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História Until You - Push and Pull


Escrita por: yukin0

Notas do Autor


》Oi! Como vocês estão? Me digam que bem e se cuidando, por favor! Lavem bem as mãos e fiquem em casa, acima de tudo, hm?

》Bom, hoje estou eu aqui novamente para mais um capítulo yey :) Espero que gostem, não vou entrar em detalhes agora kk

》Boa Leitura e até as notas finais! ~ ♡

Capítulo 13 - Push and Pull


– Vai ficar deitado aí e arranjar mais brigas ou vai querer ir embora? — Changbin indagou retoricamente ao que se levantava e espalmava as mãos por sua roupa, retirando qualquer resquício de terra que poderia conter ali. Em seguida direcionou seu olhar para Felix, que continuava sentado sobre o chão, encarando o moreno de volta com uma expressão fechada.

 

– Você ainda não me respondeu. — Sabia muito bem a que Felix se referia, mas não era de seu agrado retomar novamente a tal assunto. Não retornaria ao trabalho na mansão, muito menos se fosse para que, mais uma vez, Felix tivesse tudo em suas mãos, conforme seus gostos, controlando a tudo e todos como meros brinquedos. O Seo precisava sim de um emprego, mas seu orgulho e caráter jamais lhe permitiriam aceitar tal oferta suja, vinda de um garoto pior ainda, não daria a ele o gostinho de vitória, não enquanto sua vida estivesse sob seu controle.

 

– Vamos embora, Lee. — Desviou mais uma vez o assunto, fazendo com que o outro revirasse os olhos. Continha uma expressão irritadiça em sua face, parecia que explodiria a qualquer momento, porém isso não era algo com que Changbin se preocuparia, na verdade, julgava todo esse “show” como infantil e entediante.

 

– Me responde! — Exaltou-se, elevando seu tom de voz e encarando o mais velho como se seu olhar pudesse queima-lo de tanta fúria que exalava. Changbin não mexeu um sequer músculo em retorno, apenas permaneceu parado observando atentamente o castanho dos olhos do Lee, procurando, neles, a sua tão esperada resposta.

 

Porém ela não veio. Não conseguia encontrar qualquer indício de simpatia e sinceridade naquela expressão vazia qual tanto se atentava. Ele não gostava nem um pouco do antigo guarda-costas, ele não se importava, ele queria, somente e unicamente, se sobressair sobre o moreno, de forma que se sentisse vitorioso após a discussão no hospital e a discussão na casa do Seo. Ajudar Changbin nunca fora uma vontade, nem uma necessidade e muito menos uma prioridade, era apenas uma desculpa bem formulada, porém não o bastante para que Changbin cedesse.

 

– Esquece isso Felix. Vamos para casa antes que mais alguma coisa dê errado. Todos estão te procurando como idiotas, sendo que você está aqui comigo, vivo e sendo irritante como sempre. — Não esperou resposta. Apenas virou-se na direção em que esperava encontrar uma saída e começou a caminhar, na intenção de que o loiro o seguisse.

 

– Eu não vou voltar para minha casa, Changbin. — Resolveu não o seguir. Apenas se pronunciou quando o outro já estava longe, evitando que o menor voltasse e tentasse fazê-lo mudar de ideia, para que então o entregasse para seu pai. Sabia que quando seu progenitor lhe encontrasse as coisas ficariam feias, não que se importasse, mas talvez estivesse com um pouquinho de medo de seu pai tomar uma atitude mais drástica que o costume.

 

– Pois bem, nós vamos pra minha casa. Ou você acha que eu vou voltar sozinho para que depois de 15 minutos você me ligue falando que se meteu em outra briga? Eu não sou sua babá Felix, se isso acontecer você vai estar sozinho. Eu não virei te salvar e você sabe que, caso eu não venha, apenas a polícia poderá te tirar daqui. Pessoas não são brinquedos para você usa-las como bem entender. Mas, ainda sim, eu estou tentando te ajudar. — Parou para que pudesse falar. Continuava de costas para o Lee, acertando-o friamente com suas palavras sem que o olhasse, para que ele por fim deixasse o drama de lado e pudesse dar um descanso para o mais velho.

