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História Vazio - História mal contada


Escrita por: ChisanaRumiko

Notas do Autor


Oláaa, galerinha <3
Aqui está mais um capítulo (cheio de promessas, hehehe)
Boa leitura!

Capítulo 5 - História mal contada


Vamos, Rivaille, abra logo a porta! — gritava a mulher do lado de fora.

Eren continuou sentado no chão, petrificado. O que diabos eu faço nessa situação?!, ele pensava enquanto olhava para os lados procurando por uma saída alternativa — todo gangster que se prese deveria ter uma rota de fuga. Mas aquilo o pôs entre a cruz e a espada: Eren não sabia se tinha mais medo dos policiais na porta ou do provável Levi puto da vida por ter a sua casa bisbilhotada por um fedelho.

O garoto fechou os olhos e respirou fundo. Ele já estava na merda mesmo, então achou que seria melhor fazer o correto. Ainda com os joelhos tremendo, Eren levantou-se e caminhou até a porta. Ele podia escutar pessoas nervosas cochichando do outro lado, mas preferiu não pensar muito — ele poderia acabar mudando de ideia. Com o resto da coragem que tinha, Eren girou a maçaneta e abriu a porta, de olhos fechados, na sua postura mais ereta possível. Ele tentava pensar em alguma forma de cumprimento, justificativa ou apelo que poderia fazer, mas sua mente era só uma tela azul.

Finalmente — disse a voz feminina. Eren estava tão nervoso que sequer conseguiu abrir os olhos para vê-la. — Pensei que a bebida ia esquen...

Hã? Bebida? Eren arriscou dar uma olhada nos supostos visitantes. Eram ao todo 6 pessoas — 2 mulheres e 4 homens —, todos fardados como policiais, mas nenhum deles parecia estar ali a trabalho. Na verdade, eles estavam bem despojados, com alguns botões da farda abertos, segurando sacolas com bebidas e alguns tira-gostos. Quer dizer, estavam tranquilos até olharem para o garoto de 1,70m, esperando encontrar um homem de 1,60m.

Eren estava tão confuso que ficou apenas piscando para os policiais. Lá no fundo, um homem de cabelo cinza com um corte parecido com o de Levi preparou-se para sacar a arma, encarando Eren com misto de surpresa e desgosto. Mas, por sorte, foi parado por uma mulher de cabelos alaranjados num corte Chanel, que sussurrou “O que pensa que está fazendo, Oluo?!”.

Um silêncio cruel dominou a porta de entrada do apartamento de Levi. De longe, aquela foi a situação mais inesperada da vida de Eren. A mulher de óculos que estava na frente do garoto — provavelmente, a que estava batendo na porta — tentou quebrar o silêncio, mas foi interrompida pelo barulho da porta do elevador se abrindo.

Ei... — disse Levi, com aquele tom de voz que sempre mexia com Eren, e daquela vez não foi diferente. — Que merda vocês pensam que estão fazendo?

No mesmo instante, todos os olhares se voltaram para o homem baixinho sete vezes mais enfezado que o normal.

Heichou! — Eles gritaram em uníssono.

Eren se sentia como um telespectador distante, não entendendo nada do que estava acontecendo. Na verdade, ele se perguntava se todos ali não eram policiais corruptos que faziam acordo com um Yakuza.

Alguns dos policiais se aproximaram de Levi e começaram a perguntar o que raios um garoto estava fazendo em seu apartamento sem que ele estivesse presente. Levi apenas ignorou todos eles e atravessou o corredor, indo em direção a Eren. Seu olhar era tão intenso que o garoto não pôde evitar cobrir o rubor com a mão, gesto que não passou despercebido por Levi.

— Deem-me um segundo — disse Levi em tom autoritário, puxando Eren para dentro de casa e fechando a porta logo em seguida.

Os seis oficiais ficaram encarando a porta completamente desnorteados, como se aquela cena não passasse de fruto da imaginação deles. Afinal de contas, por que o Heichou deixaria um pirralho entrar no apartamento dele?

Do outro lado da porta, Levi tratou de catar todos os pertences de Eren para que o garoto saísse dali o mais rápido possível.

