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História Verdade ou Desafio - Consequence is a bitch


Escrita por: lineya21

Notas do Autor


Desculpem o atraso, yadayada. Não vou ficar enrolando nem repetindo a ladainha de sempre. É depressão de sempre. Mas dessa vez a culpa não foi só minha.
ENFIM. O capítulo é curto, vou tentar voltar logo, que agora começa uma "nova fase" na vida da Lynn então to mais motivada a escrever.
Vamos lá.

Capítulo 32 - Consequence is a bitch


Corri entorpecida pelos corredores do hospital com meu pai, sem sequer perguntar o que tinha acontecido. Eu não precisava, claro. Eu sabia o que tinha acontecido, tão bem quanto sabia o meu nome, só não entendia como Debrah tinha descoberto. Tínhamos tirado Nina de perto, e eu sabia que ninguém estava conosco atrás da escola. A opção que sobrava era que Castiel tinha contado a ela, e eu não podia nem pensar nisso.

Senti meu coração se apertar ao ver minha mãe deitada na cama do hospital, vestindo uma camisola azul e com alguns curativos. Corri para ela, mas a abracei de leve, com medo de machucá-la.

-  Você está bem, mãe? – perguntei em um sussurro. Aquilo era culpa minha.

Minha mãe deu um sorriso leve.

- Estou bem agora. Mais ou menos – ela engoliu em seco.

- O que aconteceu? – falei. Eu sabia, de algum modo, mas de repente queria saber o tamanho do estrago.

- Eu estava saindo da feira, tinha ido comprar verduras pro almoço... Um carro veio para cima da calçada – ela deu de ombros, triste – nem parou para olhar para trás depois que me acertou.  Sei que voei longe, mas não lembro de muita coisa. – ela ficou quieta, mordendo o lábio como se fosse chorar. Então suspirou – Eu estou bem, até, mas eles não sabem... não sabem se seu irmão vai ficar bem.

Apertei os lábios juntos, nervosa. Meu pai se adiantou para abraçar minha mãe também, murmurando coisas para acalmá-la. Eu fiquei segurando sua mão, trêmula, tentando respirar. Eu nunca tinha ligado muito para a gravidez da minha mãe, em parte pelo ciúme, em parte porque era difícil pensar nele como uma pessoa de verdade enquanto ele não passava de uma protuberância na barriga da minha mãe. Mas ela estava tão devastada com a possibilidade de perdê-lo que eu queria chorar. Nunca tinha visto minha mãe daquele jeito.

- Vai ficar tudo bem, mãe, eu prometo – falei, forçando um sorriso e tentando manter a voz firme. Lancei um olhar agoniado ao meu pai, sinalizando que eu ia desabar, e ele assentiu. Não precisei dizer nada, nós dois sabíamos que era melhor manter o controle na frente dela. Dei um beijo em sua testa e continuei, ainda forçando um sorriso – Acho que vou ali fora e ligar para Rosalya. Ela vai querer vir te ver.

Saí para o corredor, digitando uma mensagem, sentindo que não conseguiria falar, e enviei para Rosalya. “Estou no hospital com minha mãe, ela foi atropelada. Debrah sabe.”

Me encostei na parede do corredor e me deixei escorregar por ela, descansando a cabeça entre as mãos. Sentia um bloqueio na garganta, mas não conseguia me permitir chorar. Aquilo era minha culpa. Eu sabia do que ela era capaz, e ainda assim assumi o risco, só porque queria prevenir Castiel. E tudo isso por nada – ele não tinha sequer acreditado em mim.

- Lynn?

Dei um pulo de pé ao ouvir aquela voz. Debrah estava de pé na minha frente, com a expressão mais preocupada do mundo.

- O que está fazendo aqui? – falei com um sussurro.

Ela suspirou e, de repente, me puxou em um abraço. Eu me senti congelar.

- Sabe – ela sussurrou, tão perto que eu sentia sua respiração fazendo cócegas na minha orelha – Meus pais estão no fim do corredor, então acho bom você não fazer mais nenhuma idiotice.  – Ela se afastou um pouco para que eu pudesse ver sua expressão solidária e preocupada, mas continuou com os braços a minha volta, como se me consolasse. – Agora. Eu não queria que isso acontecesse, Lynn. Tentei te avisar que isso ia acontecer, não foi? Mas você não me escutou!

