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História Vampira - Euforia


Escrita por: hitachitaka

Capítulo 4 - Euforia


Já era madrugada quando Camila e Taina chagaram a casa. Sua mãe estava nervosa, e gritava sem parar um tumultuado de palavras que Camila mal conseguia decifrar. A cabeça doia, e o corpo pedia desesperadamente pela sua cama. Pela manhã, Camila acordou. Não suportaria mais permanecer na cama; a dor de cabeça era insuportável. Foi até o chuveiro e ficou, recebendo a água fria cair em seu corpo aliviando a dor. Enquanto retornava ao quarto, escutou a voz da  mãe, vinda da cozinha. Ela murmurou alguma coisa que Camila preferiu não ouvir. Fechou a porta do quarto e sentou-se em frente ao espelho. A camiseta que usava estava ficando molhada por causa da água que escorria do cabelo ainda molhado. A garota olhava-se no espelho mas pensava na noite enterior, no bairro do Brás. No bar movimentado... Todos bebiam... Ela bebeu até se sentir eufórica... Taina se conteve, bebeu pouco. Mas para Camila a bebida proporcionou um prazer que foi muito além do gosto, que mexeu com suas emoções, fez sumir a timidez, o medo, a vergonha... Fazia algum tempo que bebia pequenos goles, mas, dessa vez foi além; havia até topado um desafio de quem bebia mais..  De repente, sua imagem desapareceu como se tivesse evaporado do espelho, e ela estava novamente no bar, em uma  competição desenfreada para ver quem, entre eles, conseguiria tomar mais sabia que, naquela noite, a cerveja ganhou um novo gosto... O gosto da liberdade que a fez esquecer do quanto era presa dentro de si mesma.  O álcool pareceu libertá-la. Sentiu-se desinibida, solta, livre de si própria. Como mágica, viu seu mundo transformar-se, tornou-se corajosa e se sentiu forte, dona de suas emoções. Amou aquilo, amou sentir-se daquele jeito. De súbito, assustou-se com um movimento de Taina na cama, ela deveria estar sonhando ou, apenas querendo acordar. Camila voltou-se para o espelho e notou sua imagem. Estava pálida, abatida e, de modo muito estranho, sentiu-se como se tivesse alguns anos a mais. Lembrou-se dos rapazes que também passaram a noite no bar, eram iguais aos roqueiros que ela conhecia pela TV, usavam  o cabelo do mesmo jeito compridos, e eram todos tão seguros de si, voluntariosos... Foi maravilhoso poder falar com alguns deles... Decidiu começar a secar e pentear os cabelos, embora ainda sentisse a cabeça doer. Mas a dor que poderia ser definida como ressaca, representava muito pouco, quase nada, perto de tudo o que descobrira naquela noite.   

- Luana, quando vamos voltar áquele barzinho?-  indagou Camila, enquanto observava a amiga terminar de se arrumar.  

- Toda sexta-feira, eles se reúnem no mesmo lugar. O  júlio nunca falta. Se quiser, podemos ir lá na próxima sexta. De súbito, a garota voltou-se para o pequeno relógio sobre a mesinhade cabeceira e deixou escapar um grito  

- Não acredito! Combinei encontrar-me com Júlio ás seis horas em ponto! 

- Sua mãe não se importa que você namore?- perguntou Camila em um impulso, sem saber ao certo o motivo da sua pergunta. 

- Não sei. Mas eu não estou namorando, você sabe como são essas coisas... A gente vai ficando... Não é nada sério, e é claro que minha mãe diria que eu não tenho idade para namorar. 

-Acho chato esconder as coisas da minha mãe. 

-  Não entendo você! Acabou de me dizer que quer voltar áquele barzinho, mas sabe muito bem que sua mãe não a deixará ir se não inventar alguma coisa! 

-Eu sei, só disse que não acho legal... Entende... Queria não precisar mentir... 

- Mas todo mundo de vez enquando fala umas ''mentirinhas inocentes '', dessas que, não fazem mal a ninguém. 

A  garota passou a mão sobre o jeans e a camiseta. estava pronta  

-Também  já vou indo. Faz umas duas horas que sai do bufê, e minha mãe gosta de que  eu vá direto para casa. 

- Ah, Camila! Você está na minha casa, sua mãe não liga que fique aqui! 

- É, mas ela não sabe que estou aqui. 

