1. Spirit Fanfics >
  2. Verdade ou Desafio >
  3. Just when you think it cant get worse

História Verdade ou Desafio - Just when you think it cant get worse


Escrita por: lineya21

Notas do Autor


É verdade! O capítulo tá saindo no primeiro de abril mas é de verdade! Pq era pra sair no dia 31 mas eu perdi a noção do tempo assistindo seriados. My bad.
Enfim, eu agradeço de coração todos os comentários e prometo que antes de acabar vou responder todo mundo que veio aqui me dizer que fez uma conta só pra poder falar que ama a a fic ou coisa parecida. Eu leio e todos os comentários importam, eu só não sou boa de demonstrar.

Capítulo 49 - Just when you think it cant get worse


Eu dormi algumas horas, no final das contas. Mas por mais que não estivesse mais grogue de sono, não me sentia nem um pouco descansada.

Debrah acordou todo mundo às dez horas e nos chamou para o café da manhã. Nos arrastamos todas, sonolentas em direção a sala de jantar. Lancei um olhar na direção da cozinha, mas não vi a bolsa que tinha deixado perto da porta. Ao ver minha hesitação, Rosalya parou do meu lado.

- Lynn, você está bem? – ela murmurou, colocando a mão de leve nas minhas costas. Precisei de toda minha força de vontade para não me retrair. Minha mente ainda estava sob alerta de ataque, e meu corpo todo doía. Forcei um meio sorriso e dei de ombros.

- Só estou meio zonza de sono ainda – respondi. Era a mentira do ano, mas Rosalya assentiu, parecendo sonolenta ela mesma.

- Hum. Sobre isso, mil desculpas – ela começou a dizer – eu ia ficar acordada com você, mas simplesmente apaguei.

- Tudo bem – falei automaticamente, porque simplesmente não queria conversa, nem com Rosalya, nem com ninguém – também acabei desmaiando de sono.

Rosalya uniu as sobrancelhas, estranhando meu tom. Então notei que ela me olhou de cima a baixo, notando pela primeira vez que eu não estava vestindo minhas roupas. Adiantei o passo antes que ela pudesse dizer algo.

A mesa posta estava cheia de bolos e biscoitos, tudo que um monte de adolescentes ia querer para o café da manhã de sábado. A mãe de Debrah estava sentada à cabeceira da mesa e sorriu para nós.

- Bom dia, meninas – ela disse, naquele tom que me deixava de coração partido em pensar que ela não sabia a filha que tinha – Não sabia o que vocês queriam para o café então mandei trazerem um pouco de tudo.

- Hey, mãezinha – Debrah disse, abraçando sua mãe de leve – você não ia levantar cedo pra ir naquela consulta com o nutricionista?

Puxei uma cadeira e meio que caí nela enquanto todas sentavam. Sempre me chocava ver Debrah agindo como uma pessoa normal, até amorosa, sem segundas intenções.

- Perdi a hora – a mulher respondeu, parecendo aborrecida – Não sei o que houve, eu e seu pai dormimos como pedras. Ele nem ficou para o café, saiu correndo para a clínica se resolver com os pacientes. Mas foi bom eu ter ficado, você viu o gramado? Está arruinado! Já chamei uma equipe de jardinagem, e que bom que fiz isso cedo, a tempestade arruinou tantos jardins.

Encarei os biscoitos a minha frente, um pouco enjoada. Enquanto a mãe de Debrah falava sobre o gramado arruinado pela tempestade só o que eu conseguia pensar era na cova rasa que eu tinha coberto de terra, onde um animal estava se decompondo. Não conseguia cogitar comer nada.

Como um milagre para me salvar daquele momento, meu celular tocou no bolso do pijama. Vi o nome da minha tia e meu coração acelerou, já que ela estava cuidando da minha mãe quase o tempo todo, e se ela estava me ligando em vez da minha mãe, algo podia ter acontecido.

- É minha tia – falei, erguendo a cabeça, olhando automaticamente para Debrah. Estava me acostumando a pedir a permissão dela para continuar vivendo. – Eu... preciso atender...

- Tudo bem, querida – a mãe de Debrah respondeu por ela, presumindo que eu só não queria ser mal educada – Debby me contou que sua mãe está tendo uma gravidez complicada, vá atender.

