1. Spirit Fanfics >
  2. Vazio >
  3. Pulando o muro

História Vazio - Pulando o muro


Escrita por: ChisanaRumiko

Notas do Autor


[Gatíssimos lindos, boa madrugada <3
Perdi um pouco a hora pq dava terminando e planejar alguns acontecimentos futuros da fic
(Sim, Malunna, essa vai ser a minha forma de te recompensar, dps disso não te devo mais nada u.u)
Bem, para aqueles que estavam curiosos em relação a Connie, um primeiro mistério já vai ser solucionado :3
Boa leitura!

OBS: Perdoem-me pelos possíveis erros de gramática, eu escrevi tudo pelo celular pq o meu PC quebrou ;----;
(Esse vida me fode tanto que eu n sei como ainda n tô grávida... Olha, deixa quieto kkkk)

Capítulo 14 - Pulando o muro


Connie correu com Eren até os fundos do colégio, sem dar nenhuma explicação. O que quer que fosse, realmente era muito importante para Connie estar tão preocupado — justo Connie, que não ligava para nada. Chegando até os fundos do colégio, onde o muro era menos vigiado e que dava para um terreno sem dono, Connie sinalizou para Eren pular o muro, já se preparando para saltar também.

Espera aí, Connie! — cochichou Eren, puxando o amigo pelo ombro. — O que está fazendo?!

— Pulando o muro, não dá para ver?

Eren deu um tapa de levinho na nuca do garoto.

— Ai! — protestou Connie, passando a mão no lugar atingido. — Tudo bem, tudo bem... Vou te contar o que aconteceu. — Connie sequer olhava para Eren, seu rosto sempre voltado para o chão.

— Já deveria ter feito isso há muito tempo — murmurou.

— Eu fiquei meio... preocupado... com a chegada do Torneio... e pensei em algumas formas de melhorar meu desempenho...

— Tipo, treinando? — disse Eren, meio sarcástico.

— Se fosse só isso, eu não estaria nessa enrascada — disse Connie, dando um rápido olhar de raiva para Eren, mas depois voltou a olhar para o chão. — Nem todo mundo consegue ser um louco suicida que nem você, que rebate qualquer bola sem pensar duas vezes.

— Falou o garoto mas corajoso e sem noção que esse colégio já viu, que fez as maiores loucuras, inclusive tentar fazer rapel no paredão do ginásio.

Connie não esperava escutar aquilo. Ele olhou para Eren, com olhos brilhantes e esperançosos, como se perguntasse “Acha mesmo isso?”. Eren apenas assentiu com a cabeça. Connie suspirou, um pouco mais aliviado.

— Se o seu problema era coragem, então não precisa de mais nada. — Deu de ombros.

— Não... Acho que o meu problema é iniciativa.

Connie sentou no chão, encostando suas costas no muro, e Eren logo fez o mesmo.

— O que quer dizer?

— Que, se eu não me preocupasse tanto com o resultado, talvez eu conseguisse me sair melhor.

Aquilo fazia sentido para Eren. Na verdade, tudo ali fazia sentido, exceto a atitude estranha dele nesses últimos dias.

— Sabe que, se faltar às aulas desse jeito, vai acabar sendo suspenso do Torneio, não sabe? — informou Eren, analisando cautelosamente a reação do amigo. Connie olhou nervoso para ele, como se considerasse se falava ou não. — O que estava fazendo?

— Eu... Eu... — Connie sentiu sua garganta travar. — Por favor... — Àquela altura, sua voz era quase um sussurro. — Não fique muito bravo, e... não conte a ninguém... Principalmente Sasha...

— Caralho, Connie, conta logo! — disse Eren, ficando nervoso também.

— Promete?

— O quê?

— Que não vai contar para ninguém?

— Prometo sim! — Eren falou sem pensar. — Agora desembucha!

Connie respirou fundo e se virou, para ficar de frente para Eren.

— Achei que, se eu entrasse em um estado de consciência mais fraco do que o normal, mas sem perder o gás, meu rendimento seria melhor, então pensei em usar ecstasy...

Ecstasy?! — disse Eren, quase gritando. — Queria se drogar?! Tá louco?!

Connie olhava para os lados, em desespero, e acabou usando as duas mãos para cobrir a boca de Eren e fazê-lo ficar quieto.

