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História Verdade ou Desafio - Love me or leave me


Escrita por: lineya21

Notas do Autor


Não me odeiem depois desse capítulo!
Deixa eu contar: Estava eu hoje pensando nos rumos da fanfic, ouvindo loucamente Back to Black (dica dica), quando tive uma ideia. O dia no trabalho foi um cocô, e fiquei escrevendo o capítulo, e ia continuar dali mas GOSTEI DO CLIFF HANGER
Sorry not sorry.
Como está no fim de semana, isso significa que antes de segunda tem outro.

Capítulo 8 - Love me or leave me


Eu estava sentada entre meus pais, de frente para a diretora. Os pais de Bia e Peggy estavam lá também, furiosos, assim como as duas garotas. Eu estava evitando olhar para elas porque tinha vontade de rir de seus curativos exagerados e hematomas.

Estranhamente, ninguém tinha mencionado o vídeo na internet. Nem o artigo no jornal, mas sobre isso a diretora sabia, considerando o monte de alunos que tinha brigado por ele na segunda, e ela assumiu que esse fosse o problema.

Não falei nada mesmo com todo mundo me acusando e me pressionando. Fiquei olhando para meus pés. Eu podia ver Totó por baixo da mesa, dormindo tranquilamente. Quase quis que ele acordasse e ocupasse todo mundo.

Não tinha dito nada para meus pais no dia anterior, depois de Castiel me deixar em casa. Me tranquei no quarto e disse que não falaria. Isso não os deixou felizes, mas eu pensei que era melhor não piorar minha situação. “Tudo que disser pode e será usado contra você” dizem os programas de TV.

Quando chegamos na escola nessa manhã, no entanto, Nathaniel veio até mim. Ele se apresentou como presidente do grêmio e pediu a meus pais que me deixassem falar com ele por um minuto e eles, desconfiados, se afastaram.  Ele manteve uma expressão séria.

- Ok, eu vou fingir que estou brigando com você, tudo bem? – ele falou. Eu assenti, confusa. Ele continuou – Certo, o que exatamente você disse aos seus pais sobre o que houve aqui?

- Nada – murmurei, evitando olhar na direção dos meus pais – Estou em voto de silêncio desde ontem.

- Então eles não sabem sobre o vídeo?

- Não – falei, revirando os olhos – Deus me livre. Mas não vai adiantar, porque a Peggy e a Bia certamente vão contar...

- Não vão – Nathaniel falou, concentrado. Ele manteve a expressão fechada ao olhar para mim – certo, me escute, você confia em mim?

Assenti, incerta.

- Então preste atenção: não diga nada. Fique de boca fechada mesmo que tentem de induzir a falar. Continue em voto de silêncio e confie em mim. Logo a cavalaria vai te salvar.

Então agora eu estava na sala da diretora, sem dar um pio, ao ponto que todos estavam irritados e gritando pra que eu dissesse algo. Vi Totó se mexer no sono, inquieto, e torci para que Nathaniel fizesse algo logo.

- Certo, se Lynn não vai se defender, vamos assumir a culpa aqui – a diretora falou – Esse comportamento violento é inaceitável. Eu deixei passar e apenas distribui detenções na primeira vez porque todos estavam nervosos, mas...

Meu celular apitou dentro da bolsa. Minha mãe olhou feio para mim.

- Desligue isso – ela sussurrou.

Abri a bolsa, suspirando. Eu podia dar adeus ao meu celular. Observei a mensagem que tinha chegado antes de apertar o botão de desligar. Era de Rosa.

“Estamos chegando. Apenas concorde conosco e negue TUDO.”

Mordi o lábio, desligando o aparelho. Tentei manter a expressão neutra.

- Como eu ia dizendo – a diretora falou – uma agressão dessa é passível de expulsão. E ainda temos o problema do computador do jornal, que Lynn destruiu. Duas vezes. Destruição de propriedade escolar também é muito grave.