Levantei e meio que corri para o hall de entrada, disfarçando minha raiva, porque foi a filha dela eu causou a complicação da gravidez. Atendi, preocupada.

- Lynn – minha tia falou, em uma voz neutra – você vem logo pra casa?

- Por que – falei, sem conseguir conter o nervosismo na voz – aconteceu alguma coisa?

- O que? Não! – Minha tia disse, parecendo perceber meu nervosismo, e então riu – Desculpa, não. Sua mãe quis que eu ligasse porque ela achou que você não ia querer parecer a filhinha da mamãe. Mas ela está desde as oito querendo ligar pra te perguntar que horas você vem, porque você prometeu que iam comprar um vestido para o seu baile.

Suspirei de alívio. Não só porque minha mãe estava bem, mas porque aquela era uma ótima desculpa para ir embora logo. Dei uma risada nervosa para minha tia e disse, do modo mais despreocupado que consegui que ia assim que terminasse o café.

Fui quase correndo até a sala de jantar, com a expressão calculadamente preocupada. A mãe de Debrah e as garotas ergueram a cabeça, curiosas.

- É... – comecei a falar, torcendo o celular nas mãos – Minha tia disse que minha mãe está querendo pedir pra eu ir pra casa desde as oito da manhã... não tem nada errado, mas eu não queria deixá-la ansiosa...

- Ah, tudo bem – Debrah falou com doçura e uma ponta de aborrecimento – não vai ficar nem para o café?

Hesitei, sem saber se ela estava sutilmente me mandando ficar ou se era só parte da cena. Optei por me fazer de desentendida.

- Não como de manhã... e estou meio enjoada mesmo. Vamos, Rosa? Não quero ir sozinha – então me virei para a mãe de Debrah, me esforçando em ser educada e não sair correndo – Mil desculpas, mas eu...

- Não, querida, eu entendo, vá – a mulher respondeu, parecendo estar com pena da minha suposta preocupação com minha mãe – e leve sua amiga, se isso te acalma.

- Obrigada, com licença – falei rapidamente e saí quase voando da sala de jantar, sem olhar para Debrah ou esperar Rosalya.

Assim que cheguei no quarto de Debrah arranquei a parte de cima do pijama, pegando minha mochila para pegar minhas roupas. Rosalya entrou logo em seguida, antes que a porta pudesse bater atrás de mim.

- Lynn, o que houve? – Rosalya chegou dizendo, e notei que ela não parecia mais sonolenta.

Dei de ombros, tentando abotoar o sutiã ao mesmo tempo. Tinha esquecido que Rosalya não podia me ver nua caso eu tivesse algum machucado.

- Se veste, por favor – falei, tentando ficar com a voz neutra – quero sair daqui logo.

Rosalya veio subitamente até mim e puxou meu braço com força, fazendo com que eu me virasse.

- Lynn, o que é isso? – ela disse, meio histérica, apontando para um hematoma enorme do lado do meu corpo. Lembrei que Debrah tinha me acertado com a pá ali. Eu vesti rapidamente a camiseta, disfarçando a dor que ela tinha causado ao puxar meu braço já dolorido de todo o exercício da noite anterior. Como não respondi, apenas coloquei o casaco, Rosalya surtou – Foi ela? O que ela fez ontem a noite, Lynn?! Eu vou pegar aquela...

- Rosalya, chega, ok?! – falei quase gritando. Rosalya parou de falar abruptamente, e quando vi seu olhar assustado suspirei. Continuei, em um tom mais brando – Desculpa, eu não quero brigar com você, só quero sair dessa casa dos horrores...

- Mas Lynn – Rosalya falou, e seu tom era mais cauteloso, como se ela tivesse medo que eu gritasse com ela de novo – Não adianta você me dizer que não foi nada, é óbvio que ela fez alguma coisa...

Bufei, irritada. Eu não queria contar a ela. Não porque Debrah havia feito uma promessa, eu não esperava que ela a cumprisse. Mas porque eu estava cansada e aterrorizada e não queria lidar com a raiva que Rosalya ia sentir. Debrah ia embora logo, eu só tinha que esperar.

- Rosa, esquece, ok? Eu não quero...

A porta abriu novamente e Debrah entrou no meio da minha frase. Achei que ela fosse bater a porta atrás de si, mas a manteve bem aberta, provavelmente para impedir que Rosalya fizesse um escândalo.

