História Unsettle - Rave

Hazel P.O.V

Vai fazer alguma coisa hoje?

Já acordei com uma mensagem do Justin

Não, porque?

Passo pra te buscar as 17h, fala que vai dormir fora

Vai me sequestrar?

Tentador, mas hoje não

Vamos pra onde?

Você vai gostar, veste uma roupa confortável

Chato

Olhei a hora no celular e ainda eram 13h, levantei da cama, molhei o rosto no banheiro e desci para comer alguma coisa encontrando o Logan na cozinha, como sempre.

- Você vai ficar gordo se não sair da cozinha

- Meu amor, eu preciso de carga pra manter as gatinhas – fiz cara de nojo

- Me poupe dos detalhes

- Tem strogonoff e arroz na geladeira

- Cadê nossos pais?

- A mãe foi no mercado e o pai eu não sei – dei de ombros, abrindo a geladeira e pegando os dois vasos – você brigou com a mamãe?

- Ela brigou sozinha – ele riu fraco

- Ela estava bem triste Hazel

- Não posso fazer nada

- Você mudou mesmo, antes você faria de tudo para ver ela bem e nem falaria nada se ela tivesse uma opinião contrária – ele disse saindo a cozinha, revirei os olhos, já estou de saco cheio dessa porra toda de que eu mudei e blábláblá, coloquei meu prato no micro-ondas sentei na cadeira, suspirando

- Eu quero essa mãe

- Ah não Hazel, vamos comprar alguma coisa mais elegante

- Mas

- Vai filha, escuta sua mãe – eu me encontrava em uma loja segurando um moletom e minha mãe uma saia rosa claro, peguei a saia mesmo contra vontade e coloquei o moletom de volta no lugar

- Eu não sei mais se devo continuar com ele

- Porque Hazel?

- Eu não sei – abaixei a cabeça sem querer contar os motivos

- O Nathan é um garoto bom querida, a família inteira gosta dele, eu ficaria muito triste se vocês terminassem – sorri fraco concordando com a cabeça

O som do micro-ondas me despertou, levantei de vez e senti um pouco de tontura, sentei de novo, colocando as mãos na cabeça e fechando os olhos esperando passar. Será isso mesmo que pareceu? Não sei, mas essas memórias que eu tive até aqui me parecem tão seletivas, como se eu só me lembrasse de coisas ruins, eu talvez eu não queira acreditar que minha vida era uma merda com um namorado filho da puta e uma mãe controladora, ri baixo e peguei o prato, comi pensando em como eu sou fudida, lembrando da minha vida ou não, parece que eu mudei, mas continuo sendo uma azarada do caralho.

Fui pro meu quarto, escovei os dentes e entrei no closet para pensar em qual roupa vestir, o Justin não facilitou em não dizer em qual lugar nós íamos. Peguei um short jeans, um cropped de manga curta folgadinho branco com algumas coisas escritas, um casaco jeans para amarrar na cintura e um all star branco de cano longo, deve estar bom. Ainda são 15h, faltava tempo, pude ouvir o barulho da minha mãe chegando, até pensei em ir falar com ela, mas não estou afim de discutir.

Fiquei mexendo em minha redes sociais e vi algumas fotos dos meus amigos – ou os que costumavam ser- na noite passada, eles não me chamaram para sair. Dei de ombros, também não sei se iria, apesar de não ter feito nada ontem. E como um sinal divino, ou não, o Victor me manda mensagem

O pessoal vai vim aqui pra casa hoje, tá afim?