 

– Você é insuportável. — Quase gritou xingando-o de mais milhares de nomes. Jamais reconheceria tal ajuda, jamais deixaria Changbin se sair por cima da situação, admitindo que ele estivesse certo. Era importante demais estar no topo e Felix não deixaria que alguém o tirasse de lá, muito menos se esse alguém fosse Seo Changbin.

 

– Pode ter certeza que eu acho o mesmo sobre você. — Sorriu ironicamente ao que Felix apareceu ao seu lado, acompanhando-o em direção a saída. Havia decidido aceitar a “ajuda”, mesmo que lhe custasse um pouquinho de seu orgulho e dignidade. Revirou os olhos diante de tal afirmação e cruzou os braços encarando o lado contrário a Changbin, evitando-o.

 

“Irresponsável. Desculpas motivadas por uma culpa vaga. Ganancioso. Fútil. Materialista. Desrespeitoso. Covarde. Sem noção alguma de perigo. E mais diversos adjetivos ruins poderiam descrever Lee Felix. Ele precisa enxergar como a vida é realmente, e, infelizmente, basta a mim, mostra-lo. Porque se eu não fizer, ninguém mais fará e esse mesmo Lee Felix se perderá pelo pior caminho. Aquele que se assemelha ao meu, capaz de estragar futuros, capaz de estragar pessoas. Odiava Lee Felix e odiava mais ainda ter que ajuda-lo.” pensava o menor, balançando sua cabeça em negação. Não podia e não iria se esforçar para ajudar quem não queria sua ajuda. Estava em um conflito interno: seu coração dizia para salvá-lo, mas sua mente dizia para esquecê-lo, e o que mais desejava era que sua mente estivesse certa.

 

¦×¦

 

Por sorte conseguiram pegar um táxi que estranhamente passava pelas redondezas e enfim chegar ao lugar seguro que era a residência dos Seo. Não se ouvia ruídos vindos da rua, a cidade inteira parecia dormir serenamente, dessa forma, passando uma calmaria imensa, ao que era misturada a brisa gelada que adentrava pelas janelas ou esbarrava pelos poucos corpos que ousavam transitar tão tarde da noite. Contudo, apenas isso não era o suficiente para acalentar o misto de emoções que viveram em poucos minutos, os corações continuavam acelerados e aos poucos começavam a retornar ao rotineiro, mas qualquer estímulo aparente fazia com que os sentimentos e o entusiasmo voltassem freneticamente a seus corpos, em uma adrenalina sem igual.

 

– Não faça barulho, meus irmãos estão dormindo, do mesmo jeito que eu deveria estar a um bom tempo. — Jogou a indireta e sabia que Felix havia entendido muito bem, dado a reação que tivera: O maior revirou os olhos e jogou-se sobre o sofá de Changbin, como se tivesse tal direito, apenas para desafia-lo.

 

– Eu já disse que você não precisava ter ido. — Changbin riu sarcasticamente e levantou uma de suas sobrancelhas, duvidando da afirmação, a qual julgava ridícula, do rapaz. Sabia muito bem que Felix estaria em um estado bem pior se não tivesse ido atrás dele e talvez, só talvez, isso fizesse o Seo se sentir aliviado por ter feito a escolha “certa” e seguir seu coração.

 

– Mas eu já disse que fui. — Cortou qualquer futura fala de Felix somente com o ato de retirar seu celular do bolso e discar o número de Jisung, claramente iria entrega-lo para o melhor amigo, que o faria voltar a sua casa e ser preso em cárcere privado, de acordo com o próprio Lee. – O que você está fazendo? — Perguntou assim que Felix levantou de supetão e correu em direção a Changbin, tentando pegar o celular de suas mãos e evitar que ligasse para o Han.

 

– Você não vai ligar pra ele! — Felix, com muito esforço, retirou o aparelho das mãos do menor e ergueu-o em seu braço para que o moreno não o alcançasse, o que fez um expressão desacreditada surgir em seu rosto.

