História Vamp - † Danger †

Já se passava da meia noite quando Seokjin terminou de organizar os papéis que seu chefe mandou para ele. Mais uma vez fazia hora extra e odiava a si mesmo por não saber dizer não àquele homem sério e misterioso. Seu chefe, também conhecido como Kim Namjoon, parecia sempre dar um jeito de acrescentar dezenas de papéis a seu trabalho quando estava quase o terminando e o mais velho o amaldiçoava toda vez que o outro surgia do além com mais papéis na mão.

Algumas vezes se perguntava como um rapaz tão novo poderia ser tão rígido e sério em relação a seu trabalho e seus subordinados. Já se pegou perguntando a si mesmo se aquele homem tinha alguma fraqueza ou medo, pois tudo o que fazia parecia perfeitamente calculado, suas palavras eram ditas com certeza na voz, e o fato de ter apenas vinte e dois anos impressionava Seokjin, que aos vinte e quatro anos era apenas um mero secretário em um empresa bem sucedida.

Estava terminando de fechar sua sala quando o celular começa a fazer um barulho irritante, o assustando por tocar tão de repente. Assim que o tirou do bolso viu que era uma ligação de seu noivo. Sim, Seokjin é gay e a alguns meses foi pedido em casamento pelo cara que pensava querer passar toda sua vida ao lado, mas não abriu um sorriso ao ver o nome de Joohyun na tela de seu celular e lembrar que amanhã mesmo seria seu tão esperado casamento. Sem querer fazê-lo esperar mais atendeu a chamada, logo ouvindo a voz de seu noivo soar preocupada do outro lado.

— Tudo bem?

— Sim, estou indo para casa agora. – respondeu tentando se concentrar em não bater em nenhuma mesa enquanto caminhava, já que o resto do andar da empresa que trabalha estava totalmente escuro por todos os funcionários terem ido embora.

— Porque demorou? – mais uma vez o tom preocupado pareceu aumentar e Seokjin se perguntou o porquê daquilo. Às vezes, na maioria delas, não gostava nem um pouco do jeito protetor do homem. Ele chegava a ser possessivo.

— Estava arrumando alguns papéis. – disse tranquilo, desviando de uma mesa em frente. Ele poderia ter levado os papéis para organizar em casa, porém sua casa é um local sagrado em que não gosta de levar seu trabalho para lá.

— Entendi. Quer que eu vá te buscar? – Joohyun ofereceu.

— Não, tudo bem, posso ir sozinho.

— Mas está tarde, é perigoso você sair a essa hora sozinho.

— Está tudo bem, não é preciso, eu sei me cuidar. – assegurou um tanto incomodado.

— Mas…

— Joohyun! Eu vou sozinho, não precisa disso tudo.

— Tudo bem... – o outro pareceu ponderar por alguns segundos antes de o responder.

— Vou desligar, até mais. – avisou assim que chegou ao elevador.

— Até…

Seokjin revirou os olhos e se questionou sobre preocupação de seu noivo, achava que não fazia sentido pois ele saberia se cuidar muito bem. Ficava até um tanto irritado com aquilo, não era a primeira vez que Joohyun o tratava assim. Achava aquela preocupação excessiva, como se seu noivo não tivesse confiança o suficiente sobre si. Ficou até um pouco indignado por sua reação quando disse que iria sozinho, sabia que estava tarde mas isso não significava que era uma garotinha indefesa andando sozinha em um lugar desconhecido. Algumas vezes em que brigavam passava por sua cabeça como daria certo aquele casamento, sendo que seu futuro marido não confiava em si. E se já estava pensando assim antes mesmo de casarem o que aconteceria depois? Infelizmente Seokjin tinha problemas em dizer não, mas a vontade de falar na hora do casamento era grande.

O rapaz já havia saído de sua empresa tarde diversas vezes, mesmo que dessa vez tenha sido mais tarde que o normal, já era quase duas da manhã, mas mesmo assim não achava aquilo preocupante o suficiente.

Assim que chegou ao térreo do enorme prédio em que trabalha ouviu o elevador apitar e logo as portas do mesmo se abriram, mas ao sair daquele cubo de metal sentiu um calafrio percorrer sua espinha, o fazendo olhar para todos os cantos do local por impulso. Como esperado não viu nada, mas uma sensação estranha tomou conta de seu ser, o fazendo ficar em alerta para qualquer ruído que ouvisse.

A medida que se aproximava da porta de saída do prédio seus calafrios aumentavam o deixando cada vez mais temeroso, era como se estivesse sendo observado e isso o deixava extremamente agoniado. Assim que chegou até a enorme porta de vidro escutou algo cair, rapidamente virou em direção ao barulho, se perguntando o que caiu, mas decidiu não prolongar aquela sensação estranha e logo saiu do lugar.

