História Unpack Your Heart - Tear In My Heart

– Será que você podia ficar calma, por favor? Eles não são nenhum bicho-papão - Marco pede pelo o que parecia ser a quinta vez dentro de uma hora.

Mabelle se remexia constantemente no banco do passageiro, fazendo as mesmas perguntas que Reus já havia respondido dezenas de vezes.

Ela soltou um suspiro pesado e se virou pra olhar a estrada pela janela.

– Eles vão te adorar, honey – ele a tranquilizou. – É impossível alguém não gostar de você.

Ela lhe deu um sorrisinho fraco e se inclinou para aumentar o som do carro. Como era tradição, os dois haviam tirado no pedra, papel, tesoura pra saber quem seria o DJ. Ela ganhou de novo.

Marco não entendia o que ela fazia para vencer todas as vezes.

Uma batida se iniciou e Mabelle acompanhou a música cantando e dançando.

Marco não entendia uma palavra do que ela estava cantando, só se alegrava ao vê-la mais animada.

Seus olhos lentamente rolam desde a blusa dela, por suas pernas bronzeadas e de volta pra cima novamente. Ele expira.

Marco não tem certeza de que poderia lidar com isso. Especialmente quando as três mulheres da sua vida estivessem por perto.

Os dois estavam indo para um almoço na casa dos seus pais. Dona Manuela, mãe-coruja como era percebeu certa mudança em Reus. Meio sem jeito, ele lhe falou de Mabelle.

Ela, é claro, fez todas as perguntas de praxe, declarou o clichê: o importante é que você esteja feliz; e fez uma intimação para Reus levar Mabelle para conhecer sua família.

Marco sabia que suas irmãs estariam histéricas. Não era um evento comum Marco apresentar alguém que não fosse um jogador à família. As duas o consideravam um caso perdido em relacionamentos.

A casa dos pais ficava somente à alguns quilômetros da sua, mas fora de Dortmund, num lugar mais tranquilo. Os pais sempre gostaram da normalidade do dia a dia e não suportavam bem o assédio da mídia.

– Você está pronta? – ele pergunta ao estacionar na frente da casa dos pais.

– Acho que sim. O mais embaraçoso que poderá acontecer será eu contando piadas bobas.

Ela sorri tentando disfarçar o nervosismo.

Marco aperta sua mão levemente e dá um beijinho em seu nariz.

– E eu estarei bem ao seu lado pra rir de qualquer coisa.

Mal saíram do carro e Marco já escutava uma vozinha bem familiar lhe chamando.

– Onkel Reus!

Nico aparece correndo em direção ao tio, pulando diretamente em seus braços.

– Como está o menininho do tio Reus, hein? – Marco sorri bobamente, deixando beijos em toda a face do sobrinho.

Mabelle se aproxima de Marco.

– Olha, Nico. Essa é a Mabelle.

Nico a encara com olhos curiosos, olha de volta pro tio e de volta pra Mabelle.

– Olá, Nico. Ouvi falar muito de você, sabia? – ela sorri pra ele.

Nico parece ponderar sobre o que fazer. Mas Mabelle é mais rápida.

– Ouvi dizer que você gosta de cachorrinhos? Isso é verdade?

Ele a olha atentamente e responde rapidamente.

– Eu tenho um filhotinho, sabia? O nome dele é Sommer. Foi o tio Reus que me deu ele.

Nico se contorce para descer dos braços de Marco, vai até Mabelle, pega seu braço e a puxa pra dentro da casa.

– O Sommer gosta de visitas. Vamos.

Parados em fileira, está sua família reunida.

Seu pai, Thomas lhe cumprimenta com um aperto de mão e um abraço rápido.

Sua mãe, Dona Manuela se demora analisando suas feições, dizendo que Marco havia emagrecido, que estava se alimentando mal.

Yvonne, lhe dá um abraço apertado e sussurra em seu ouvido que Mabelle  encontrou o ponto do fraco do Nico.

Melanie lhe recebe com um beijo na bochecha é uma batida no bumbum.

Mabelle segurava a mãozinha do Nico, lhe falando sobre ir passear com Sommer mais tarde.