Minha mente não estava trabalhando. Eu não estava conseguindo assimilar que ela não só tinha tentado matar minha mãe, mas também tinha ido até ali se gabar.

- O que você disse aos seus pais para eles te trazerem aqui? – falei, a voz mais fria do que eu esperava – Que você queria ver o resultado dos seus crimes?

Debrah sorriu com gentileza.

- Meu pai tem amigos médicos. – ela deu de ombros – Comentou que uma senhora grávida deu entrada, e, meu Deus! – ela fez uma expressão espantada – eu disse a ele que tinha certeza que era a mãe de uma amiga da escola. Eles me trouxeram então porque eu insisti que precisava prestar solidariedade. Mamãe está bem? – ela disse de um jeito dengoso, fazendo bico – Irmãozinho está bem?

Eu sabia que não podia mais fingir que não estava entendendo. Minha cabeça estava rodando.

- Como você soube? – murmurei.

Eu estava apavorada em ouvir, mas se Castiel tinha me entregado, eu tinha que saber. Debrah ficou pensativa.

- Vou ser bem sincera. – ela suspirou – Porque você é uma boa oponente, então vou te dar o benefício de saber a verdade. Tentei arrancar isso de Castiel, porque ele estava super estranho quando tentei falar com ele, mas ele não quis me dizer. Então persuadi Iris a perguntar, e ele falou que tinha visto você, que você tinha tentado conversar com ele. Não disse mais nada, mas não precisou. Quero dizer, sabe – ela me olhou como se estivesse decepcionada – eu tinha certeza que essa seria a primeira coisa que você faria, mas tinha que ter certeza. No momento em que Nina confessou que se distraiu ao seguir Castiel porque Lysandre tinha chamado ela para dar um passeio, eu soube que era coisa sua. Foi até esperto, admito. Aposto que foi idéia da Rosalya, não foi? De qualquer modo - ela deu de ombros, resumindo – Tentei sondar Castiel e ele não quis conversar... então convenci Iris a tentar e ela me falou... que ele disse que você foi atrás dele ontem tentar conversar. E pra sua sorte – ela segurou meu rosto com uma mão, apertando minhas bochechas com força – ele não quis te ouvir. Se tivesse ouvido, eu teria feito pior.

Eu estava tremendo de medo e raiva simultaneamente. E no entanto, senti uma ponta de alívio me atravessar: ela não sabia que havíamos nos beijado. Imaginei se Castiel não tinha contado a Iris aquilo, e supus que ele estivesse com raiva e com vergonha. Pelo que eu conhecia dele, o máximo que teria dito era que não queria conversar porque tinha me encontrado. Era o que eu esperava, pelo menos. E, no entanto, o alívio logo deu lugar a mais medo: se ela tinha jogado um carro na minha mãe por acreditar que eu tinha apenas falado com ele, eu tinha medo de pensar no que ela faria se soubesse que nos beijamos.

- Você é uma vaca – falei automaticamente, minha voz mal saindo.

Debrah abriu um sorriso enorme, mas seus olhos ficaram frios. Seus dedos se apertaram mais uma vez no meu rosto.

- Eu pensaria duas vezes antes de falar uma coisa dessa se fosse você. – ela disse calmamente.

Esperei o aperto dela relaxar para responder.

- Você tentou matar minha mãe! – gemi – O que espera que eu diga?

Debrah ficou séria, parecendo um pouco preocupada.

- Ah, não, não foi minha intenção – ela disse imediatamente – Não, não estava tentando matar sua mãe. Só queria fazer ela abortar. Mas pelo que eu ouvi, ela... ou melhor, você teve sorte. Mais uma vez.

Me senti tentada a perguntar se era verdade. Se ela sabia de algo, se minha mãe ficaria bem, se o bebê ficaria bem. Mas não podia. Não ia dar a ela outra oportunidade de bagunçar a minha cabeça.

- Bom – Debrah suspirou – Era isso que eu precisava fazer aqui. Falar tudo isso porque acho que você não entendeu bem na nossa primeira conversa. Entende agora? Entende que falei sério? Não queria fazer nada disso, mas tinha que te mostrar. Tinha que mostrar o que acontece se você me desobedece. Você tem que ser punida. Não estou feliz com nada disso, mas é necessário... e é só você fazer o que eu pedi. Não é nada demais.Ninguém mais precisa se machucar, Lynn. É só fazer o que eu digo.

