Poin't Of View Luna - 26 de março de 2017, Los Angeles.
Os últimos anos foram maravilhosos, mas também foram bastante conturbados. Quando fui embora, grávida, eu não tinha muitas opções. Mas fiz o que pude.
Para conseguir um emprego foi super difícil, mas da mesma forma não pedi ajuda à ninguém, passei por todas as dificuldades sozinha.
Consegui um emprego como estagiária em uma empresa de advocacia. O que foi muito importante para a meu currículo.
Assim que eu me formei, fui contratada oficialmente e pude fazer parte de um corpo de advogados muito importante no país.
Transferi minha matrícula para Nova York e por lá fiquei um bom tempo até descobrir que ele vinha constantemente para reuniões.
Isso não seria ruim se a gravadora dele não fosse praticamente de frente para o meu trabalho.
Até que pedi para ser transferida para outra filial da empresa, dessa vez em Portugal, bem longe do território americano, não por muito tempo.
Com o passar dos meses eu fui crescendo no mundo da advocacia e hoje tenho o meu próprio escritório em Los Angeles.
Não tive nenhum outro relacionamento, me fechei para esse assunto, me Fechei para o sexo oposto.
Do meu relacionamento com Louis a única coisa que me restou de bom foi Estella, minha princesa linda, que tem muito de mim na aparência e muito do pai na personalidade.
As vezes eu já pensei em voltar e contar pra ele que é pai, que nosso bebê não morreu naquele acidente. Mas não consigo, agora ele tem a família dele, o filho dele. Nem deve se lembrar mais de mim.
— Vamos acordar, princesa – acaricio seus cabelos.
— Não! – resmunga.
— Você decidiu que não vai levantar, é isso? – ela confirma com a cabeça sem abrir os olhos – E posso saber o por quê, mocinha?
— Dodói mamãe, dodói – ela finalmente abre seus olhos e eles se encontram marejados.
— Onde dói, pequena?
— Aqui – coloca a mão em cima da barriga. Coloco uma de minhas mãos em sua testa e contasto que a mesma está quente.
Vou até o banheiro e abro o armário pegando a maleta de primeiros socorros, pego o termômetro e volto para o quarto.
— Você consegue se sentar, meu amor? – ajeito o travesseiro para que ela possa se sentar melhor.
Retiro sua camisola e ligo o termômetro e o coloco debaixo de sua axila direita.
— Dói em outro lugar?
— Não mamãe, só a baliguinha – sua voz melancólica me deixa triste.
Uma mãe nunca se sente bem quando seu filho/filha está doente. Nos sentimos impotentes por não poder ajudar, mais o que eu puder fazer eu farei.
O termômetro apita e eu retiro de seu braço, estava marcando quase 40° graus.
Ligo para a pediatra, e ela me aconselha a levá-la até lá para uma consulta.
Ligo também para o trabalho e para a escola avisando que eu a levaria para o hospital pois ela estava indisposta.
Ajudo-a com um banho morno e ela chora, pois pensa que a água está fria devido a temperatura do seu corpo.
Depois de vestir uma roupa fresca nela, arrumo minha bolsa com nossos documentos e uma bolsa pra ela, com um lanche e uma muda de roupa caso precise. E assim saímos em direção ao hospital.
°°°°
Ao chegar no hospital, vou até a recepção e a atendente diz que a pediatra logo irá me atender.
Deus abençoe a pessoa que teve a ideia de criar um hospital particular, pois não precisamos enfrentar nenhuma fila e somos atendidas rapidamente. É uma pena esse "privilégio" não se estender à todos, seria ótimo se fosse.
Depois de examiná-la, a pediatra Carmen, diz que é apenas uma gripe, nada que possa preocupar, respiro aliviada.
Acho estranho pois Estella não é de ficar doente por causa de uma gripe qualquer.
— Vou esperar os exames ficarem prontos, mais posso afirmar que é apenas uma coisa passageira.
— Ela vai precisar ficar muito tempo aqui?
— Não, vou esperar o resultados do exames e darei uma resposta mais concreta.
— Tudo bem, obrigada doutora.
— Não precisa agradecer, é o meu trabalho e não podemos deixar essa coisa fofa dodói, não é?
— Não, não podemos – sorrio.
— Agora deixa eu ir ver se os resultados já saíram, engraçado que temos um paciente que está com os mesmos sintomas que Estella.
— É mesmo? É uma criança?
— Sim, tadinho ele está tão abatido. Mas o motivo pra ele ter ficado assim foi a ausência do pai que precisou viajar à trabalho.
— Entendo, ele deve ser muito apegado ao pai.
— Com certeza, para passar mal assim.
— E onde é o leito dele?
— Aqui do outro lado da cortina – sorri e abre um pouco da cortina onde um garotinho loiro estava deitado – Bom agora deixa eu ir. Voltarei em breve – diz e se retira.
Olho para Estella e vejo que ela dorme serenamente, ando até o garotinho que me olha curioso.
— Como você se chama?
— Feddie – responde baixo.
— Olá Freddie, eu sou a Luna.
— Oi – abre um pequeno sorriso e eu retribuo.
— Olha quem voltou!
Não pode ser! Depois de tanto tempo, o meu corpo ainda se arrepia com o som da sua voz...
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