1. Spirit Fanfics >
  2. Vermelho Rubi >
  3. Regra número cinco: Siga as exigências

História Vermelho Rubi - Regra número cinco: Siga as exigências


Escrita por: EllaSecrets

Notas do Autor


Cheguei rapidinho trazendo capítulo novinho para vocês hehe.

Nesse capítulo voltamos para os olhos de Baekhyun, onde o mundo acontece da forma mais doce possível... ou não. Enfim, espero que gostem dele da mesma forma que amei escrever.

Agradecimento especial a minha garota maravilhosa Luna, que arrasou na betagem como sempre. Você é a melhor 💗

Ops: fechamos hoje os capítulos intitulados com regras hehe.

Capítulo 5 - Regra número cinco: Siga as exigências


O chão parecia engolir os pés que caminhavam afoitos. Baekhyun sentia seu coração agitado e diversas borboletas levantando voo dentro de seu estômago. Fechou a porta da sala do Park, andando em direção à sua mesa e se sentando na cadeira confortável. Nunca, em toda sua vida, se sentiu tão afetado por um homem, não compreendia o porquê de seu chefe ter um poder dantesco sobre suas emoções.

Tirou os óculos, o repousando na mesa. Passou os dedos em seus olhos, buscando encontrar novamente seu equilíbrio. Inspirou fundo, puxando o máximo de ar que podia para purificar seus pulmões e, quem sabe, sua mente turbulenta. Park Chanyeol era, definitivamente, a pessoa capaz de acabar com sua sanidade em questão de segundos e com muito pouco.

De fato, o empresário era um homem lindo, porém, muitos outros homens também eram, mas nem por isso corria risco de sair da linha com eles.

A respiração volta a se regularizar com os segundos, Baekhyun tinha muito trabalho pela frente, acabara de chegar e agora havia uma festa para organizar. Quando abre os olhos e busca por seus óculos, tudo a sua volta está normal, inclusive seu corpo.

Entretanto, a paz não é capaz de atingir seu peito eufórico, ao ter Ryujin despejando uma imensa pilha de documentos sobre sua mesa, com uma postura autoritária e uma carranca séria.

— Confira esses documentos até o fim da tarde, devo sair para resolver alguns problemas, quando voltar, quero organizado corretamente. — Avisou, saindo batendo o salto agulha no chão ao passo que mexia, de um lado para o outro, seus quadris delineados, marcados por um vestido tubinho.

Baekhyun gostaria de retrucar e mandá-la fazer o próprio trabalho ao invés de ficar perambulando pelas ruas de Seul ou pelos corredores da empresa, mas não conseguia nem abrir a boca perto dela para dar um bom dia. Ryujin parecia um gigante com garrafas e uma língua quilométrica cheia de veneno. Ela era intimidante pela beleza física expressa em seus traços e por sua alma tenebrosa.

Tomando uma longa e profunda respiração, encarou todas as folhas em sua mesa, sem saber exatamente por onde deveria começar. Passou os olhos pelo primeiro documento, analisando com exatidão do que ele tratava, abrindo rapidamente o sistema codificado para analisar todas as informações e alterar o necessário.

Os ponteiros do relógio foram andando e o sol mudando sua posição, aos poucos, o céu tomava uma coloração alaranjada de tirar o fôlego, tomando todo o espaço de paletas escuras com seu colorido forte e natural. Porém, Baekhyun não tinha tempo para admirar, quando seu pulso cansava e seu pescoço gradualmente se tornava dolorido. Assistiu Chanyeol sair, no mínimo, umas quatro vezes do escritório com a expressão impassível de sempre, o viu retornar e atender três pessoas diferentes, incluindo Junmyeon do financeiro, que dirigiu um lindo sorriso para si e trouxe uma água ao notar como o trabalho estava quase o devorando.

Ryujin não retornava e não sabia dizer se era bom ou péssimo, pois da mesma forma que queria passar o restante para ela terminar, saberia que iria ouvir uma longa reclamação de como era lerdo e nada eficiente.

No momento em que as portas metálicas abriram, Baekhyun acabou perdendo a compostura mais uma vez no dia e, pela primeira vez na vida, praguejou por não ser Ryujin. Vestindo uma camiseta social branca de botões e um casaco pesado, Kim Jongin ostentava um sorriso gracioso, andando em direção ao secretário.

Se pudesse, sairia correndo pelas escadarias para não ter de lidar com o encontro, lembrava-se muito bem de quando seus lábios estavam roçando no de Chanyeol e de como o Kim interrompeu eles, ao flagrar o quase beijo.

Contendo a timidez e portando uma falsa indiferença, Baekhyun ergueu a cabeça, olhando diretamente para o rosto do homem aparentemente mais velho que si, buscou um sorriso e o colocou em seu rosto.