Eu estava congelada e trêmula ao mesmo tempo, dividida entre o medo e a raiva. Eu odiava Debrah, mais do que nunca. Eu poderia matá-la ali mesmo, com as mãos nuas. Ao mesmo tempo, eu estava apavorada. Nunca tinha temido pela vida de ninguém que eu amasse, nem pela minha. E naquele momento, realmente, eu não ligava para o que ela fizesse comigo. Mas a imagem da minha mãe naquele quarto do outro lado do corredor, deitada, machucada e devastada com a possibilidade de perder seu bebê ainda estava comigo. Eu não agüentaria ver aquilo de novo. Não agüentaria nada pior do que aquilo.

- Então, Lynn? – Debrah falou, sorrindo com gentileza – Estamos entendidas? Vai fazer o que eu digo a partir de agora?

Minha mente voltou à possibilidade de matá-la, de verdade. Não me importaria em passar a vida na cadeia, nem qualquer conseqüência, só queria acabar com ela. Mas lá no fundo, eu me perguntava se eu conseguiria. Se eu chegaria, no último instante, e faria. Não conseguia deixar de pensar em sua mãe, chamando-a de Debizinha, e nos meus pais, tão decepcionados quando eu apenas tinha brigado na escola. Mas mais que tudo, eu não conseguia parar de pensar no quanto eu e ela nos parecíamos. Eu sentia de repente que com todas as nossas semelhanças, aquela acabava sendo a única coisa que nos tornava realmente diferentes. Eu era capaz de ir a extremos quando provocada, assim como ela. Eu era capaz de calcular vinganças friamente, como ela. Nossas paixões e personalidades eram as mesmas.

Mas eu nunca, jamais desceria tão baixo quanto ela só para tirar alguém do caminho.

Lentamente, balancei a cabeça, assentindo.

- Boa garota – Debrah falou, de modo até carinhoso, acariciando meu rosto – sabia que você aprenderia rápido.

Ouvi uma agitação no corredor e me virei. Rosalya estava quase correndo na nossa direção, furiosa. Debrah se afastou de mim, sorrindo para ela, e Rosalya quase pulou na garota

- O que é que você está fazendo aqui? – Rosalya gritou. Eu a segurei.

- Só vim prestar solidariedade – Debrah disse gentilmente, dando de ombros como se não percebesse a expresão homicida de Rosalya – mas agora que você vai cuidar da nossa amiga aqui, vou indo.

Debrah fez menção de sair, mas Rosalya bloqueou seu caminho.

- O que te faz pensar – Rosalya falou friamente – Que não vamos denunciar você? Que não vamos te entregar, principalmente se a Dona Lúcia perder o bebê?

Debrah ergueu as sobrancelhas. Sua expressão ficou fria.

- Não sei do que está falando – ela disse calmamente – Quero dizer, que provas você tem de que fui eu? Até onde sei, a única pessoa que tinha algum problema com essa gravidez era a própria Lynn.

- Sua... – Rosalya gritou, erguendo a mão para bater em Debrah.

Eu imediatamente pulei entre elas, passando um braço em volta de Rosalya para contê-la.

- Rosa! – gritei. Ela olhou para mim, confusa, e eu a encarei, desolada – Não. Ok? Só... não.

Rosalya me encarou de volta. Ela parecia ter percebido que havia mais na minha expressão do que tristeza ou nervosismo pela minha mãe.

- Isso aí, Lynn – Debrah falou, sorrindo - Continue boazinha. E você – ela apontou par Rosalya, fechando a expressão – Devia aprender com ela.

Debrah saiu pelo corredor, a cabeça erguida, enquanto eu ainda continha Rosalya. Apenas quando ela desapareceu de vista, eu soltei minha amiga. Ela me encarou sem acreditar.

- Lynn, você não pode deixar que ela...

- Rosa – interrompi-a friamente – Eu não tenho cabeça pra mais nada nesse momento. Eu realmente quero me focar na minha mãe, ok? Ela precisa de mim, e de você também. Me ajude a animá-la, por favor.

 

O bebê estava bem, no final das contas. Mas os médicos quiseram deixar minha mãe no hospital pelo menos até o outro dia, em observação. Ela já não era uma mocinha, sua gravidez não era tão simples e era provável que lhe pedissem que ficasse o resto da gravidez em repouso. Minha mãe não ficou feliz – ela era ativa demais para ficar em uma cama sendo cuidada. Mas sua preocupação com o bebê era maior.