 

– Sua infantilidade me assusta. — Desistiu, assim como faria com qualquer criança, afinal, depois o loiro esqueceria e Changbin poderia pega-lo de volta. Foi em direção à cozinha dando altos suspiros e sendo seguido pelo loiro, que aparentava estar curioso com o que o Seo iria fazer. – Eu tenho alguns curativos sobrando, acho que o suficiente pra esses seus arranhões. — Abriu o armário e retirou deste, uma pequena caixa com remédios e bandagens diversas. Pegou somente o necessário e separou, guardando o restante de volta ao armário. Em seguida, virou-se para Felix que ainda o observava atentamente. – Senta. — Ordenou e o Lee demorou a cumprir, apenas o fez assim que Changbin lançou-o um olhar que soava ameaçador demais. – Eles bateram em você? — Segurou delicadamente o queixo do loiro e se aproximou, encarando meticulosamente cada detalhe de sua face. Ironicamente o que mais lhe chamou atenção não foram os ferimentos e o excesso que sangue já seco que tinha por ali, e sim, as pequenas sardas do garoto, quais nunca tinha reparado, e que o davam um aspecto fofo de um garoto adorável, que enganaria facilmente quem o olhasse por fora.

 

– Talvez. — Respondeu dando ao moreno o prazer da dúvida, apesar de que Changbin já soubesse a resposta, haviam o agredido e as provas estavam ali mesmo pela face albina de Felix. – O que está fazendo? Sai fora! — Disse assustando o moreno que se afastou rapidamente e o encarou com os olhos arregalados. Não havia entendido, ainda não havia feito nada para que o loiro reagisse de tal maneira. – Não é pra você ficar encarando, muito menos com essa cara de idiota! — Continuava sem entender. Não olhar o que? Do que ele estava falando? E por que tinha que xinga-lo quando só queria ajudar?  – As sardas seu idiota! Eu não trouxe minha maquiagem comigo, não dá para escondê-las, então tem como você parar de ficar olhando desse jeito? — Aquilo fora completamente inesperado. Nunca iria admitir, mas as sardas do rapaz não deveriam ser escondidas, pelo contrário, ele deveria mostra-las sempre que possível, pois aquilo somente o deixava mais bonito. Contudo Felix não parecia concordar com o menor, levando em conta o quão desesperado estava ao cobrir tais pequenas marcas como se essas lhe tornassem uma aberração.

 

– Felix... É... — Definitivamente não era uma opção elogia-lo e elevar toda a autoestima e ego daquele garoto. Apenas fingiria que nada aconteceu e esqueceria tais pintinhas, como se nunca as tivesse sequer visto. – Eu só vou limpar esse sangue seco e colocar um curativo no seu rosto, não precisa reagir assim. Se te deixa desconfortável, eu não vou olhar. — Tentou ser ao menos compreensível com o loiro, sorrindo, mesmo sem mostrar os dentes, na tentativa de reconforta-lo, pois sabia que aquele detalhe havia o atingido imensamente. Só não esperava algo assim vindo do grande Lee Felix, rei do deboche e orgulho.

 

– Não precisa limpar e nem colocar nada, eu já vou embora. Não era isso que você queria? — Preparou-se para ir embora, entretanto foi claramente impedido ao ter seu braço segurado por Changbin, este que o puxou com certa força, ocasionando uma aproximação entre ambos os corpos. Felix nada fez, apenas arregalou os olhos com tal atitude espontânea, estava estático e ao menos entendia o porquê, Changbin não chegava nem perto da figura romântica que idealizava, além de que não era a primeira vez que se aproximava desse jeito de alguém para que seu coração batesse tão rápido. Em seguida, o Seo colocou as mãos na cintura do loiro e encarou-o por um tempo de maneira firme, sem desviar o olhar para o que quer que fosse. Não obteve resposta ou intervenção alguma, então apenas continuou o que iria fazer e pressionou a cintura o rapaz para baixo, fazendo com que sentasse na cadeira e voltasse à mesma posição de antes. – Changbin... — Murmurou e pressionou os lábios fortemente depois que se sentou. Seu corpo estava rígido demais, com uma postura tensa. Não fazia ideia do que estava acontecendo consigo, só exigia que parasse de uma vez por todas.

 

– Fica quieto. Eu não te trouxe aqui à toa. Pare de agir como uma criança e me deixa cuidar disso logo, ou pode piorar. E você vai ter que obedecer, afinal, minha casa, minhas regras. — Riu debochado e Felix bufou, aliviando sua postura e se dando por vencido, coisa que era extremamente rara de acontecer.

 

Não demorou muito para que Changbin começasse a cuidar das feridas presentes no rosto do mais novo. Era delicado a cada movimento. Limpara o rosto do rapaz e seguidamente tratara os inoportunos cortes com um antisséptico, o que fez o maior reagir com uma expressão de dor, por arder ao entrar em contato com a ferida. Changbin não se segurou em soltar pequenas risadas vendo que, cada vez mais, o mais novo se assemelhava a uma criança birrenta.