- As minhas coisas, meu pijama, pode deixar por aí, Lynn – ela disse casualmente – depois eu te devolvo suas coisas.

Dei de ombros, imaginando que aquela camisola podia virar pano de chão de uma vez pois devia estar destruída. Mantive os olhos na mochila que estava arrumando.

- O que você fez com ela? – Rosalya falou em um tom raivoso, angustiado, antes que Debrah dissesse qualquer coisa. Debrah ficou em um silêncio surpreso, e Rosalya insistiu – Eu sei que foi você que a machucou e mesmo que ela não diga nada eu juro que vou chutar a sua...

-ROSALYA! – gritei, impaciente. Rosalya se virou para mim, com aquela expressão de criança magoada que sempre fazia quando eu brigava com ela. Eu não cedi, porque sabia que estava fazendo o melhor por ela - Já falei pra esquecer, agora se vista e arrume sua bolsa, ou eu vou embora sozinha, ok?

Rosalya ficou piscando para mim, magoada, mas não a encarei. Vi Debrah dar um sorrisinho, próxima à porta, e percebi que ela tinha subido unicamente para verificar se eu havia aceito sua proposta. Ela assentiu para mim, provavelmente querendo dizer que ia cumprir o que tinha dito sobre me deixar em paz, mas eu não acreditava.

- Debrah – chamei quando ela se virou para sair. A garota me encarou novamente e eu continuei, em tom monótono – Vou comprar um vestido de baile esse fim de semana, tenho que mandar a foto pra você aprovar antes de escolher ou algo assim?

- Não – Debrah disse lentamente, abrindo um sorriso de satisfação – O meu vai ser sob medida, então não tem risco de usarmos a mesma coisa, e de resto... use o que quiser. Todo mundo vai estar com roupas chamativas, afinal. Mas gostei de ver, Lynn, aprendendo a me consultar. Antes tarde do que nunca.

Rosalya esperou que Debrah saísse e que seus passos se afastassem antes de se virar para mim. Seu olhar era de quem tinha sido traída.

- Você pede a permissão dela pra se vestir, agora? – ela falou em um tom amargo, e percebi que ela estava tentando me atingir pelo modo como eu falei com ela – É sério isso?

Fui até Rosalya e a abracei, instintivamente. Ela estava chocada quando a soltei, o que me deu a oportunidade de falar.

- Rosa, eu sinto muito, muito mesmo por ter te envolvido nisso, ok? Mas pense bem – falei, tentando conter o desespero – Ela vai embora. Só tenho que ficar na minha por mais alguns dias e daí estarei livre. Por favor, por favor, colabore, e não a provoque. Eu prometo, aliás, eu juro, que quando ela for embora, eu te conto tudo que você quiser saber. Ok?

Rosalya olhou para mim de um jeito estranho e levei um segundo para perceber que ela estava ficando assustada, realmente assustada, de ver meu estado. Mantive a expressão neutra, como se não tivesse notado.

- Você pode, por favor – falei – Se vestir pra podermos sair daqui?


 

Rosalya estava tão surpresa com meu comportamento que não discutiu mais. Ela queria ir comigo até minha casa, mas a convenci de que era melhor que fosse para casa e nos falaríamos mais tarde. A verdade é que eu precisava lidar com minha mãe, fingir que tudo estava bem, mas não conseguiria lidar com ela e com Rosalya ao mesmo tempo. Além disso, eu só conseguia lidar com uma pessoa louca por compras de cada vez.

Apesar da loja de Leigh ser a principal da cidade, não era uma referência para roupas de festa. Eu, minha mãe e minha tia fomos até uma loja especializada além do centro da cidade, onde eu imaginava que quase todo mundo fosse comprar seus vestidos. Eu não ligava muito se ia acabar escolhendo um modelo igual a de alguma outra aluna. Eu nem queria participar daquilo, mas sabia que Debrah ia chiar se eu não fosse.

Minha tia dirigiu para poupar minha mãe, mas ela estava impossível mesmo assim. Era uma das primeiras vezes que ela saía de casa desde o acidente, sem ser para consultas médicas. Eu me esforcei em manter um sorriso e concordar com tudo que ela dizia, porque sabia que ela precisava daquilo, mas estava me enlouquecendo.