— Cala a boca, ok?!

Eren tirou as mãos dele e o puxou para perto, para não ter que gritar tão alto.

— No que é que você estava pensando?

— Em vencer! — gritou Connie, por fim. — Não quero ser uma decepção para o time, e também não quero ficar no banco de reserva o jogo inteiro! — Eren certamente não esperava essa declaração, então ficou completamente calado. Percebendo o silêncio incômodo, Connie continuou: — Eu queria melhorar meu desempenho, como eu já disse, então...

— Por que não falou nada? — Pela primeira vez, Eren falava tranquila e calmamente, pegando Connie de surpresa.

—... Hã?

— Por que não nos contou sobre isso de querer melhorar? Nós poderíamos ter te ajudado...

— Ah, Eren — suspirou Connie, cobrindo o rosto com as mãos. — Eu tive vergonha! — disse por fim, quase que num gemido. — Também queria provar pra vocês que...

Eren o interrompeu colocando as duas mãos em seu ombro, uma de cada lado. Connie descobriu o rosto e olhou para os dois lados, depois para Eren.

— Somos seus amigos — anunciou por fim. — Estamos aqui para tudo: para te ajudar, para sermos ajudados por você, para curtir o Torneio e para quebrar a cara de todos os adversários que aparecerem na nossa frente, um por um. — Aquilo fez Connie rir; o jeito meio “maníaco” de Eren era sempre algo interessante de se ver. — Mas os derrotaremos juntos, pois é pra isso que serve o time.

Connie abaixou a cabeça e cobriu o rosto com as mãos mais uma vez.

— Você é um cara legal... — murmurou por entre as mãos. — Insano, mas ainda assim legal...

Eren se levantou e parou na frente de Connie, estendendo uma mão. Connie levantou a cabeça e olhou primeiro para a mão, depois para Eren, e depois para a mão estendida de novo. Com um sorriso, aceitou a ajuda de bom grado.

— Já que terminamos, que tal nós...

— Não, não foi para isso que eu te trouxe aqui — anunciou Connie.

Eren o olhou com o cenho franzido, sem entender do que Connie estava falando. Com um suspiro, o garoto quase careca olhou para cima do muro e soltou um gemido.

— Então... lembra que eu disse que estava atrás de ecstasy?

 

 

— Eu simplesmente não posso concordar com isso — repreendeu Erwin, pelo telefone.

— Não é questão de você concordar ou não — retrucou Levi, no estacionamento, procurando pela sua moto. — Toda a operação fracassaria, e eu não estou falando apenas do caso em Sina.

Levi, eu estaria colocando muitas vidas em perigo...

— Não. Quem está pondo sou eu, você não tem nada a ver com isso.

Ninguém cairia nessa desculpa ridícula, Levi.

— Pena, por que é a verdade.

— Ei, Levi, espera! O que você... — balbuciou Erwin do outro lado da linha, mas já era tarde; Levi já tinha desligado o celular.

— Vamos ver se a minha desculpa realmente não funciona.

Sem pensar duas vezes, montou em sua moto e acelerou a toda velocidade em direção ao galpão onde tinham lhe informado que estava o seu alvo.

Se eu quiser ver o garoto logo, vou ter que acabar com esses problemas primeiro...

 

 

— Fala sério... — murmurou Eren, passando as duas mãos pelo cabelo.

— Por favor, cara, diz que vai me ajudar — suplicou Connie. — Você é o único com quem eu posso contar.

— Mas você quer que eu vá contigo ver uma gangue? Em primeiro lugar, como você encontrou esse caras?

— I-isso não importa agora!

Connie... — Eren usou o seu tom de voz mais ameaçador.

— Olha, eu marquei com eles por volta de meio-dia e meia, temos que ir logo!

Ainda não entendi por que estou metido nisso...

— Por que você é o único suicida que eu conheço, capaz de entrar em qualquer briga sem se preocupar com um olho roxo ou um dente quebrado — Eren ia protestar, mas... Bem, Connie estava certo. — Eu confirmei que ia comprar as drogas, e eles já fizeram o pedido para mim... Se eu negar agora...

— Espera — Eren o interrompeu. — Você já ia negar antes de falar comigo?

