História Unloved - Unloved - Capítulo Único

Thought I found a way
Thought I found a way out (found)
But you never go away (never go away)
So I guess I gotta stay now
Oh, I hope some day I'll make it out of here
Even if it takes all night or a hundred years
Need a place to hide, but I can't find one near
Wanna feel alive, outside I can't fight my fear
 

Lovely - Billie Eilish, Khalid

À beira de um precipício, Akaza observava os fogos. 

Havia poucas que o incomodavam, e não saber o porquê retornava aquele ponto ano após ano para observar as luzes brilhantes no céu era um deles. Naquele momento, não queria lutas, apenas queria estar ali, contemplando a noite.

Ele não sentia qualquer coisa que não fosse raiva e adrenalina há bastante tempo. Mais anos do que poderia se lembrar. Então o que era aquilo? O que era esse vazio dentro de si? Essa sensação que corroia cada pedaço seu?

Soube que haviam alguns caçadores de demônio naquela região mesmo antes deles serem capazes de identificá-lo, mas não queria fugir. Eles não poderiam estragar aquilo, não aquela preciosa noite.

Continuo assitindo até que os incomodos humanos chegaram. Os matadores de demônio haviam mandado um esquadrão completo atrás dele, mas supunha que eles não sabiam que era um dos doze Kikuzu pois não havia nenhum Hashira no grupo. Apenas aquele garoto. 

O garoto ruivo que havia encontrado em sua última luta contra o pilar do fogo, quando matou Kyojiro Rengoku e ganhou a batalha que estavam travando estava lá. Por mais que quisesse, não conseguia se aquecer e ficar com raiva pelo golpe humilhante que o menino havia acertado em seu peito, apenas lembrar de suas palavras, que ele era um covarde e que o guerreiro do fogo era o vencedor da luta, pois havia protegido todas as pesosas do trem. 

Que tipo de objetivo era esse? Proteger as pessoas? Ele havia tecnicamente ganhado o combate, matado Rengoku e deixado o seu corpo, tão humano e frágil, se decompor sobre o sol que ele tanto adorava. 

O som das buscas era incomodo, então o demônio resolveu que terminaria logo com aquilo e daria aos caçadores uma morte breve e misericordiosa. Depois, ele voltaria para continuar a sua cerimônia anual. 

Entrou na floresta e, um a um, derrotou aqueles que o aboreciam, mas deixou o menino ruivo por último. Seu plano era rapidamente matar ele com um golpe em seu peito, como vingança pelo corte que foi lhe dado. 

Mas, ao parar em uma árvore para observar o caçador, ele viu os seus olhos, gentis, tentando curar um humano ferido ao seu lado. Aqueles mesmo olhos castanhos avermelhados que, uma vez, deixaram o seu espiríto bambo quando se foram. Desnorteado. A ponto de matar e lutar por eras apenas para suprir o vazio que deixaram. 

Koyuki

Keizo

Ele se lembrou desses nomes, mas não sabia quem eram. O que elas fizeram? Porque pareciam tão especiais? Por que o vazio que sentia havia sumido? A sensação gelada passou a dar lugar a um sentimento morno e agradável, um formigamento leve em  torno de seus braços, suas mãos e seu rosto, como se alguém o estivesse abraçando, segurando seus dedos e beijando suas bochechas.

Pela primeira vez em séculos, aquele vazio se preencheu porque o demônio se lembrou de como era ser amado. Por isso, quando o caçador de demônios encontrou os olhos da lua superior número três, ele viu suas lágrimas.

Akaza não iria lutar. Naquele momento, com as lembranças da mulher que um dia o amou fluindo pelo seu coração e destruindo cada uma de suas muralhas, não conseguia matar o caçador de demônios. 

Ignorando tudo ao seu redor, ele correu e, em meio a sua fuga desesperada, se deu conta que o garoto estava certo. 

Kyojiro Rengoku havia ganhado. Ele salvara a todos, que voltaram para as suas casas e encontraram aqueles que amavam.

No fim, aquilo era tudo que o Lua Superior Três queria. Akaza queria ser amado, mas ele não poderia se lembrar disso quando o sol raiasse.

Então, no dia seguinte, ele apenas tornaria sua técnica e a sua luta o seu sentido. O sentido da sua miserável e infinita vida.