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História Verdade ou Desafio - On the same page - Part I


Escrita por: lineya21

Notas do Autor


Em duas partes porque: se eu fechar esse arco todo em uma parte só, vou demorar mais um mês pra atualizar.
Dsclp todo mundo que eu prometi postar antes :(

Capítulo 55 - On the same page - Part I


Eu resolvi não abrir a boca. Não porque não tivesse nada a dizer, mas porque a tortura de Debrah tinha me ensinado que o melhor jeito de não desabar era ficar no piloto automático. Então não tive reação quando Castiel me levou para longe, nem quando Leigh e Rosalya nos deram uma carona até a casa de Castiel. Eu não questionei, porque não conseguia pensar em mais nada que não fosse ter as respostas para o que estava acontecendo.

Além disso, ao longo dos minutos meu choque se transformou em uma raiva cuja razão eu não sabia bem apontar. Não sabia como me sentiria depois que Castiel falasse, não tinha ideia do que ele poderia dizer, não conseguia sequer imaginar as explicações que ele teria para mim.

Assim que Castiel abriu a porta me preparei para ver Dragon pulando em nós antes de me lembrar que Castiel tinha mandado ele embora. Me perguntei como ele estava se sentindo, já que odiava se afastar do cachorro, mas me repreendi: não queria me preocupar com ele. Não queria amolecer e deixar ele me enrolar.

Castiel me guiou até a cozinha e eu o segui sem fazer perguntas. No minuto em que entrei na cozinha automaticamente puxei uma cadeira e me larguei nela, suspirando. Não tinha percebido o quanto me sentia cansada, mas de repente notei que sentia que tinha um elefante em cima de mim.

- Quer alguma coisa? – Castiel falou, abrindo a geladeira e analisando o interior.

- Não – respondi, seca.

- Nem uma água, um sanduíche...

- Não quero comer, Castiel, quero respostas.

Castiel ergueu os olhos para mim por meio segundo e eu podia jurar que ele queria sorrir.

- Tudo bem – ele disse com calma, batendo a porta da geladeira. Então puxou uma cadeira e se sentou de frente para mim.

Ficamos em um silêncio constrangido, ou pelo menos, eu fiquei.  Finalmente tomei coragem e falei, sem olhar para ele, encarando um ponto na mesa da cozinha.

- Há quanto tempo você sabe? – disse com a voz mais firme que consegui.

Ele não respondeu de imediato e me forcei a olhar para ele. Castiel estava sério como eu nunca tinha visto.

- Menos tempo do que eu gostaria – ele disse calmamente, e notei a acusação em sua voz, porque eu não tinha contado. Antes que eu abrisse a boca ele suspirou e eu perdi a coragem.

Mais um momento se passou em silêncio.

- Acho que, na verdade, você tem de agradecer à Violette – ele disse, sem olhar para mim.

Encarei-o, franzindo as sobrancelhas, porque aquela frase foi totalmente inesperada. Castiel suspirou mais uma vez e me encarou. Eu não consegui desviar o olhar.

- Eu estranhei, desde que terminamos, o seu comportamento – ele disse – porque você ficou mal, então pareceu se reerguer por dois dias e então pareceu se fechar outra vez. Mas presumi que fosse uma reação natural ao término do namoro.

- Egocêntrico – deixei escapar em um sussurro.

- Sim, não nego – ele continuou sem se abalar – mas ainda assim, eu estava confuso. Depois achei que fosse o acidente com a sua mãe, que você estivesse preocupada, apenas. Mas nada fazia sentido, porque você nunca teve um comportamento tão errático. Você muda de humor como muda de roupa – fiz cara feia, mas ele apenas prosseguiu – mas você sempre foi clara, consistente a respeito do seu comportamento. Você nunca foi discreta ou misteriosa, nunca precisou disso.

Mordi o lábio, pensando se aquilo era um elogio.

- Eu estava concentrado em mim mesmo no começo, e não entendi. Em minha defesa, eu nunca poderia imaginar o que estava acontecendo. Quando você acusou Debrah eu não levei a sério por birra, admito. E depois eu pedi a você que me contasse o que queria contar naquele dia, e você se recusou.

- Como eu poderia falar? – eu disse sem conseguir me conter – Ela tinha acabado de tentar matar minha mãe só porque eu tentei falar com você. E você não ouviu! Como eu poderia arriscar de novo?

-Eu sei, eu entendo – Castiel disse, assentindo – não estou dizendo que você estava errada. Mas entenda, mesmo que eu tivesse desconfiado, eu não teria imaginado algo assim.

- E não desconfiei – ele suspirou, parecendo irritado consigo mesmo – porque nesse aspecto fui idiota mesmo. Eu quis acreditar que Debrah tinha mudado.

- Você prefere acreditar no melhor das pessoas – deixei escapar.

