História Verdadeiro eu - Drarry - “Caixinha de surpresas”

  - Malfoy…. eu queria te fazer uma pergunta..

 - Hum?- Draco parou de olhar para o pergaminho, direcionando o olhar aos belos olhos verdes do outro.

 - Eu… Você quer sair comigo?- Harry falou um tanto alto, surpreendendo ainda mais o sonserino.

 Não conseguia acreditar que estava acontecendo mesmo.

 Draco o olhou surpreso, e um tanto corado. Ele não estava esperando aquilo, e muito menos daquela forma. Potter tinha praticamente gritado. Apenas travou, olhando chocado, sem palavras para o outro.

 Harry ficou com medo, e até mesmo arrependido ao ver a reação de Malfoy. Ele não se mexia. E ficou desesperado quando percebeu que os olhos acizentados do sonserino tinham começado a lacrimejar.

 - Sair? Como… Como em um encontro?- Falou hesitante, tentando não fazer os olhos lacrimejarem ainda mais.

 - Sim. Um encontro. Uh- Não precisa falar sim.- Harry ainda estava preocupado com as lágrimas esperando serem soltas nos olhos bonitos do outro.

 - Não! Eu quero!- Draco falou rápido, não querendo fazer com que o outro entendesse errado.

 - Quer?

 - Sim.

 Harry acabou sorrindo um pouco, principalmente com o olhar animado e as bochechas coradas do homem loiro.

 - Porque você parece que vai chorar?- Riu fraco, genuinamente preocupado.

 Mas ficou menos tenso em ver como Draco corou ainda mais, desviando o olhar por uns instantes.

 - Eu.. Eu não esperava que você fosse me pedir isso. Gosto de você faz tanto tempo- Não sabia que iria acontecer mesmo.- Percebeu que tinha falado demais, então se calou, e voltou a olhar para o anel em seu dedo, e começou a gira-lo, tentando se sentir mais calmo.

 Harry ficou estático. De felicidade e choque.

 Nunca iria adivinhar que Malfoy gostava dele romanticamente. Nunca. Muito menos que fazia tempo, ainda por cima.

 Mas uma pontada de ciúmes o atingiu quando viu o loiro mexendo naquele anel, que já odiava a aquele ponto.

 - Sério? Quanto tempo?

 - Tempo demais.- O loiro riu, e o moreno também riu. Os dois estavam felizes, e um pouco idiotas com todos aqueles sentimentos. Ficavam corando e rindo quando se olhavam por muito tempo. Pareciam ter doze anos, não dezoito, com toda aquela falta de jeito e vergonha que expressavam.

 - Uh… Esse anel não foi eu que te dei.- Harry comentou, tirando um riso de Draco. Potter não queria ver aquela joia, nunca mais em toda a vida.

 - Eu sei. Não era a sua letra.- Malfoy comentou sem nem pensar.

 - Sabe como é minha letra?- Harry o olhou perplexo, sorrindo com a informação.

 Era muito adorável.

 Descobrir se era Malfoy ou não quem escrevia era muito fácil. O loiro tinha uma letra muito característica, todos (que prestavam atenção) poderiam notar com grande facilidade quem estava escrevendo.

 Harry nunca tinha admitido até agora, mas ele achava a letra do loiro muito bonita.

 - Sei…- Draco riu corado, quebrando o contato visual que mantinham um com outro.

 - E porque isso?- Estavam gostando de conversar tão casualmente um com o outro. O grifinório gostava de analisar as mudanças na aparência do sonserino, principalmente a maquiagem que ele fazia de forma tão acentuada nos olhos.

 Ou os piercings, que nunca tinha imaginado Malfoy usando, assim como as unhas pintadas. 

 Mas ele ficava bonito assim.

 Ficava mesmo.

 - Não sei. Acho que eu só decorei.

 - Como? Eu não lembro de te mandar bilhetes.

 Gostava de continuar instigando sobre aquele assunto, já que Draco ficava cada vez mais corado com aquele assunto. Era tão bonito….