Meu pai e eu nos revezamos no hospital, e fomos pedir a minha tia ajuda, para que ela também cuidasse da minha mãe sempre que possível. Meu pai não dizia, mas eu tinha certeza que ele e minha mãe estavam se sentindo culpados em me ver tão preocupada e atarefada, correndo de um lado pro outro, e não pareciam perceber que eu estava fazendo isso porque também sentia culpa.

Quando minha mãe voltou para casa no dia seguinte, ela e meu pai pediram que eu fosse para a casa de Rosalya, muito insistentemente. Eu disse que queria cuidar dela, e minha mãe disse que queria ter um momento a sós com meu pai, mas eu sabia que ela queria que eu esfriasse a cabeça. Eu não consegui achar um jeito de dizer que não queria ficar com Rosalya, que estava a evitando, evitando a conversa que sabia que ela queria ter, então simplesmente fui, relutante.

Os pais de Rosalya estavam em casa, e foram muito simpáticos e cordiais comigo. Eu apenas sorri e fiz “aham” para tudo, porque estava tão entorpecida com tudo que tinha acontecido que simplesmente não me sentia nervosa em conhecê-los. Mas logo que eles saíram, sabe-se lá para onde, Rosalya não esperou mais nem um segundo. Assim que entramos no seu quarto, ela se virou para mim.

- Por favor – Rosalya falou em um tom grave e um pouco urgente – Me diga que você não concordou em fazer o que ela quer.

Me joguei na poltrona de Rosalya, sem olhar diretamente para ela, bufando.

- Rosalya, minha mãe estava atá há pouco em uma cama de hospital, com medo de ter perdido o bebê, e só o que Debrah sabia era que eu falei com Castiel. Não quero imaginar o que ela faria se soubesse o que realmente aconteceu. Então sim, vou fazer o que ela quer. Me desculpe, mas não posso arriscar mais.

- Mas, Lynn! – Rosalya gritou, agarrando os cabelos como se fosse arrancá-los – Você não pode negociar com terroristas! Olha – ela largou os cabelos, respirando fundo, numa tentativa óbvia de se acalmar – Ela é louca. Completamente desequilibrada. Como é que você pode saber que ela vai cumprir a palavra e não machucar ninguém se você fizer o que ela quer?

- Não tenho muitas opções, Rosa - falei, erguendo as mãos em rendição, irritada que ela não entendesse – Entre fazer o que ela quer e ter a possibilidade de ninguém que eu amo se machucar, e não fazer o que ela quer e ter certeza que todo mundo vai se machucar, o que você acha que vou fazer?

Rosalya suspirou, parecendo desolada, como se fosse eu que não entendesse a situação.

- Lynn – ela falou, forçando a calma – mesmo que ela cumpra a palavra. Que você fazendo o que ela quer, ela não machuque mais sua família, ou a mim, ou nossos amigos. Ainda assim, isso tudo é porque ela quer Castiel de volta. O que você acha que vai acontecer, Lynn? Ela vai machucá-lo. Ela já fez isso antes. Ela o quer de volta para manipula-lo para ter sua carreira de volta, e você sabe, e quando conseguir o que quer, ou quando se entediar, provavelmente vai se livrar dele. Você sabe disso.

Ergui os olhos para ela afinal. Minha voz saiu monótona e fria, mesmo que eu estivesse sufocando um sentimento de desespero por dentro.

- Não vou arriscar todo mundo na minha vida por causa de uma só pessoa – eu disse.

Rosalya ficou me encarando sem expressão por um longo tempo. Eu quase achei que ela tinha entrado em choque, quando ela finalmente falou.

- É por causa disso, não é? – ela falou em uma voz fraca – É porque ele não quis te ouvir. Tudo isso é porque você está magoada com ele.

Mordi o lábio, engolindo em seco, reprimindo a vontade súbita de chorar.

- Ele não estava aqui pra mim quando precisei, Rosa – falei em uma voz arranhada. Respirei fundo e continuei, mais firme – Cansei de estar aqui pra ele. Cansei de lutar. Não vou tentar salvá-lo dessa vez. Se ela o quer de volta, se ela quer ir embora outra vez e leva-lo com ela, que seja. Se esse é o preço pra ter minha paz de volta, eu pago.


Notas Finais


E por agora, a gente espera não só o capítulo da fanfic, mas também o episódio 21 em português. Semana que vem é meu aniversário, vamos rezar pra tia Chino me dar o episódio de presente :p


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