História Verdadeiro eu - Drarry - “Queria experimentar”

  Era lá pelas 10 da noite, e ele estava dentro daquela boate, música alta, pessoas dançando e coladas uma na outra, bebidas coloridas, luzes de várias cores.... Era estranho, mas Draco gostava.

 Não tinha nada para fazer naquela noite, e estava inquieto. Precisava fazer algo, mas não queria usar a cocaína guardada, dessa forma iria acabar rápido demais.

 Tinha lembrado de Lilith falando que sempre tinham festas rolando por ali, e decidiu que iria ir em uma. Queria experimentar. 

 Se arrumou impecavelmente, ficou até um tanto surpreso com o quanto tinha gostado do resultado. Se achou lindo. Um tanto extravagante, mas ele gostava disso, gostava de coisas diferentes, mas belas.

De surpreender a todos com sua aparência.

 Chegou no lugar e recebeu alguns assobios, o que o fez sorrir, se sentindo apreciado. Não era de Harry, mas essa era a única atenção que conseguia, de caras trouxas que ficavam com mãos bobas para perto de si, que os rendia uns bons tapas e gritos.

 Isso surpreendia eles, que se afastavam.

 Mas ainda recebia olhares de desejo. Gostava de ser desejado. Principalmente com a ideia de ser desejado por Potter, mas sabia que não era verdade...O moreno não tinha interesse por ele. Por mais que o comentário de Luna fazia ele pensar em certas coisas.

 “Tem certeza que ele não tem interesse?”

 Ou como achou que ficava bonito sorrindo... Era tudo tão confuso, isso o confundia. O grifinório gostava de mulheres, e estava namorando aquela ruiva sem sal até outro dia...

 Não tinha como.

 Luna deve ter interpretado errado, era a única coisa que parecia fazer sentido para ele.

 - Você vai querer alguma coisa?- Ouviu o barmen perguntar para ele, que se virou, podendo o encarar. Era tatuado e alto, tinha o cabelo raspado, e uma tatuagem estranha no pulso esquerdo.

 - Quero. Você tem licor de cereja?

 - Claro. Um segundo.- O homem se virou, pegando a garrafa cheia até a tampa, e enchendo um copo até a metade, e entregando ao loiro, que mandou um sorriso pequeno como um obrigado, e deu um gole pequeno, apenas apreciando o gosto.

 Era doce, e dava aquela queimação na garganta assim que descia. Era forte, sabia disso. Mas estava precisando, haviam coisas demais em sua cabeça.

 Podia estar um tanto feliz com a amizade de Harry, mas o plano de morrer ainda estava de pé. Afinal, iriam sair do colégio e nunca mais se verem. Não valia a pena..... Também estava fazendo o moreno perder o tempo dele, já que iria se matar no fim do ano. Ou antes. Dependia do que iria acontecer.

 Mas pelo menos teria algumas memórias felizes, agradáveis, antes de morrer e partir desse mundo.

 - Moço? Está tudo bem? Está chorando...- O barman falou, o tirando de seus devaneios, o olhava preocupado, tinha até mesmo parado de fazer o trabalho de arrumar as garrafas espalhadas pela bancada.

 - Oh... Nem sequer percebi que estava chorando.- Riu envergonhado, secando as lágrimas que tinham escapado. Provavelmente estava emotivo com toda aquela bagunça em sua cabeça.

 Viu um casal de homens no cantinho da boate, dando beijos quentes e cheios de paixão. Aquilo....aquilo sim era beijo. Viajou um pouco e se imaginou ali, sendo beijado por Harry e acabou sorrindo se leve.

 O barman viu ele sorrindo e desistiu de entender o loiro, estava o achando meio louco. Principalmente quando o homem continuou pedindo mais copos e copos de bebida. Sem parar.

 Ele definitivamente iria ficar completamente bêbado.

  - Oi....- Uma garota que também era loira, mas de cabelos enormes, passando da cintura praticamente.

 - Oi?

 - Desculpa, nem sei porque eu falei oi.- Ela deu um riso sem graça, olhando para os próprios sapatos. Ela tinha um estilo um tanto parecido com o dele. Muito preto, e também estava usando um chocker com correntes.

 - Sem problemas. Às vezes você só queria falar.

 - É. Acho que eu falo demais....

 Draco olhou confuso para ela, não entendendo o que estava acontecendo, mas não perguntando nada, afinal, não era da conta dele. 

