História Uzumaki Ahmya Shinden - Livro do Sol Nascente - Yahiko-sensei

“Papel?!” Ahmya contraiu as sobrancelhas, sua irritação era evidente “Eu achei que você ia me ensinar ninjutsu, Yahiko-senpai. E não é a tia Konan quem domina Shikigami?!”

“É claro que eu vou ensinar ninjutsu. Mas primeiro precisamos descobrir qual elemento tem mais afinidade com o seu chakra. E isso não tem nada a ver com Shikigami” 

De frente para a criança, o adulto segurava cinco pedaços pequenos de papel branco, estendendo-os para aquela que parecia ter se tornado sua aprendiz.

Os três amigos de Azumi estavam ali para um compromisso importante. 

Um oficial de alto escalão de Amegakure estava chegando para visitar o Hospital-escola que funcionava sob o comando da Uzumaki repatriada.

Era uma visita rotineira. Por sentir-se um pouco insegura com assuntos burocráticos, Azumi solicitou a companhia dos amigos para receber o homem ilustre. Nagato e Konan a acompanhariam.

Mais Yahiko, depois de muita insistência de Ahmya com seus grandes olhos pidões que pareciam ser o ponto fraco da maior parte dos adultos, ficaria de babá.

Ela tinha interesse em progredir suas habilidades durante os intervalos entre as visitas de Shisui. Seu desejo era apresentar ao amigo um rápido avanço. 

Mas também havia outra motivação, seguir os passos dos adultos que admirava. E, para as duas coisas, precisaria de um mestre.

Ahmya escolheu Yahiko. Ele era um pouco impaciente e implicante. Mas era com certeza o shinobi mais forte que a pequena conhecia.

“Quando eu vencer todas as brigas e me perguntarem quem me treinou eu vou dizer ‘foi Yahiko-senpai, o grande líder da Akatsuki’” essas foram a palavras utilizadas pela criança para convencer o mestre que escolheu.

Yahiko a corrigiu explicando que o propósito do ninjutsu não era vencer brigas, mas garantir a paz. Ahmya pareceu compreender a condição e o adulto não poderia negar o pedido. Ele mesmo tinha buscado um sensei e implorado por treinamento quando criança.

Agora o líder da Akatsuki estava no quintal da modesta casa próxima à fronteira tentando lidar com a impaciência de sua primeira discípula e se reinventar como professor.

Konan e Nagato posicionavam-se próximos, à sombra de uma árvore observando as lições. Eles também pareciam satisfeitos com a novidade.

Azumi, no interior da casa, revisava mais uma vez os inúmeros documentos que apresentaria na reunião.

“Isso não parece meio bobo, Yahiko-senpai?” Ahmya cruzou os braços insatisfeita “eu quero aprender um jutsu poderoso!”

“Primeiro não é ‘senpai’ é ‘sensei’, também pode ser shishou se você quiser.” ele sorriu de uma forma engraçada, mas logo se recompôs “e, segundo, que o básico vem primeiro”. 

Yahiko falava de forma amigável, mas enfática, encarnando a figura do sensei.

“E quando eu vou poder fazer a onda de água selvagem?!” ainda assim a criança continuava impaciente.

“Depois que você descobrir o elemento que combina com seu chakra. hmph!” o adulto também cruzou os braços “Eu era muito mais paciente e compreensivo que você quando fui aprendiz”

“Não era não!” Konan e Nagato desmentiram o outro em uníssono e às gargalhadas. 

Yahiko olhou para trás levando a mão atrás da cabeça e sorriu um pouco sem graça. Eles diziam a verdade.

Neste momento Azumi se juntou aos amigos para compor a platéia por um breve momento, antes de seu compromisso. Ela se sentia realmente satisfeita em presenciar aquela cena.

A médica segurava uma caixa cheia de documentos que logo foi tomada pelas mãos de Nagato, como um ato de gentileza.

Um pouco à frente dos outros, Yahiko continuou a lição. 

Ele não se importou com a interjeição dos amigos. Na verdade a colocação o remeteu uma sensação nostálgica e agradável. Rememorando o tempo em que os três órfãos estiveram sob os cuidados de um shinobi de Konoha que os serviu como sensei.

Yahiko estendeu os pedaços de papel em sua mão novamente para a garota. “Pegue um e infunda seu chakra nele. Sua mãe me falou que você já é capaz de fazer isso”

Ahmya finalmente parecia estar prestando atenção. O comentário dos amigos a fez pensar em Yahiko como alguém com quem podia se identificar.

A criança pegou um dos pedaços de papel e o colocou sobre uma das mãos, com a palma da outra mão, infundiu chakra no objeto. 

O papel queimou rapidamente, com uma intensidade elevada.

“Fogo?!” Ahmya tinha uma expressão de espanto. Ela esperava que o elemento de seu chakra fosse algum dos que sua mãe dominava.

Yahiko voltou-se para os amigos demonstrando alguma surpresa também. Na verdade, com exceção de Azumi, todos pareciam surpresos. 

“Bom… isso é um pouco incomum. Azumi tem liberação de Terra, Vento e Água e normalmente o chakra dos filhos herda as propriedades dos chakra dos pa…”

“Yahiko!” Konan o interrompeu e Yahiko encerrou a frase quando se lembrou que a identidade do pai de Ahmya ainda era um mistério e um assunto delicado.

“Eu… eu preciso pegar mais alguns documentos lá dentro para a reunião” Azumi se retirou cabisbaixa, revelando algum constrangimento.

“Nagato, vá falar com ela”

Com o sussurro de Konan, Nagato depositou a caixa que segurava no chão e seguiu Azumi.

Um pouco distante, Ahmya pareceu entristecer-se com a reação dos adultos. Por alguma razão que não entendia, ela sentia que tinha decepcionado sua mãe. 

“Não desanime, Ahmya-chan. Essa nem parece você” o sensei era capaz de perceber a frustração em sua discípula. E, por isso, procurou inspirar-lhe algum entusiasmo.

Yahiko se agachou a encarando de frente “tome, pegue mais um”.

Mesmo sem muito entusiasmo, Ahmya pegou mais um papel e repetiu o movimento de infusão de chakra.

Por ser a liberação de Yahiko e a base do ninjutsu médico de Azumi, Ahmya desejava muito a afinidade com o elemento água. De uma forma um pouco instintiva, ela concentrou-se em isolar o elemento na composição de seu próprio chakra. 

Uma pequena mancha de umidade apareceu na folha branca. O papel não estava completamente encharcado. Mas já era alguma coisa.

Com o resultado, Ahmya arregalou os olhos esperançosos para seu professor. 

“Está vendo! O fruto não cai mesmo muito longe do pé” ele sorriu “eu sei que você deseja muito orgulhar a sua mãe. Mas Azumi já te reconhece. Ela apenas está muito cansada com tanto trabalho”

A garota sorriu sem compreender completamente o ditado. 

Ela não se sentia mais como se tivesse decepcionado a mãe. Além disso, ela se lembrou que fogo era a principal liberação de Shisui e eles teriam mais uma coisa para compartilhar.

“Bom… você pode pedir para seu amigo Shisui te ensinar alguns ninjutsus estilo fogo. Mas, já que vamos passar o dia juntos, posso te ajudar com liberação de água” 

Yahiko parecia conseguir ver através dos pensamentos da criança.

A pequena o dirigiu um sinal de jóia com a mão e um grande sorriso no rosto “Certo, sensei!”