— Boa tarde. Deseja falar com o Sr. Park? — Baekhyun disse, indo diretamente ao ponto para evitar prolongar o tempo em frente ao Kim.

— Boa tarde. Baekhyun, certo? — Perguntou, recebendo um acenar em confirmação. — Eu não vim para conversar com Chanyeol, na verdade.

— Bom, posso ajudar você a localizar a pessoa que deseja conversar...

— Eu já encontrei com quem quero conversar. — Interrompeu, colocando as mãos no bolso da calça social e descansando o corpo sobre uma das pernas. — Quero conversar com você.

Naquele exato instante, Baekhyun sentiu um frio percorrer sua espinha. O que um homem, como Kim Jongin, gostaria de falar consigo? Sua mente parecia falhar ao tentar encontrar respostas rapidamente. Não fazia o menor sentido aquilo estar acontecendo.

— C-comigo? — Balbuciou, um pouco chocado pela resposta.

— Sim, com você. — Reafirmou, sem tirar o sorriso do rosto. — Garanto que não é nada demais, apenas quero conversar com você à respeito da festa para o anúncio da empresa. — Explicou, e o Secretário soltou o ar que nem sabia ter segurado.

— Eu gostaria de ver isso o mais rápido possível, Sr. Kim, mas Ryujin me pediu para conferir todos esses documentos antes dela chegar e, se eu não fizer isso, posso me encrencar.

— Não se preocupe, sou um acionista desta empresa e melhor amigo do seu chefe, ela não tem direito de reclamar quando a ordem vem diretamente de mim.

— Se é assim... — Cedeu, sem armas para ir contra o acionista. — O senhor se incomodaria se eu avisasse ao Sr. Park a minha rápida ausência?

— Nenhuma objeção, avise. Estarei esperando você.

— Obrigado. — Respondeu, fazendo uma rápida reverência, antes de ir para a sala do chefe.

Bateu levemente com os nós dos dedos e abriu a porta, constando que a sala sempre seria sufocante, ainda que suas imensas janelas estivessem abertas e com uma alta circulação de vento. Talvez, de um modo quase óbvio, apenas fosse a presença avassaladora do Park e toda sua magnificência.

Ele não tirou os olhos da tela do computador, trabalhando excessivamente, mas, obviamente, havia notado a presença do Secretário se aproximando. Baekhyun se posicionou atrás das cadeiras, à frente da mesa do patrão.

— Perdão incomodar, Sr. Park. — Falou vagarosamente, temendo vacilar e parecer ainda mais patético. — Eu vim informar que darei uma breve saída, para conversar com o Sr. Kim a respeito da festa que você me disse mais cedo... — Baekhyun sentiu a garganta fechar quando os olhos diabólicos viraram em sua direção, mais escuros que o normal.

Um silêncio perturbador se instalou de repente, causando uma inquietude no Secretário, que podia, aos poucos, ouvir sirenes serem ligadas em seu coração. Novamente, seu corpo estava respondendo aos estímulos visuais do chefe.

Encarou a visão de Seul atrás de Chanyeol, procurando um ponto novo para focar e desligar todas aquelas reações exorbitantes causadas por tão pouca coisa.

— Eu vou voltar rápido. — Baekhyun retornou a falar, esforçando-se para quebrar a aura dominante provinda dos olhos escuros.

— Agradeço por vir me avisar, pode ir.

— Obrigado, Sr. Park. — Agradeceu, dando um singelo sorriso que demarcava bem suas bochechas. — Com licença. — Pediu, dando mais uma vez as costas para o homem e sentindo sua pele queimar por debaixo das peças da roupa social.

 — Baekhyun, só mais uma coisa. — O Secretário parou os passos, olhando por cima dos ombros. — Jongin costuma ser bem ousado em suas palavras, não leve tudo que ele fala a sério. E, qualquer coisa, você sabe meu número.

Baekhyun sorriu um pouco maior.

— Tudo bem. — Disse, já saindo da sala, curioso em saber a que ele se referia com aquilo. — Podemos ir, Sr. Kim. — Sem dizer uma palavra, Jongin se levantou do sofá confortável da recepção.

— Se incomoda de irmos à cafeteria aqui perto em vez desta do prédio? — Perguntou, apertando o botão para o elevador.

— Não, o café daqui nem é tão saboroso assim. — Baekhyun falou, arriscando uma leve brincadeira, com um fundo imenso de verdade, já que a bebida feita na empresa era horrível. E, para sua sorte, Jongin parecia ter gostado do que ouviu, ao mostrar seus dentes num grande sorriso.