- Não é só isso – Castiel falou, olhando para as próprias mãos,  parecendo desconfortável – Você precisa saber que conheço Debrah desde sempre, mesmo que só tenha me envolvido com ela na adolescência. Mesmo depois de tudo que ela fez, era difícil acreditar que ela era assim tão ruim. Era difícil conciliar, na minha cabeça, que ela poderia ser tão dissimulada. Que eu tinha me enganado tão completamente. Eu queria de verdade acreditar que aquela parte da minha vida não tinha sido uma mentira completa.

- De qualquer forma – ele balançou a cabeça, como que notando que estava se desviando do foco da história – era um monte de sinais de que tinha algo acontecendo e eu comecei a me perguntar se não era mais sério do que você demonstrava. Mas eu tinha dificuldade de falar com Lysandre sobre você, porque ele sempre ficava do seu lado, o que eu tinha certeza que tinha a ver com ele ser apaixonado por você, então conversava com Debrah. Ela, é claro, tentava me convencer de que era impressão minha, que eu apenas não estava acostumado com você sendo indiferente a mim. Mas eu não conseguia acreditar.

- Ainda não entendi – eu falei, porque não queria ouvir sobre sua amizade com Debrah mesmo que tivesse acabado – O que Violette tem a ver com tudo isso?

Castiel deu um sorriso calmo que, por alguma razão, me derreteu por dentro. Ele pensou um pouco antes de responder.

- Você se lembra? – ele disse finalmente – do dia em que a diretora mandou que fizéssemos aquele trabalho de história?

Assenti, um pouco confusa, porque não tinha como esquecer. Castiel hesitou.

- Estava todo mundo tenso e distraído, e ninguém deu atenção quando Violette pediu licença para pegar um casaco no seu armário. A coisa é, Violette é tímida de mais e não queria falar a verdade, mas precisava de um absorvente.

- Hã? – não pude evitar de perguntar. Aquilo estava cada vez mais sem sentido.

- Então ela foi pro seu armário – ele continuou, como se não tivesse dito nada estranho – e foi para o banheiro.

Ele se calou e eu levei alguns segundos para fazer a conexão.

O dia que a diretora mandou que fizéssemos grupos. Foi o mesmo dia que os pais de Nathaniel foram na escola, todo mundo estava tenso. Eu surtei porque não queria fazer o trabalho com Castiel, então corri para o banheiro, e Debrah me seguiu para lá.

Onde Violette estava.

Oh. Não estávamos sozinhas.

- Violette ouviu – deixei escapar num sussurro, mais como uma constatação. Castiel assentiu mesmo assim.

- Ela ficou apavorada com o que ouviu, mesmo não tendo entendido o quadro todo. Disse que apenas o tom da voz de Debrah era de gelar o sangue. Ela, assim como eu e metade das pessoas naquela escola, conhece Debrah quase a vida toda. Nunca teria imaginado que ela pudesse ser tão ruim. Até por isso, ela guardou isso para si mesma por alguns dias. Tentou sondar Debrah, descobrir se havia alguma explicação racional para o que ouviu, mas não havia.

- Então – ele suspirou, e notei que ele estava um pouco vermelho – nós ficamos juntos, eu e você. Eu estava muito preocupado àquela altura. Mas você não queria que ninguém soubesse de nada. Tentei não pensar no assunto. Mas naquela sexta, nós apresentamos o trabalho e logo depois, Violette veio falar comigo.

Prendi a respiração involuntariamente.

- Ela disse que não tinha falado ainda porque tinha medo que Debrah a ouvisse, mas que soube que Debrah tinha viajado naquele dia e finalmente se sentia segura para falar. Disse que achava que eu precisava saber, por mim mesmo e por você. E me contou tudo que ouviu.

- Você acreditou, simplesmente? – perguntei num sussurro.

- Não a princípio – ele respondeu – nem a própria Violette sabia exatamente o que tinha ouvido. Mas era suficiente para que eu juntasse as peças soltas que eu tinha do quebra-cabeça. Seu comportamento, as coisas que você dizia que não faziam sentido, seu medo absoluto de que alguém soubesse que esteve comigo. Eu precisava entender exatamente o que estava havendo. E a única ideia que tive foi... voltar a namorar com ela.

Cerrei os olhos.

- Era tudo armação, então? Quer me dizer que não aproveitou nem um pouquinho?

Castiel ergueu uma sobrancelha para meu tom acusatório.

- Não, não aproveitei – ele respondeu, seco – porque estava com raiva. Lynn – ele se inclinou para mim, e eu senti um calafrio quando ele disse meu nome – eu não sei se algum dia já havia me sentido com tanta raiva. E eu nem sabia exatamente o que estava havendo. Só que ela estava te machucando o suficiente para que você vivesse a beira do pânico. Que ela estava te agredindo e ameaçando todos a sua volta. Era suficiente para que eu tentasse qualquer coisa.

Castiel puxou a cadeira mais para perto e eu contive a vontade de me afastar. Era como acordar de um pesadelo e ter que dizer a mim mesma, de novo e de novo, que tinha sido só um sonho ruim, que ninguém ia me machucar de verdade.