 

– Eles só te machucaram aqui? — Questionou apontando para o rosto recém-tratado do maior, que assentiu em resposta, encarando o chão com uma expressão aérea, qual serviu apenas para dúvidas surgirem na cabeça do Seo. – Mesmo? — Queria apenas testar. Sabia que Felix não lhe contaria mais nada, mesmo se fosse de extrema necessidade conta-lo, porém não custava tentar.

 

– Não confia em mim? — Perguntou soltando uma risada anasalada e levantando-se da cadeira que antes sentava, para se retirar do ambiente junto ao dono da casa. Tinha 99% de chance de receber “Não” como resposta, mas o 1% restante de ingenuidade dentro de si acreditava que Changbin não o odiasse tanto quanto pensasse.

 

– Se serve de consolo: Não, eu não confio em você. — Ultrapassou Felix e retirou seu celular do bolso do rapaz para que pudesse entrar em contato com os amigos. Para a felicidade do Seo, o loiro não havia notado o suposto furto de seu próprio aparelho ainda.

 

03:49 [Você]:

Minho

Eu encontrei o Felix, depois eu te explico.

Avisa o Jisung que ele está bem e que está comigo.

Apareçam quando amanhecer para leva-lo.

Eu vou tentar descansar um pouco.

 

– Você realmente os avisou que eu estou aqui? — Perguntava cabisbaixo, porém não decepcionado, sabia que na primeira oportunidade o mais velho o entregaria para seu pai. Era correto demais para que não o fizesse.

 

– É para o seu bem. Agora vai poder voltar a perseguir seus guarda-costas, implicar com seu pai, ir a festas escondido, transar com vários garotos e viver sua vida de bad boy. Só aceite isso. — Foi sua vez de se jogar no sofá completamente exausto de sua vida de babá que o ocupava dia e noite. Estava tão cansado que sequer pensava no que falava, deveria tomar cuidado ou explodiria em uma discussão com Felix e isso era o que menos precisava naquele momento.

 

– Eu vou embora antes que você fale mais merda. — Suspirou pesado. Já se dirigia a porta, quando novamente sentiu um puxão aproxima-lo de Changbin, estavam mais próximos que antes, mas o moreno não vacilava uma vez sequer ao encara-lo, sua atenção era voltada completamente aos olhos cor de mel do maior. – Acha que é o único que não me aguenta mais? Entra pra fila. Você me cansa, para de me segurar aqui como se tivesse algum direito. Eu vou embora Changbin.

 

– Dorme aqui. — Apesar de ser uma exigência, era muito bem disfarçada como um convite, o qual Felix não tinha escolha a não ser aceitar. Changbin sabia o quão teimoso o loiro poderia ser, sabia que ele não voltaria para casa e o Seo não se permitiria deixa-lo sozinho em meio ao perigo da noite, ainda mais em uma cidade qual desconhecia.

 

– Não. — Respondeu persistente e apático. Desejava apenas sumir. Sumir da vida de seus parentes, amigos, inimigos, e não voltaria atrás com tal decisão. Jisung que o perdoasse, mas não aguentaria ficar mais um segundo naquela casa. Jamais abandonaria o Han, isso era um fato, mas não conseguia evitar ir embora naquele momento.

 

– Boa noite Felix. — Insistiu, abrindo em seus lábios um sorriso convincente. Seus olhos fechavam e abriam demoradamente, estava quase dormindo em pé. Não tinha mais disposição para brigar com um adolescente.

 

– Você está quase caindo de sono. — Revirou os olhos, repugnando sua situação. Por que seu peito doía quando pensava que Changbin estava realmente o ajudando? Quando pensava que o rapaz estava quase dormindo em pé apenas para ter certeza de que o mais novo ficaria bem? Não podia ser dó, muito menos empatia, afinal Felix desconhecia tais sentimentos, mas por que pensar que poderia tê-los era tão estressante? – Já que eu não tenho escolha, você dorme em um colchão qualquer e eu durmo na sua cama. Da última vez que dormi aqui seu sofá me deixou completamente dolorido e eu não estou a fim de passar por isso de novo. — Sorriu cinicamente caminhando na direção qual julgava se localizar o quarto de Changbin.