— Eles fizeram algo a você? — perguntou Levi, mais por educação do que por preocupação, pois já tinha dado uma rápida analisada no menino.

Eren teve um rápido flashback do homem de cabelo cinza puxando a arma, mas preferiu não falar nada. Afinal de contas, não aconteceu nada.

— Não, eu estou bem...

— Ah, bom. — Levi jogou uma lata de suco de uva para Eren, que a pegou no ar. Belo reflexo, garoto. — Já que não pode beber vinho, comprei suco de uva.

De novo, Levi disse algo que seria um bom trocadilho, se ele usasse o tom de voz correto. Eren já estava começando a entender como o senso de humor de Levi funcionava, então deu um pequeno sorriso e abriu a lata.

— Você é terrível nisso... — murmurou Eren baixinho o suficiente para que Levi não escutasse.

Agora que o sangue já tinha esfriado, Eren lembrou-se de uma coisa importante...

— Não esperava que justo você fosse ser amigo de policiais — disse Eren como quem não quer nada. Levi fez uma pausa para olhar para o garoto.

— O que quer dizer com isso? — perguntou, estranhando que o pirralho fosse fazer uma pergunta tão peculiar.

Levi não era o tipo de pessoa que curtia rodeios, isso Eren já tinha percebido. Então, decidiu ser direto.

— No dia que eu me esbarrei com você — ou melhor, “te atropelei” — na rua, os caras que estavam atrás de mim saíram correndo porque achavam que você... era um Yakuza.

Ah sim, aquele dia..., pensou Levi enquanto lembrava-se da cara de assustado de Eren quando ele o chutou. Aquilo o fez rir internamente. Mas é um problema que esse garoto saiba sobre a polícia...

— E...? — respondeu Levi, voltando a arrumar as coisas de Eren.

O garoto o encarou por um tempo, pensando se pedia uma confirmação mais direta ou não. Acabou julgando não ser necessário; a forma como Levi tinha respondido já deixava claro que ele pensava que aquilo era uma besteira. É, isso fazia mais sentido para Eren. Subitamente, Levi passou a ter menos cara de “gente ruim”.

— Sinto muito, esqueci que Hanji tinha avisado que ia passar aqui ainda hoje — desculpou-se Levi enquanto estendia para Eren a sua bolsa com suas coisas.

— Não tem problema... — Eren ficou realmente surpreso por Levi ter sido atencioso a ponto de juntar as suas coisas para ele.

Mas o que Eren não sabia era que aquele gesto estava carregado de segundas intenções; como Levi havia planejado, as mãos de ambos se encontraram de novo, da mesma forma como tinha acontecido quando Eren o entregou a sacola com a camisa de linho. Levi precisava saber se aquele choque que ele sentiu tinha sido apenas coisa da cabeça dele — na verdade, era para confirmar se tinha sido mútuo. Só que Eren foi pego completamente de surpresa dessa vez, e quando Levi roçou de propósito o indicador em seu dedão, Eren deixou escapar um leve suspiro.

Levi arregalou os olhos. Aquilo era mais do que ele esperava escutar, e no mesmo instante uma tensão surgiu entre os dois. Eren não conseguia desviar os olhos dos de Levi; parecia que ambos estavam parados ali por horas, embora fossem apenas alguns segundos. E, quando finalmente conseguiu fugir de seu olhar penetrante, Eren pegou-se fixado em seus lábios levemente entreabertos...

Não, não, isso é muito errado, dizia Eren para si mesmo quando percebeu para onde seus pensamentos estavam o levando. Saia daí, antes que se arrependa! Sem pensar duas vezes, Eren tomou a bolsa da mão de Levi, pendurou-a no ombro e deu um gole na latinha de suco. Por mais decepcionado que Levi estivesse por Eren ter cortado o clima, ele não podia deixar de achar engraçado o quão envergonhado aquele garoto estava. Sim, era real; o pirralho estava sendo afetado por Levi. E isso o deixava tanto satisfeito quanto enojado. Meu Deus, Levi, olha no que você está pensando...

— Obrigado pelo suco e... bem, por tudo mais — disse Eren, já andando em direção a porta.

Levi apenas cruzou os braços e observou o garoto.

