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História Vermelho é a cor mais fria - Festa estranha com gente esquisita


Escrita por: UmaGataXadrez

Notas do Autor


Vocês foram avisados de atrasos muito prováveis de acontecer, but sorry rs
Aliás, queridinhos, hoje é aniversário do nosso ruivo tsundere mais querido: Carlos Vitor!
Beijocas e não desistam da gente

Capítulo 29 - Festa estranha com gente esquisita


Clarisse:

 

Nunca tinha ficado com ciúmes de linhas, mas foi o que aconteceu quando li a mão de Leandro…

Eram tantos relacionamentos amorosos que eu perdi a conta, um verdadeiro rei da noite.

Como se não fosse o bastante, mostrava um relacionamento duradouro.

Talvez aquele beijo tenha sido mais um de seus vários casos e agora, sei que no final ele vai ficar com alguém em um relacionamento sério.

Não, não quero perdê-lo assim! Ainda nem tive chance de lutar.

Tentei então pegar a outra mão, para ter certeza, mas antes que eu tivesse a chance, ele me puxou.

Foi realmente estranho, ele me tirou de sua casa e foi me levando para algum lugar aleatório.

Qual o problema dele?

Já estávamos bem longe da casa dele quando ele começou a falar.

—Você enlouqueceu? Quer que meus pais te detestem?

—Qual o problema se detestarem?

Eu falei sem pensar, afinal, fui só mais um caso, mais um beijo, mais um risco minúsculo em sua linha do amor. Qual o problema se os pais dele me odiassem, me desejassem a pior das mortes se nunca mais vou vê-los?

—Ah… Bem… Acho que nenhum.

Ele parecia meio sem graça, levando em consideração que Leandro se deu tão bem com meus pais, talvez quisesse que o mesmo acontecesse entre eu e os pais dele.

Eu não deveria ser tão infantil, agindo de forma tão irracional.

Tudo bem que eu provavelmente não fosse significar tanto assim no futuro de Leandro, que daqui algum tempo a família dele nem se lembrasse de mim.

O importante mesmo sempre é o presente e no presente Leandro está na minha frente, com o desespero estampado no rosto.

A verdade é que eu não pretendia fazer amizade com uma família tão pretensiosa, mas também não queria que as coisas ficassem ruins então decidi fazer uso daquela situação.

—Leandro, quer tomar sorvete comigo?

—O quê? Você acaba de causar a maior confusão lá em casa e agora quer sorvete?

—Se é assim… Prefere que eu volte lá? Eu sei pedir desculpas.

—Não! Adoro sorvete, na verdade, hoje está bem frio, mas um sorvete parece ótimo! Sem falar que conheço uma sorveteria por essas bandas.

—“Essas bandas”?

—Sim, por quê?

—Você às vezes fala esquisito.

—Não falo não!

Ele parecia surpreso, apenas se virou e começou a andar como quem não quer continuar um assunto, andamos todo o caminho em silêncio.

Estávamos andando há tanto tempo que duvidei que a sorveteria não fosse no Acre.

Quando eu já tinha desistido de tomar um sorvete, acreditando que a sorveteria tivesse sido desintegrada por alienígenas, me deparei com uma fachada colorida escrita “POP ICE”.

Acredito que nem os aliens responsáveis pela decoração de milharais teriam uma ideia de decoração com tantas cores.

Entramos e escolhemos os sorvetes, mas ele continuava a me ignorar. Achei melhor acabar com aquela situação o mais rápido possível.

Mesmo sentados um na frente do outro, tomando um delicioso sorvete, ele sequer me olhava nos olhos.

—Se eu te comesse seria gostoso?

Leandro instantaneamente engasgou com o sorvete que comia e começou a tossir enquanto tateava a mesa a procura da água que compramos.

Enquanto ele quase morria eu finalmente entendi a  interpretação que ele teve e continuei a me fingir de inocente.

Só depois de beber quase tudo que ele finalmente falou algo. Sua voz estava firme, mesmo com as bochechas rosadas.

—Por que você está me perguntando algo assim?

—Sei lá, só queria quebrar esse silêncio constrangedor…

—Fazendo uma pergunta mais constrangedora ainda?

—Não falei nada constrangedor, só perguntei qual comida você seria e se seria uma comida gostosa.

—Você não falou “comida” em nenhum momento!

—O que mais eu comeria?

—Nada, Clarisse!

