Chegamos a América duas semanas após o incidente de Dimitri. Éramos um bando cansado, faminto e desabrigado.
Tomas Nevil estava pálido como um fantasma, e temíamos que estivesse doente.
Mas o mais triste; é não temíamos por sua vida; mas sim pelo plano, que não daria certo sem ele.
Todos estavam sobre efeito de uma melancolia aterradora. Que dava aos olhos uma expressão acinzentada e ao corpo, movimentos sem esperança.
Desembarcamos na Florida, em uma região desabitada. Demoramos vários dias para cruzar os antigos Estados Unidos até a cidade de Washington, que como o esperado; não passava de uma ruína bem guardada.
O lugar me lembrava São Petersburgo. Pessoas andando cabisbaixas, guardas por toda parte.
Edifícios que foram reduzidos a destroços durante a guerra serviam de abrigo para a miserável população.
Cadáveres de civis eram arremessados nas sarjetas, para apodrecerem diante dos olhos do povo, que já estava acostumado com o cheiro da putrefação.
Havia um distrito muito pouco guardado no qual nos estabelecemos, cujo o nome havia se perdido há muito tempo.
O lugar era chamado de "Vale dos defuntos".
Como era de se esperar pelo nome; o lugar era o mais desprezível possivel.
Qualquer coisa que fosse comestível, era adicionada as nossas refeições.
A única vantagem daquele fim de mundo... era o anonimato.
- Ao anoitecer nos dirigirmos à Casa Branca - anunciou Dimitri para os homens reunidos à sua volta.
Estávamos reunidos em volta de uma fogueira, recebendo as últimas ordens de Dimitri antes do ataque.
- Nossos batedores conseguiram algumas informações a respeito da Casa Branca que podem vir a nos ser úteis.
- Quer dizer que então... temos a vantagem? Perguntou um dos homens.
- Não exatamente, mas ao menos temos um plano! Respondeu Dimitri.
Após uma pausa; continuou.
- Por conta das revoltas que castigam a guarda de Washington constantemente; o partido se viu obrigado a distribuir as tropas ao longo da cidade. Isso claramente fez com que cobrissem mais terreno, porém; com menos eficiência. Com isso criou-se um ponto cego na segurança da Casa Branca. Este ponto cego é a fiscalização. Ou seja; a pouco controle quanto a quem entra e sai de lá. Abusaremos de tal vantagem, pois é nossa única. Atrairemos soldados para um beco escuro e roubaremos seus uniformes. Mas não pode haver uma gota de sangue, caso contrário; seremos descobertos.
- Vamos entrar na Casa Branca vestidos de soldados? Perguntou outro homem.
- Sim! Respondeu Dimitri.
Fizemos como o combinado.
Dimitri causou problemas na cidade para que os soldados corressem atrás dele até o beco escolhido. Lá; nós esperávamos nas sombras, desarmados.
Os soldados passaram correndo após Dimitri e, quando o último deles passou; pulamos em cima deles como animais selvagens.
Apagamos cada um deles sem que eles sequer soubessem quem os havia atacado.
Eram dez soldados. O que quer dizer que muitos de nós ficariam do lado de fora, misturados ao ambiente; aguardando o sinal para o combate.
Eu fui um dos dez que entraram no local. Amélia quis ir conosco, mas não há mulheres no exército nazista e as roupas não lhe serviam.
Passamos sem dificuldade pelo portão e logo fomos designados para relatar a nossa ronda ao governador.
Dissemos a eles que éramos uma patrulha de outro distrito e que tínhamos informações importantes para passar para o governador. Na esperança de que isso lhes explicassem o porque de nunca terem nos visto por ali.
Não fomos ao encontro do governador é claro. Tomas nos guiou através da mansão a partir do momento em que os soldados tiraram os olhos de nós. Após alguns minutos o seguindo, chegamos a sala aonde os documentos eram guardados.
No caminho, matamos um certo número de guardas. Cortando-lhes a garganta para que não gritassem.
Procuramos os documentos por por cerca de trinta minutos. Achamos!
- Aqui - disse Tomas - encontrei os documentos!
Os tais documentos estavam envoltos em uma grossa encadernação de couro negro e empoeirado. Na capa estava escrito "Confidencial".
- Ótimo, vamos embora daqui! Disse Dimitri.
Mas então ouvimos sons de tiros vindos do lado de fora. Uma explosão. E então gritos!
- São os nossos homens?! Perguntei.
- Quem mais seria? Respondeu Dimitri com ironia.
- O que faremos? Perguntou Tomas.
-Vamos embora daqui o mais rápido possível.
- Mas e os homens? Perguntei.
- Eles morreram com honra.
Com aquela resposta... eu explodi!
- Dimitri; mas que merda aconteceu com você, e com o homem honrado que era?! Você não é mais o líder que costumava ser! Não se importa com seus homens; converteu-se em um tirano! Não é mais um líder... ou mesmo um homem!
- Você é minha única prioridade Berhtran! Respondeu Dimitri.
Arregalei os olhos com a resposta.
- Berhtran - continuou - sei mais de você do que você imagina.
- Explique-se!
Os outros já haviam deixado a sala!
- Eu conheci seu pai! Eu o ajudei a se esconder do partido. Ele e sua mãe... eram meus melhores amigos! Um dia seu pai veio à mim, pedindo-me para que eu cuidasse de você. Isso foi logo após a morte de sua mãe! Não entendi o pedido na hora mas... um dia depois...
- Ele se suicidou! Completei.
- Sim. Entendeu agora? Eu prometi ao seu pai que cuidaria de você. E pretendo cumprir a promessa! É por isso que faço tudo o que é preciso para garantir sua segurança. O homem no barco, seu recrutamento em São Petersburgo; Amélia! Tudo isso eu faço por não poder arriscar. Estive de olho em você e sua família sem que você percebesse desde que seu pai largou o partido. Não posso, e não vou arriscar.
- Dimitri... eu... não posso deixa-los... não posso deixar...
- Amélia!
- Não... eu...
-Tudo bem garoto... acho que ela vai cuidar bem de você! Disse Dimitri com um sorriso amável que eu nunca havia visto em seu rosto redondo e barbudo.
Nesse momento a porta se abriu e soldados apareceram.
- Larguem as armas, e viverão!
- Não obrigado! Disse Dimitri jogando para mim o seu revólver e sorrindo ironicamente para os soldados.
Eu peguei a arma e disparei contra eles! Mas antes... um deles disparou!
Dimitri caiu ao chão em questão de segundos. O tiro havia acertado o seu peito. Ele morreria lentamente, e sabia disso! Por isso; agarrou o revólver em minha mão...
- Estarei sempre com você... Berhtran... lute... lute por mim... por seus pais... pela humanidade... e por Amélia! E lembre-se... não é a morte... que vai me impedir de cumprir minha promessa!
Com isso, Dimitri posicionou o revólver contra sua cabeça; sorriu... e atirou!
Levei Dimitri em meus braços para fora da Casa Branca. Lutei feito um verdadeiro Fanático naquela noite. Tirei os sobreviventes de lá; e fugimos para o sul!
Em memória de Dimitri, eu precisava destruir o partido!
Em memória de Dimitri... estávamos indo em direção ao próximo passo... Tokyo!
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