— Já sim, chamei você para ser meu guarda-costas. — Connie revirou os olhos. Eren estava quase orgulhoso, mas aí ele complementou: — Se eu quisesse ser escutado, com certeza teria chamado o Armin, e não você.

Cara, você sabe como estragar o clima...

— E aí, vai comigo ou não?

Connie usou aquele olhar esperançoso de cachorrinho de novo, e Eren se entregou. Não podia deixar o amigo na mão, principalmente porque ele realmente tinha razão em estar com medo. Quem sabia se ele não acabaria sendo completamente espancado?

... — disse Eren, suspirando. — Eu vou com você.

— Sério, você é o melhor amigo que alguém podia ter — disse Connie, sorrindo.

Eren não fazia muito o tipo sentimental, mas se sentiu bastante honrado com aquelas palavras. Tudo bem que aquele era o mínimo que Connie poderia dizer, já que ele estava arriscando a própria bunda naquela doideira de drogas e gangues, mas... É, foi até bonitinho.

Sem mais delongas, os dois tentaram pular o muro do colégio. Eren, como era o mais alto, fez “pezinho” para Connie e depois procurou uma das latas de lixo que ficavam por ali e a usou como escada para pular. Atravessando o terreno baldio, Connie guiou Eren pela rua da escola, que dava em uma avenida. Antes de chegar na esquina final da rua, Connie foi até um beco à esquerda, onde um grupo de três garotos o esperava.

O garoto encostado na parede da direita era meio sinistro, com o cabelo preto liso um pouco comprido, olheiras profundas que contrastavam com a pele pálida e porte físico do mesmo nível do de Eren — o que era surpreendente. Já o que estava na esquerda, tinha pinta de jogador de basquete; usava camisa regata cavada e até munhequeiras, com o cabelo ondulado preso em um rabo-de-cavalo. E o último, encostado na parede no fundo do beco, era — de longe — o mais assustador, embora fosse o mais baixo. Graças ao capuz do casaco preto que usava, seu rosto estava coberto por uma sombra que o fazia ficar mais mal-encarado ainda. Não dava para ver a cor do cabelo, malmente dava para perceber seus olhos azuis; o que estava mais marcado e visível era seu sorriso sínico.

Engraçado como Eren conseguiu odiar os três instantaneamente, sem nem precisar trocar uma palavra.

— Trouxe visitas? — disse o “jogador de basquete”, analisando Eren, que retribuiu o gesto, intimidando-o. 

— E-é, pois é... — gaguejou Connie. — Então, sobre o que eu pedi...

— Vai com calma, tampinha — disse o esquisito da direita, cruzando os braços. — Não é assim que funciona.

— Quem é ele? — quis saber o aparente líder, o garoto do meio.

— E-ele? — Connie apontou para Eren, que estava com o rosto franzido. — A-ah, ele é s-só...

— Eu vim acompanhar ele — anunciou Eren. — Garantir que ele vai voltar com todos os dentes, sabe como é.

Os três garotos deram uma risada discreta, o que incomodou Eren mais ainda.

— Ora, e por que faríamos isso com nosso cliente? — disse o líder, que olhou para ambos os companheiros, trocando olhares que diziam mais do que aparentava. — Assim, perdemos a freguesia...

— E se eu te dissesse que ele está aqui para negar a oferta? — retrucou Eren, quase avançando no garoto do meio.

No mesmo instante, os três garotos pararam de sorrir e adotaram uma postura mais séria. O clima estava ficando cada vez mais tenso entre os quatro, o que fez Connie tremer na base.

C-calma, Eren... — sussurrou Connie, agarrando no braço do amigo. — Não é assim que...

— Ah, não vai mais comprar? — disse o líder.

Eren assentiu com a cabeça, ignorando o aviso de Connie, bem certo do que estava fazendo. Com aquele gesto de Eren, o líder tornou a sorrir, mas dessa vez, não era de gozação... Era um sorriso intimidante.

— Uma pena — o líder deu de ombros. — Sendo assim, sem mais cortesia.

Dito aquilo, o jogador de basquete avançou dois passou e deu um murro certeiro no lado direito do rosto de Eren, que cambaleou até a parede. Segurando o cabelo de Eren pela nuca, o garoto prensou o rosto de Eren contra a parede e deu-lhe uma joelhada na barriga, fazendo-o inclinar-se para frente.