Depois de algumas horas de tortura em meio a tecidos e cores e falatórios entre minha mãe e as vendedoras que eu não fazia questão de entender, notei quando minha tia puxou minha mãe de lado e disse algo. Minha mãe fez cara feia e foi na direção de uma mesa com café e biscoitinhos para clientes.

- Sua mãe está enlouquecendo as vendedoras – minha tia falou, se aproximando, com um ar cúmplice - que já estão estressadas porque quase todo mundo deixou pra comprar a roupa pro baile nesse fim de semana. E imagino que esteja te enlouquecendo também. Falei pra ela dar um tempinho.

Sorri para minha tia, agradecida, pegando alguns dos vestidos que tínhamos separado. Não estava com a mínima vontade de experimentá-los, mas precisava de uma desculpa para ficar sozinha. Fui até os provadores no fundo da loja, meus braços já doloridos do dia anterior lutando para segurar todos aqueles vestidos.

Assim que fechei a cortina do provador depois de pendurar os vestidos, me encostei na parede, respirando com alívio. Era a primeira vez que ficava realmente sozinha e em paz desde que saíra da casa de Debrah – pois até durante o banho minha mãe não parou de tagarelar sobre como estava feliz em sair. De repente experimentar vestidos parecia uma atividade boa o suficiente para distrair minha cabeça.

Tirei as roupas devagar, finalmente sem me preocupar se alguém ia ver alguma coisa. Me examinei no espelho grande do provador, constatando que o pior era o hematoma que Rosalya tinha visto mais cedo. Tinha pequenos arranhões e hematomas nas pernas e braços, mas nada que não pudesse esconder ou arrumar uma desculpa. Peguei um dos vestidos que minha mãe tinha escolhido, um longuete em tons de rosa e vermelho, que eu já sabia que não ia usar no baile de jeito nenhum. Ele me caía bem, mas tive problemas com o zíper.

- Quer ajuda?

Me virei, sufocando um grito, o susto ainda maior porque estava de cabeça baixa, concentrada no vestido. Castiel estava dentro do provador, fechando a cortina silenciosamente. Ele se encostou na parede, me encarando de modo insolente, vestindo uma calça preta e camisa branca praticamente aberta.

- Pode sair, por favor? – falei, irritada, mas mantendo a voz baixa – A cortina fechada significa que tem alguém se trocando, seu idiota!

Castiel ergueu as mãos, como se pedisse calma. Não parecia nem um pouco irritado por ter sido chamado de idiota, pelo contrário, parecia querer rir.

- Estava fugindo da minha mãe – ele falou, ainda com as mãos erguidas – E vi você sofrendo com a sua. Resolvi dar um oi quando tivesse oportunidade.

- Bom, já deu oi – rebati, ainda irritada, me virando para o espelho e voltando a brigar com o zíper. Talvez, se eu o ignorasse, ele iria embora – Pode sair, por favor?

Castiel se aproximou, sem responder, e antes que eu pudesse reagir, afastou minhas mãos do zíper. Mas ele simplesmente puxou o zíper para cima, e travou o fecho.

- Pronto, viu? – ele disse, enquanto eu ainda olhava para o espelho, surpresa – Nenhuma má intenção.

Mesmo dizendo isso, ele manteve a mão na minha cintura enquanto me encarava pelo espelho. Me virei, mais para que ele tirasse a mão de mim.

- Castiel, pela milésima vez – falei, angustiada, e dessa vez estava sendo sincera – O que você quer? Bagunçar minha cabeça mais um pouco antes de ir embora? Quantos dias faltam, dez? Chega, ok?

Isso pareceu esfriar o humor de Castiel. Ele desviou o olhar.

- Uma semana.

Assenti, engolindo em seco, me virando para que ele não me visse chorar. Aí lembrei do espelho, e apenas baixei a cabeça.

- Lynn, não estou tentando te confundir nem nada, eu só... – Castiel suspirou – Eu sinto sua falta.

- Bom, se acostume – falei, fazendo bico, mesmo sentindo que ia desabar com o que ele disse – Como você vai fazer quando estiver longe, com ela? Pegar um avião cada vez que quiser...mudar o cardápio?

Castiel ficou quieto. Quando olhei para ele de novo, ele parecia ofendido de verdade.

- Eu já disse mil vezes – ele falou de um modo sério, irritado – que nós dois, não é só sexo.