 

– Como o Jisung te aguenta? — Bocejou e começou a seguir o loiro, passando em sua frente e adentrando seu pequeno cômodo junto ao Lee, este que não se segurou em olhar atentamente ao seu redor, reparando em cada coisa que poderia dizê-lo algo sobre Changbin, não que estivesse interessado, apenas curioso. O quarto do Seo era repleto de decorações vintage e quadros, além de milhares de fotos em família, porém eram poucas as fotos que continham um homem, que supostamente seria o pai de Changbin, em sua maioria eram seus irmãos e sua mãe, todos com um belo sorriso sempre.

 

– Eu conheço o Jisung desde que éramos crianças. Ele me conheceu muito antes do meu pai ser CEO de uma empresa, da minha mãe morrer, de eu... Virar esse “bad boy irresponsável”, como você diria. — Deu de ombros e sentou-se na cama do moreno, a qual se localizava bem ao meio do cômodo, se apossando de tal, em seguida o encarou diretamente, o qual se encontrava com seus braços cruzados.

 

– E por que você é assim? Eu nunca entendi, eu sei que sua mãe faleceu, eu sei que seu pai pode ser um idiota com você, mas eu não consigo entender porque você tem tanto ódio e rancor guardados em você. — Disse simplista, sentando-se ao lado de Felix, em uma distância segura e confortável para ambos. – Olhe para o Jisung. A mãe dele também se foi, o pai dele era completamente abusivo, mas ele nunca deixou o sorriso dele de lado, diferente de você. Eu acho que nunca te vi sorrindo verdadeiramente, eu nunca te vi sequer feliz. — Expressava calmaria em sua voz, em uma mistura do sono com a delicadeza do assunto qual tratava.

 

– Meu pai não é quem você acha que é Changbin, ele está muito longe de ser o marido perfeito que todos acham que ele foi, de ser o pai perfeito que o público tanto venera, de ser esse homem dócil que trata todos os seus empregados bem. Ele fala como se eu fosse perigoso, mas ninguém sabe do passado dele, muito menos do que ele faz atualmente. – Seus olhos se voltaram para o chão e, institivamente, abaixou sua cabeça. Quanto mais tocava naquele assunto mais tinha a certeza de que não queria retornar a sua casa. – Jisung realmente passou por muitas coisas e eu não faço ideia de como ele aguentou, o problema é que eu não sou como ele, eu não levo desaforo pra casa, eu não aguento passar por tudo calado, eu não posso ser a pessoa perfeita que ele é, eu não quero ser e eu não vou ser. Eu não sou o Jisung! – Fechou seus punhos com força e suspirou alto, odiava ser comparado a alguém, ainda mais se fosse com seu melhor amigo.

 

– Você não precisa ser como ele, você só precisa ser você mesmo. — Mais uma vez deus de ombros e levantou-se indo preparar seu colchão para poder finalmente descansar. Apenas aceitara que não dormiria em sua cama, afinal Felix não cederia tal conforto para o Seo. – Eu ainda não sei o porquê de você ser assim, eu de fato não conheço a sua vida, o seu passado, mas tem que ter algum motivo para o Jisung insistir na ideia de que você é alguém bom, ele persiste ao seu lado, ele nunca te abandona, ele nunca ficou cansado de você. — Jogou o colchão ao lado de sua recém-roubada cama e o forrou com um fino lençol.

 

Andou sem pressa alguma a seu armário, abrindo suas portas e retirado um cobertor extra que ali guardava, além de separar uma roupa que julgava ser do tamanho do Lee, para que ele pudesse usá-la para dormir com mais conforto. Em seguida, jogou-a por cima do rapaz, que o respondeu com uma careta de desgosto, se levantando e direcionando-se ao menor com sua típica expressão fechada, provocando uma risada anasalada pela parte de Changbin.

 

– Eu estou sendo quem eu quero ser, Changbin. — Fitou os olhos acastanhados, quase negros, do mais velho de maneira séria. – O Jisung... Bem, ele sabe da minha história, talvez por isso ele não me julgue, do mesmo jeito que eu sei pelo que ele passou e sempre estarei ao lado dele. E você não precisa acreditar nas palavras dele, você não precisar gostar de mim, você pode ser como todos os outros e simplesmente acreditar que eu fui um erro, não é como se isso mudasse algo na minha vida. — Permanecia distante do Seo, apoiando-se na parede mais próxima sem que usasse muita força. – Eu só quero saber de algo: Por que você se importa tanto com quem eu sou ou deixo de ser?