 Viu uma mulher negra se aproximar, e puxou ela dali.

 - Sinceramente- Eu sei que você odeia ele, mas precisava dar um soco no meu namorado, Izzy?

 - Ele foi homofóbico comigo...

 - Desculpa. Vou conversar com ele de novo.

 - Podiam terminar, isso sim seria ótimo. Quantas vezes você já falou com ele sobre isso?

 - Chega. Eu não vou terminar com ele porque vocês não se dão bem.

 - Claro... Tudo bem ele ser homofóbico com a sua melhor amiga, né?

 - Por favor, eu estou tentando ter uma boa noite!

 - Tá. Vou fingir que não existo.- A loira andou mais rápido, sumindo no meio da multidão, seguida da outra garota.

 Ele ficou meio interessado no que rolou, e pelo jeito a garota também era homossexual como ele. Parecia uma briga interessante, queria ter ouvido mais.

 Olhou para o barman, que não parecia dar a mínima. Devia viver ouvindo brigas e fofocas toda noite, aquela não deve ter sido a mais interessante da noite.

 - Hey... Que horas são?

 - Meia noite e cinquenta.

 - Oh. Okay, valeu.

 Decidiu que devia ir embora. Não queria dançar nem nada, só precisava ter esvaziado a cabeça por um momento, e já tinha flertado com todos os homens que tinham alguma característica parecida de Harry.

 Mas nenhum deles eram bonitos como o verdadeiro. Nenhum deles chegavam aos pés.

 - Posso comprar a garrafa de licor?

 - Oi?- O careca o olhou surpreso, não esperando por isso.

 - Uma garrafa novinha de licor. Quanto é?

 - Olha- Não é pra gente vender... Mas eu deixo você levar por duzentas libras.

 - Beleza.- A rapidez que respondeu e tirou o dinheiro do bolso surpreendeu o homem mais velho, que sorriu contente para ele.

 - Quer uma sacola?

 - Não. Só quero a bebida.

 Ele riu e passou a garrafa para Draco, que deu uma piscadela para ele e saiu, deixando um barmen corado para trás.

 Talvez tivesse mais poder do que pensasse.

 Voltou para a passagem até Hogwarts andando meio torto, quase batendo em tudo, trombando pelos lugares.

 Acabava rindo por idiotice, já estava meio bêbado.

 O problema era andar por aquele lugar sem ser pego. E ainda queria beber. Mas fazer isso no próprio quarto seria idiotice, Nott iria dar um jeito de falar para McGonnagall, que iria chamar os pais dele, e daria muita merda.

 Ficou andando pelos corredores escuros e vazios, dando goles caprichados na bebida, direto da garrafa.

 Chegou até a porta da biblioteca, e decidiu que ficaria ali, encostado em um canto, e beberia em paz.

 Riu baixo ao lembrar em como costumava ter medo de andar nos corredores de Hogwarts durante a noite. Era uma criança medrosa, que se pagava de durão. Tinha a completa noção da idiotice dele.

 Também tinha a vergonhosa verdade. Nunca havia superado o medo da floresta proibida, odiava aquele lugar, e só de pensar em ter que passar uma detenção durante a noite naquele lugar o aterrorizava. Mas sinceramente.... Nunca entendeu a história de construir uma ESCOLA ao lado de uma floresta tão perigoso que colocaram o nome de proibida.

Quem quer que tivesse tido aquela ideia não foi esperto.

 Essa era a opinião dele.

 Tinha certeza que em Beuxbatons não tinha criaturas sanguinárias vivendo logo ao lado do colégio. Sem falar que o uniforme deles era lindo.

 Devia ter ido estudar lá.

 Ou não. Porque assim nunca teria conhecido o belo homem por quem tinha se apaixonado.

 Se encolheu e olhou assustado para a porta da biblioteca, que fez um barulho e começou a ser aberta.

 Não gostava de como aquilo estava indo. 

 Quase soltou um suspiro de alívio ao ver que era apenas Granger. Ela olhou assustada para o barulho, e ficou confusa ao ver que era Malfoy.

 Ele deu um gole caprichado na bebida, acenando timidamente para a mulher.

 - Malfoy?! O que você está fazendo aqui?!- Falou surpresa, mas não alto, não precisava que pegassem ela e a colocasse em uma detenção.

 - Para falar a verdade... Eu também não sei, sabia?

 - Como assim?

 - Acho que só vim pensar. Beber.