— O que está acontecendo, você não era aquele que ia garantir os dentes do seu amigo? — debochou o líder, divertindo-se com a cena de Eren sendo espancado.

Connie estava imóvel; não sabia se era alívio por não ser ele quem estava apanhando ou se era apenas medo, mas simplesmente não conseguia se mover e ajudar o amigo.

Enquanto isso, Eren tentou revidar puxando a gola da camisa do jogador de basquete com uma das mãos e, com a outra, apertou o braço da mão que segurava sua nuca até que o aperto folgou, o suficiente para que levantasse a cabeça com tudo e batesse tanto no queixo quanto no nariz do jogador. O garoto recuou alguns passos, apertando o nariz com força. Não tinha sido forte o suficiente para quebrá-lo ou fazê-lo sangrar, mas ainda assim era uma dor desnorteante.

— Parem... — sussurrou Connie, ainda sem absorver a cena direito.

Antes que Eren conseguisse avançar o suficiente para acertar o líder com um soco, o garoto sinistro da direita avançou em passos largos e deu um chute rasteiro em Eren, fazendo-o cair de cara no chão. Com isso, o garoto sinistro desencadeou uma série de chutes e pontapés em Eren, que iam desde as costas e as costelas até os braços que protegiam as laterais e a nuca de sua cabeça. Por mais que Eren tentasse se levantar, o garoto sempre pisava em suas costas, ou apenas chutava o braço que usava de apoio, mantendo-o sempre ao chão.

Parem... — sussurrou Connie, mais alto.

Tudo piorou quando o jogador de basquete, percebendo a situação de Eren, decidiu se juntar à agressão. Chegando ao seu limite, Eren tentou chutar o cara sinistro — o que chutava com mais força. Mesmo errando, fez com que o sinistro se afastasse para desviar, e usou esse tempo para se levantar num pulo e acertá-lo com um soco na costela. O jogador de basquete veio por trás e prendeu Eren, imobilizando seus braços. O sinistro descontou acertando um golpe em cheio na barriga de Eren, fazendo-o urrar de dor.

— Isso é que é show! — disse o líder, rindo da dor de Eren.

Parem! — gritou Connie, chamando a atenção de todos, inclusive de Eren. — Eu compro a desgraça da droga, só o soltem!

— Connie, não! — protestou Eren, que levou outro murro na barriga para ficar calado.

O líder riu mais ainda e começou a bater palmas.

Bravo, bravo! — Parando para tomar ar, alojou as duas mãos no bolso frontal de seu casaco. — Uma bela dupla, vocês dois...

Connie estava tremendo, mas mantinha a expressão firme. Agora, não iria vacilar, pelo bem de Eren. O líder olhou para Connie, depois para Eren, depois para Connie de novo e sorriu.

— Onde está o dinheiro?

— Primeiro, soltem Eren — mandou Connie, decidido.

O líder arqueou as sobrancelhas, surpreso com a ousadia de Connie, mas sem nunca perder o sorriso. Ele apenas arfou, e o sinistro desceu mais um soco na barriga de Eren; “sem dinheiro, sem acordo”.

Connie buscou apressadamente em seus bolsos onde foi que tinha guardado o dinheiro. Como suas mãos tremiam, era difícil enfiá-las pelos bolsos com rapidez. A demora fez com que o sinistro desse mais um soco na pobre barriga de Eren, que estava prestes a vomitar.

— A-aqui! — anunciou Connie, estendendo o dinheiro com as duas mãos. — Aqui está todo o dinheiro. Agora, soltem-no!

O jogador de basquete e o sinistro olharam simultaneamente para o líder, que dava um sorriso presunçoso, assentindo com a cabeça. Dado o comando, o sinistro relaxou e o jogador de basquete atirou Eren para o chão, perto de onde Connie estava. O sinistro foi até Connie e catou todo o dinheiro de sua mão, contando quanto tinha, e assim que confirmou o valor assentiu para o líder.

— É sempre bom fazer negócios com você — disse o líder, de braços abertos.

O jogador de basquete foi até uma das altas de lixo do beco e, do lado de uma, puxou um saco preto do tamanho de um estojo e o atirou para Connie, que o pegou com certa dificuldade. Com isso, o líder se retirou, dando dois tapinhas nas costas de Connie antes de ir embora. Os dois garotos o acompanharam, sendo que o jogador de basquete fez questão de pisar em cima de Eren, fazendo-o gemer.