— Ah sim, a minha camisa! — Eren lembrou assim que pegou na maçaneta. — Eu já ia esquecendo... — Ele deu um sorriso tímido a Levi, que não conseguiu conter as sobrancelhas arqueadas.

— Hm, a camisa... — murmurou Levi, desviando os olhos. — Foi mal, pirralho, eu não tive tempo de lavar — Eren não percebeu, mas as orelhas de Levi ganharam um tom rosado.

— Mas você estava lavando a sua casa! — argumentou Eren.

Levi franziu o cenho para ele.

— Está dizendo que sua camisa é uma prioridade maior do que a minha casa? — questionou Levi. Eren apenas encolheu-se e fez que não com a cabeça. Levi soltou um suspiro. — Eu só não esperava que você fosse devolver tão cedo.

Bom, essa desculpa é mais coerente, pensou Eren.

— Tudo bem, não tem problema — Eren apenas deu de ombros. — Eu posso levá-la assim mesmo...

Não — Levi foi tão incisivo que fez Eren recuar de novo. Percebendo que a sua resposta foi ríspida demais, Levi complementou: — Eu insisto; deixe-me retribuir pela camisa... e tudo mais — Levi completou com a mesma coisa que Eren disse, fazendo os olhos do garoto brilharem.

Contra aquilo, Eren não tinha como argumentar.

— Então... eu venho pegar aqui...? — Eren estava inseguro se tinha entendido certo.

— Daqui a dois dias, seria ótimo — respondeu Levi, com aquele seu sorriso discreto de novo.

Eren deu um olhar sorrateiro para Levi, que o correspondeu. Sim, Eren sabia que tinha alguma coisa muito errada com aquela situação, mas ele não estava nem aí. Seu maior medo era que ele pagasse de idiota na frente de um estranho, e agora ele sabia que aquilo não iria acontecer. Não precisava ser um gênio para saber que, o que quer que estivesse acontecendo, era mútuo.

Tendo terminado de se “despedir”, Eren abriu a porta para sair e se deparou com aquela mulher de óculos encostada na porta, quase caindo quando ele a abriu. A mulher olhou para Eren e deu-lhe um sorriso tímido, com as bochechas bem coradas. Eren não pôde evitar de corar também. Ela estava ouvindo...?

No mesmo instante, Levi apareceu atrás de Eren, e fuzilou a mulher com os olhos até a alma. Ao fundo, os outros policiais sussurravam coisas como “eu te avisei”, tentando conter os sorrisos.

— B-bem... — disse Eren, agora extremamente sem jeito. — Desculpe pelo incômodo... Eu já vou indo.

O garoto inclinou o corpo como cumprimento e partiu, sem esperar por qualquer resposta. Como Levi tinha subido a pouco tempo, o elevador ainda estava parado no mesmo andar, então Eren não teve que esperar para poder entrar. Enquanto as portas se fechavam, Eren pôde escutar um dos policiais reclamar: “Por que você deixa aquele garoto entrar, mas nós não?”. Por algum motivo, aquilo fez um sorriso incontrolável crescer em seu rosto. O garoto deu um gole no suco, satisfeito com o que escutara.

 

 

“Eren, kd vc?! Eu e Jean estamos loucos aq te procurando!”, dizia a mensagem que Armin tinha mandado a Eren cinco minutos atrás.

Eren olhou confuso para o telefone. Ele não se lembrava de ter marcado alguma coisa com os amigos, então aquilo não fazia sentido. Para não perder o sinal, Eren ficou do lado de fora da estação de metrô.

“Do q q c ta fld, cara?”, respondeu Eren.

Não demorou nem três segundos para que Armin respondesse:

“Hannes-san ta puto cm vc, e ta pedindo pra vc vir no flip”.

Eren passou a mão pelo rosto. Ah, não, tudo que eu não precisava... Provavelmente, Hannes viu o rosto de Eren, já que ele tinha sido o último a correr. E provavelmente contaria à sua mãe. E provavelmente ficaria de castigo... E provavelmente não iria ver Levi depois de amanhã.

“Diga a ele q eu to no caminho”, respondeu Eren e entrou na Linha 5 do metrô, a qual atravessava até o outro lado da cidade.