Me encostei no espelho, suspirando.

- Eu to tão cansada de ter essa discussão, Castiel – falei, ainda mais perto de desabar – Você está literalmente me dizendo que está com sua namorada por falta de coisa melhor? E ainda assim, você está com ela, você vai embora... qual o sentido, sabe? De ficar me mandando bilhetes e invadindo meu provador, e ainda dizer que é amor?

Castiel tomou fôlego, como se fosse começar um discurso, então suspirou, frustrado. Sua expressão foi de irritada a malvada. Ele sorriu.

- Não, quer saber – ele disse – você tem razão. Estou com a Debrah por interesse, e corro atrás de você porque tenho mais tesão em você, mesmo.

Revirei os olhos, trincando os dentes para não responder. Esperei que com o meu silêncio diante do seu sarcasmo fizesse com que Castiel saísse.

Castiel não saiu. Em vez disso, me puxou pelo braço e me beijou com tudo.

Eu fiquei paralisada por um momento, surpresa, como tinha ficado na primeira vez que ele me beijou. Mas ele me abraçou aos poucos e eu amoleci, mandando aquela parte da minha mente que ficava alerta se calar. Puxei ele para mim pela camisa, matando as saudades da boca dele contra a minha o máximo possível.

Uma das mãos de Castiel saiu da minha cintura e alcançou minha coxa, deslizando por baixo do vestido, e a outra apertou minha cintura com mais força, exatamente em cima do hematoma causado por Debrah. Eu o empurrei, instintivamente, ofegando de dor.

- O que foi? – Castiel perguntou, parecendo um pouco tonto.

- Bom – falei, ofegante, pensando rápido – em primeiro lugar, eu imagino que esse lugar tenha câmeras, e eu já tive minha cota de vídeos na internet.

- Lynn... – Castiel começou.

- Em segundo lugar – continuei como se ele não tivesse dito nada – você tem namorada! E eu tenho namorado também!

Para minha surpresa, Castiel riu, se afastando. Quando ergui as sobrancelhas para ele, ele deu uma risada sarcástica.

- Qual é, Lynn – ele disse – Está na cara que esse namoro seu com o Lysandre é puro fingimento. A questão é, por que você está fingindo?

Precisei de um segundo para lembrar como juntar meu queixo que tinha caído, mesmo sabendo que aquela hesitação depunha contra mim.

- Eu não estou fingindo! – sussurrei, contendo a vontade de gritar – Você mesmo notou que estávamos mais próximos e eu...

- Ah, sim, naquele dia – Castiel interrompeu, revirando os olhos – do qual não podemos falar, que tenho que fingir que não aconteceu. Pode até ter sido verdade no começo, mas de uns tempos pra cá, vocês dois estão obviamente representando. A questão, é, por quê?

Castiel me lançou um olhar tão intenso que o pensamento de que ele sabia de alguma coisa voltou, me enchendo de pânico outra vez.

- Está tentando me dizer alguma coisa? – murmurei, quase para mim mesma.

Castiel deu de ombros.

- Não sei. Você tem algo a me dizer?

Ficamos nos encarando por alguns segundos. Precisei de toda minha força de vontade para manter a respiração sob controle. Eu sentia, mais do que nunca, que estava prestes a contar tudo, despejar toda a verdade. Mas a lembrança da noite anterior – a lâmina no meu pescoço, as ameaças contra minha melhor amiga, o golpe da pá, ser puxada pelos cabelos, ser jogada na cova rasa ao lado de um animal morto – era suficiente para embrulhar meu estômago e me fazer calar a boca.

- Nada disso é da sua conta – falei com frieza, tentando disfarçar o nervosismo – agora saia daqui antes que eu faça um escândalo. Onde já se viu...


 

Acabei optando por um vestido dourado, longo e rodado, sem alças. Foi o único que me animou levemente ao provar, e que me ajudou a me distrair depois que Castiel saiu do meu provador. Minha mãe parecia querer que eu provasse a loja toda, mas aprovou minha escolha.

O domingo foi gasto em conversas sobre vestido, maquiagem e cabelo, uma parte na casa de Rosalya, outra parte na minha. Rosalya não insistiu em perguntar o que tinha acontecido de verdade na festa do pijama, provavelmente porque tanto seus pais quanto os meus estavam em casa. De qualquer modo, eu estava grata.