Marco estende uma mão até ela. Ele percebeu que Nico não soltara a mão dela ainda.

– Família, esta é Mabelle. Mabelle esta é a minha família.

Mabelle vai até cada um sorrindo, com Nico em seu encalço.

– Estou muito feliz em conhecer vocês.

– Nós é que estamos, querida. Vamos entrar, venham - sua mãe responde com meiguice.

Mabelle se oferece prontamente para ajudar nos preparativos pro almoço. Marco fica na sala brincando com Nico e conversando com seu pai.

Apesar de ter garantido à Mabelle que não havia com o que se preocupar, Marco não podia negar que estava nervoso com a reação de suas irmãs. Elas costumavam ser bem críticas com qualquer mulher que Marco sequer cogitasse em sair.

Curiosamente, Melanie, Yvonne e Mabelle pareciam estar se divertindo juntas na cozinha, preparando os ingredientes para uma salada.

Pelo canto do olho, ele notou o olhar admirado da mãe, balançando a cabeça satisfatoriamente pra cada coisa que Mabelle falava.

Ver o quanto Mabelle era boa em fazer amizades, o lembrou da briga dos dois por conta do esquecimento dela e do ciúme de Marco.

Não foi o fato de que ela estava sozinha com alguém. O que o havia aterrorizado foi sua reação de babaca.

A vontade de puxar o cara pelo colarinho e o colocar contra a parede e esmagá-lo.

E sua vontade de  jogá-la contra a parede e lhe mostrar todas as maneiras que poderia garantir que ela nunca mais seria tocada por outro homem novamente.

O que lhe deixou mais nauseado ao relembrar esse momento foi perceber que não sabia como agir. Que ele havia esquecido aquele sentimento angustiante. O maldito ciúme. E quando ele veio à tona tão de repente, ele quase não soube se controlar.

Marco não gostava de se sentir assim. Ele sabia que ela estava falando a verdade e estava certa, mas sua cabeça continuou criando coisas onde não havia.

Mas só de pensar que ela continuaria vendo o tal Paul, fazia uma onda de ciúme lhe invadir.

Mas isso era algo que ele teria que aprender lidar. Mabelle não curtia brigas. E tudo que ele não queria era afastá-la por um ciúme bobo.

- Marco, esquecemos o bolo no carro. Pode pegar pra mim? – ela apareceu na sala, ainda de avental. Tinha feito um coque no cabelo e tinha um ar feliz no rosto.

Suas irmãs apareceram atrás de Mabelle e enquanto ela falava as duas fizeram um gesto de positivo com as mãos, aprovando a escolha do irmão.

Marco revirou os olhos. Quem não aprovaria aquela mulher?

••••

Thomas olha para o filho da mesa da sala de jantar e sorri, apontando para o prato após o terceiro pedaço de bolo.

"Ela é um tesouro".

Estavam reunidos na mesa comendo o bolo que Mabelle havia feito.

Marco estava até enjoado com a quantidade de elogios que sua família despejou em sua namorada.

– Mabel, Sommer quer passear – Nico chamou dengosos por sua mais nova amiga.

– Oh, querido. Venha, não podemos deixar Sommer esperando – ela se levantou da mesa pedindo licença e Marco a seguiu.

Nico os guiou até a garagem, se aproximando de um pequeno cesto no canto da parede.

– Olha, Mabel, ele tá acordando!

– Mas que ser mais fofinho é esse - Mabelle se deleita, pegando o filhote de Golden Retriever no colo.

– Deixa eu pegar ele, deixa! – Nico se estica, tentando alcançar a pelagem macia de Sommer.

– Aqui, Nico. Que tal brincarmos com o Sommer lá fora, hein? – ela pergunta, colocando o cachorro nos braços da criança.

– Oba. Eu quero.

Nico saiu em disparada, sem esperar segurando o animal em seus bracinhos desajeitadamente.

Mabelle o segue sorrindo.

Lá fora, sua mãe e irmãs se juntam ao cortejo pra assistir Mabelle brincando com Nico.

Os dois correm de Sommer, fingindo estar aterrorizados. Mabelle senta no chão junto com Nico e ficam alisando o pelo do filhote. Os dois parecem conversar algo muito sério, pois Nico sequer pisca ouvindo o que Mabelle fala.