- O tempo todo, Lynn, eu estava tentando descobrir como te ajudar. Tentando entender até onde ia aquela loucura.

- Você parecia bem confortável com ela – resmunguei.

Castiel deixou escapar um som entre uma risada e um resmungo de frustração.

- A parte mais difícil – ele continuou entre dentes, e eu vi que ele estava se esforçando para manter a calma – foi manter segredo. Metade do tempo, eu queria te abraçar e dizer que tudo ia ficar bem. A outra metade eu queria gritar com você por não me dizer nada.

- Gritar comigo? – eu disse, com raiva outra vez – Era eu que estava sendo ameaçada por uma psicopata e você queria gritar comigo?

- Porque você não falava! Cada vez que eu descobria mais alguma coisa horrível eu ficava mais irritado porque não podia ajudar, porque você não dizia nada!

- Eu não podia confiar em você! Como eu poderia ter certeza se da última vez que tentei minha mãe acabou no hospital?

- Mas você podia tentar! Podia ao menos... – Castiel parou abruptamente. Ele parecia ter percebido que se levantou de repente, e que eu tinha, involuntariamente, me encolhido um pouco. Eu não achava que ele ia me machucar, mas tinha se tornado uma reação automática quando alguém gritava comigo. Castiel respirou fundo e se sentou de novo. Ele parecia decidido a deixar que eu extravasasse minha raiva, mas lutava para conter a sua. Eu o amava por isso, mas fiquei em silêncio quando ele continuou. – Eu sei. Eu entendo. Só estou dizendo que aquilo estava me enlouquecendo. Todas as coisas que eu descobria, só o que eu conseguia pensar era que eu tinha que ter confiado em você.

Fiquei sem reação.

- O pior, sabe – ele prosseguiu – foi ter entendido. Foi entender como era estar em uma situação tão extrema que eu começava a ver o pior de mim. De repente eu entendi todas as vezes em que você surtou, que agrediu alguém ou mentiu ou manipulou. Eu entendi, porque eu fiz coisas que achei que nunca faria pra chegar ao fundo disso. Eu menti, sem nenhuma hesitação, pra que ela confiasse em mim. Dei o colar a ela, quando vi que ela não confiava totalmente. Menti pra todo mundo, porque não queria correr o risco de ela descobrir e descontar em você. Fui pra cama com ela só pra ter acesso ao quarto dela pra procurar pistas.

Meu estômago revirou quando ele falou de ir pra cama com ela.

- Não estou orgulhoso de nada disso – ele disse, como se tivesse lido minha mente – Eu não sabia que tinha isso em mim. Mas se tivesse que fazer tudo de novo eu faria, porque foi assim que cheguei ao diário dela.

Cruzei os braços com firmeza, tentando não pensar naquilo. Deixei uma risada fria escapar.

- Qual a graça? – Castiel perguntou.

- Você acabou de admitir – falei, balançando a cabeça, sem conseguir encara-lo – que você mentiu pra mim, e pra todo mundo.

- Sim, porque...

- Porque você não podia confiar que eu não ia fazer tudo errado. Não é?

Ergui os olhos para Castiel para ver sua reação ao entender que ele tinha ecoado minhas preocupações e cometido os mesmos erros. Ele apenas baixou o olhar.

- Touché – ele resmungou, então suspirou – De qualquer forma, eu fiz o que pude pra manter segredo, porque queria provas. Queria cercar Debrah de forma que ela não tivesse escapatória. Foi difícil. Eu quase joguei tudo para o alto algumas vezes.

Pensei em todas as vezes que quis contar a ele, que quase deixei escapar a situação em que estava. Pensei em todas as vezes que eu queria chorar porque ele ficava me confundindo, me encurralando ou me mandando bilhetes. Como, nas últimas semanas, ele perguntava, em cada oportunidade, se eu tinha algo a dizer. Estávamos, os dois, a beira de explodir aquele tempo todo.

E estávamos os dois com medo demais de confiar um no outro.

- Eu não pretendia fazer o circo que fiz hoje à noite – Castiel falou em um tom grave, e eu sabia que ele estava juntando as mesmas peças que eu – Mas quando te vi, quando você foi comprar esse vestido, eu soube que tinha algo errado. Soube o que ela fez naquela festa do pijama infernal. E quando a semana começou... eu perdi a vontade de jogar limpo. Eu decidi que ela ia pagar, da pior forma que fosse possível. Decidi que isso tinha que acabar hoje.

Contive um tremor.

- Não acabou, Castiel – deixei escapar com a certeza das minhas próprias palavras – Não acabou.


Notas Finais


O próximo capítulo realmente sai em breve pq já comecei a escrever. Mas foram-se minhas esperanças de terminar a fanfic antes do fim do ano.
Sorry.
Não vou desejar boas férias/boas festas pq volto - pelo menos, né! - antes do natal.
Se bem que devia parar de fazer promessas =/
Beijo no coração.


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