- Obviamente nossa filha não pode estudar com essa marginal – o pai de Bia falou, irritado, enquanto a mãe dela fazia um biquinho falso como o da filha – Não vamos arriscar a segurança dela assim.

- Além disso – o pai de Peggy falou, cheio de orgulho – Minha filha tem uma bolsa de estágio como jornalista em um veículo nacional assim que as férias começarem. Não quero uma delinquente destruindo os materiais de trabalho dela.

- Sim – a mãe de Peggy concordou – e sabemos que essa garota já agrediu outra aluna, aquela cantora, sem o menor motivo...

Enfiei as unhas nas palmas das mãos, me segurando.

Então a porta se abriu de repente e eu me virei para olhar. Por ela entraram não apenas Nathaniel e Rosalya, como todo o resto da turma, incluindo mesmo Ambre, Li e Charlotte. Estreitei os olhos.

- Diretora – Nathaniel falou, empertigado – Antes que se expulse a Lynn injustamente, todos nós temos algumas coisas a dizer.

- Injustamente? – Bia guinchou, mas Nathaniel esperou. A diretora se recostou na cadeira e suspirou.

- Nathaniel, o que você está aprontando?

- Eu não apronto – ele franziu as sobrancelhas – Se eu tenho o posto de presidente do grêmio, é porque não apronto, e porque sempre faço a coisa certa, mesmo quando é em relação aos meus amigos.

- Ou a própria irmã – Ambre se intrometeu – Ainda lembro que ele conseguiu uma suspensão pra mim... e mesmo assim foi com motivos.

Estreitei os olhos. Ambre estava... me defendendo?

- De qualquer modo, essa situação está completamente ao contrário – Lysandre falou, sério – E não podemos permitir que a vítima nessa história se torne a vilã.

Senti um frio na espinha. “Por favor”, pensei “que eles não falem do vídeo.”

- Pra começo de conversa – Nathaniel falou, muito calmo – Lynn não agrediu as duas gratuitamente.

- Sei, sei, aquela bobagem do jornal – a diretora falou, revirando os olhos.

- Não exatamente – disse Nathaniel, me fazendo tremer – Mas sim, Peggy e Bia se uniram para escrever um artigo difamatório contra, bem, quase todos nós.

- Difamatório? – Peggy falou, ofendida – Eu só disse verdades!

- Não sei de onde você tirou essas “verdades”, Peggy – Rosalya falou, fazendo aspas na palavra – Mas não tem um pingo de verdade naquele artigo. Bem, sim, nós fizemos um jogo quando ficamos na escola... ajudando – ela disse, dando um sorriso sarcástico para a diretora. Vi que a mulher ficou incomodada – mas nunca dissemos nada do que está lá. Esse, aliás, é o principal motivo de todas essas brigas.

O queixo de Peggy caiu, e o meu também. Disfarcei rapidamente.

- Ah, tá – Bia falou – todo mundo aqui sabe que só dissemos a verdade naquele jornal.

Todos os alunos pareceram muito surpresos. Realmente, devíamos mesmo fazer uma peça. Nunca vi mentira tão bem ensaiada.

- Olha, eu vou falar o que aconteceu, tá bom? – Ambre falou, com superioridade – Nós decidimos ficar na escola para ajudar, como já contamos todos aos nossos pais, não foi? – ela perguntou aos outros, todos concordaram. Ela continuou – Mas nós fizemos uma brincadeira e Peggy e Bia ficaram de fora.

- É, porque todo mundo sabe que elas não são confiáveis – falou Kentin, sério. Ambre acenou com a cabeça, concordando.

- Então elas ficaram ofendidas e inventaram essas mentiras horrorosas – ela falou, muito ofendida – como que eu não era mais virgem, ou que Lynn estava se atracando com o Castiel sem roupas.

Apertei os lábios e os olhos, sentindo o rosto esquentar. Ouvi minha mãe resfolegar.

- Lynn!

Olhei para ela e meu pai. Fiz a expressão mais indignada possível. Concorde com tudo, tinha dito Rosalya.