Marco a encara, e seus olhos se encontram brevemente. Ela redireciona sua atenção até o garotinho na frente dela e lhe diz alguma coisa. Quando ela termina, sorri de volta pra Marco.

Nico se levanta, mexendo as pequenas pernas com rapidez, vai até o tio, ergue os braços, pedindo pra subir em seu colo. Marco o levanta prontamente, e Nico lhe sussurra em seu ouvido:

– Mabel disse que o Onkel Reus é muito bonito. E que ela gosta do tio Reus. Mais do que gosta do Sommer.

Marco olha pra Mabelle que continua a brincar com Sommer. Ele passa Nico de seus braços para o de sua mãe sem prestar atenção.

Ele caminha devagar até a namorada, sentindo sua adoração por ela aumentar.

Ela se levanta segurando Sommer, mas envolve a cintura de Marco com um dos braços. Ele deixa um beijo um sua testa.

– Eu estava conversando com Nico, sabe. Explicando que o Sommer vai ser um amigo muito especial pra ele. – ela comenta com simplicidade.

Marco sorri e acaricia as orelhas do filhote.

– Você acha que poderíamos ter um também? Um dia ? – pergunta cautelosa.

– Honey, não há limite para nós. Só basta estarmos juntos.

                                                                               ****

– Ainda bem que acabou, mais um minuto e eu sairia correndo por aquela porta - Elena fala se afastando das câmeras.

Elena foi a  modelo contratada para posar junto à Marco na campanha da Pursuit  Fashion. Ela põe uma perna na cadeira para retirar seus tênis.

Os olhos de Marco vasculham o corpo da mulher, ao vê-la se curvando.

Ele até que gostava de pagar de modelo...

Um pigarro alto faz Marco desviar o olhar do pecado na sua frente.

Mabelle está na frente da porta, o olhando sério. Ele não consegue ler sua expressão, porque não é uma que já tenha visto antes.

Mas tem certeza que ela percebeu que ele estava secando a bunda de outra mulher. Para disfarçar, ele anda até ela sorrindo, tentando parecer inocente.

Ela sorri e envolve os braços em volta do seu pescoço, enquanto Marco desliza as mãos para sua cintura e os dois se beijam pela primeira vez em dois dias.

Marco adora o quanto ela cheira bem, e como ela tem um gosto bom. Deus, como tinha sentido sua falta.

– Casa? – ela pergunta e ponta para a porta às suas costas.

– Com certeza. Preciso muito dormir – ele se alonga e estremece um pouco. - Até a próxima, pessoal.

- A gente se vê por aí, Marco - Elena grita audivelmente. Reus finge não ouvir, mas escuta Mabelle ranger os dentes ao seu lado.

Mabelle entra no quarto, assim que Reus bloqueia o telefone, colocando-o em sua mesa de cabeceira. Ela faz seu caminho em direção ao namorado, ficando cara-a-cara com ele, então se senta de pernas cruzadas.

- Você estava babando em cima da bunda dela.

Porra.

Marco esperava que ela não se importaria com tal fato.

- Eu sou homem, e homens reparam nessas coisas - responde. Em seguida beija sua boca.

Mas Mabelle não retribui.

- Ela era muito bonita. E tinha um bundão mesmo - ela diz. - Onde foi parar minha herança brasileira? 

Ela faz um biquinho com a boca, e aperta o seu bumbum desanimada.

Marco ri, então pega suas mãos e segura.

- Eu prefiro a sua, chérie - diz a ela. - Sempre vou preferir você.

Marco pega seu rosto e a beija intensamente, tentando fazê-la perceber que não há motivos para preocupações.Que ela é única coisa que ele precisa.

Ela se aconchega em seu peito e em pouco tempo os dois adormecem.

****

Mabelle acorda ao escutar um celular tocando e Marco virando pra longe do barulho. Ela pega o aparelho, sonolenta, tocando  a tela para o som irritante parar. Bocejando para se deitar novamente, ela vê que havia uma nova mensagem.

Abriu a mensagem, pensando que talvez Sophia estivesse tirando uma com sua cara.