 

 

Jean e Armin estavam esperando encostados na parede do lado de fora do fliperama, ambos com uma expressão não muito boa.

— Fala sério, você é como um ímã para problemas... — retrucou Jean assim que Eren se aproximou.

— Bom ver você também, Jean — Eren devolveu com ironia.

— Eren, onde você estava? — perguntou Armin, ignorando a troca de ofensas dos dois.

Eren desviou o olhar por um momento e passou a mão na nuca. Armin interpretou aquele gesto como um mau sinal. Afinal de contas, tinha que ser uma besteira considerável para que Eren ficasse com vergonha de falar até pra ele. Mas, levando em consideração que Eren está escondendo alguma coisa de mim desde que brigou com Mikasa... Sim, tinha algo importante que Eren estava escondendo.

— Então... Eu estava devolvendo uma coisa que eu peguei emprestado... — disse Eren, olhando para nenhum lugar em específico.

Armin estreitou os olhos para o amigo. Analisando bem, ele pôde perceber que Eren não estava mais segurando a sacola de hoje de manhã.

— A camisa de linho branco? — interrogou Armin.

Eren no mesmo instante olhou surpreso para Armin, pensando que ele tinha descoberto sobre Levi. Mas aí lembrou que foi ele mesmo quem disse que estava com a camisa hoje de manhã, e devia ter ligado os pontos. Armin sempre foi o gênio do grupo.

— Isso mesmo — respondeu Eren.

— Fico imaginando por que você precisaria de uma camisa de linho branco emprestada... — comentou Armin com sarcasmo.

As bochechas de Eren coraram de leve e ele se viu forçado a desviar o olhar novamente. Jean olhava de um para o outro, sem entender nenhuma das indiretas que estavam sendo lançadas, e ficou meio chateado por estar por fora da resenha da camisa.

— Ok, ok — interrompeu Jean, colocando uma mão no ombro de cada um. — A briga do casal pode esperar um pouco, temos um Hannes puto da vida para lidar.

Numa situação normal, Eren daria uma respostada que com certeza irritaria Jean, mas ele apenas ficou calado, ainda meio envergonhado por alguma coisa. Tem alguma coisa séria por trás dessa resenha da camisa..., pensou Jean, considerando se perguntava sobre aquilo mais tarde ou não.

Armin foi o primeiro a se virar e andar em direção à entrada do fliperama. Eren, depois de um suspiro longo, o seguiu. Por último foi Jean, perguntando-se por que estava ali.

Hannes estava sentado numa cadeira com os pés descansados em cima do balcão, bebendo enquanto lia uma revista de jogos — como sempre. Assim que viu o trio de meninos entrando, largou a revista num canto qualquer e saiu de trás do balcão.

Você sabe que eu só não te esgano aqui e agora porque é filho de Karla, não é? — disse num tom ameaçador enquanto caminhava diretamente para Eren, que congelou onde estava.

— Acho que nunca amei tanto minha mãe... — Eren deixou escapar sem querer. Ops...

Hannes franziu o cenho mais ainda e o pegou pela gola da camisa. Aquele gesto foi uma surpresa para os três garotos: Hannes nunca tinha partido para a agressão dessa forma, a menos que fosse para separar uma briga.

Você é um moleque muito ousado, Jäeger — Hannes praticamente cuspia as palavras na cara de Eren, tamanho o desprezo. O menino apenas ficou calado, estupefato, sem entender o porquê daquilo tudo. Sem falar que o cheiro de álcool que vinha de Hannes era insuportável. — Teve a coragem de arrumar briga dez minutos depois de eu mandar você sossegar... E ainda por cima... — Hannes começou a apertar mais ainda a gola da camisa de Eren, fazendo-o sufocar um pouco. E Eren simplesmente não reagia. — Mesmo tendo sido criado com tanto amor... Você vai lá e entra para a Yakuza! — gritava Hannes, já pouco se fodendo para os outros clientes.

Armin e Jean ficaram completamente sem palavras; eles não sabiam se a surpresa era maior do que a falta de sentido. Já Eren apenas teve vontade de rir. A situação tinha chegado num ponto de confusão que ele teve que controlar-se bastante para não cair na risada... mas não aguentou, e deixou um sorrisinho escapar.

