Faltei pular de alegria, mas durou bem pouco, porque lembrei que no mesmo dia de seu exame, teria a reunião para decidir quem ficaria no meu lugar, provisoriamente.

No dia da reunião, cheguei bem cedo, analisando cada candidato que o conselho sugeriu, mas apenas um era adequado, e esse no qual eu já havia escolhido antes mesmo de abrir a pasta, era o meu único amigo ali dentro.

— Chae Hyungwon, você me substituirá.

Falei por fim, deixando todos de queixos caídos, até mesmo o Chae.

Na real, havia muito acima dele naquela empresa, mas ele é meu braço direito, e meu único amigo, então merece o cargo.

Antes de Jimin, costumávamos sair muito, era somente eu e Chae, e nos divertimos muito, mas depois que firmei relacionamento com Jimin, Chae se afastou um pouco, mas ainda era ótimo comigo e completamente de minha confiança.

— Será um prazer senhor. — ele ficou de pé, e fez uma reverência. — farei o meu melhor.

Sorri para ele assentindo.

— Tenho certeza que irá.

Chae além de ser ótimo com os negócios, ele tem a imagem que o povo quer ver. Ele é bonito, anda sempre bem vestido, super educado... Um verdadeiro CEO.

Olhei o relógio e me assustei com a hora, estava quase na hora do ultrassom de Jimin.

Despedi-me rápido de todos, ainda ouvindo reclamações de que havia candidatos melhores, e taquei o "foda-se eu sou o chefe" para eles, e praticamente sai voando, para a clínica. Felizmente, assim que cheguei, Jimin e Seokjin ainda estavam na entrada, então deduzi que haviam chegado há pouco tempo também.

Os cumprimentei e entramos na clínica.

Já na sala, me apresentei devidamente ao doutor, e ele nos explicou um pouco sobre o exame.

Quando Jimin levantou a blusa, eu me surpreendi. Nunca pensei que veria algo tão perfeito assim de perto e senti uma vontade tremenda de tocar, mas o corpo era dele, e não podia chegar assim tocando, então apenas me expressei com um grande "uau" mostrando que aquilo era realmente incrível.

O doutor começou o exame, e senti muito medo àquela hora, pois descobri que havia chances, bem poucas, do bebê herdar o problema no coração. Mas felizmente, o doutor garantiu que "ele" estava bem.

Chorei, chorei muito de alívio e felicidade, e senti mais vontade ainda de chorar quando o doutor nos mostrou que nosso bebezinho era um meninão.

Eu me culpei tanto... Se pudesse voltar e retirar tudo o que disse, eu fazia, porque a imagem do ser pequenino, que mexia de um lado a outro era a mais perfeita que poderia existir.

Quando saímos da clínica, a ficha realmente caiu.

Eu seria pai, e pai de um menino!

Eu, Yoo Kihyun, seria pai de Park Yoo Jiwan.

A felicidade foi tanta que me peguei pulando e sorrindo, abraçando jimin e agradecendo aos céus por nosso menino.

Seokjin igualmente a mim surtava, e Jimin apenas ria.

O vi pegar o celular, e ligar para alguém de sua lista de contato.

— Está tudo ótimo, adivinha!

Ele sorria para o nada, com o celular ao ouvido.

"Deve ser sua mãe, pensei."

— Sim, você acertou! Jiwan é um garotão...

Sorria, mais e mais, e eu apenas observava sua felicidade.

Como eu fui tolo em achar que ele me escolheria, é óbvio, que ele ama esse bebê desde o dia em que soube.

E eu que fui idiota de não o amar também.

— Comemorar?

Ele sorria com um dedo na boca, roendo o canto da unha, totalmente alheio.

— Está bem, irei te esperar... Tchau jungkook-ah.

Jungkook-ah... JUNGKOOK-AH?

Quem é jungkook-ah?

— Ele também chutou que era menino?

Jin o perguntou, então ele também sabe quem é Jungkook-ah...

— Sim, ele estava bem confiante.

Jimin o respondeu sorrindo, o mesmo sorriso que deu quando viu aquele rapaz... O mesmo sorriso que deu quando se despediu dele no carro, o mesmo sorriso que um dia foi pra mim.

— Quem é Jungkook-ah...?

Eu tinha mesmo que perguntar? Eu sou um idiota viu... Burro, burro.

— Apenas um amigo. Agora, vamos? — olhou para Seokjin. — preciso ligar para minha mãe contar a novidade!

Assenti e o olhei. Ele permaneceu parado, e só então me toquei, que essa era a hora de ir.

— Eu... Hm... Eu posso ir te ver? Digo, para conversarmos sobre o bebê... Comprar as coisinhas.

Eu sou patético, pode dizer.

— Pode, mas me avisa antes, ok?

Assenti e assim sai.

No carro estava lotado de sentimentos, surpreso, alívio, felicidade, ciúmes... Ciúmes? Eu sou a última pessoa que tem o direito de ter ciúmes de jimin, e preciso por isso na cabeça logo, porque parece que o tal jungkook-ah já o tem, e na real, eu que fui trouxa e o perdi, o entreguei de mão beijada, então basta agora focar na minha saúde e no meu bebê.

O bebê... Meu menino... Meu jiwan.

Ah, eu estou tão feliz.

Continua...



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