— Eu sabia! Ninguém gosta. — Falou contente, entrando no elevador ao lado do Secretário. — O café parece ser feito com ódio.

— É realmente ruim, mas quando se está em um dia cheio de trabalho, se torna gostoso.

— Tem que trabalhar muito para achar aquilo bom.

— Trabalho nunca falta numa empresa desse porte, acredite.

— Eu imagino. Conheço Chanyeol há muito tempo e é quase impossível não reparar como ele trabalha loucamente. — Comentou. — Mas ele não deve tomar o café da empresa.

— Não, ele não toma. — Baekhyun revelou, lembrando-se da sua rotina de comprar café para o chefe e entregar em sua sala, ou mandar alguém fazer.

— Faça ele experimentar uma única vez, tenho certeza que o café será mudado.

— Não teria essa ousadia. — Disse, rindo brevemente com a ideia de ver o Park experimentando a péssima bebida oferecida por sua própria empresa.

O elevador chegou ao térreo e os dois saíram juntos e, como uma novidade, Baekhyun sentiu como não era receber olhares julgadores por suas roupas simples. Jongin recebia toda a atenção dos funcionários, entretanto, estava longe de ser por sua simplicidade – que nem existia -; sua beleza e suas roupas caras o destacavam naquele saguão.

Atravessaram a porta giratória, sendo atingidos, sem demora, pelo vento de fim de tarde. Seus fios esvoaçaram com leveza para trás, ao tempo que o céu refletia, nos edifícios espelhados, um efeito bonito, devido ao laranja do pôr do sol.

— O café fica na esquina, podemos ir andando, não é longe. — Jongin falou, ficando de frente para o Byun, que mirou seus olhos no rosto de traços esbeltos.

— Sim, não fica longe. Vamos? — Sem uma resposta, Jongin se pôs a andar ao lado do Byun.

Andaram calmamente até o local. A cafeteria não carregava nenhuma decoração mirabolante ou luxuosa, nem vista panorâmica e tons sutis de uma paleta sem graça, que ia do preto ao branco. Ela era aconchegante, de luzes amarelas e uma decoração rústica, que se misturava a tons terrosos. A vitrine com os doces era o ponto forte do estabelecimento, Baekhyun sentia-se sempre perdido em meio a tantas variedades, se pudesse, pegaria um pouco de cada. No entanto, se contentou em pedir um bolo de chocolate com morango e um café americano, seu favorito, para o acompanhamento.

Jongin e Baekhyun pegaram seus pedidos em uma bandeja e escolheram uma mesa fora do ambiente fechado, para poder avistar o movimento da rua e das pessoas andando calçadas, ao mesmo tempo que tinham o céu e arandelas servindo como iluminação.

— Gosto de vir aqui, me lembra muito da época em que eu e Chanyeol éramos mais jovens. Depois do estágio, vínhamos aqui para comer um monte de besteira. — Contou, antes de levar à boca um pedaço da torta de limão escolhida.

— Vocês fizeram faculdade juntos, então? — Perguntou, curioso com o passado do Park.

— Nos conhecemos no meio da faculdade, porque não estudamos sempre juntos. Eu era de outra cidade, mas meus pais decidiram ser uma boa mudar a nossa empresa de Busan para Seul. — Explicou, tendo toda a atenção do mais jovem. — Assim, acabei mudando para a mesma faculdade de Chanyeol e, coincidentemente, cai na mesma sala que ele. Foi amizade à primeira vista.

— Deve ter sido legal ter feito uma amizade tão rapidamente, na cidade nova.

— Com certeza, sim. — Concordou. — O tempo passa muito rápido, de estagiários a grandes homens de negócios. Chanyeol vai virar CEO, com certeza, é algo que deve ser comemorado.

— Hmm, sim. Você tem alguma ideia para essa festa? — Perguntou, bebericando o café saboroso, mudando o foco do assunto.

— Eu confesso que gostaria de comemorar isso em um clube ou boate com direito a muita vodka, porém, não é como eu quero e, sim, como agrada os diretores e todos aqueles homens milionários.

— Não deve ser de todo ruim o tipo de festa que eles gostam.

— Acredite em mim, é péssima. — Disse, tirando uma breve risada de Baekhyun. Jongin era um homem divertido, ele passava uma imagem relaxada e serena, completamente diferente do melhor amigo.

— Está certo, mas como o senhor...

— Por favor, Baekhyun, guarde o senhor para o Chanyeol. — Interrompeu. — De verdade, meu nome nem combina com o acompanhamento de senhor.

— Tudo bem, posso tentar. Falo por ser uma força do hábito. — Justificou, um tantinho tímido com a situação.

— Eu entendo, mas comigo use somente Jongin. É o suficiente.