- Elas acabaram de dizer, mãe, é tudo mentira!

- Não é mentira e você sabe! – gritou Peggy. Castiel olhou para ela, muito calmo.

- E você pode provar o que está dizendo?

Olhei para ele em alerta. Era claro que ela podia provar, pelo menos boa parte da coisa toda, ela tinha gravado tudo, não?

Mas Peggy ficou muito vermelha, e todos os alunos a encararam com triunfo. Bia ficou insegura e olhou para a colega.

- Peggy...

- Pelo amor de Deus, Peggy – a diretora, falou, desconfiada – me diga que você não andou grampeando a escola de novo.

Peggy baixou a cabeça.

- Você lembra o que eu disse da última vez, não lembra? – A diretora falou, alarmada – Que se você fizesse de novo isso ia para o seu histórico, e você seria expulsa. Então é melhor dizer logo.

Evitei sorrir, e de repente entendi. Quando quer que Peggy tenha colocado câmeras por aí antes, a diretora tinha mandado que não fizesse de novo. Os pais de Peggy pareceram muito alarmados, olhando feio para a filha. Ela tinha duas escolhas: atestar as provas que tinha para me ferrar e ser expulsa, ou ficar quieta e assegurar que seu estágio de verão ficasse garantido.

- Não, senhora, não grampeei – ela falou, neutra, sem olhar para ninguém – Não tenho como provar.

Bia parecia a ponto de explodir, mas não ousava ir contra Peggy.  A garota olhou para a mãe, que logo interveio.

- Isso não interessa – a mulher falou, colocando as mãos nos ombros de Bia – Independente dos motivos, minha filha foi violentamente agredida! Sofreu uma tentativa de assassinato!

Agora que tinha entendido o jogo, fiz a expressão mais chocada que podia. Olhei para meus colegas, esperando alguma dica.

- Não que eu possa recriminar alguém por tentar matar Bia – Castiel falou, com cuidado –mas se alguém fez isso, não foi Lynn.

- Ah, tá – o pai de Bia falou, irritado – e essas marcas?

Ele puxou a filha para o meio da sala e ela exibiu o pescoço, com marcas roxas. Uau. Nem eu sabia que podia fazer aquilo.

- Não sei quem foi – disse Melody, se pronunciando pela primeira vez – Mas Lynn não foi. Eu vi ela ontem de manhã, e ela estava com Alexy, Armin, Violette e Lysandre.

- Sim, foi uma manhã tumultuada – Lysandre falou, calmo – ainda estávamos sob efeito das mentiras que as garotas escreveram no jornal. Castiel estava até brigando com alguém...

- Sim – Kim se meteu – Lynn estava lá, no corredor na mesma hora. Todos nós vimos ela nos corredores, e depois ela foi embora, porque os pais mandaram.

- E por que não estava na aula, mocinha? – a diretora falou. Olhei indignada para ela.

- Olha, desde que essas duas mentiram sobre mim no jornal – falei com o máximo de inocência possível – não tem um segundo que eu ande nessa escola sem ouvir alguém me ofendendo, tá? A senhora, como diretora, devia saber que alguém pichou meu armário com a palavra “vadia”. Eu acho que tenho bons motivos pra não querer ver ninguém no momento.

Meus pais fizeram uma expressão indignada para a diretora. Ela gaguejou.

- Bem... bem – a mulher se empertigou – a senhorita também já foi pega pichando um armário, senhorita!

- É, foi porque eu tinha roubado o dinheiro do lanche dela – Ambre falou, dando de ombros. Meus pais pareceram ainda mais bravos.

- Além disso, eu cumpri minha detenção – falei com alguma dignidade – ninguém está cumprindo detenção por me sacanear.

- Espera, espera, que loucura é essa? – a mãe de Peggy falou de repente – minha filha é a vítima, por que essazinha está sendo tratada como vítima?

- Vê lá como fala da minha filha! – minha mãe gritou. Até então ela não tinha dito um “A” para me defender. Isso era bom sinal.