 - Uh… Nada.

 - Fala!

 - Eu sentei perto de você várias vezes! Eu só olhava pra você escrevendo, acabei decorando.

 Harry riu, achando isso adorável.

  Não via a hora de sair naquele encontro e dar um beijo nele.

 - Isso é fofo.- Comentou, recebendo um dedo do meio do outro. Os dois acabaram rindo um pouco, não conseguindo ficarem bravos de verdade.

 - Volte a escrever.- Draco fingiu dar um bronca, e ele apenas revirou os olhos, segurando um sorriso, e voltou ao pergaminho. 

Já estava no meio do primeiro pergaminho , quase terminando. Enquanto Malfoy já tinha terminado um, e estava escrevendo o segundo.

 Cada um ficou com dois, mas ele não era lá muito rápido para essas coisas, muito menos para transfiguração. Podia ser pior. Podia ser poções.

 Continuaram o trabalho em silêncio, mas era estranho, estavam confortáveis simplesmente com a presença um do outro. Às vezes acabavam olhando um para o outro na mesma hora, fazendo com que os dois corassem e sorrissem um pouco.

  Mas a paz dos dois foi quebrada.

  O primeiro homem que Draco tinha beijado naquela festa de semanas atrás apareceu ali, parando no lugar assim que percebeu quem era.

 Ele era da Lufa-lufa, agora que estava com o uniforme. Um ano mais novo que eles, estava no mesmo ano que Ginny. O sétimo ano também tinha ido para a festa, e era no Salão Comunal da própria casa, claro que iria aparecer lá.

 Harry olhou estranho para o outro, sem entender o porque aquele cara tinha parado do lado da mesa deles. Mas lembrou de ver Draco se pegando com ele naquela festa.

 Foi ver o loiro beijando aquele lufano que o fez perceber que estava apaixonado por Malfoy.

 - Uh- Precisa de algo?- Harry falou, fazendo com que Draco tirasse os olhos do pergaminho, um tanto confuso.

 - Não é com você, Potter. Não se preocupe.

 Sabia que não era com ele. Esse era o problema.

 - Oi, Malfoy.

 - Oi?

 - Não lembra de mim?- O lufano riu, e a mente do loiro foi iluminada. Lembrou quem era, e imediatamente, ficou com uma cara de indiferença. Não dava a mínima para aquele cara. Foram só uns beijos, nada de mais.

 - Lembro.

 - Então… Não nos vimos depois da festa. Não conseguimos fazer o que iríamos.

 - E o que nós iríamos fazer?- Draco cruzou os braços, ainda olhando indiferente, quase incomodado em ter que gastar o tempo para conversar com o outro.

 - Você lembra… Se fez de difícil, e riu. Mas eu percebi que você gosta de se fazer de inalcançável.- O lufano abriu um sorriso malicioso, colocando as duas mãos sobre a ponta da mesa, ficando mais próximo do sonserino.

 Malfoy revirou os olhos, entediado com aquele papo. Mas Potter estava ficando irritado, principalmente com os olhares maliciosos que aquele cara estava mandando ao loiro. Ele tinha que dar uma segurada no ciúmes, mas não gostava da ideia de ter alguém olhando assim para o seu- Quer dizer, ainda não era nada. Mas tinha intenção de ser.

 - Claro. Mas a minha resposta ainda é a mesma. Não estou me fazendo de difícil.

 - Certeza?

 Draco soltou um suspiro, ficando cada vez menos sem paciência para aquela insistência.

 - Sim. Eu não vou fazer um boquete em você. Quer que eu grite ou o que?

 O lufano corou um pouco, já que Potter estava escutando tudo. Só deu de ombros e saiu dali, deixando Malfoy mais aliviado, que voltou a escrever como se nada tivesse acontecido.

 Harry não sabia como reagir naquela situação toda. Principalmente quando Draco não deu bola e voltou a fazer o que estava fazendo antes.

 - Isso acontece muito?- Perguntou hesitante, e o sonserino voltou a olhar para si.