 Ela olhou para a garrafa na mão do loiro, e olhou chocada para ele. Percebeu que ele realmente parecia meio alterado.

 - Quer um gole? É ótimo.

 - Não, Malfoy. Eu não quero.

 - Okay, sobra mais.- Draco riu baixo, e deu outro gole caprichado no licor, deixando Granger cada vez mais perplexa. Que porra estava rolando?

 - Porque você está bebendo?- Ela sentou ao lado dele, que gostou de uma companhia. Mas seria melhor se tivesse sido um certo moreno....

 - Para não sentir certas coisas...

 - Que coisas?

 - Não vou te contar, bobinha!- Ele riu, tocando na ponta do nariz fa mulher, que não viu graça e apenas olhou preocupada para o loiro.

 - É uma dor?

 - Pode se dizer que sim...- Malfoy suspirou, quebrando o contato visual com Hermione, e dando outro gole no licor. Aquilo estava quase na metade, e a garrafa vinha cheia, e não era nada pequena.

 - E aonde é?

 - No meu coração....- Riu sem graça, mas parou ao perceber que tinha aberto a boca.

 - Você está de coração partido?- Ela o perguntou com empatia nos olhos, o que chocou até ela mesma.

 - Não. Esquece sobre isso. 

 - Eu acertei, não foi?

 - Você podia ser burra, as coisas seriam mais fáceis.- Ele reclamou, fechando o semblante e encostando ainda mais contra a parede.

 Granger revirou os olhos, nem bêbado ele perdia aquele jeito.

 - E porque está com essa dor?

 - Ainda não vou te contar. As coisas vão ficar piores se eu contar...- Draco sussurrou a última parte, bebendo o licor como se fosse água, e ele estivesse passando sede.

 - Hey! Você vai passar mal!

 - Não vou não.- Malfoy olhou feio para ela, e abraçou a garrafa, assim não teria como ela tirar de si.

 Hermione suspirou, começando a ficar preocupada de verdade.

 - Harry falou que você o contou que desmaiou de sono.

 - Falei?- Ele forçou a memória, tentando lembrar. O álcool fazia certas memórias um tanto embaçadas.

 - Falou, Malfoy.

 - Hum... É. E daí?

 - E daí, que é óbvio que você estava mentindo.

 Ele sentiu o sangue gelar, assim como seus cortes, que começaram a coçar, só da ideia dela ter descoberto sobre os cortes ou as drogas..... ou os dois.

 - Não estou não. E se não acredita, problema seu! Agora me deixa beber.- Draco mostrou a língua pra ela, meio infantil graças ao álcool. Granger suspirou, decepcionada em não conseguir tirar nada dele.

 - E aquele dia que você saiu chorando do banheiro? Quando pediu desculpas para mim.

 - Caramba... Quantas perguntas, Granger! Só... Estavam me irritando muito. Com o lance das minhas roupas. Só isso.

 - Não parecia tão abalado com isso para ter ficado daquele estado.

 - O que você quer tanto saber sobre mim, ein?!

 Hermione levou um susto com o súbito grito de irritação de Draco, não esperando por aquilo.

 - O que está acontecendo de verdade! Harry também está desconfiado. 

 - Vocês grifinórios não sabem quando parar, hum?- O loiro grunhiu, dando outro gole na bebida.

 - O que é isso que você está bebendo?

 - Licor.

 - Vai ficar com uma ressaca horrível.

 - Não ligo.- Deu de ombros, sabendo que não ligava, e não seria a primeira pu última vez. Talvez começasse a beber mais, iria economizar o pó e também ficava viajado. Além do fato que bebida era muito mais fácil de achar.

 É.

Talvez beber fosse uma boa ideia.

 - Malfoy.... Porque não fala? O que quer que seja, você precisa falar.

 - Granger... Nós dois sabemos que eu poderia estar morto e não daria a mínima. Ou ninguém. Enfim, esse não é o ponto. O ponto é que.... Me perdi. Não sei o que ia falar, mas a resposta é não!

 Estava bem bêbado, tendo dificuldade de concluir seu raciocínio, já que nem raciocinando estava direito. Estavam mais para delírios.

 - Isso é mentira! Tenho certeza que teriam muitos que iriam ligar para a sua morte.

 - Uhum. Quem?

 A descrença do sonserino fez ela sentir um arrepio. Talvez ele estivesse depressivo, isso faria sentido.

 - Seus pais, Luna, acho que o Harry.