Caminhando o mais rápido possível pelas ruas praticamente desertas, sua casa não era longe, mas também não era tão perto assim. Em certo momento as palavras com tom de preocupação de seu noivo começaram a ecoar em sua mente, o fazendo ficar confuso e voltar a sentir aquela sensação de que estava sendo observado.

Como num impulso acabou olhando para trás novamente, se arrependendo imediatamente, pois dessa vez havia alguém lá. Um homem suspeito, com roupas totalmente negras e um casaco com capuz que cobria seu rosto. O ser não parecia forte muito menos maior que Seokjin, porém o mais alto sentiu o perigo quando bateu os olhos nele, voltando a andar mais rápido ainda.

As ruas pareciam totalmente desertas agora, os poucos carros que passavam simplesmente evaporaram, a sensação de ser perseguido tomou conta e ele virou em um beco, na intenção de cortar o caminho a chegar mais depressa em casa.

Porém mais uma vez este se arrependeu imediatamente, ao dar alguns passos adentro daquele beco ele deu de cara com o mesmo homem que o seguia, o deixando confuso e se perguntando como o outro chegou ali tão rápido. Antes que falasse ou fizesse algo o mais baixo agiu rapidamente, foi tão rápido que nem sequer deu tempo de Seokjin gritar por ajuda.

Em segundos o homem estava o segurando pela cintura e com o rosto afundado em seu pescoço, assim como suas presas. O mais alto sentiu uma dor aguda em seu pescoço, seguido de uma sensação de leveza e sono, o que o fez fraquejar, acabando por cair de joelhos no chão. O homem baixo, mas que se mostrou ser extremamente forte, o acompanhou até o chão ainda com o rosto afundado no pescoço alheio.

Seokjin queria gritar, pedir por ajuda, mas sentia-se fraco demais para aquilo, seus olhos pesaram, os músculos ficaram relaxados, como se ele estivesse descansando após correr uma maratona.

Ainda sem poder ver o rosto do agressor o mais alto sentiu que iria desmaiar, ou talvez algo pior que isso. Mesmo fraco um medo enorme tomou conta de si, o fazendo tentar se debater para se soltar das mãos que o seguravam tão fortemente, porém mais uma vez isso foi em vão. Estava quase aceitando a morte quando ouviu um barulho alto seguido de seu corpo caindo ao chão, o homem havia o soltado finalmente, mas por estar fraco demais ficou ali, caído, fraco a ponto de morrer. Sentia seus batimentos cada vez mais lentos.

— Quantas vezes já foram, Yoongi? – uma voz grossa, mas conhecida, soou distante parecendo irritado. Ainda com os olhos um pouco abertos, pôde ver seu agressor também caído ao chão, gemendo de dor.

Uma risada fria foi ouvida seguindo aquelas palavras, Seokjin ficou assustado quando o homem continuou jogado ao chão porém rindo alto como se alguém tivesse contado uma piada muito boa.

— E você continua me perseguindo não é, Namjoon? – podia sentir o ódio em sua voz ao pronunciar aquela frase, mas o que o deixou mais amedrontado foi o nome que o homem disse. – Essa é a primeira vez que não chega atrasado, se você se apressar esse aí pode sobreviver.

Com essas palavras o homem levantou do chão em uma velocidade absurda, logo sumindo daquele beco na mesma velocidade.

— Só estou protegendo o que é meu. – ouviu o outro falar novamente, agora com a voz mais suave porém igualmente grossa.

O medo que havia sumido junto com o homem mais baixo voltou assim que ouviu passos se aproximando e o outro mais alto se abaixou próximo a Seokjin. Este não se moveu por estar fraco demais, seus olhos voltaram a pesar de forma agoniante, suas pálpebras abriam e fechavam de forma lenta. O homem colocou a mão em seu pescoço que doía absurdamente.

— Droga! – o outro disse, em forma de sussurro olhando para a própria mão. – Me desculpe pelo que vai acontecer a partir de agora. – disse novamente, sentando no chão e colocando o mais alto entre suas pernas, de forma que fique encostado em seu peito. – Tome.

Sem poder reagir Seokjin sentiu algo encostar em seus lábios, logo sentindo um gosto metálico e doce em sua boca. Não poderia mentir, aquilo era bom, seja o que fosse Seokjin bebeu como se fosse a melhor bebida que já tomou em sua vida. O líquido parecia lhe devolver a força que perdeu com a perda de sangue.

Assim que o outro afastou aquilo de seus lábios, a tontura forte que tomou conta de si foi o suficiente para sentir seu último batimento antes de apagar naquele beco escuro e úmido, nos braços de um estranho e se perguntando o que realmente aconteceu ali.