 

– Felix você é burro? Ainda não entendeu? — Por mais que fosse uma pergunta retórica, o loiro fez questão de balançar sua cabeça negativamente, fazendo com que Changbin suspirasse, levantando seu olhar a altura dos olhos do Lee. – Felix eu me importo com quem você é ou deixa de ser porque eu me importo com você, porque eu quero te entender e te ajudar. Mas eu não posso fazer isso se você continuar sendo um mistério pra mim. Eu não conheço o motivo de você ser assim, eu não conheço seu passado, eu não conheço seus pais, eu não conheço você! Eu quero te entender, eu quero saber o porquê de você ser assim, eu quero saber por que você quer que eu volte a ser seu guarda-costas! Uma coisa leva a outra, mas eu não sei absolutamente nada sobre você! Apenas porque você não me deixa entrar e te descobrir Lee Felix! Você não é só um bipolar louco, que muda de ideia a cada segundo — Era possível encontrar sinceridade em sua expressão, em seus olhos, em sua voz, tudo em um combo para que convencesse de uma vez por todas Felix a se abrir. Falava alto e se aproximando, não ligava mais se seus irmãos fossem acordar, o que era pouco provável, seu objetivo agora era outro, o qual jamais imaginaria que, algum dia, seria tomado como sua prioridade.

 

– Changbin... Não é fácil assim eu- — Foi impedido de falar ao ouvir uma voz dócil fazer-se presente no quarto. O Lee agradecia aos deuses pela conversa ter sido interrompida. Changbin era tão convincente e ao mesmo tempo acolhedor, sentia medo de se ver chorando ao que desabafava e contava toda sua história para o moreno. Não queria isso, mas sentia que poderia acontecer a qualquer momento.

 

– Oppa? Tá tudo bem? Eu te ouvi do meu quarto... — Yesun aparecera no quarto do irmão e abrira a porta ainda sonolenta. Em uma de suas mãos arrastava um ursinho de pelúcia que ganhara de sua mãe, já na outra trazia seu pequeno cobertor, na intenção de se aconchegar pelo quarto do mais velho e dormir junto a ele. Porém assim que seus pequenos olhos avistaram a figura de Felix, abriram-se rapidamente, junto a um imenso sorriso e uma expressão puramente divertida. – Changbin, Changbin! É o príncipe! Você o trouxe de volta? Você vai deixar a gente namorar? — A garota riu completamente feliz, soltou todos os pertences que antes carregava e correu em direção ao loiro, abraçando suas pernas amorosamente. – Oi! Meu nome é Yesun, eu vou ser sua princesa!

 

– Changbin... O que? — Sorria desajeitadamente para a criança a sua frente, sem que entendesse o que de fato acontecia, até porque não era acostumado a ouvir de uma garotinha que era um príncipe e que iria se tornar namorado dela. Olhava para o moreno esperando que fizesse algo para impedir que tal situação se tornasse mais vergonhosa ainda, mas este não fizera absolutamente nada, parecia estar encantado com a forma fofa que sua irmã agia. Assim que subiu seus olhos novamente ao Lee balbuciou um “Entre no personagem, ela te acha um príncipe, seja um príncipe”, rindo em seguida, procurando ver como Felix agiria com sua pequena garota.

 

Felix revirou os olhos. Nunca foi muito bom com crianças, muito menos em entender suas brincadeiras bobas. Não fazia ideia de como ser o príncipe de uma menina de apenas oito anos, a qual o olhava com tanta admiração que chegava a assusta-lo. Tentava dizer algo, mas nada de fato saía de seus lábios, apenas palavras e letras aleatórias. Logo Changbin soube que era hora de intervir.

 

– Você não pode namorar ele Sun, meu amor. — O rapaz soltou uma singela risada e pegou a garota em seu colo, erguendo-a carinhosamente. – Ele é velho e chato demais para você. — Disse em meio a risadas, afinal já esperava que fosse receber do Lee um fraco tapa em desaprovação ao que fora dito.