" Por que foi embora tão cedo naquele dia? Mal tivemos tempo para nos conhecer melhor...E".

Franze a testa, procurando algum sentido naquilo. Até ela se dar conta de que aquele não era seu telefone.

What the hell?

Mabelle ficou se revirando  de um lado para o outro, pensando no significado da mensagem. A tal de E seria com certeza a garota que ele estava secando  ainda mais cedo aquele dia.

Marco dormia feito um anjo, o que deixava Mabelle mais irritada. Sua vontade era jogar o celular em sua cara e perguntar que porra era aquela. Ela odiava julgar os outros, mas uma mensagem ser enviada tão tarde, não lhe parecia ser uma coisa inocente.

Odiava as imagens estúpidas que sua cabeça teimava em criar, de Marco em alguma boate com a tal modelo. Sabia que era ilógico imaginar isso, pois ela realmente não acreditava que ele ficaria com outra pessoa estando com ela. Ainda naquela noite, ele lhe disse que não precisava de mais ninguém.

Mesmo assim, o "e se" continuava a martelar em sua cabeça. Olhou pra ele novamente, tão perto dela e se aconchegou em seus braços, tentando afastar tudo da sua mente. Pensaria sobre isso amanhã.

****

Mabelle se sentia estranhamente enjoada naquela manhã enquanto ia da casa de Marco para sua aula no San Jose. Marco ainda dormia pacificamente quando ela deixou seu apartamento. Ela precisou de uma enorme xícara de café para conseguir passar a manhã em pé. Ela ainda estava nervosa, sabia que teria que enfrentar Marco mais tarde. Lhe aterrorizava pensar que talvez ele tivesse mesmo saído com tal mulher. 

- Mabelle? Mabelle!

A voz de Sophia a arrancou de seus devaneios. Ela acenava diante dos olhos vidrados de Mabelle.

- Desculpe. O que você dizia?

As duas haviam marcado de almoçar juntas e Sophia lhe contava animadamente do cara que havia conhecido em Londres.

- E o Erik? - Ma perguntou sem se importar com o tal Robert que ela falava.

Ela deu um suspiro.

- Faz um tempo que a gente não se vê - ela encolheu os ombros.

Ela ficou em silêncio enquanto colocava uma colherada de pudim na boca.

- Por que você fugiu dele, Soph? -  Ma quis saber.

- O que mais eu poderia fazer? - Sophia refletiu, os olhos ficando inexpressivos.

- Poderia ter conversado com ele. Simples assim - insistiu.

- A gente discutiria de novo. Somos muito diferentes. - comentou ela, com uma nota de tristeza na voz.

- Mas são as diferenças a graça de tudo, Soph. E vocês se irritarem tanto um com outro só mostra que se importam. Que querem ficar juntos.

- Mas eu não sei como fazer isso - ela gemeu, derrotada. - Ele é incrível, sabe. Ele me fala coisas bonitas, e eu até sinto vontade de dizer algo de volta, mas sempre digo algo que estraga tudo.

- Você pode começar assim: Faça uma lista com todas as coisas que você gosta nele - Mabelle propôs. - E diga isso pra ele.

O queixo de Sophia caiu.

- De jeito nenhum. Que tipo de pessoa você acha que eu sou? 

Mabelle dá de ombros.

- O tipo que se importa. O tipo que corre atrás do que quer. 

Soph suspira e depois sorri aceitando a sugestão.

- Ele vai gostar disso. Ele é tão meloso - ela faz uma careta e ri alto.

Assim, graças a Sophia, Mabelle havia esquecido do pequeno incidente do telefone de Marco. Até o momento em que ela repara na revista jogada em cima da mesa vizinha. Ela se levanta e apanha o conteúdo, os olhos varrendo a capa.

Na noite de domingo, Marco Reus foi visto com Elena Dolohov,modelo russa, em restaurante no centro da cidade. Será esse um novo casal? Veja mais na pág. 15.

Na imagem aparece Marco conversando atentamente com a mulher em uma mesa do restaurante, sozinhos. 

Mabelle revira as páginas rapidamente, sentindo o sangue escapar de seu rosto.

Romance na noite de Dortmund?