- Ok, espera – A diretora falou, séria. Ela olhou para mim – Lynn. Quero que você me conte especificamente o que aconteceu ontem, desde que você chegou na escola.

Apertei os lábios. Meus amigos não tinham dado uma dica, mas também não tinham inventado uma história tão grande que eu não pudesse contornar.

- Bem, eu cheguei na escola, falei com Rosa e Lys – falei com cuidado – depois vi Castiel, e então Armin e Alexy...

- E não quis ir para a aula? – A diretora disse severamente. Eu encolhi os ombros.

- Como eu disse, não é como se as pessoas estivessem sendo legais comigo.

- Diretora – Lysandre falou, empertigado – Permita-me. De fato, depois disso, Lynn esteve na sala do jornal, sim.

Me virei para Lysandre. Tentei dizer “de que lado você está?” telepaticamente.

- Mas claro que nada disso aconteceu. Eu e Violette estávamos com ela, não foi?

- Sim – Violette falou, mais segura do que de costume – Eu fiquei... muito chateada com o artigo. A senhora sabe, eu fui embora sem aviso no outro dia.

- Sei – a diretora concordou, compreensiva. Ela estava com a cabeça inclinada para o lado, um olhar de pena, o tipo de expressão que só se faz para pessoas adoráveis como Violette. Como se ela fosse um bichinho de pelúcia. A garota continuou.

- Lynn quis confrontá-las sobre o artigo...

- E as agrediu! – a mãe de Bia falou. Violette se retraiu, intimidada.

- Não, não agrediu. Aliás – ela falou com inocência – foi exatamente o oposto. Elas ameaçaram agredi-la se ela não deixasse essa história para lá.

- Foi aí que eu e Violette, e Armin e Alexy, que também chegaram lá a tempo de ver isso, tiramos Lynn de lá – Lysandre completou, enquanto eu apertava meus lábios com força para não rir. Os gêmeos concordaram.

- Sim, depois disso nós saímos – Alexy falou – e no meio do caminho encontramos Castiel.

- Que estava batendo em alguém, ou pelo menos tentando – Armin continuou, pegando a deixa do irmão – Eu e Lysandre ficamos para ajudar, e Alexy e Violette saíram com Lynn.

- Nós íamos ao parque – eu falei imediatamente, sem precisar de mais indicações, olhando solenemente para a diretora – porque honestamente, nenhum de nós se sente seguro no ambiente hostil dessa escola. Então meus pais me mandaram ir para casa – dei de ombros.

Bia e Peggy pareciam ter entrado em choque de tanta raiva. Todos os alunos pareciam estar concordando com a narrativa.

- E toda a turma está aqui porque... – a diretora falou, desconfiada.

- Porque todos vimos Lynn – Iris disse – honestamente, nenhum de nós estava muito a fim de encarar ninguém... e todos vimos uns aos outros no corredor. O único momento em que ela poderia ter agredido as duas, Lysandre, Violette, Armin e Alexy estavam com ela.

- Isso é mentira! – Bia gritou, esganiçada.

A diretora ficou pensativa. Então olhou para os adultos presentes.

- Bom, vocês tem que entender – ela falou finalmente – que diante de tantas testemunhas...

- Não pode estar falando sério! – Peggy gritou – É nossa palavra contra a deles!

- Ainda assim, é a palavra de duas pessoas contra... hum... um monte – a diretora deu de ombros, com preguiça de contar. A mãe de Peggy interveio.

- Mas... mas essa garota tem um histórico de agressão!  - Ela gritou – minha filha me contou que ela jogou um balde de água em outra aluna, e tentou agredi-la e...

- Ah, não – Ambre falou de novo, entediada – É. Aquilo fui eu. Lynn só estava no lugar errado e pagou a detenção por mim.

A diretora levou um susto. Meus pais olharam para mim, confusos.

- Mas Lynn – meu pai falou – por que você não nos contou isso?