- Só quero saber como vai conseguir sair de casa sexta-feira á noite! - disse Luana já com a mão na maçaneta da porta. 

Sairam juntas, em silêncio. Camila seguiu seu caminho, pensando no quanto queria que chegasse logo a sexta-feira. Talvez tivesse de usar algumas daquelas '' mentirinhas inocentes '', pois ela precisava de tudo o que viu e sentiu naquele lugar; aquelas pessoas a aceitaram e ela havia-se sentido importante... Forte... Camila respirou fundo, apertou os passos e seguiu para casa, determinada quanto á própria escolha que acabara de fazer.   

Aos poucos, o sentimento de culpa, com relação ás desculpas para estar longe de casa, foi desaparecendo.  As ''mentirinhas'' tornaram-se comuns demais, e já  não havia ressentimento por ter de enganar os pais.  O seu próprio mundo foi, de um modo lento, mas persistente, mudando completamente. Fazia um ano que Camila havia descoberto seu grupo de amigos, pessoas que não zombavam dela. Não sabia se podia chamar de felicidade o que havia encontrado, porque ainda sentia aquela inexplicável dor. A dor que vinha do intimo da alma, algo que não sabia explicar que seus sentimentos se confundiam entre a decepção e a frastração.   Seu pai continuava chegando a casa bêbado, fora de si por causa da bebida. Sua mãe se mostrava cada dia mais cansada, mais amargurada. Mesmo sabendo que suas  atitudes a faziam sofrer ainda mais, Camila não podia desistir das noites de sextas-feiras no barzinho, que já se haviam tornado comuns, e, menos ainda, dos encontros com seus amigos beavy metal.  Fazia alguns dias, Camila havia saido com a irmã para assistir a um show de rock no ginásio do ibirapuera. Taina comprou os ingressos com bastante antecedência, por isso conseguiram excelentes lugares. Camila ficara extasiada quando teve certeza de que estaria vendo, ao vivo seus idolos internacionais . Eram as suas bandas prediletas que estariam ali, fazendo  brilhar a sua noite, a noite da cidade de São Paulo. E o melhor de tudo é que ela não estaria  apenas acompanhada de sua irmã, agora tinha uma galera. Pela primeira vez, sentia que tinha amigos de verdade, gente que gostava dela sem que tivesse que provar nada.  Era desse jeito  que Camila procurava enxergar a sua própria história, embora, no fundo, tentasse o tempo todo provar a si mesma e aos que estavam á sua volta o quanto era independente e corajosa. Nem sabia quantos cigarros fumava  em um único dia, e já nem contava quantas garrafas de cerveja  conseguia ingerir em uma noite. Seu organismo começava a ficar sedento de bebidas  mais fortes, que pudessem levá-la a uma satisfação mais intensa. No barzinho que funcionava no Brás, ela já havia experimentado uma variada qualidade de vinhos e passou a apreciá-los muitissimo, até que também  começaram a ficar fracos para suprir as suas necessidades. Passou a tomar menta até chegar a uma mistura chamada capeta, que a deixava completamente aloprada, dona de um dinamismo que a fazia aguentar passar a noite toda vibrando de euforia, sendo a alma da festa.   Na noite do show, ainda não havia bebido muito, só o suficiente para sentr-se desprendida, livre de qualquer sentimento que pudesse atormentá-la. O ginásio do ibirapuera já estava lotado quando viu um rapaz que lhe chamou muito a atenção. Ele estava de calça jeans escura e jaqueta de couro preta, tinha olhos escuros e cabelos castanhos sedosos, que lhe caiam até a altura dos ombros. Por um momento, apenas se entreolharam. Depois, quando seus olhos voltaram a se encontrar, ela sentiu o olhar do rapaz ousado, quase isolente, passeando pelo seu corpo. No primeiro instante, ela se irritou, mas, quando o fitou de novo, sentiu, naquele olhar, algo que mais parecia uma caricia. Fitou-o por mais algum tempo, até que a primeira banda foi anunciada e imediatamente subiu ao palco. A partir de então, ela esqueceu-se de tudo á sua volta, inclusive do rapaz que parecia conseguir tocá-la, mesmo distante. A segunda banda havia acabado de se apresentar, quando Camila se deu conta de que ele estava ao seu lado. De perto, era ainda mais bonito e tinha um sorriso extremamente cativante.

 


Notas Finais


Próximo capitulo, Incertezas


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