 

– Você não quer deixar a gente namorar porque vocês já namoram, não é? — Perguntou a menor na melhor das intenções. Era apenas uma criança e sequer sabia o peso que tais palavras tinham. Ambos fecharam suas expressões ouvindo aquilo, como se odiassem até mesmo imaginar.

 

– Não Sun. Nunca! — Changbin a respondeu primeiramente, enquanto Felix continuava parado, se perguntando em seus pensamentos como aquela menina conseguia ser tão pura e ingênua. Ao ouvir que nunca, a garota, com uma expressão confusa e um pequeno bico nos lábios, perguntou-os o porquê de tanto exagero ao negar.

 

– Porque eu já vou namorar você, Yesun. — Felix então se certificou em responder, sorrindo para a garota que pulou de felicidade no colo do irmão, dessa vez insistindo para que o loiro a segurasse, o que fez com demasiado receio de machuca-la, porém, assim que a teve em seu colo e recebeu da menor um selo carinhoso em sua bochecha, seu medo sumiu por completo e um sorriso alegre brotou em seus lábios, que foram admirados por Changbin por alguns segundos, nos quais se perdia naquela felicidade momentânea do Lee. – Eu não posso namorar esse... — Pensou em diversos adjetivos, mas nenhum deles poderia ser usado em frente a uma criança, ainda mais para se referir ao irmão desta. – Moço. Você que é a minha princesa. — Acabou finalizando simploriamente, mas não deixando de revirar os olhos ao receber de Changbin um olhar divertido.

 

– Vocês deixam para namorar amanhã. Agora é hora do sono de beleza das princesas, certo? — A garota sorriu alegremente e assentiu embriagada com o sono que já lhe tomava conta, aceitado de bom grado ser levada ao seu quarto para que voltasse a dormir, coisa que Changbin fez sem demora. Beijou afetuosamente a testa da garota e a cobriu. Em seguida, saiu do cômodo silenciosamente, buscando não acordar nenhum de seus irmãos. – Yesun gosta muito de contato com quem quer que seja. Ela ama falar e, desde o primeiro dia que te viu, insiste em te chamar de “príncipe”. — Ao retornar ao quarto, o Seo encontrou Felix sentado sobre a cama em que dormiria, já com sua roupa trocada e higiene feita. Seu rosto não dizia muito, sua feição voltou-se a fechar e mais uma vez o frio Lee Felix estava ali. Não podia mentir, achara extremamente encantadora a maneira que Felix agira com sua irmã e sabia que a garota ficara feliz apenas de revê-lo. Era realmente uma pena, para ela e somente para ela, que Felix retornaria de uma vez por todas a sua casa. Changbin não teria a oportunidade de conhecer quem realmente era o mais novo, porém isso não o deixava chateado. Talvez devesse ter escutado sua mente desde o início e esquecer o garoto, juntamente a seus mistérios.

 

– Ela é a alegria em pessoa. Da última vez que estive aqui ela também não parou de falar, me perguntou várias coisas, principalmente se tínhamos... Algo. Ela me lembra muito o Jisung. Ambos são como um solzinho na vida de alguém. — Sorriu minimamente e, depois de ouvir tudo aquilo, o moreno ficou impressionado com a calma e o cuidado que Felix tinha ao falar, ainda mais por se tratar de uma criança e desta ser irmã mais nova de Changbin.

 

– É eles realmente tem isso em comum. — Sorriu da mesma maneira e fechou a porta do quarto atrás de si, após isso, escorando-se sobre ela. – Mas, sinceramente, não sei o que ela viu em você para te chamar de príncipe. Deve ser a pureza da idade. — Brincou, soltando leves e baixas risadas. Apenas para não perder o costume e aproveitar o clima leve presente no cômodo.

 

– Tem certeza Binnie? — Como havia dito antes, Felix não levava desaforo para casa e decidiu entrar na brincadeira do mais velho, usando o apelido para acerta-lo intimamente. – Tem certeza que também não me acha bonito a ponto de ser considerado da realeza? Acha que eu não percebi seus olhares sobre mim desde o primeiro dia que nos vimos? Ah Binnie... — Levantou-se da cama qual antes permanecia sentado e caminhou lentamente em direção ao menor com um sorriso ladino nos lábios, se divertindo com todo seu teatro.