Fiquei chocada por um momento. A história com Debrah estava bem fresca na minha mente, e eu ainda estava magoada com meus pais por isso.

- Eu tentei! – falei, quase gritando – eu tentei dizer a todo mundo que foi um engano, mas ninguém acreditou em mim!

- Bem... – a diretora falou, se endireitando – nesse caso, acho que uma punição caberia a senhorita Ambre por...

- Ah, fala sério – eu disse, sem conseguir me refrear. Não queria ficar devendo favores a Ambre – Você não pode distribuir detenções retroativas, não é assim que funciona.

A diretora pareceu um pouco surpresa pela minha petulância, mas agora o jogo tinha virado.

- Bom, então – minha mãe falou, segurando a bolsa com firmeza, naquele tom de “está tudo resolvido, estou saindo” que ela usava comigo quando eu tentava negociar minhas tarefas – Creio que esteja tudo esclarecido, não?

- Nem pensar! – a mãe de Bia gritou, indignada – Ninguém me disse como minha filha ficou nesse estado!

- Bom, a única conclusão óbvia – Rosalya falou, puxando um fio do vestido, desinteressada – é que Peggy e Bia saíram no tapa só pra prejudicar a Lynn.

As meninas gritaram em protesto, e todo mundo começou a falar ao mesmo tempo. Eu me afundei na cadeira, observando Totó se remexer. Eita sono pesado.

- Tuuuuudo bem, vamos organizar isso aqui! – A diretora gritou, ficando de pé. Ela me encarou – Lynn, você mantém essa versão dos fatos? – acenei positivamente com a cabeça. Ela olhou para os meus amigos – E vocês confirmam a versão dela?

Todos concordaram, até Ambre e suas amigas. A diretora suspirou e olhou dos pais de Bia para os de Peggy.

- Então, diante de tantas testemunhas, me desculpem, mas não há nada que eu possa fazer. Eu não posso punir Lynn por algo que ela não fez.

Os pais das meninas gritaram mais um pouco, mas meus pais já estavam se levantando. Eu apertei os lábios para não sorrir. A diretora dispensou todos nós bruscamente, enquanto tentava argumentar com os pais das duas meninas.

Quando chegamos todos ao corredor, meus pais se viraram para mim, pesarosos, enquanto meus amigos ficavam apenas ali a nossa volta, como se não tivessem que ir para a aula.

- Lynn... sentimos muito por não ter te dado ouvidos antes – minha mãe falou, com uma expressão chateada – Vamos compensar você por isso. Podemos adiar nossa próxima viagem e...

- Não, sério – falei, com um calafrio. Meus pais iam viajar no fim de semana e eu estava contando em tirar uma folguinha deles depois de todo esse drama. E acordar no meio da tarde e almoçar cereal era algo que eu queria muito – Tá tudo bem. Não é como se eu nunca desse dor de cabeça.

-Bem – ela olhou para meus amigos – obrigada a vocês, também, por defenderem Lynn... espera... – ela inclinou a cabeça para o lado – Eu não conheço você?

Notei que ela estava olhando para Kentin, confusa. Ele riu junto comigo.

- É o Kentin, mãe, lembra? – eu falei – Ele até já foi lá em casa um tempo atrás...

- Ah, lembro! Você vivia atrás da Lynn no outro colégio, não foi?

Eu contive a risada enquanto Kentin ficava vermelho. Lancei um olhar de alerta para minha mãe.

- Claro, claro, isso faz muito tempo – ela falou, como se não fosse nada – É, agora que Lynn mencionou eu me lembrei que não faz muito tempo que vi alguns de vocês lá em casa... mas você está muito mais bonito, Ken! Devia voltar mais vezes!

Revirei os olhos. Mesmo quando Kentin era só Ken e estava naquela fase de nerd-stalker, minha mãe achava ele uma gracinha e queria me juntar com ele. Ele apenas concordou com ela, sem jeito, e meus pais foram embora.