Marco Reus, 26 anos, aclamado jogador do Borussia Dortmund, foi visto no último domingo (10), em um jantar ( romântico?) acompanhado da modelo russa, Elena Dolohov, 25 anos. A estrela do Dortmund é conhecida por manter sua vida pessoal fora das manchetes, mas alguns clientes do local afirmaram que Reus estava bem à vontade ao lado da modelo. Diversas fãs do jogador comentaram na página da Gold na internet, o quanto Reus parecia feliz nas últimas semanas. A modelo é conhecida por diversos trabalhos em seu país e outros aqui na Alemanha, tendo se mudado para nosso país no ano de 2015. Será a bela Elena o motivo da recente alegria de Marco Reus?

Mabelle ainda estava paralisada quando seu telefone tocou. Sophia aproveitou para tirar a revista de suas mãos, jogando no lixo.

- É por isso que eu odeio revistas de fofoca - ela grunhe.

Mabelle se mexe. Pega o celular na bolsa. Uma ligação perdida. De Marco.

De alguma forma, parecia que o tempo corria em câmera lenta. Ela fecha os olhos e aperta a ponte do nariz.

O que, supostamente, ela deveria fazer em uma situação dessas?

- Mabelle, fique calma. Não se pode acreditar em qualquer coisa que a mídia publica - Soph explica.

Mabelle senta novamente, sentindo  o peso de cem elefantes em suas costas. E uma faca cortando o seu peito.

- Marco não estava comigo no domingo à noite. Ele disse que precisava descansar para o treino de segunda - as palavras saltam de sua boca sem nenhuma entonação.

- Ele mentiu pra você? - Sophia diz alto demais. Ela olha ao redor, tentando controlar a voz. - Mas porque ele faria isso?

- Não sei. Preciso falar com ele.

Ela se levanta e encontra o olhar preocupado de Sophia.

- Não precisa se preocupar, Soph. Eu vou sobreviver.

- Dê um soco nele por mim - Sophia fala trincando os dentes.

Mabelle respira fundo e atravessa a porta determinada.

****

- Você vai me contar o que está acontecendo? - Marco pergunta sério. Ele está sentado no sofá, inclinado pra frente, tentando acompanhar os movimentos de Mabelle pelo apartamento.

- Que tal você me responder essa pergunta? - ela rebate, parando à um canto da sala. Ela estava odiando aquela distância entre os dois. Mas precisava se manter firme.

Marco franze o cenho, confuso.

- Mabelle, eu não faço a minima ideia do que está acontecendo aqui.

- Onde você estava domingo à noite, Marco? - pergunta.

Por favor, não minta. De novo, não.

- Eu saí para uma reunião com Marcel. Esqueci de falar, desculpe. - ele fala depressa. - É por isso que está brava comigo? 

Duas mentiras. É como se Mabelle tivesse levado um chute no estômago. Ela sente a raiva dentro de si aumentar.

- E Marcel por acaso leva o nome de Elena Dolohov e fez mudança de sexo? - ela cospe as palavras.

- De onde você tirou isso? - ele pergunta aturdido.

- De uma manchete da Gold. É uma ótima forma de saber que seu namorado é um canalha...

- Ah, não - Marco responde apressado - Não, foi que...eu não sei. Eu queria te dizer, mas devo ter esquecido.

- Claro que esqueceu. Mas a bela Elena não! Já que se deu ao trabalho de te mandar uma mensagem duas da manhã. Você deve ter feito um trabalho muito bom com aquela bunda, não é? - Mabelle grita furiosa.

Marco a encara com incredulidade.

- Eu não saí com ela, eu juro! Eu estava com Marcell. E ele a levou também.

Mabelle balança a cabeça.

- Veja a notícia. Veja e me diga se eu devo acreditar em você.

Mabelle se senta, e leva as mãos ao rosto. Respira fundo e olha novamente para o namorado. Ainda seria seu namorado depois desta noite?

Marco grunhe olhando para o celular. E atira o aparelho no sofá.

- Não se tratava de um jantar romântico! Eles devem ter tirado essa foto quando Marcell saiu para atender um telefonema.

Ele caminha até Mabelle, tenta segurar sua mão, mas ela se afasta.