Aquilo foi o fim para Hannes; sem dó alguma, ele puxou o braço livre para trás e desceu um soco muito bem dado no rosto de Eren. O garoto praticamente saiu voando e caiu no chão, rolando.

Karla não merece um filho como você! — Hannes continuava gritando.

Mesmo sem entender nada, Armin e Jean não podiam ficar parados apenas assistindo a tudo. Armin correu até o amigo para o ajudar a se levantar, enquanto Jean tentava segurar os ombros de Hannes e impedi-lo de ir até Eren.

— Hannes-san, acalme-se! — Jean tentava falar por cima dos gritos do homem bêbado.

— Eren, você está bem? — perguntou Armin enquanto ajudava Eren a sentar-se ereto.

— Aham — disse enquanto massageava o lugar que Hannes tinha socado. — Ouch, esse velho ainda sabe como socar... — Eren esperava ver um sorriso de Armin, mas tudo que ganhou foi um par de olhos preocupados. — Armin, eu estou bem — Eren disse com todas as palavras para que Armin entendesse.

Não vai estar assim que eu chegar aí! — ameaçou Hannes, ainda sendo impedido por Jean.

Eren levantou-se calmamente e foi andando até Hannes. Jean tentou protestar, mandando ele se afastar, mas Eren não o ouviu. Ao perceber a postura séria de Eren, Hannes parou de se debater, fazendo com que Jean o soltasse aos poucos. O homem aproveitou aquela oportunidade para empurrá-lo para o lado e ficar frente a frente com Eren, que só era um pouco mais baixo que ele.

— Você me conhece a tanto tempo, Hannes-san... — Eren fez uma pausa dramática para olhá-lo com decepção. Aquilo irritou Hannes um pouco. —... Ainda assim, você me julga tão facilmente...

— Corte o papo furado, Jäeger — Hannes sempre falava o sobrenome de Eren quando estava puto, já que aquele era o sobrenome de seu pai.

— Quem é que te falou uma merda dessas? — Perguntou Eren, indo direto ao ponto.

— E no que isso altera os fatos? — resmungou Hannes.

— Talvez eu seja capaz de abrir seus olhos só usando o nome do otário como justificativa.

Hannes encarou o garoto em silêncio, considerando o que ele disse.

— Quando eu comecei a interrogar os meninos que viram a confusão que vocês armaram, perguntando quem estava envolvido e essas coisas, um garoto veio e me contou toda a história — respondeu por fim. — Ele contou que quem puxou a briga foram uns caras de uma gangue aí pequena, e que eles seguiram você até que se depararam com um membro da Yakuza. — O olhar de Eren ainda estava sério, o que fez o homem partir logo para o que importava. — Quando eu fui atrás dos seis idiotas que encrencaram com vocês, eles confirmaram a história dizendo que não bateram em nenhum de vocês, porque o garoto pavio-curto tinha ligação com um membro da Yakuza — Hannes agora usava seu tom acusatório. — E quem será que era o garoto pavio-curto?

— Era eu — respondeu Eren no mesmo instante. Aquilo pegou Hannes de surpresa; ele esperava que o garoto tentasse enrolar ou qualquer coisa do tipo.

— Então admite que tem ligação com a Yakuza?

— Nunca disse isso, disse que eu era o pavio-curto. — A atitude arrogante de Eren estava tirando Hannes do sério de novo, mas se tem uma coisa que era verdade é que Eren nunca agia daquela forma a menos que tivesse 100% de certeza do que estava falando.

Jäeger, os idiotas confirmaram, que te viram com um cara que parecia que ia assassinar a primeira pessoa que visse pela frente.

— Por isso mesmo que ele me deu um chute na barriga, pisou na minha cara e amassou minha testa no asfalto — Eren apontou para a ferida na testa.

Depois daquilo, Hannes parecia bem mais calmo.

— Eu sequer conhecia aquele cara, a gente só se esbarrou enquanto eu corria — complementou Eren. Hannes levantou uma sobrancelha, demonstrando sua pouca-fé. — Qual é, Hannes-san. Eu já disse que não tenho nada com a Yakuza, que isso tudo foi um grande mal entendido e que sou inocente. Mas, se prefere dar ouvidos a um bando de otários que você mal conhece... — Eren levantou ambos os braços, como se dissesse “aí já não é mais comigo”.