Assim que o trio deixou o beco, Connie foi correndo até Eren e o ajudou a erguer seu corpo, pelo menos deixando-o sentado.

Bastardos... — murmurou Eren, com um braço em volta dos ombros de Connie e o outro depositado em cima de sua barriga, um movimento instintivo de proteção. — Se fosse um mano a mano, eu com certeza...

Eren gemeu; até mesmo falar fazia com que seu abdômen doesse. 

— Caralho, eu sinto muito... — desculpou-se Connie, que martirizava-se mentalmente. — Eu queria ter...

— Não se preocupa, Connie... — murmurou Eren, sorrindo. — O bastardo suicida sou eu, não você.

Connie arregalou os olhos. Nunca teve dúvidas de que Eren era um bom amigo, mas nunca imaginou que ele fosse tão longe só pra livrá-lo de uma cagada que ele mesmo tinha feito. 

— Não sei nem como te compensar por tudo isso...

— Pode começar se livrando desde saco preto. — Eren apontou com o queixo para o saco na mão de Connie. — E não invente de procurar por mais, eu não sou saco de boxe pra ficar levando surra de graça.

Connie sorriu e ajudou o amigo a se levantar.

— Pode deixar, nunca mais me meto numa dessas...

 

 

O cais estava cheio de gente. Levi teve que buzinar frequentemente para tirar as pessoas de sua frente, o que o atrasou bastante; precisava chegar na Doca 13, e rápido. Assim que atravessou a multidão, deixou sua moto junto com outras seis que estavam estacionadas no canto mais isolado do local. Não foi difícil encontrar a tal Doca 13: era o lugar menos movimentado, havendo apenas um barbudo em pé na entrada de algo parecido com um galpão. Não tinha dúvidas, era ali mesmo.

Assim que se aproximou, o homem barbudo lhe deu passagem, não ousando ficar em seu caminho. Lá dentro, não perdeu tempo; atravessou o galpão sem dar satisfação a nenhum dos curiosos que o seguiam com o olhar e foi direto para a parte mais reservada ao fundo, onde estava a pessoa com quem precisava falar.

— Kitts! — gritou Levi assim que chegou no balcão ao fundo do local.

Detrás de uma porta de madeira, Kitts Woerman saiu meio encolhido, como se estivesse se escondendo de algo. Era um homem de meia-idade, cabelos castanho-claros penteados todos para trás, barba comprida e um olhar gravado em profundas olheiras. Era como se ele não conseguisse fazer outra expressão a não ser a de assustado.

— Rivaille-san, trate de não gritar quando...

— E você trate de não me dar ordens — retrucou Levi,  apoiando uma das mãos no balcão. — Tenho assuntos para resolver contigo.

— E do que se trata?

— Da operação fracassada na região de Sina, e de Gail Wilburn agindo como testemunha do crime.

— Fracassada?... Espera, t-testemunha?! Gail?!

— Parece que teremos muito para conversar...

 

 

— Eren! — chamou Armin, assim que avistou o amigo cambaleando pelo corredor. Talvez, tinha ficado mais surpreso com a figura que andava ao seu lado. — Connie?!

— Onde é que vocês estavam?! — quis saber Jean, que correu para o lado de Eren e ofereceu o ombro para ser usado de apoio.

— Digamos que eu... — começou a falar Connie, mas foi interrompido por Eren.

— A gente foi resolver uns negócios aí — disse enquanto piscava para Connie.

— Mas que negócios? — perguntou Marco, aproximando-se.

— Ah, isso não importa — Eren tentou dar de ombros, mas ficou uma coisa meio troncha. — O que importa é que Connie não vai sumir mais.

Todos os olhares voltaram-se para Connie, que corou e desviou o olhar.

— Sinto muito ter preocupado vocês... — desculpou-se Connie, meio envergonhado. — Graças a Eren, está tudo bem agora.

Jean deu um cutucão com o cotovelo em Eren, que gemeu em protesto.

— Você vai me explicar essa história direitinho depois — sussurrou Jean.

— Vai sonhando — Eren sussurrou de volta.