No segundo que vi eles virarem o corredor, abracei Rosalya e começamos a dar gritinhos. Os meninos acharam graça.

- Obrigada, gente! – falei, animada, quase chorando de alegria. Eu jurava que eu não seria mais aluna daquela escola quando entrei na sala da diretora. – Eu não sei como vocês conseguiram isso, mas obrigada!

- Tudo ideia do Nathaniel – Rosalya falou – Ele que saiu juntando todo mundo agora de manhã.

Sem pensar duas vezes, abracei Nathaniel e lhe dei um beijo na bochecha. Ele ficou vermelho. Quase pude sentir uma veia estourar em Melody ao nosso lado, e a abracei também.

- Obrigada – murmurei em seu ouvido – Se eu puder fazer alguma coisa pra juntar vocês dois, me avise.

Ela ficou me olhando, confusa, quando a soltei.  Tive a impressão que ela ainda achava que eu sentia algo diferente por Nathaniel. Que ideia.

Me virei para Ambre, sem aguentar a curiosidade.

- Agora, eu preciso saber, como seu irmão te convenceu?

Ela empinou o nariz, mas Li respondeu por ela, se olhando no espelho, distraída.

- Suborno, Lynn. Muito suborno.

Charlotte riu, mas Ambre ficou incomodada.

- Eu... obrigada – ela pareceu se forçar a falar – Por não exigir punição pra mim quando assumi a culpa. Mas não vá achando que é grande coisa – ela falou imediatamente – você pode ter me dado cobertura, mas eu cobri pra você também. Isso não significa que gosto de você.

- Claro, claro – falei, sem me preocupar. Eu ficava feliz que as coisas voltassem ao normal – Estamos quites. Podemos continuar odiando uma a outra.

Ambre apenas concordou e deu meia volta no corredor, saindo com as amigas. A próxima pessoa que abracei foi Violette, e então cada um dos meus amigos, agradecendo pela mentira enorme que contaram por mim. De repente notei que Castiel não estava mais lá. Rosa disse que ele devia estar por aí, mas fiquei chateada mesmo assim.

Ouvi alguém me chamar. Quando me virei, recebi um tapa.

Peggy estava na minha frente, acompanhada de Bia. Não vi os pais das duas em lugar algum, mas não importava. Eu pensei em revidar, mas já tinha tido minha cota de tensão. Sorri para ela.

- Pois não?

- Você não sabe...

- Deixa eu adivinhar – Armin falou de repente, entretido – “você não sabe com quem está mexendo!”, “você vai se arrepender”, blablabla. Já sabemos.

- Todos vocês – Peggy falou, sem se deixar abalar – estão muito ferrados. Eu escrevo o maldito jornal. Mídia é poder.

- É, seria se você tivesse credibilidade – Armin falou, erguendo a sobrancelha – mas sabe, hum, você não tem. Estamos desde ontem conversando com algumas pessoas sobre o fato de que você e Bia colocaram câmeras pela escola, que afinal, foi como fizeram aquele vídeo pra constranger Lynn.

- Ah, é, as líderes de torcida ficaram malucas de ódio – Rosalya se meteu na conversa – ajudaram, aliás, a gente a encontrar todas as câmeras e microfones ontem. Se você quiser, a gente indica em qual lixeira jogou.

- E além disso – Alexy falou, quando Peggy e Bia pareciam ter emudecido – ninguém gostou muito do fato de que vocês foram direto pedir arrego quando apanharam. Ninguém gosta de dedo-duro, e vocês são especialistas em dedurar todo mundo. Então, hum, a reputação das duas já era.

- Reputação é a coisa mais importante no ensino médio – falei, séria – não é, Bia?

Peggy parecia pronta para pular em mim de novo. Lysandre se colocou entre nós.

- Peggy, não sei se você entendeu o que tudo isso significa – ele disse, muito calmo. Sendo ele mais alto que quase todos nós, ela tinha que olhar para cima para encará-lo – Se você mexer com Lynn, você mexeu com todos nós. Se mexer com qualquer um, aliás... você fez um bocado de inimigos.