— Está certo. Então... Jongin, como vamos fazer esse grande evento acontecer?

— A minha noiva, Jennie, é uma grande empresária no ramo de eventos e ela já arquitetou muitas festas para a família Park. — Contou, com um grande sorriso orgulhoso sendo aberto ao falar. — Inclusive, gostaria de poder ligar para ela, para que possamos conversar a respeito da festa, e como ela está em Tóquio, para um evento que ocorrerá neste sábado, não tem como ela estar presente. Se importa?

— Não, nenhum pouco. — Baekhyun disse, sentindo-se mais relaxado por não precisar lidar sozinho com a organização inteira de uma festa como aquelas. — Pode ligar para ela.

— Você é uma graça, Baekhyun. — Subitamente elogiou, atitude que acabou corando as bochechas redondinhas do Secretário. — Não precisa ficar tímido.

— Eu... eu só não estou acostumado. — Falou, abaixando moderadamente a cabeça, buscando esconder sua vergonha.

Jongin sacou o celular do bolso da calça social e mexeu rapidamente, repousando o aparelho no meio da mesa enquanto uma ligação era feita no modo viva-voz.

Pensei que não iria mais ligar, amor.”, a voz do outro lado da linha era doce.

— Perdão, acabei atrasando até chegar a empresa do Chanyeol. Mas, estou aqui com o secretário dele, Byun Baekhyun, com quem comentei com você, que nos ajudaria a organizar a festa.

Está no viva-voz?

— Sim.

Olá, Baekhyun. Eu me chamo Jennie Kim, é um prazer conhecê-lo, ainda que seja apenas por ligação.”, Baekhyun, por um instante, se sentiu nervoso em responder a mulher, mas engoliu seco e respondeu, pois não seria nada educado ficar em silêncio.

— Olá, Jennie. É um prazer conhecê-la, espero poder encontrar com você pessoalmente, em breve.

Nós, sem dúvida alguma, vamos nos encontrar, Baekhyun.”, ela disse, e o universitário, ainda que não tivesse visto a imagem do seu rosto, podia imaginá-la sorrindo do outro lado da linha. “Enfim, não estou muito afim de tomar o tempo de vocês, podemos começar discutindo a respeito do ambiente.”

Baekhyun não saberia dizer, com exatidão, quando o sol de pôs de vez e deu lugar para uma linda lua cheia, nem quando a temperatura caiu e que exata hora o casaco de Jongin foi pendurado em seus ombros. A chamada durou um longo tempo, discutiram sobre os tons das toalhas que cobririam as mesas redondas, a respeito do sabor das bebidas e comidas, as roupas recomendadas para o dia e até qual estilo de música seria bem encarado por aquele grupo de pessoas.

A mulher, do outro lado da linha, se mostrou ágil e acostumada com o estilo de comemoração, conforme anotava tudo. Baekhyun pouco colaborou nas ideias, porque por mais que tenha se sentido acolhido e confortável ao lado de Jongin e ouvindo Jennie, ainda não entendia nada a respeito de como se montava um evento daquele porte.

Quando voltou para o escritório acompanhado de Jongin, ninguém mais se encontrava no setor, inclusive Chanyeol. Juntou seus pertences, agradeceu a carona oferecida pelo Kim, mas preferiu pegar um táxi que passava na avenida em frente ao prédio.

Mirou os prédios através da janela aberta do táxi durante o tempo que sentia a brisa suave da noite atingir seu rosto e movimentar seu cabelo escuro. O bairro nobre um dia havia sido sua casa, cresceu em torno do luxo, porém, fazia anos que essa realidade não lhe pertencia mais, e não podia sentir-se mais desconfortável.

Contudo, antes que se afundasse numa maré perigosa de lembranças desgostosas, mandou os pensamentos para o fundo da mente. Não estava, de modo algum, pronto para retomar ao passado e nem sabia se, em um futuro próximo, poderia bater de frente sem ter os ossos esmagados.

Deixou o ar sair demorado entre seus lábios, mais uma vez naquele dia, pareceu complicado respirar corretamente. Mas, ao atravessar o limite dos bairros nobres, procurou desmontar os pensamentos fantasmagóricos, puxando o celular da mochila e distraindo-se com as mensagens recebidas.

Absorto no aparelho, não viu o carro parar, sendo acordado do transe pelo taxista gentil, que possuía um bigode interessante e um visual tanto... antigo, com as pontinhas erguidas. Com um sorriso, pagou o serviço e agradeceu pela viagem, antes de descer e entrar ligeiro para o apartamento.