Repentinamente, Eren sentiu algo quente escorrer do canto direito de sua boca, como se estivesse babando. Apressou-se para limpar o líquido que escorria, e foi surpreendido pela pitada de dor que sentiu assim que seus dados encostaram seu lábio inferior. Ao checar os dedos, percebeu que não era baba o que escorria, e sim um vermelho e escasso filete de sangue. Devo ter machucado o lábio quando aquele garoto de regata me deu um soco, concluiu Eren. Ou talvez tenha sido durante a chuva de pontapés...

— Eren, a sua boca...! — Armin se aproximou e limpou o pouco de sangue que escorria pelo queixo de Eren. Foi então que percebeu que as mãos de Armin eram muito macias, e que tinha o toque suave. — Mikasa e vai ficar uma fera quando ver que...

— Quando eu ver o quê? 

Todos congelaram assim que escutaram a voz da garota. Lentamente, todos os garotos foram virando o rosto para trás, para confirmar se seus ouvidos tinham ouvido certo. E, de fato, lá estavam Mikasa, Ymir, Crista e Sasha, paradas bem no início do corredor. Não foi difícil deduzir qual foi a reação de Mikasa: ela apenas arregalou os olhos e praguejou o primeiro xingamento que lhe veio à cabeça.

 

 

— Rivaille, eu entendo a situação na qual estamos, mas isso que você está me pedindo é impossível! — disse Kitts, erguendo os braços em sinal de desistência.

— Se entende a situação, então trata de levantar o seu traseiro desse seu cativeiro e faça o que eu te mandei — respondeu Levi, à beira de perder a paciência.

— Em primeiro lugar, você não me dá ordens...

Levi o cortou com um estalar de língua nervoso, surpreendendo Kitts.

— Poupe-me de ficar ouvindo merda — praguejou Levi. — Se não fizer exatamente o que eu disse, a polícia não vai parar de fuçar os nossos negócios, e não vai ser surpresa se acabarem te achando aqui.

— Achando-me?

— E você acha que o Cabeça vai ficar satisfeito só com a sua prisão se caso toda a operação falhar?

Kitts engoliu em seco; sabia que Levi estava  o pressionando, mas também sabia que o que ele dizia não era mentira. Nervoso, começou a mexer em sua barba.

— O que você precisa?

Levi sorriu discretamente, triunfante.

— De oito Curingas. 

— Oito?! — repetiu Kitts, usando frio. 

— Exato. Preciso deles para amanhã.

— E onde é que eu vou arrumar eles?!

— Esse parte fica por sua conta.

Levi faz um rápido aceno com a cabeça e dirigiu-se até a porta, deixando para trás um Kitts em pânico. Assim que pisou do lado de fora, sacou o telefone do bolso e discou o primeiro número da discagem rápida.

— Da próxima vez que desligar na minha cara...

— O quê? Vai me demitir? — disse Levi, sem mudar o tom de voz, mas dando um sorriso singelo.

— Estou começando a considerar essa opção... — suspirou Erwin. — Por favor, diga-me que tem alguma notícia boa.

— Na verdade, tenho sim. Amanhã, faremos oito aprisionamentos. 

Erwin ficou feliz, mas antes de parabenizá-lo, considerou o que aquelas palavras significavam.

Levi...

— Não se preocupe, serão oito pessoas com provavelmente algum passado criminal, mesmo que não tenham nada a ver com o caso.

Erwin suspirou do outro lado da linha.

— E por que faríamos isso?

— Preciso tirar o estorvo do Dok de minhas costas, e falsos suspeitos são a maneira mais prática de se fazer isso.

— É realmente necessário?

— Dok já tem informações demais sobre o caso, e o pior: deseja com todas as forças retomar a frente no caso da Yakuza aqui em Shiganshina.

Outro longo suspiro de Erwin.

Levi estava se preparando para desligar, então foi até a sua moto e a montou.

Você está deixando meu trabalho por um fio...

— A ideia foi sua, não jogue a culpa para mim.

Levi...

— O que foi?

—... Tenho total confiança em você.


Notas Finais


HEUHEUHEUHEUHEU
ERWIN, EU TE AMO <333
AAAAH, QUE AS TRETAS COMECEM XD
(Já prevejo o caos nos comentários... ai ai)
Bjooo e até o próximo capítulo ;3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...