Na segunda-feira eu me levantei, arrasada e esperançosa ao mesmo tempo. Era a última semana de Debrah na escola, e de Castiel também. Ficar longe dele seria doloroso, claro, mas minha vida não ia acabar por causa disso, e eu pelo menos teria uma vida de verdade, em vez de ficar me arrastando como um zumbi, fingindo sorrisos enquanto me despedaçava.

O primeiro sinal de que algo estava errado foi que Rosalya não me mandou nenhuma mensagem antes da aula, mas eu não notei. Eu estava tão esgotada que simplesmente não percebi.

O segundo sinal foi que quando cheguei na escola eu estava recebendo os mesmos olhares que eu recebia quando Debrah espalhou boatos sobre mim ou quando Peggy colocou aquele vídeo na internet. Isso eu notei.

Quando vi Rosalya no corredor, falando com Violette, ela estava séria, e não entendi o que estava acontecendo, então fui direto até ela.

- Rosa?

Assim que ela se virou percebi que ela não estava apenas séria, ela tinha chorado. Mas tinha mais alguma coisa, porque Rosalya nunca olhava para mim daquele jeito. Levei um segundo para perceber que ela estava com raiva de mim.

- Vio, dá licença – ela falou com frieza. Violette me lançou um olhar desaprovador antes de sair.

- Rosa, o que está havendo? – perguntei.

Ela ficou me encarando por alguns segundos, me deixando cada vez mais nervosa. Quando falou, ela suspirou.

- Leigh sabe que eu beijei o irmão dele – ela disse de modo monótono – e nem eu nem Lysandre contamos. Só mais uma pessoa sabia.

Fiquei em silêncio, sem conseguir entender.

- Rosa – eu disse quando minha voz voltou – você sabe que eu nunca...

- Sabe, eu fiquei me perguntando, por que você não me dizia o que aconteceu na festa do pijama – ela disse como se eu não tivesse falado nada – mas eu não poderia imaginar que não era porque foi algo terrível demais, é porque você estava com vergonha de ter revelado o único segredo que eu pedi pra você nunca repetir.

- Eu não... eu nunca...

Era difícil formar frases porque aquela situação era absurda. Ela estava presumindo que eu tinha contado para Debrah que ela tinha beijado Lysandre, e eu não estava entendendo de onde aquilo tinha saído. Debrah tinha contado para Leigh? Mas como ela poderia saber?

- Ah, olha quem chegou – ouvi a voz de Kim atrás de mim. Quando me virei, recebi um tapa. Ela estava agitando um papel na minha frente – Um desses foi pra casa dos meus pais. Quer dizer, não basta a escola toda ter ficado sabendo, meus pais também.

Olhei de Kim para Rosalya em choque. Rosalya esticou um papel que também segurava.

“Fatos desconhecidos sobre alguns colegas da Sweet Amoris:

- Rosalya beijou o irmão do namorado e nunca contou a ele

- Kim tem uma namoradA fora da escola

- Iris tem nojo de lésbicas

- Nathaniel trapaceou em um exame para passar de ano (com ajuda de Melody)

- Lynn acha que Castiel é melhor de cama que Lysandre”


 

Era só isso. Eram só exatamente as coisas que só podiam ter saído da minha boca, exceto que não saíram.

- Tinha um em cada armário hoje de manhã – Kim falou, parecendo conter a vontade de me estapear de novo – E pelo jeito foi mandado para fora da escola, tipo pros meus pais, pro namorado da Rosalya... inclusive eu tenho que ir pra casa pra uma conversa séria. Só esperei até agora pra enfiar a mão na sua cara.

Kim saiu, batendo os pés, enquanto eu ainda não conseguia formar frases coerentes. Encarei Rosalya, pasma.

- O que ela fez – Rosalya disse, e eu via que ela estava se contendo – Te torturou pra você falar? Eu entendo, sabe, que ela deve ter te machucado, sei lá. Mas você podia ter pelo menos me falado, pra que eu me preparasse.

- Rosalya – falei, e minha voz saiu quase num grito – Eu não fiz isso. Eu não contei nenhuma dessas coisas.

- Sério, Lynn? - Rosalya falou, prestes a cair no choro outra vez – Você realmente vai negar? Porque todo o resto, eu sei, falamos mesmo na festa do pijama de Debrah. Mas isso? De todas as coisas, a única coisa que só você sabia?