- Como você espera que eu acredite nisso? Vocês andavam trocando mensagens - ela mexe a cabeça, decepcionada.

- Mabelle, eu não troquei mensagens com ela. Por favor, eu não faria isso com você. 

- Você mentiu, Marco. Qual o ponto de termos um relacionamento se não há honestidade? - ela fala, jogando as mãos para o alto.

- Eu não menti. Eu não achei que fosse importante, depois eu esqueci de te dizer - ele insiste.

- Esqueceu de dizer que que estava saindo com outra? - Mabelle pergunta sarcasticamente.

Marco bufa exasperado, sem saber o que fazer.

- Escuta, se você quiser voltar a viver sua de vida astro de futebol, você pode. Você pode sair para beber com os amigos, pegar todas. Certamente você estava entediado de ficar enfurnado dentro de um apartamento – Mabelle argumenta, procurando uma resposta pra toda aquela bagunça.

- Eu vou fingir que não escutei você falar isso - ele responde, encravando os dedos nos cabelos, exaltado.

- É normal, Marco. Somos jovens. Entendo sua vontade de curtir por aí - Ma comenta displicente.

- Escuta você! Você deve achar que me conhece por algum estúpido estereótipo, mas eu não sou assim. E sim, eu não posso te falar quantas mulheres eu já conheci por uma noite. Mas eu posso dizer que na minha vida inteira eu só me apaixonei duas vezes. E uma delas foi por você. Agora me diga, por que motivo de merda eu ia querer acabar com a única coisa que tem me feito feliz?

Mabelle fica sem palavras. Foi como se ela tivesse levado um tapa na cara. Fazendo-a enxergar a verdade.

- E daí que ela me mandou uma mensagem? E daí que todos pensam que temos alguma coisa? Eu posso dizer pro mundo todo por quem eu estou realmente apaixonado. Que é por você.

Mabelle se afasta e anda até a varanda, olhando para a cidade. A cidade que lhe trouxera tantas surpresas. Que a fez conhecer a pessoa mais especial da sua vida. Por que havia começado uma briga sem esperar pra conhecer a verdade? Ela sabia que revistas de fofoca distorciam as coisas.

Ela se vira novamente. Marco está sentado, parecendo magoado. E com muita raiva.

- Marco - ela chama. Sem resposta. 

Mabelle volta e fica parada na frente dele. Ele não olha pra ela.

- Eu sinto muito por isso - ela começa.

- Você sente? Você vem aqui e joga esse monte de merda em cima de mim. Porque está comigo se não confia em mim? - ele a interrompe, furioso.

- Eu sei. Eu me preciptei, fui infantil. Fiquei cega. Mas você não vê porque fui tão burra? - ela pergunta.

Marco balança a cabeça negativamente.

- Eu entendo se sentir insegura em relação à outras mulheres, mas não em acreditar que eu faria algo assim.

- Mas você não entende como é pra mim. O que eu tenho pra te oferecer? Quando você tem uma fila infinita de Elenas atrás de você - ela comenta tristemente.

- Você não acha que fico preocupado também? Em saber que em algum momento você pode se cansar da minha rotina complicada, desses malditos boatos, da minha constante distração.

Marco a puxa para seu colo.

- Se quisermos fazer isso dar certo, você terá que confiar em mim, honey - ele sussurra.

- Se quisermos fazer isso, você terá que aprender que haverá alguns problemas pela minha insegurança - ela completa, passando os dedos pela bochecha dele.

- Estamos no mesmo barco.Não sei o que vai acontecer. Mas sei que eu quero você. Não é sobre o dinheiro, fama, beleza. É sobre você. Seu carisma, sua forma de me abraçar, seu cheiro. É tudo sobre você.

Ele a abraça fortemente. Mabelle se aperta contra ele, aliviada, ao mesmo tempo querendo passar todo o seu carinho por ele.

- Sinto muito. Mesmo. Acredito em você - ela diz, encostando o rosto dos dois.

- Eu acredito em nós - ele responde suavemente juntando seus lábios.

Mabelle corresponde ao beijo, sentindo seu coração aquecer. Pensando que Marco era como um rasgo em seu coração. Um rasgo que a fazia se sentir viva.