O silêncio, diferente de outrora, não amedrontava a Baekhyun, com os anos, se acostumou a encontrar o ambiente calado e sem um único sinal de vida, além das suas plantas. Não negaria a vontade de adotar um animal de estimação, e apesar de seu salário ter aumentado o suficiente para ter até dois, se assim quisesse, o apartamento ainda era pequeno e não estava disposto a essa mudança, agora.

��

Os dedos ágeis trabalhavam de forma eficaz em cima do teclado preto, ao mesmo tempo que os olhos, por trás das lentes de contato, acompanhavam a escrita digitalizada no monitor. Completamente focado, o jovem preenchia os convites eletrônicos enviados por Jennie, através do e-mail, com os nomes passados pelo Park.

A lista era extensa, terminaria tarde e possivelmente em outro dia, mas não havia o que fazer, deveria focar e enviar tudo até o prazo estipulado, que era sexta.

Quando o horário de descanso marcou no canto inferior da tela, Baekhyun não pensou duas vezes antes de levantar e pegar o elevador até o oitavo andar, onde ficava localizado o imenso refeitório. Pegou o café de cunho duvidoso em um grande copo americano e sentou-se na mesa, perto das grandes janelas de vista panorâmica.

Poucas pessoas ocupavam o local e a maioria delas estava centrada demais em seus celulares, conectados o tempo todo com o mundo e suas notícias. Baekhyun gostava do eletrônico, mas ainda preferia encarar a vista bonita da cidade oferecida pela vidraça. Acompanhar o mundo perto de si, com pessoas reais, na vista do estudante, tinha mais graça e verdade, sem filtros e legendas equivocadas.

— Pensei que não frequentasse o refeitório da empresa. — Junmyeon estava parado ao seu lado, com as mãos no bolso da calça social enquanto um sorriso lindo beirava em seus lábios rosados.

— Quando tenho oportunidade gosto de vir. — Respondeu sincero, devolvendo o sorriso.

— Pela vista? Porque pelo café oferecido, eu duvido muito. — Brincou, tirando uma risada fraca de Byun. Pelo visto, odiar a bebida era algo universal.

— Definitivamente, não é pelo café.

— Imaginei. Posso me sentar? — Perguntou, segurando o topo do encosto da cadeira posicionada à frente de Baekhyun, que assentiu. — Obrigado. Hoje está sendo tranquilo?

— Mais ou menos, tenho convites da festa de promoção de cargo do Chanyeol para preencher e enviar a cada pessoa. — Contou. Estava realmente entediado em fazer repetidamente o serviço. — Inclusive, preenchi o seu e enviei, deve ter recebido.

— Sim, mais tarde verei. Você vai para a cerimônia?

— Bom... o Sr. Park exige minha presença, então estarei presente. — Disse, sentindo uma leve quentura tomar conta das bochechas ao relembrar da exigência do chefe.

— Chanyeol vai fechar negócios nessa reunião, provavelmente nos convidou para estar à sua disposição, caso precise confirmar alguma informação. Eu estive presente em eventos como este, é um saco.

— Você e Jongin falaram a mesma coisa... — Comentou pensativo, ao lembrar-se de como eram semelhantes.

— Conheceu Jongin, já? — Baekhyun confirmou. — Ele é um cara legal, na época em que entrei aqui, ele trabalhava no financeiro como líder.

— Achei que ele tivesse feito apenas estágio.

— Não, ele chegou a ser efetivado. Lembro exatamente da época, Jongin tinha muitas regalias porque era melhor amigo de Chanyeol, os dois viviam para cima e para baixo, porém, depois ele se demitiu, por um motivo que ninguém sabe até hoje.

— Mas ele voltou como acionista, certo?

— Sim, bem depois. Faz três anos, apenas. Na época em que ele saiu, rolou boatos até de que ele tinha brigado com o Chanyeol porque ninguém mais os viu juntos durante dois anos. Só que eu duvido muito, eles eram bem próximos.

— Talvez ele tenha encontrado uma vaga melhor.

— De fato, uma vez que, em menos de quatro meses, ele foi trabalhar na empresa do próprio pai.

— Você sabe bastante. — Baekhyun falou, rindo. Junmyeon deu de ombros.

— Sou amigo da melhor amiga da namorada dele, saí algumas vezes com ele.

— Vocês são próximos, então...

— Não, apenas temos um pequeno ciclo de amigos semelhantes e, anteriormente, trabalhamos juntos. Não tenho o contato dele e não compartilhamos sobre nossa vida fora da empresa, somos apenas colegas.

— Entendo, conheci ele faz pouco tempo devido à festa do Sr. Park.

— Hum. — Junmyeon murmurou, encostando-se na cadeira, observando o Byun bebericar o café e fazer uma breve careta. — É horrível, né?