—O que tem de constrangedor nisso? Me explica, por favor.

—Esquece, você não iria entender de qualquer forma.

Ele começou então a beber água compulsivamente (de novo) enquanto eu tentava puxar assuntos relacionados a seu lado imperador da noite e ficava cada vez mais difícil manter uma conversa.

Distrai-me então com o fato de que o rosto dele tinha um respingo de sorvete, achei melhor então limpar, mas quando encostei meu dedo em seu rosto, Leandro pareceu tomar um choque e quase caiu da cadeira.

—Será que você poderia por favor parar com isso, Clarisse?

—Talvez… Se você me fizesse um favor.

—O que você quer agora? - finalmente cheguei onde queria!

—Que você peça desculpas para o Lobo.

—O quê?

—Você bateu nele, não foi muito legal e, sinceramente parece que vocês dois tem uma história complicada…

—Isso não é da sua conta! - ele ficou bravo do nada e eu só fiquei encarando-o esperando que ele se acalmasse.

—Então… eu deveria continuar?

Ele se calou por um tempo e pareceu pensar bastante.

Talvez eu tenha pegado pesado demais, mas essa situação estava me incomodando, então…

Leandro por fim deu um suspiro profundo e respondeu.

—Tudo bem, eu concordo.- outro suspiro.—Quando você quer que eu faça isso?

—Bem, hoje vai ter uma festa a fantasia pro aniversário do Carlos, venha comigo, com toda certeza mal não vai fazer.


 

####################

 

    C.V.:

 

Existem certos momentos na vida em que, além de sorrir e acenar, também é necessário dançar conforme a música.

—Nossa, obrigado pela festa! Eu realmente fiquei surpreso, não esperava por essa…

Todos ainda pareciam meio sem graça, mas começaram a dar os parabéns e se dispersaram para continuar a arrumar a casa. Só naquele momento percebi a quantidade de balões coloridos em quase todas as paredes, além dos origamis enchendo uma grande mesa no meio da sala. Macarena tocava baixinho ao fundo.

—Hoje não é seu aniversário, não é mesmo?

Enquanto estava ocupado olhando a casa pequena, mas bem organizada do Luís, a moça vestida de bailarina chegou pelas minhas costas sem que eu percebesse. Ela era mais alta que a Amanda, negra e com o cabelo castanho tão cacheado quanto o da Eva.

—Por que você acha isso?

—Você pareceu muito surpreso, surpreso até demais, além de sem graça com os “parabéns”. Tudo bem se for isso, só não conte pro Lobo nesse exato momento - ela deu uma risadinha —Porque ele ainda tem que entregar o seu presente.

Isso não vai prestar!

—Presente?

—Lógico, lógico, senhor Lobinho é quem dá os melhores presentes, sempre algo de coração. Só aproveita, menino!

—Okay…

—Ah, só me responde uma coisa rapidinho: quando é seu aniversário de verdade?

—É… bem… meu aniversário é só daqui dois meses, dia 8 de setembr-

—Virgem! Sabia! - ela pareceu muito satisfeita consigo mesma e eu só pude corar enquanto ela murmurava “virgem” e “faz sentido” me olhando. Eu só conseguia rir de nervoso.

—O-o que isso tem a ver? Meu Deus, fala baixo!

—Calma, calma - ela pedia tentando controlar uma risada. —To falando do seu signo!

—Ah… - mesmo que fosse um motivo muito idiota, não pude deixar de relaxar um pouco.

—Qual seu ascendente?

Tive a impressão que ela não se referia aos meus pais e sim a algo ligado a meu signo (que eu só sabia por causa dos DVDs de Cavaleiros do Zodíaco que assistia quando criança) e quis sair daquela conversa porque não a conhecia direito e sabia que não poderia trazer nada útil para aquele assunto. E principalmente porque não queria conversar com ninguém.

Porém no momento que pensava seriamente em virar as costas e sair da casa do Luís, lembrei da vovó falando mil vezes que eu tinha que ter amigos e às vezes fazê-los seria difícil, mas eu devia tentar mesmo assim.

—Na verdade eu não faço ideia do que é isso ou o que significa…

—Ah, tudo bem, depois você me passa que horas nasceu que eu faço seu mapa astral como fiz com o Lobo - ela pareceu se lembrar de algo e deu um sorriso —Só digo que o seu signo e o do Lobinho combinam e você vai adorar saber o Vênus dele - ela deu um sorriso muito malicioso e saiu para o que acho ser a cozinha.