 - “Acha”? Wow, que honra.- Riu sem graça, e seu coração apertou, imaginando Potter não dando a mínima para a morte dele.

 - Eu não sei! Vocês são amigos agora, não é?

 - Acho que sim....- Draco suspirou, cansado daquela conversa.- Tchau para você, Granger. Cansei.

 A mulher abriu a boca para pará-lo, mas o loiro foi mais rápido, desaparecendo assim que saiu da biblioteca. Ela tinha ido para lá para ler, mas não ia conseguir focar nisso.... Tinha que contar o que havia acontecido para os amigos.

 Aquilo tudo era muito estranho.

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 - Ainda não entendi o que ele estava fazendo bêbado na biblioteca de madrugada.- Ron comentou. Os três estavam no café da manhã, e Hermione havia os contado sobre o que tinha visto naquela madrugada.

 - Eu também, essa é a questão, amor.- Hermione falou pensativa, mas o ruivo ficou todo corado e sorridente ao ser chamado daquilo. Harry riu da cena.

 - Você podia falar com ele, Harry. Por algum motivo... Sinto que ele confia em você.- A mulher olhou fundo em seus olhos, tentando convencê-lo. Engoliu seco, aquilo era estranho.

 - Porque?

 - Também não sei. Só acredito nisso.

 - Hum....

 Potter olhou para Draco na mesa da Sonserina, com Luna bem ao lado dele. Elu comia um pedaço de bolo e mandava olhares para o outro, querendo que ele também comesse.

 O loiro estava com uma ressaca horrível, a cabeça dele parecia que iria explodir, e odiava isso. Ele acordou e vomitou em seguida, de tão forte que a dor era. Nott riu da situação, debochando de si.

 “Se olhou no espelho, foi?”

 Isso o rendeu um soco no nariz, e Draco correu para fora do quarto antes que Theodore pudesse retribuir. Não estava na Grifinória por um motivo, afinal.

 Coragem não era um ponto forte nele.

  Harry acenou para ele quando trocaram olhares, e acabou sorrindo quando viu Malfoy corando de leve. Viu que Luna sussurrou algo no ou ouvido do sonserino e começou a rir, enquanto o homem só olhava feio para elu, estando ainda mais corado.

 Ele ficava lindo com o rosto todo corado. Ficava mesmo.

 - Draco.... O que você estava fazendo ontem para ficar com essa dor?

 - Uh... Sei lá.

 - Você foi beber, não foi?

 O loiro olhou para o prato, envergonhado por ter mentido, e por ter sido pego.

 - Fui.....

 - Não tem problema em beber, mas não tanto assim! Nós temos aula hoje, não pode ficar bêbado de noite se você tem aula no dia seguinte.

 - Eu sei, Luna. Mas eu estava precisando, okay?

 - E porque?

 Draco suspirou e escondeu o rosto entre as mãos, frustrado com aquilo tudo. Porque todos estavam tentando descobrir o que ele estava escondendo? Se era segredo, era por um motivo! Não queria que ninguém soubesse. Iria descobrir quando morresse de qualquer forma, sobre as drogas, ser apaixonado por Potter, ser suicida.... Iria escrever sobre isso e entregar para três pessoas.

 Luna

 Harry

 E seus pais.

 Era isso.

 - Eu só queria beber!

 - Não foi isso o que você tinha dito agora pouco. Por favor.... Me diz o que está te machucando, o que está escondendo!

 - Já falei que não tem nada.

 - Para de mentir!- O garote gritou, dando um susto em Malfoy, que nunca tinha escutado elu gritando.

 - Não estou.

 - Somos amigos, não somos?

 - Sim.

 - Amigos sabem dos segredos do outro.

 - Mas esse eu não vou contar! Nunca!

 - Eu não vou te julgar, por favor!- Os dois ficavam em um impasse, tentando convencer um ao outro, para contar o que estava acontecendo, ou para que se calasse.

 - Por favor, Luna.... Eu não quero falar sobre isso.

 Elu pegou na mão de Malfoy, dando um aperto.

 - Só não faz nenhuma besteira. Principalmente consigo mesmo.

 Apenas assentiu, não tendo coragem de mentir tão descaradamente para o corvine.

 Lovegood suspirou, vendo como o clima tinha ficado pesado.

 - Uh.... Posso pintar sua unha depois?

 Draco riu, não esperando por aquela pergunta.

 - Pode. Mas só se for preto.

 - Claro.

Sorriram um para o outro.