— Hoje está intolerável. — Disse, largando o copo na mesa. — Está muito movimentado no setor de finanças? — Perguntou, antes do silêncio juntar-se a eles.

— Sempre está. O dinheiro não para em nenhum instante. A empresa faz giros de valores altos, somos a central de uma multinacional, é quase impossível haver paz. — Revelou, recebendo um acenar de cabeça. — Você é um alguém bem diferente das pessoas dessa empresa, Baekhyun, devo confessar.

— Como assim? — Perguntou, sem jeito.

— Não é arrogante, frio, ácido... é diferente, como se fosse um ponto de luz em meio ao cinza escuro. — Baekhyun sentiu suas bochechas ferverem, odiava elogios, pois nunca sabia reagir a eles. Não estava acostumado com atenção e, quando a recebia, ou ouvia seu nome na boca de outra pessoa, agitava-se. — Não...

— Baekhyun. — A voz grossa, conhecida por ambos funcionários, interrompeu o contador formado, chamando sua atenção. — Estava atrás de você, seu tempo de intervalo passou faz cinco minutos. — Baekhyun prontamente se levantou, meio desajeitado, quase perdendo a compostura.

— Perdão, Sr. Park. Eu acho que acabei extrapolando no tempo. — Respondeu, constrangido.

— Que seja, preciso que imprima uma cópia desses papéis para mim e deixe na mesa da Haseul, do setor de vendas. Feito isso, volte para seu serviço. — Ordenou, entregando as folhas na mão do Secretário. — Junmyeon, foi bom ver você. Vamos, Baekhyun.

— Sim. Até outra hora, Sr. Kim.

— Até, Sr. Byun. Foi bom ver você também, Park.

A cada passada de perna, Baekhyun sentia-se desmontando  apenas pela presença de Chanyeol em seu encalço, dentro elevador pareceu piorar. Estavam sozinhos no cubículo, em total silêncio enquanto a caixa metálica descia. Chegava a ser dolorida a maneira em que o Park parecia tão sórdido ali dentro, tornando o lugar sufocante.

Baekhyun contou cada andar que descia e, ao ver o número marcando o setor de vendas, relaxou os ombros, despedindo-se do chefe e seguindo para fora. Seus sapatos sociais pareciam marcar o chão branco e brilhoso, o porcelanato limpo poderia ecoar a sola do seu sapato, se não fosse pelo barulho de diversas pessoas falando ao telefone e digitando rapidamente.

Foi até a copiadora parada no fim do setor, colocando pacientemente um dos documentos. À medida que esperava a cópia, analisou as notas fiscais, estranhando os papéis terem parado com Chanyeol, visto que eram para serem enviados a outros representantes.

— Algum problema aí, Baekhyun? — Jooheon, um dos funcionários setor de vendas, perguntou.

— Não, nenhum. São apenas notas fiscais. — Comentou, tranquilamente.

— Chanyeol te entregou isso? — Indagou, franzindo o cenho.

— Não me questione, não sei como parou nas mãos dele. — Disse.

— Está certo. De qual subdivisão da Coréia, é?

— Daegu.

— A Haseul que cuida dessa subdivisão, ela saiu pra tomar café agorinha. Então, deixa em cima da mesa dela, quando ela chegar, eu aviso.

— Obrigado, irei fazer isso. — Agradeceu, fazendo uma rápida reverência.

— De nada. Tenha um bom dia, Baekhyun.

— Você também, Jooheon.

As cópias aqueciam os dedos do Byun e propagavam o cheirinho característico de tinta fresca. Ao ter todas em mãos, as deixou em cima da mesa de Haseul, e voltou para seu próprio setor. Ryujin e Heejin estavam atendendo dois acionistas frequentes da empresa, dando paz ao jovem adulto.

E em cima da sua mesa, repousava um copo de café americano, o da cafeteria da esquina. Estranhou. Olhou para todos os lados, esperando encontrar rastros e, ao segurar o copo quente, encontrou um recado breve e simples, mas que, estranhamente, aqueceu o Byun mais do que qualquer café.

“O café daqui é horrível, aproveite a bebida enquanto trabalha.

Sr. Park"

Mordendo o lábio inferior com o dente canino, viu um pequeno sorriso desejando surgir, junto à uma nova batida em seu coração — descompassada. Chanyeol, mais uma vez, o surpreendia de um jeito bom. Delicado e gentil. Sentou-se na cadeira, tocando o copo como se fosse a espécie de um rubi precioso, e sorriu ao degustar a bebida. Era a sua favorita, ele havia acertado.