Não fazia ideia que os planetas também tinham a ver com os signos, mas ela falou aquilo de um jeito que me fez corar e somente conseguir observá-la se afastando.

Pensei em ir atrás dela, mas no mesmo momento alguém tocou meu ombro e quando me virei era o Luís… com um buquê enorme de rosas vermelhas.

No mesmo segundo minhas bochechas copiaram a cor delas.

—O… que é…? Como…

—Não são mil rosas roubadas… mas são cem. - ele explicou como se fosse a coisa mais simples do mundo do nada dar um buquê daquele tamanho para alguém.

Então lembrei da música e consegui corar ainda mais.

—Obrigado, Luís… são muito - dei um espirro - bonitas.

—P-pelo amor, n-não me diga q-q-que você é alérgico a flores! - ele parecia tão desesperado com um espirro que não pude evitar rir (e ter um ataque de espirros).

—Calma! - espirro —Eu tenho sim, mas não é algo muito - espirro —grave. Você pelo menos -espirro — não me deu - espirro —lírios. Nunca me dê lírios - espirro.

—P-pode deixar, não vou te dar lírios ou qualquer flor nos seus p-próximos a-an-aniversários - no momento que ele disse aquilo nós dois coramos, muito cientes do peso daquelas palavras e da promessa que elas carregavam.

—Lobo! Você tá na TV! - a moça chamada Giovanna entrou como um furacão com o celular na mão fazendo com que nos distanciássemos um do outro, mesmo que não tivéssemos percebido o quão próximos estávamos. —Você tem que ver isso! É hilário! - ela se posicionou entre nós dois e só então pareceu notar nosso estado, dando um olhar malicioso. —Por que vocês estão coradinhos? Estou atrapalhando os pombinhos? Não se preocupem, vocês podem usar a cama do Lobo mais tard-

—Gi, deixa os caras em paz, pelo amor de Deus! - ouvi o cara de moicano gritando da cozinha e eu só pude agradecer silenciosamente pela interrupção ou provavelmente morreria por falta de sangue no resto do meu corpo, já que ele todo estava nas minhas bochechas.

Giovanna somente rolou os olhos.

—Tipo, quando começar a festa vai ter música alta então vocês podem gemer o quanto quiserem e o povo também vai estar tão bêbado que ninguém vai ligar se ouvir ou ver algo. Ah, falando em bebida, tem Catuaba aqui pra vocês animarem as cois-

—Giovanna! - Rafael colocou a cabeça para fora da cozinha parecendo muito irritado e a menina só riu.

—Alguém precisa transar nessa turma, todo mundo é muito tenso. E já que você e a Manu são muito puros pra isso, minha alternativa é o Lobo, que é o terror dos novinhos.

—Como? Como que você… - o garoto começou a corar intensamente.

—Ah, Rafinha, eu sempre sei de tudo e também sei que você não seria tão mal humorado se seu sangue não fosse somente pras bochechas e sim para algum lugar mais interessante.

Depois daquilo Rafael corou ainda mais e entrou na cozinha batendo a porta com força. Mesmo com ela fechada pudemos ouvir todos os nomes que ele chamou a menina.

—Por que eu sou seu amigo mesmo? - Luís olhava censurador para a amiga.

—Porque você me ama, chuchu. -Giovanna deu um sorriso muito vitorioso e apertou as bochechas do Luís, que somente suspirou como se tentasse se acalmar e murmurou um “você é meu carma”. —Agora chega de enrolação e vejam esse vídeo que postaram no Face da prefeitura mais cedo.

Então Giovanna deu o play no vídeo chamado “Maníaco das Rosas ataca Praça Central”.

O casal de repórteres parecia muito entusiasmado com a notícia, algo compreensível em uma cidade pequena como a que nós morávamos.

A reportagem toda girava em torno do roubo das rosas que decoravam a praça central da cidade e teorias por trás desse “terrível crime” que não foi gravado para que a “justiça fosse feita”.

Porém o ponto alto foi quando a redação extremamente desocupada resolveu fazer uma simulação para ajudar na visualização.

Era uma animação muito mal feita com uma forma humanóide vestida com roupa toda listrada e uma máscara preta cobrindo os olhos.