Poxa, não vai dar, já tenho planos, deixa pra próxima

É Hazel, quem sabe na próxima

Até pensei em questionar porque não me chamaram para sair mas deixei pra lá, eles devem tá me achando má companhia por andar com o Justin agora, ri dos meus pensamentos e decidi ir tomar banho, demorei cerca de 20 minutos no banheiro, precisava relaxar, passei cremes no meu corpo, sequei meu cabelo e fiz uma maquiagem básica, vesti a roupa e passei perfume, tirando uma foto no espelho, e postando no stories, o Justin respondeu minha foto dizendo que estava vindo. Desci as escadas encontrando meu pai na sala sozinho

- Pai, vou sair com o pessoal, talvez eu durma na casa do Victor

- Certo, se cuida – dei tchau com a mãe e saí de casa agradecendo por não ter sido minha mãe, se não ela iria ficar embasando, atravessei a rua e sentei na calçada em frente à minha casa, cerca de quatro minutos depois eu avistei a moto preta fosca virando a esquina, sorri quando ele parou na minha frente me entregando o capacete e abrindo a viseira do dele

- Preparada para ter a melhor noite da sua vida? – semicerrei meus olhos o olhando

- Pra onde vamos? – perguntei colocando o capacete

- Você verá – revirei os olhos, me apoiando em seu ombro para subir na moto

- Diga logo, você nem é tão misterioso assim – ele riu

- Você não sabe de nada – ele disse já dando partida na moto, pensei em dizer que não sabia mesmo, mas chega de drama por hoje, abracei a sua cintura encostando minha cabeça em suas costas.

Fechei os olhos aproveitando a sensação pelo que me pareceu muitos minutos, abri os olhos não reconhecendo a estrada, até perceber que estávamos saindo da cidade, confesso que minha curiosidade só fez aumentar a partir daí, demorou alguns minutos, talvez meia hora para eu conseguir ouvir um som alto e avistar muitos carros em frente ao que me parecia ser uma entrada enorme de uma festa. O Justin estacionou ao lado de muitas outras motos e quando eu tirei meu capacete pude ver, que por trás da entrada tinha um palco enorme em formato de nave espacial e muita gente pulando ao som da música eletrônica, muita gente mesmo, arqueei as sobrancelhas

- O que é isso? – ele riu

- Um festival de música eletrônica – ele disse prendendo os capacetes na moto com alguma coisa para não roubarem

- Tipo uma rave? – ele riu de novo

- É Hazel, uma rave, você parece uma criança – revirei meus olhos cruzando os braços, enquanto ele pegava algo em seu bolso que me pareciam ser duas pulseiras, sorri animada e peguei uma pulseira da mão dele o puxando pela mesma

- Vamos – eu disse puxando ele que ria

- Calma – ele disse me puxando pela cintura, me imprensando em um carro que tinha ali, sorri olhando em seus olhos enquanto ele chegava mais perto devagar, ri fraco e o puxei logo pela nuca colando nossos lábios, que continuavam molhados e com o mesmo gosto de menta da última vez, sim, não nos beijamos depois daquele, se passaram apenas três dias e eu posso até dizer que senti falta, ele apertava minha cintura e eu puxava o cabelo curto de sua nuca, paramos o beijo com selinhos sorrindo um para o outro.

Ele nem deixou eu ter tempo de falar nada e já saiu me puxando para a fila que tínhamos que enfrentar para entrar, depois que entramos ele comprou um vasinho de água, colocando alguma coisa dentro e balançando, fazendo a água ficar azul, franzi a testa

- O que é isso?

- Droga – ele disse bebendo

- Eu quero

- Não quer não – falou debochado, revirei os olhos

- Quero sim – disse e tomei o vaso da mão dele, bebendo uma boa quantidade, ele me olhava de olhos arregalados mas logo começou a rir

- Você vai ficar muito louca – dei de ombros o puxando para o meio da multidão, e não foram cerca de cinco minutos para eu tá mesmo louca, rindo de tudo, vendo algumas coisas e sentindo que a música fazia parte de mim

Pulávamos igual dois loucos de mãos dadas e rindo, até ele me colocar sentada em seus ombros, por um segundo eu pensei que cairia, mas no outro eu já estava gritando e falando com todo mundo enquanto ele ria. Fumamos, dançamos, nos beijamos, pagamos um homem para nos pintar de sei lá o que, falamos com estranhos, nos beijamos mais e sim, talvez, essa tenha sido a melhor noite da minha vida.