 

��

 

O restante da semana passou em um piscar de olhos, a faculdade, aos poucos, acumulava conteúdo das unidades curriculares, porém, não o suficiente ainda para fazer os cabelos do jovem adulto se arrepiarem. No trabalho, finalizou o envio dos convites eletrônicos e recebeu a confirmação de grande maioria, organizou uma lista com os nomes em ordem alfabética e repassou à Jennie no fim do dia de sexta-feira.

Chanyeol tinha passado quinta e sexta recebendo representantes e indo a encontros profissionais, os quais Baekhyun havia sido dispensado de comparecer, por conta dos convites que deveria terminar de enviar. Ryujin ocupou seu lugar com classe enquanto o Byun só sentia vontade de vomitar ao vê-la com um sorriso presunçoso nos lábios, como quem estava indo acompanhar o noivo em uma reunião e não o chefe.

Na noite de sexta-feira, Baekhyun dispensou a saída com os amigos para limpar o apartamento, pois nenhum milagre faria todo aquele pó acumulado desaparecer. Esfregou todos os cantos possíveis e mudou a posição de alguns móveis, somente para sair da monotonia de todos os dias.

Quando o sol atravessou a cortina branca de vinil, Baekhyun despertou do seu sono gostoso. Aproveitou a manhã para passar no mercado e abastecer seus armários, além de comprar o necessário, se deu o luxo de colocar no carrinho algumas besteirinhas para degustar com Kyungsoo, que prometeu aparecer durante a tarde.

Assim aconteceu. No momento em que o ponteiro do relógio marcou três e quinze da tarde, o porteiro ligou anunciando a subida do melhor amigo. O recebeu com abraços e sorrisos, antes de caírem sentados no sofá, cada um com um pote redondo de sorvete.

— Meu cabelo está quase ficando branco de tantos problemas na empresa do meu pai. O pior disso, é ele querer que eu resolva tudo, enquanto fica dando voltinhas com a Secretária. — Kyungsoo reclamou, colocando mais uma colherada de sorvete na boca.

— Seu pai ainda está com aquela mulher?

— Sim! Eu acho ridículo, ela claramente não gosta dele.

— Ele deveria escutar você... — Baekhyun disse. Kyungsoo comprimiu os lábios e ergueu as sobrancelhas.

— Esse velho parece está surdo, tudo que eu falo para ele entra por um ouvido e sai pelo outro. Mas deixa, se ela pensa que vai tirar o dinheiro do meu pai e me deixar pobre, está muito enganada.

— Seu irmão não fala nada a respeito? — Perguntou, levando a colher com o sorvete de chocolate até a boca.

— Meu irmão se faz de cego, diz que nosso pai sabe o que está fazendo enquanto... — suspirou pesado. — Quer saber, dane-se! Vamos mudar de assunto antes que eu enlouqueça justo no meu final de semana. Me conta sobre seu emprego.

— Não tem nada demais... — Baekhyun falou baixo, encarando a sobremesa  dentro do plástico e mexendo na colher.

— Ótimo que você não sabe mentir, vamos, me conte de uma vez, o que está rolando por lá? — Baekhyun o encarou, pensando exatamente o que deveria dizer. Parecia meio patético e irreal dizer que Park Chanyeol, seu chefe, o causava sensações estranhas ao mesmo tempo que eram gostosas demais. — Baekhyun diga, está me deixando ansioso.

— É o meu chefe.

— O que tem ele? Ele fez algo para você?

— Não, Chanyeol é muito polido e educado. É só... ele... — não conseguia falar, a palavra não saia. Fala sério, era ridículo...

— Ele está afim de você. —Kyungsoo concluiu, vendo Baekhyun arregalar os olhos. — Seu jeito te denuncia. — Disse, sorrindo doce. — Como ele é?

— Chanyeol é intenso, elegante e bonito de uma forma que chega ser intimidante... eu não sou pra ele.

— Ei, nada disso. Você disse que ele está interessado em você, então...

— Eu não disse isso, e-eu estou... não ele. — Baixou a voz, sussurrando a última parte, envergonhado por admitir, pela primeira vez, aquilo em voz alta. Kyungsoo olhou em sua direção, chocado. — Não me olha dessa forma.

— Desculpa, é só novo. Você nunca foi de admitir tão rápido. — Falou e o estudante de contabilidade deu de ombros, deixando uma lufada de ar sair por sua boca e desatou a falar:

— Kyungsoo, você precisava ver como ele é. Quando estava chovendo ele me deu o paletó dele, também deixou um café na minha mesa para que eu tomasse já que o da empresa é horrível. E quando ele foi promovido a CEO, foi comigo que ele quis comemorar, nós dançamos juntos e... nossos lábios nunca estiveram tão próximos. Eu estou com raiva disso, porque me sinto sufocado toda vez que vejo ele e com uma vontade insana de beijá-lo, ainda que eu só tenha beijado uma pessoa na vida, ele me trás tantos desejos que fazem eu me sentir irreconhecível. 