— O bando de otários faz parte de uma gangue, e eles confirmaram que o cara com quem você se esbarrou é membro da Yakuza — insistiu Hannes, ainda na sua pouca-fé.

— Pois eles estão muito enganados... — Eren revirou os olhos.

— Como pode ter certeza? — acusou Hannes, pegando Eren de surpresa. — Você não acabou de dizer que nem conhecia o cara?

Eren não tinha como responder aquilo. Não importa a forma que ele coloque, iria sempre parecer que ele estava apenas procurando uma desculpa para encobrir o seu erro.

— Ele só era um cara baixinho e enfezado, não tem como ele ser da Yakuza!

— Mas esse cara baixinho e enfezado não te chutou e te fez beijar o chão? — Hannes estava afiado como uma agulha, mesmo para um bêbado.

Eren estava sem saída; as suas desculpas acabaram, e contar a história toda não iria adiantar nada.

Enquanto isso, Armin apenas escutava o debate dos dois sem poder entrar para defender Eren... já que sequer tinha ouvido falar daquilo. Sim, se Eren estivesse se relacionando com um Yakuza, faria muito sentido Mikasa ficar puta com ele a ponto de começar uma briga. Naquele momento, Armin estava dividido entre julgá-lo pela situação na qual estava ou confiar cegamente em Eren como sempre fazia.

A escolha não foi difícil.

— Hannes-san — interveio Armin. — Eren já expôs tudo que aconteceu. Você está apenas distorcendo as palavras dele para dar razão ao ponto de vista de um bando de garotos problemáticos, que queriam ter partido a cara de Eren ao meio, para que assim você possa justificar a sua atitude grosseira de esmurrá-lo sem nem mesmo perguntar o seu lado da história. Estou errado?

Hannes ficou sem palavras. Armin não era um garoto de muitas palavras, mas quando abria a boca... Não tinha quem conseguisse contra-argumentar. Naquele ponto, Hannes simplesmente desistiu de reclamar com os garotos.

— Ah... chega de bebidas por hoje — disse enquanto se dirigia de volta para o balcão. — Mas escute uma coisa, Jäeger — Hannes fez uma pausa para se virar para Eren e apontar o indicador. — Fique sabendo que eu estou de olho em você. No momento em que você vacilar e der brecha para que eu confirme essa história, eu vou dizer a Karla tudo que eu sei. Entendeu?

Eren apenas assentiu com a cabeça, e aquilo bastou.

Assim que o trio de amigos saiu do fliperama, Eren soltou um suspiro profundo.

— Obrigado por ter me ajudado, Armin. Acho que sem você... — Eren parou de falar assim que viu o rosto chateado de Armin. — O que foi?

— Aquele cara... ele é da Yakuza? — perguntou Armin, sem olhar para o rosto de Eren.

— Você só pode estar brincando — exclamou Jean, pondo a mão na testa. — Não me diga que você defendeu esse bastardo sem sequer saber da história...?

Armin parou de andar e virou-se para olhar Eren de frente. Sob aquele olhar, Eren era capaz de contar até os seus segredos mais bem guardados. Ele deu outro suspiro. Aqui vamos nós...

— Desculpem por não ter contado nada, eu estava... envergonhado.

— De quê?  — persistiu Armin, determinado a tirar uma história de Eren.

— Ah, bem... — Eren passou a mão pela nuca, como de costume. — Eu meio que não queria contar para vocês que só não apanhei dos gangsters porque um cara apareceu... E que depois eu apanhei desse cara...

Armin e Jean se entreolharam e depois caíram na risada.

— Fala sério, você é muito fodido! — disse Jean, quase sem fôlego. — Era só isso?!

— Acho que nem eu consigo um cúmulo desses! — Armin o acompanhou na zoeira.

Tá vendo?! Eu disse que ia soar ridículo! — Àquela altura, o rosto de Eren já estava escarlate.

Depois de mais alguns segundos, Armin e Jean conseguiram recuperar o fôlego.

