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História Vermelho Fluorescente - Capítulo 12 - Manhã Insana (parte 1)


Escrita por: mochileirao

Notas do Autor


desculpa a demora horrível gente

Capítulo 12 - Capítulo 12 - Manhã Insana (parte 1)


Júlia Batista acordou com o sol batendo em seu rosto de forma violenta. A garota resmunga e tenta cobrir o rosto, mas só piora. Leva alguns minutos para se levantar e sentar na cama. A ressaca está tomando conta de seu corpo,sua cabeça está girando por dentro, seu estômago está borbulhando igual a caldeirão de bruxa, tudo ao seu redor parece estar mais pesado e tremido. Ficou ali parada na cama por alguns minutos e decidiu observar a janela. O dia parecia estar lindo,aquele sol insuportável queimando as pessoas e os animais lá fora... Júlia sente que se esqueceu de alguma coisa. Observa a rua pela janela novamente para tentar se lembrar. “Tem alguma coisa errada...” pensa. Analisa um pouco mais e finalmente percebe: O sol.

—Porra! Fodeu! Que ódio, mané!—diz Júlia se levantando rápido para se arrumar.

O sol nunca estava no céu às 5h da manhã,que é a hora que Júlia devia estar levantando para o trabalho. Procurou seu celular,mas estava descarregado. Olhou para o relógio colorido do quarto e viu que já eram 7h23. Saiu do quarto e encontrou uma zona na sala.

—Meu Deus,eu odeio adolescentes bêbados.—resmunga lembrando-se da noite passada.

Tropeçou pelas garrafas até chegar ao banheiro, onde tomou um banho muito rápido e correu nua para o quarto para vestir algo. Pegou uma bermuda bem curtinha e colocou uma blusinha amarela. Faltavam os sapatos, Júlia procurou seu All Star preto por todo o quarto, mas não achou de jeito nenhum. Foi até a sala ,que mais parecia o fim do mundo e começou a procurar demonstrando desespero com o horário. Após procurar embaixo do sofá ,desistiu e sentou no mesmo. Respirou fundo e por acaso olhou para o canto da sala e viu seus lindos e únicos sapatos cobertos de vômito seco de mordomo. Ódio tomou conta de seu rosto e Júlia respirou fundo. Simplesmente pegou sua bolsa e botou seus chinelos do Brasil com pregos prendendo as alças e foi até o estacionamento pegar sua bicicleta.

Pedalou o mais rápido que podia, quase atropelando quatro velhinhas, dois estudantes, oito gestantes e massacrando um pobre pombo com micose na pata direita. No meio do caminho a corrente de sua bicicleta saiu. Júlia xingou todos os palavrões possíveis e até inventou alguns. Não parecia ter nenhum mecânico ao redor,então tentou colocar a corrente no lugar sozinha. Suas mãos sujaram de graxa e seus dedos se prenderam na corrente,cortando-os.

—Caralho! Vou pegar tétano!—diz Júlia desesperada.

Limpou os dedos sujos de sangue e graxa em sua linda blusa amarela com medo dos cortes infeccionarem. Desistiu de colocar a corrente no lugar e seguiu andando para o trabalho, que não estava mais tão longe, porém a hora estava correndo, então Júlia apertou o passo. Com a bicicleta nas mãos,Júlia foi correndo pelas ruas com a blusa toda ensanguentada e suja de graxa, o cabelo que ela nem se preocupou em pentear e os chinelos do Brasil. Chinelos esses, que arrebentaram quando Júlia estava passando em frente a uma lotada padaria,fazendo a ex-mendiga tropeçar feio e cair em cima da bicicleta. Um conjunto de risadas diferentes invadiu aquela esquina e nenhuma alma ajudou a garota a se levantar. Ficou alguns segundos odiando o dia que mal havia começado e seguiu para seu trabalho.