Baekhyun queria desaparecer diante o olhar estático de Kyungsoo ao presenciar seu surto. Mas precisava desabafar, as palavras estavam presas em sua garganta por tempo demais e, seu amigo, era a única pessoa paciente para ouvir seus murmúrios de lamentação.

— ESTÁ ME DIZENDO QUE VOCÊ QUASE BEIJOU SEU CHEFE? — Gritou repentinamente, empolgado demais, ocasionando uma leve vermelhidão nas bochechas do amigo.

— Fala baixo, as paredes são finas. — Chamou atenção. — O amigo dele chegou bem na hora, foi confuso e estranho. Eu quis me jogar do último andar daquele prédio e nunca mais ter que encarar ele.

— Meu Deus, mas ele disse algo depois?

— Não, é como se nunca tivesse acontecido. — Encolheu os ombros. — Chanyeol só deve agir dessa forma com todas as outras pessoas.

— Não seja ingênuo, Baekhyun. Quem age assim com todos? Ele, provavelmente, está interessado em você também.

— Seria sonhar muito alto, ele é como um daqueles sonhos impossíveis que temos quando somos crianças.

— Você o coloca em um pedestal.

— É porque ele está em cima de um.

— Duvido muito que ele seja intocável assim, pelas coisas que me disse, ele está afim de você. Pense nisso.

No restante do dia, o nome Park Chanyeol,, foi deixado de lado junto aos problemas familiares de Kyungsoo. Relaxaram assistindo um filme divertido, como faziam quando eram somente adolescentes, sem muitas preocupações. Mais tarde, ainda naquele sábado, se dedicaram às panelas, montando, de forma quase mirabolante, um prato sem nome, mas que acabou por dar muito certo.

Durante o domingo, Baekhyun dedicou-se aos estudos, organizando as matérias e iniciando o trabalho individual de Matemática Financeira. Navegou nos sites, perdendo a noção do tempo em meio a todos aqueles artigos e informações. Acabou indo dormir tarde, mas sem concluir o trabalho extenso.

O restante da semana foi um sufoco. Baekhyun se viu preso a Kim Jongin todas as tardes e um pouco da noite, seu período no escritório estava mínimo, passava mais tempo dentro do carro do Kim, indo de um lugar para o outro, para garantir a perfeição do evento que seria realizado no final de semana. 

Acabou conhecendo Jennie em uma das tardes enquanto estava em meio ao colossal salão de festas. Ela era uma mulher muito bonita, completamente empoderada e autoconfiante, seu olhar felino e sua voz firme exalavam poder. Suas vestes, caras como a do noivo, a deixavam elegante, cada peça parecia ter sido desenhada para o corpo dela.

— Fico feliz em conhecer você, Byun. — Jennie disse, apertando sua mão.

— Me sinto da mesma forma, senhorita Kim. — Falou, sorrindo contido.

— Dispenso o ‘senhorita’, me chame apenas de Jennie. — Ela pediu, expondo seu sorriso doce. — Venha comigo, quero te apresentar à minha equipe, eles vão auxiliar você durante a noite da festa.

Baekhyun trabalhou arduamente ao lado do casal Kim, não tendo oportunidade de ver ou falar com Chanyeol, que também parecia imerso no trabalho no escritório. Porém, na sexta-feira, um dia antes do baile, o secretário se viu mais uma vez surpreendido por aquele homem de expressões sérias.

Jongin o esperava no estacionamento, dentro do carro, junto à Jennie. Enquanto subia pelo elevador até o setor em que trabalhava, para pegar suas coisas e ir embora. Já se passava das dez da noite, o prédio estava um completo breu, era o único presente, além dos seguranças.

Chegando à própria mesa de trabalho, encontrou uma caixa bonita e quadrada sobre ela, envolta por uma fita de cetim branco, sobressaindo ao preto do receptáculo. Um pequeno pedaço de papel, próximo ao laço, continha um recado, não deixando dúvidas de quem o tinha deixado por ali, e de que o secretário era o destinatário.

Byun, amanhã é uma noite importante, minha exigência é que esteja presente e vestindo isso. Tenho certeza que ficará lindo em você.

Assinado: Sr. Park."


Notas Finais


Caras, se preparem para o próximo capítulo, e deixo um spoiler dele aqui, o nome do sexto capítulo será: primeiro beijo. Sei lá, deixei no ar e tô saindo de fininho hehe

Me sigam no twitter: @ellasecrets_ e acompanhem/usem a hashtag da fic #FOURUBY

Até mais, beijocas🍦💗


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...