 - Não. Eu só não ligo.

 Potter riu baixo, meio descrente. Aquele homem era uma caixinha de surpresas.

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 No final, os dois tinham marcado de sair no dia seguinte, estavam animados e ansiosos demais pra ficar esperando muitos dias. Não precisavam de enrolações, sabiam muito bem como se sentiam um pelo outro.

 Harry foi para o dormitório todo feliz, e os amigos estavam estranhando um pouco, mas era bom que o moreno estivesse feliz, por isso não comentaram nada.

 - E então? Quer jogar Quadribol amanhã a tarde, Harry?- Ron perguntou do sofá aonde estava, tendo Hermione apoiando as pernas no colo do ruivo.

 - Uh… Não vou poder. Já tenho uns compromissos.- O moreno falou hesitante, não sabendo como escapar daquilo.

Ele gostava muito de Draco. Gostava mesmo.

 Mas tinha muito medo que soubessem. Do que iriam falar. Principalmente do que iriam fazer com Draco.

 Ele não tinha vergonha de Malfoy, essa não era a questão. Era medo de que machucassem quem ele tanto gostava.

 - Que compromissos?- Hermione olhou para ele, fechando o livro que estava lendo.

 - Compromissos.- O moreno deu de ombros.

 - Isso não é resposta! O que você vai fazer?

 - Nada de errado. Eu prometo. É pessoal.

 - E o que poderia ser tão íntimo para você não contar- Ron foi interrompido pela irmã, que não tinha uma expressão feliz, e parou bem na frente de Harry, que estava sentado em uma poltrona bem próxima ao sofá.

 - Harry, eu quero conversar com você.- Ela falou séria, cortando a pergunta de Ron. O ruivo suspirou, desistindo de tentar descobrir o que o amigo escondia.

 - Tudo bem… Já volto.- Harry falou para os outros dois, que assentiram.

 Potter e Ginny saíram dali, se afastando para um canto que ninguém estava perto.

 - O que será que a Ginny quer?

 - Eu estou mais interessada no que o Harry está escondendo.

 - É verdade, Mione.- Ron voltou a fazer massagem nos pés da namorada.

 Os dois se olharam sérios, no canto do Salão Comunal. Ginny não expressava nem um resquício de felicidade, e ele nunca havia visto ela assim, exceto na guerra. Isso era assustador para ele.

 - O que foi, Gin?

 - Não me chama assim.- Ela respondeu ríspida, o assustando.

 - Mas-

 - Você terminou comigo sem um pingo de explicação. No dia que você falou que iria compensar por estar distante.

 Harry percebeu que tinha feito merda. Mas ele estava com tanta agonia de estar apaixonado por alguém, mas ainda estando namorando outra.

 - Desculpa.

 - Ha! Nossa, caramba, isso muda tudo.- Ela riu irônica, obviamente estando amarga.

 - O que você queria falar?- Ele cortou aquilo de uma vez. Seu bom humor estava indo embora, estava todo feliz a momentos atrás, pensando no seu encontro com Draco. Mas Ginny acabou com isso.

 - Quero uma explicação de verdade, Harry. Não namorei com você por dois anos pra ser tratada como uma ficante.

 O moreno suspirou, e cobriu o rosto por um momento, ficando irritado só de ter que inventar uma desculpa.

 - Tudo bem. A explicação é, eu não sei o que aconteceu, mas perdi os sentimentos. Eu tentei, Ginny. Eu juro. Mas- Não conseguia mais, okay? E ficar com você sem sentir mais nada por você seria injusto. Talvez não tivesse sido o melhor momento para terminar com você…. mas eu estava agoniado para acabar com isso.

 A ruiva ficou com os olhos um pouco lacrimejantes, e olhou para cima, fechando as mãos em punhos. Ela estava frustrada, muito irritada.

 - Você é gay, Harry?

 - O que?!- Ele engasgou na própria saliva, esperando por qualquer coisa, menos aquilo.

 - Ouvi Ron falando que estava feliz por você ter saído do armário. 