- Eu não...

Minha voz foi morrendo aos poucos. Eu percebi de repente que Rosalya não ia acreditar em mim. Eventualmente, claro, mas naquele momento, ela estava fervendo de raiva, e eu conhecia ela o suficiente para saber que aquela raiva não diminuiria tão cedo.

Dei-lhe as costas e segui pelo corredor o mais rápido que pude, sem me importar mais com os olhares dos colegas. Eu sabia onde ela estava, não só porque ela tinha transformado a sala do jornal em um QG do mal, mas porque era lá que ela teria imprimido aquelas cópias.

Debrah estava na cadeira de Peggy, os pés em cima da mesa, sorrindo placidamente. As outras garotas estavam sentadas no sofá, de cabeça baixa.

- O que é que tem de errado com você?! - gritei ao entrar.

Algo na expressão de Debrah fez com que eu me calasse. Ela tirou os pés da mesa e se levantou devagar, vindo na minha direção.

- Você não tem ideia de quem veio me ver esse fim de semana – ela falou, em um tom calmo e gelado – Logo depois que todo mundo foi embora no sábado, toda suja e descabelada parecendo uma miniatura de assassina em série. Nina.

Ergui as sobrancelhas, confusa.

- Pois é, eu fiz essa cara também – Debrah continuou, perigosamente perto de mim – E, ah, ela não estava feliz comigo, nem um pouco. Compreensível – ela deu de ombros -já que eu fui quem disse aos pais dela para que a colocassem na clínica de onde ela tinha acabado de fugir.

Engoli em seco. Aquilo, estranhamente, estava começando a fazer sentido.

- Claro que eu a acalmei, a convenci de que não foi bem assim que aconteceu, que a culpa não era nem um pouco minha – Debrah continuou – O que foi ótimo, porque ela me contou algo, e percebi que ela é mais esperta do que eu esperava. Sabe, antes de ser internada, ela tomou umas decisões por conta própria. Grampeou e colocou câmeras em alguns lugares sem me avisar, e programou para que o computador dela continuasse recebendo as informações sem ela ter que ficar em cima dos equipamentos o tempo todo.

Debrah chegou tão perto que dei alguns passos para trás, batendo as costas na parede. Ela apoiou a mão na parede, ao lado da minha cabeça, o rosto muito perto do meu.

- Então, os grampos que ela colocou, foram na casa do Lysandre, porque ela é louca por ele, claro – Debrah prosseguiu, a voz cada vez mais fria – E na casa do Cast, só pra me agradar. Ela conseguiu um monte de informações interessantes, que foram se acumulando enquanto ela estava internada, e ela pode me mostrar nesse fim de semana. Sabe o que chamou mais minha atenção?

- O quê? - murmurei automaticamente.

- O videozinho do dia em que ela foi internada – Debrah respondeu com suavidade, brincando com uma mecha do meu cabelo – Aquele dia em que choveu baldes. O dia em que fui viajar. O dia em que você tinha um trabalho para fazer com Castiel. E vocês fizeram bem mais que isso.

Minhas pernas não tinham a menor condição de continuar me sustentando. Eu estava surpresa, apavorada, com raiva, tudo ao mesmo tempo. Mas a compreensão do que ela estava dizendo – não só que sabia, mas que já estava colocando em prática a vingança por eu ter omitido aquele fato especificamente – fez com que o pavor ganhasse.

- Debrah... eu.... - gaguejei.

- Cale a boca! - ela gritou, soltando meu cabelo e apertando meu pescoço em vez disso – Você não tem ideia da besteira que fez, Lynn. Eu estava pronta pra ter uma semana quieta e te deixar em paz antes de ir. Mas não tem como com você, não é? Eu só tenho mais cinco dias nesse buraco esquecido por Deus, mas eu te juro, nesses cinco dias eu vou fazer da sua vida um inferno. E você reze pra que eu me contente em te ver miserável, porque a outra opção é colocar uma pilha de corpos na sua porta.


Notas Finais


Lembrando que estamos chegando no final. Então, chill. Não vai demorar muito pro problema todo se resolver, se acalmem.
Tão ligadas que eu não reviso nada hoje em dia né? Pois é. De manhã eu vejo isso.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...