Peggy ficou me encarando. Aos poucos sua expressão foi ficando fria. Me deu mais medo do que a raiva de antes.

- Me aguarde.

Assim que Peggy e Bia foram embora, fui na direção oposta. Queria poder conversar com meus amigos, mas queria, mais que tudo, ver Castiel. Saí pela escola, sem poder correr, já que ventava um bocado e eu estava usando uma saia rodada. Tinha colocado meu look mais comportado, numa tentativa de parecer mais inocente do que realmente era.

Estava quase desistindo quando notei alguém atrás da estufa no clube de jardinagem. Castiel estava lá, quieto, encarando a grama. Me aproximei com cuidado e me sentei  ao seu lado.

- Você está bem? – perguntei, cautelosa.

Ele não respondeu de imediato. Deu uma risada sarcástica que não entendi. Finalmente, olhou para mim.

- Eu devia perguntar o mesmo. Como está, depois dessa confusão?

Dei de ombros, nervosa com a expressão dele.

- Me sentindo extremamente culpada por mentir tão descaradamente pros meus pais. Mas feliz que não vou ter que sair da escola, então ainda estou no lucro.

- Por que seria ruim sair da escola? – ele resmungou, sem olhar para mim. Eu sorri.

- Você sabe muito bem por que.

Eu estava feliz por ter dado tudo certo no final e por ter todos os meus amigos do meu lado e senti que podia me abrir mais com ele. Estendi a mão para acariciar seus cabelos. Ele se esquivou.

Senti como se um balde de água gelada fosse jogado nas minhas costas.

- O que... o que foi? – falei, com a voz fraca.

Ele respondeu, frio, sem olhar para mim.

- É sempre a mesma história. Sempre se repete, é claro, porque eu sou atraído como imã para todo mundo que vai me machucar. – ele ficou em silêncio, mas eu não respondi, porque não estava entendendo nada. Finalmente ele continuou. – Eu vi você se jogando nos braços do Nathaniel.

Ergui as sobrancelhas. Não consegui deixar de rir, me sentindo um pouco aliviada. Não sei o que eu esperava, mas aquilo não era nem de longe tão grave. Ele me encarou, com raiva, quando eu ri. Tentei fechar um pouco a expressão.

- E o que tem isso? – falei, calmamente. Foi a coisa errada a se dizer. Ele pareceu mais irritado ainda.

- Você realmente não vê problema nisso? Você realmente não entende por que eu estou incomodado, logo eu, que já peguei uma namorada nos braços dele? Não que você seja... minha namorada – ele acrescentou, rapidamente, ficando vermelho. Eu precisei de alguns segundos para recuperar a fala, porque a coisa toda era muito absurda.

- Cas... Castiel... – eu comecei, ansiosa – Isso é completamente, completamente diferente. Uma situação não tem nada a ver com a outra. Sim, eu abracei o Nathaniel – eu falei, quando ele não respondeu – porque, convenhamos, a ideia pra salvar o meu da reta foi dele. Mas eu abracei ele, como abracei Violette e Lysandre e Rosalya...

- Ah, você abraçou Lysandre também – ele resmungou. Meu queixo caiu.

- Você está sequer me ouvindo? – falei, minha voz subindo uma oitava – Eu estou tentando dizer que eu abracei todos os meus amigos, porque estava feliz! Todos os que estavam lá, pelo menos – acrescentei, amarga.

Ele não disse nada. Ficou brincando com um pedaço de grama, rasgando-o em pedacinhos minúsculos. Depois de quase dois minutos, ele falou, num murmúrio, que alguém prestando menos atenção nem ouviria.

- Não importa. Você e a Debrah são iguais, no final.

Pulei do banco tão rápido que parecia que ele tinha pegado fogo. Dei dois passos para trás. Ele podia ter me dado um tapa, como Peggy, e teria machucado menos.

- Você não disse isso – falei em um sussurro – você não disse.