A forma andava na ponta dos pés em um fundo colorido que deveria representar o local do crime e segurava o que parecia um saco onde colocou as rosas que cortou com o que parecia uma tesoura de jardinagem. Depois somente ria e saía correndo da praça.

Ao final da simulação uma policial foi entrevistada e disse que não havia câmeras ligadas no local do crime e comentou que tudo poderia se tratar de algum culto satânico.

Quando terminou eu estava estático demais para sequer piscar e demorei alguns segundos para processar a obra de arte que foi todo aquele vídeo.

—Quer dizer que quando você disse “rosas roubadas”, era exatamente isso… - tentei com todas as minhas forças fazer uma cara de desaprovação, mas só consegui deixar uma risada escapar na minha fala. Ou talvez eu tenha começado a gargalhar.

—S-sim. Te trago mil rosas roubadas.

—Jogado aos meus pés - senti a necessidade de continuar aquele “dueto”, mesmo que só falássemos e não cantassemos —você é mesmo exagerado.

—Eu posso até morrer de fome se você não-

—Você não precisa.

Interrompi Luís Otávio antes mesmo de conseguir pensar no que ia dizer e isso resultou em nós dois corados e não conseguindo olhar um para o outro.

—V-v-você m-me a-ama?! - ele parecia a ponto de ter uma pane e eu senti a necessidade de mudar de assunto.

—N-nossa como eu to com fome! - e puxei a mão de Luís para a cozinha trombando com Eva e Amanda que estavam muito perto da porta.

—V-vocês estavam ouvindo atrás da porta?!

—Quê? Não! Magina… - Amanda respondeu depois de uns instantes —A gente só tava indo chamar vocês pra comer antes da galera chegar.

Nossas suspeitas só foram reveladas quando Amanda se virou pra cozinha e Eva jogou um “eu não arrepender de nada!”

—Aoife! - Amanda tentou repreendê-la, mas começou a rir também e eu só consegui olhar pro chão.

E quando já quase não aguentava comer seja lá qual fosse a comida azul estranha e surpreendentemente gostosa da Eva, Lobo pegou algo na geladeira e escondeu nas suas costas, depois me levou para um canto afastado da sala e me pediu para fechar os olhos e estender as mãos.

Nunca achei muito legal essa ideia de “fecha os olhos e estende as mãos” ou “fecha os olhos e abre a boca” porque sempre poderiam te sacanear, mas a voz do Luís tremia tanto que tive certeza que ele não faria nada ruim, então somente fechei meus olhos e estendi minhas mãos, sentindo as costas das suas nas minhas palmas e então um pequeno peso de algo gelado.

—N-não ab-abre ainda! E-eu quero explicar o p-pr-presente primeiro… E-eu nunca tinha feito i-isso e deve estar r-ruim, tipo, muito ruim mesmo, mas você disse q-que gostava muito e e-eu quis fazer pra v-você. Você também falou q-que gostava de v-verde. A A-Amanda se ofereceu para ajudar, mas eu queria fazer s-sozinho. E-eu não sei cozinhar muitas coisas e qua-quase queimei a cozinha. - ele falava tudo muito rápido e tropeçava  nas palavras, não consegui aguentar e abri os olhos —Mas você vale o esforço - Luís disse antes que eu pudesse processar o que estava nas minhas mãos.

Eu segurava algo que parecia um cupcake: por cima de um bolinho torto havia uma camada de cobertura irregular de um verde tão  vibrante que duvidei que não fosse radioativa. Sobre tudo isso havia uma velinha acesa.

Assoprei a pequena chama e olhando nos olhos do Luís fiz um pedido, mesmo que meu aniversário não fosse naquele dia.

A cada segundo que passava Luís parecia ficar mais nervoso e isso piorou quando dei uma mordida no cupcake. A cobertura estava doce demais, o recheio com pouco gosto e o fundo do bolinho queimado: um completo desastre que de alguma maneira conseguia ter um gosto bom e aquecer meu peito mesmo que eu não soubesse descrever.

—P-por fa-favor fala alguma coisa. T-tudo b-bem se não g-gostar, só fala a-algo. - Luís Otávio foi se encolhendo como se tivesse feito algo muito errado e eu só pude sorrir diante daquele cara tão mais alto que eu sofrendo por minha demora para falar sobre um bolinho.

E no momento que ele viu meu sorriso e o copiou eu finalmente entendi qual era o sabor do cupcake.

—Tem gosto de felicidade.

 



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