 - Ah.- Ele riu baixo, e a mulher não mudou a expressão irritada.

 - Não. Eu não sou gay. Eu sou bissexual, Ginny.

 Ela revirou os olhos, como se dissesse “mesma coisa”.

 - Você estava me traindo com um homem, Harry?!

 - Oi?! Eu nunca iria trair ninguém!!

 - Oh. Então foi por pura conveniência, você terminar comigo e contar para eles que você gosta de homens, hum?

 - Nós não estamos mais juntos. Não te devo satisfações do que eu estou sentindo!

 Ele também foi ficando irritado.

 - Me deve, se estava me traindo!

 - Eu não te trai! Com homem ou mulher alguma, okay?!

 - Mas você deve ter se apaixonado-

 - Ginny! Chega! Eu não te devo satisfação sobre isso.

 Ela riu, cheia de raiva.

 - Então você está. Uma hora eu descubro quem é.- Ela falou olhando intensamente para ele, antes de sair dali.

 Harry ficou com vontade de gritar, ela tinha acabado com a paciência e bom humor dele. Encostou contra a parede, e tentou pensar em Draco. Respirou fundo, e pensou no homem rindo, e corando quando tinha o chamado pra sair.

 Iria pensar em coisas boas. Não queria ir de mau humor para seu encontro com Malfoy. Não queria estragar tudo.

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  Draco estava desesperado. Não sabia o que usar, se fazia maquiagem ou não. Ele só queria impressionar Harry, e também se sentir bonito. Mas estava com medo de exagerar e o moreno o olhar estranho.

 Sem falar que Nott estava ali, enchendo o saco dele. Era muito difícil de decidir o que usar, quando você já é inseguro, e ter um babaca zoando todas coisas que você pegava.

 Ele tinha pego uma das saias que mais tinha gostado quando comprou, mas estava seriamente em colocar de volta e por uma calça com os comentários de Theo.

 - Vai sair pra um puteiro?

 - Vai se fuder, Nott.

 O outro riu, sem nem se mexer da cama.

  Ele precisava de um incentivo. Mas a merda da cocaína estava acabando e ele não sabia como fazer para se acalmar. Lembrou que tinha uma garrafa de Vodka de baixo da cama, talvez aquilo fosse ajudar.

 Ele quase errou a maquiagem umas cinco vezes, Nott tinha saído da cama só pra ficar fazendo comentários ofensivos ao lado dele.

 - Seu pai sabe que você gosta de brincar de mulherzinha? Ein, Malfoy?

 O loiro respirou fundo, segurando a vontade de dar um soco em Theodore.

 - Não. E seus pais sabem que você é um merda?

 - Haha. É impossível conseguir me ofender quando você inteiro já é uma piada.

 Agora ele queria chorar.

 Só queria terminar de se arrumar e dar o fora dali.

 Quando foi colocar o sapato e uma gargantilha, o outro ainda tinha se calado.

 - Fiquei me perguntando…. pra quantos caras você deu naquela festa?

 - Nott- Por favor, cala a porra da boca.- Ele ficou sensível com isso, lembrando daquela situação de quase ter sido estuprado.

 - Aw… Acertei uma ferida? Você consegue contar quantos foram?

 - Vai pra puta que te pariu, seu merda! Sai! Sai daqui!- Malfoy começou a gritar, colocando a varinha bem no pescoço de Nott, que estava desarmado, então saiu correndo para fora do quarto.

 No fim, ele tinha se trocado. Não foi com a saia que achava bonita, não queria que Harry pensasse assim sobre ele. Não queria ficar ouvindo mais nada.

 Mas ao menos, ele foi com tudo que o deixava confortável, ainda se sentia bonito.

 Pegou a garrafa de álcool escondida de baixo da cama, e a abriu, dando belos goles naquilo. Bebeu como se fosse água, e estivesse morto de sede.

 Assim que o gosto forte do álcool atingiu a boca, ele se sentiu relaxar.

 Agora podia ir encontrar Potter.