 

– Do que você está falando, Lee? Aqueles homens te drogaram? — Encarava o loiro com sua sobrancelha erguida, sabendo muito bem do que aquele joguinho se tratava. Era vergonhoso, não podia negar, afinal, não era acostumado a ter esse tipo de intimidade e proximidade com absolutamente ninguém, porém ainda sim, tentava manter o controle. Felix ficava cada vez mais próximo e pedia a todos os deuses para que não estivesse com suas bochechas avermelhadas naquele momento. – Mas quer saber de algo? — Parou Felix no meio do caminho e o empurrou em sua cama dominantemente, fazendo-o deitar, sem desmanchar sua expressão divertida. – As minhas roupas te deixaram lindo. — Apontou para a vestimenta que o maior usava, a qual ficara larga em algumas partes do corpo e apertada em outras, deixando-o engraçado.

 

– Você está louco? Essas roupas cafonas? Meu deus Changbin, essas roupas conseguiram apagar toda a minha beleza. Quando você voltar a ser meu guarda-costas faremos comprar urgentes. — Resmungou o Lee, aparentemente indignado. Sabia que era uma brincadeira, mas falava sério ao dizer que as roupas de Changbin eram cafonas, e falava mais sério ainda ao dizer que o moreno voltaria a ser seu segurança pessoal.

 

– Quando eu voltar a ser seu guarda costas? — Indagou, suspirando pesadamente, estava sem cabeça para discutir, além de que sabia que Felix não desistiria de seu plano, motivado por algo que ainda era um completo mistério para si.

 

– Exatamente. Ou você acha mesmo que depois de tudo que eu fiz eu vou deixar você ir embora de novo? Eu tenho meus princípios Changbin, e eu vou fazer de tudo para segui-los até o final. – Piscou para o Seo, vendo, em seguida, a luz ser apagada e um moreno se dado por vencido caminhando até sua cama improvisada.  – Você não me conhece, mas pode conhecer se voltar para o trabalho. É um favor que te faço Binnie.

 

Não era preciso dizer nada, mas Felix sabia o que aquele silêncio significava. Finalmente havia conseguido o que queria e Changbin, mais uma vez, seria o seu tão desejado guarda-costas.

 

E o Seo? Bem, ele estava confuso. Não sabia o que iria fazer e nem mesmo como iria fazer. Não tinha princípios assim como Felix, apenas queria cuidar de seus irmãos e ganhar um pouco de dinheiro para conseguir, finalmente, viver bem. Mas parecia estar fazendo isso do jeito errado e o único que poderia lhe confirmar isso era si mesmo. E talvez Lee Felix pudesse lhe dar um ajuda, quem sabe?

 

 


Notas Finais


》Então??? Deixem comentários sobre o que vocês estão achando e sobre o que acham que pode melhorar! Eu fico muito feliz com cada um dos feedbacks que eu recebo e isso me motiva cada vez mais a escrever!

》Sim, a relação deles oscila COMPLETAMENTE entre 8 e 80 kkkkkk mas pelo que parece tem um changlix se resolvendo pelo área.

》Talvez tenha ficado meio confuso então eu vou explicar melhor: Changbin não sabia muito o que fazer, pois de um lado ele precisava do emprego e queria descobrir o porquê de Felix ter se esforçado para demiti-lo, mas voltar atrás da maneira que ele faz. Entretanto, do outro, temos um Changbin que não quer nem morto ver Felix, que não aguenta o jeito do garoto ser e sequer liga pra suas ações inconsequentes. Ele está bem dividido, pois, de início, não conseguia enxergar verdade no garoto mimado que é o Lee, mas, no fim, escuta do próprio Felix coisas que nunca imaginaria, como por exemplo os comentários sobre sua irmã, passando a expelir, talvez, uma personalidade que o Seo nunca havia conhecido. Sendo assim, ele decide ser menos duro com o nosso amado Felix.

》Foi bem resumão mesmo, mas espero que tenha esclarecido dúvidas kkkkk

》 Vamos ser mutuals no twitter! Lá vocês podem me cobrar capítulo novo, pedir uns spoilers rs ou só conversar comigo (@ hyucklipss: https://twitter.com/hyucklipss?s=09 )

》Obrigada a todos que continuam apoiando a fic! Eu amo vocês, de coração! Se cuidem direitinho para que possamos nos encontrar de novo no próximo capítulo! Até ~ ♡


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