- Bom, não estou errado, estou? – ele falou, olhando feio para mim. – Se jogando desse jeito nos braços do representante, cheia de sorrisos pra todo mundo, conseguindo tudo, de todos os garotos na escola...

Eu não consegui falar, apenas ofeguei. Aí estava, ele estava me dando uma surra psicológica, e isso foi um soco no estômago.

- Está me chamando de vadia, como todo mundo?

Ele olhou para mim horrorizado, como se não tivesse entendido o que tinha feito.

- Eu não quis dizer...

- Mas disse, não foi? – falei, com frieza – Você acabou de dizer que sou igual a ela. Ela é esse tipo de garota. Que flerta pra conseguir coisas, afinal.

- Eu não sei o que pensar, tá bom? – Castiel falou, nervoso, com os punhos fechados – Você disse outro dia que ela me quebrou, eu não sei. Mas certamente ela me machucou demais. E ver você fazendo o mesmo que ela...

- Não foi nada, pelo amor de Deus! – gritei – Foi um abraço!

- Todo mundo sempre diz que vocês são muito parecidas – ele falou, como se eu não tivesse dito nada, voltando a brincar com o pedaço de grama – e é verdade. Tão carismáticas e convincentes e inocentes... e agora você está aprendendo a mentir como ela.

Contive a vontade de dar uns tapas nele.

- Eu tive motivos pra mentir agora.

- Aposto que ela teve os dela.

Foi minha vez de fechar os punhos.

- Ah, claro que teve – falei, a voz tremendo – mas ainda são coisas diferentes. Eu menti, com a ajuda de todo mundo, pra não ter que sair da escola, pra ficar perto dos meus amigos, incluindo você. Ela mentiu porque é uma manipuladora egoísta. Como você pode ser tão idiota?

Ele piscou calmamente para mim.

- Bom, ela também me chamou disso.

Senti os olhos queimarem. Meus ombros caíram com a derrota.

- Será que é tão difícil você entender que eu te a... – opa. Quase falo a palavra com “A”. Ele ergueu a cabeça, surpreso. Comecei de novo. – Eu... eu gosto muito, muito mesmo de você. O que eu posso fazer pra você entender isso?

Ele suspirou e jogou o pedaço de grama longe.

- Você não tem que me provar nada. Nós não temos nada.

Pronto, mais um tapa emocional na cara.

Senti os olhos encherem de água. Ele notou, mas eu me virei. Não queria que ele me visse chorar.

- Lynn, espera, eu...

Ele não terminou a frase. Eu parei.

Virei de volta para ele e, sem aviso, me sentei em seu colo. Sem dar tempo para ele pensar, o beijei.

O primeiro beijo foi estranho, o segundo empolgado, o terceiro calmo. Esse era diferente – era desesperado. Me colei aos lábios dele com vontade, enroscando os dedos em seu cabelo. Ele correspondeu de imediato, apertando minha cintura em suas mãos, me puxando para ele.

Seria tão fácil, só... eu percebia que ele estava se empolgando. É, eu podia, não podia? Ninguém vinha ali... eu podia só me sentar de frente para ele, mais confortável e...

“Você e Debrah são iguais”.

Ah, claro, eu não podia.

Com relutância, afastei os lábios dos dele. Ele me olhou confuso, e antes que ele pudesse me puxar de volta, saí do colo dele, me afastando, meio tonta.

- Mas o que... – ele começou. Parecia um aparelho eletrônico tirado da tomada no susto. Ergui a cabeça.

- Isso foi uma despedida – falei, calmamente – pelo menos, até que você decida ser homem de verdade e deixar o passado pra trás, isso é adeus.

Me virei, engolindo as lágrimas até que pudesse ficar sozinha.


Notas Finais


*me escondendo atrás dos arbustos*
Sorry, gente, tive que sacanear a Lynn e o Castiel mais um pouco.
Não vou me explicar muito pra num dar spoiler.
Mas no próximo as coisas melhoram, juro.
;)


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