— Mas falando sério, você devia ter nos contado... — disse Armin, já estabilizado.

— Diz isso depois de rir da minha cara — resmungou Eren.

— Acha que amigos só servem para dividir os momentos de glória? —perguntou Jean. — Pois saiba que nós também estamos aqui para seus momentos de merda também — disse, voltando a rir acompanhado de Armin.

Por mais que tenha sido uma provocação, Eren sabia que, no fundo, as palavras de Jean tinham sido verdadeiras: eles estariam lá para apoiá-lo mesmo nos momentos de merda. Eren sentiu um grande alívio.

— Ah, eu devia ter contado antes... — suspirou Eren, satisfeito. Aquilo tinha feito Jean lembrar de uma coisa.

— Ei, Eren.

— O que foi?

— Aproveitando esse momento de sinceridade...

— Lá vai — murmurou Armin.

—... qual é a resenha da camisa branca?

Alguns segundos de silêncio se passaram. Merda, Jean! Você tinha que perguntar?!

— Verdade, Eren. — Armin quase tinha esquecido esse detalhe. — Qual foi a da camisa?

Por algum motivo, algo dentro de Eren dizia para ele não contar sobre Levi. Só que, agora, não tinha mais como não contar...

— Quando eu me esbarrei no suposto Yakuza, eu... derrubei uma camisa branca que ele estava levando — Eren mentiu. Droga, Eren, o que você está fazendo?! — E, como aquela parecia ser uma camisa muito importante para ele, eu disse que iria lavá-la e devolvê-la... — Pare de mentir!

— Mas você não disse que ele te chutou e te pisou? Por que faria isso por ele? — perguntou Jean, achando aquilo estranho.

— Então, como eu disse, aquela era uma camisa muito importante para ele... e ele ficou muito chateado... e a culpa tinha sido minha mesmo...

— Isso não está fazendo sentido algum — reclamou Armin.

Naquele momento, um estalo veio à cabeça de Eren e ele começou a pensar.

Isso não faz sentido algum... — murmurou.

Armin e Jean se entreolharam, como se perguntassem “O que há de errado com esse menino?”. Mas Eren não ligava; ele apenas segurou com força o ombro de cada um dos amigos e os forçou a olhar para ele.

— Não faz sentido algum! — repetiu Eren.

— O que é que não faz? — perguntou Jean, já com medo da resposta.

— A história de Hannes-san! — disse, como se aquilo esclarecesse tudo. Mas só foi claro para ele.

— Eren, acho melhor a gente não forçar mais a barra... — começou Armin, mas foi interrompido por Eren.

— Não, você não está entendendo; a história dele tem um erro! — Aquilo, sim, tinha capturado a atenção dos dois amigos. Isso o incentivou a continuar falando: — Ele disse que apareceu um garoto que contou que viu tudo o que tinha acontecido, mas não tem como aquilo ter acontecido. Eu fui o último a correr, e garanto que não vi mais ninguém além dos seis brutamontes seguindo a gente.

— E daí? — perguntou Jean.

— Daí que, na história de Hannes, o garoto viu até a parte em que o suposto homem Yakuza aparecia, mas...

—... Não tem como ele ter visto aquilo, por que já estávamos muito longe do fliperama — concluiu Armin.

Alguns segundos de silêncio se passaram.

— Vai ver o garoto que dedurou era um dos caras que perseguiram a gente... — supôs Jean.

— Não, não tem como — negou Eren. — Primeiro, que Hannes-san disse que chamou os seis para dar bronca, então não faltou ninguém. E segundo, que não faz sentido um gangster dedurar seus parceiros.

— Eren está certo, não tem como esse garoto saber de tudo aquilo — Armin o apoiou.

— Mas então, o que aconteceu?

— Não sei... — disse Eren coçando o queixo. — Mas não parece nada bom.


Notas Finais


Geeente, finalmente a história está caminhando para onde eu quero! xD
Para os que esperam yaooi, caaaaalma! Esses dois merecem um clima mais romântico, não concordam? u.u
Concordando ou discordando, deixe um comentário para que eu saiba o q vcs estão pensando :3 (vish, rimou)
Até o próximo cap O/


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