 

Vitu estava se sentindo muito mal. Estava no centro da Taquara, depois de satisfazer dois clientes ao mesmo. Apagou num banco da estação de BRT,que entrou clandestinamente jogando sua bolsinha no sensor para abrir a porta de vidro. Sua noite foi completamente louca,não se lembra de muita coisa depois do “Verdade ou Consequência”. Levou Dandara em casa,pegou alguns ônibus,chegou ao local e começou a fazer seu serviço para um casal bem incomum de uma mulher ruiva e um homem de dreads em seu cabelo. Depois não se lembrou de muita coisa,apagou várias vezes na cama e não sentiu prazer nenhum,só um enjoo e uma dor de cabeça que iam e voltavam. Acordou com a gritaria de um pessoal que queria se sentar no banco. Pegou o primeiro BRT expresso que veio,estava lotado,mas ao longo da viagem ele foi esvaziando.Durante a viagem um gordinho de terno sarrou em sua magra perna. Odiava esse tipo de coisa,por mais piranha que fosse. Qualquer ato sexual sem consentimento do outro é a pior das faltas de respeito. Estava enjoado e cansado demais para brigar,mas não aguentou poucos segundos esse tipo de atitude.

—Quando você terminar aí,me avisa. Eu tenho uma toalhinha aqui na bolsa.

O homem arregalou os olhos e ajeitou sua gravata. Todos ao redor começam a prestar atenção.

—Cala a boca... —sussurra o homem.

—Calar a boca? Um escândalo é justamente o que a gente deve fazer. Pra vocês sarradores nojentos parem de fazer isso. Ia gostar se sarrassem em você?

Todos os olhares estavam nos dois. O rapaz está constrangido demais e encara Vitu com um olhar de censura.

—Esse cara está maluco, gente. —explica o homem— É coisa da sua cabeça,meu filho. O ônibus está apertado, só isso.

—Ah! Pois muito que bem!—grita Vitu se afastando do homem—Esse pau duro aí que você tá esfregando em mim é coisa da minha cabeça, né?! Eu tô controlando ele com o poder da mente agora, só se for! Virei a Jean Grey? Por acaso cê tá vendo algum cabelo ruivo aqui? Scott, me ajuda,pois se dependesse dessa cambada aqui em minha volta eu tava na merda!

Um outro homem que estava sentado começou a rir das falas de Vitu.

—O senhor está achando engraçadinho? Um assédio acontecendo e você está rindo? E se fosse a senhora sua mãe no meu lugar? O que você faria? Daria risadinha também?

O homem pensou em discutir,mas estava com medo da ira de Vitu. O assediador estava agora se esfregando em outra pessoa, dessa vez uma garota com uniforme escolar. Todos viam, mas permaneciam calados. A garota estava nitidamente incomodada com a situação e Vitu não aguentou ver aquilo.  Puxou seu canivete e foi andando até o homem,que se assustou e deu alguns passos para trás.A multidão que estava no busão arregala os olhos e assiste a cena. O homem está tremendo e Vitu está vermelho e apontando seu canivete da Hello Kitty com efeito holográfico que comprou no Mercado Livre.

—Seu filho de uma puta! Ela é só uma criança indo pra escola! Seu doente do caralho!—grita Vitu ofegante.

—Tá maluco, cara?—pergunta o homem deixando sua maleta cair.

—Maluco? Você não viu nada! Se eu te ver fazendo alguma nojeira desse tipo com qualquer pessoa, eu fatio a sua cara toda! Nojento!—diz Vitu saindo de cima do homem, mas deixando um corte em seu braço.

O BRT chegou à estação terminal de Campo Grande sem ninguém dar um pio. Todos calados e atordoados com a situação. Por mais selvagem que a atitude de Vitu tenha sido, foi super válida. Vitu saiu do BRT olhando para aquele homem com a cara da própria morte. O homem estava recolhido em um canto isolado do ônibus observando o corte. Quando saiu do ônibus foi direto aos guardas da estação e contou o que Vitu fez, mostrando o profundo corte. Os guardas correram atrás de Vitu,que não percebeu os homens chegando. Se jogaram em cima do corpo fraco e cansado de Vitu,que não entendeu o que aconteceu na hora. O algemaram e arrastaram para a viatura.

—E o dia mal começou... —diz Vitu um tanto grogue.



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