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História Vestido Ideal - Universos de honestidade


Escrita por: aebora

Capítulo 10 - Universos de honestidade


O lago que Baekhyun contemplava era imenso, do tamanho de três piscinas olímpicas. Ocupava uma grande parte do parque. Havia grama ao redor, bancos de cimento e muitas pessoas reunidas. Alguns ali faziam piqueniques, carrinhos de sorvete passavam, crianças andavam de bicicleta. Era um grande parque, tinha verde para todo lado.

O sol estava escondido entre as nuvens e um vento frio balançava as árvores. Uma nuvem escura se aproximava, provavelmente choveria mais tarde. Mas, naquele momento, tudo que se via era o céu azul e muitas pessoas aproveitando a tarde de segunda-feira.

Jinhee tinha dado um tiro no próprio pé ao acabar com a tarde de casal. A desculpa era que ela precisava escolher o sapato que usaria no casamento. Ela já estava há três dias procurando pelo sapato certo que, de acordo com ela, não seria visto, porque o vestido era longo e cobria seus pés.

Baekhyun não entendia a necessidade. Se fosse ele a usar o vestido, provavelmente iria descalço para evitar o trabalho de ter que escolher mais uma coisa. Mas Jinhee achava importantíssimo, então ela saiu logo depois do almoço.

Foi o golpe perfeito para Baekhyun. Ele tomou um banho gelado, se trocou e esperou impacientemente pela hora de sair. Acabou saindo dez minutos mais cedo.

Estava há um bom tempo observando o lago e suas ondulações. Olhar a calmaria da água e prestar atenção na própria respiração o ajudou a se acalmar e esquecer por um momento o que tinha ido fazer ali. As palavras ainda ressoavam em sua mente. Tudo o que Baekhyun queria era que Chanyeol chegasse, mesmo sem saber o que iria dizer e com medo do que aconteceria. Ainda assim, queria ele ali, para ouvi-lo dizer as palavras mágicas mais uma vez.

Respirou fundo, os olhos fechados. Fez isso tantas vezes que perdeu a noção do tempo e só os abriu quando sentiu uma presença perto.

Suspirou sem querer ao ver Chanyeol ali, com um sorriso no rosto e vestido de jeans e branco. Ele parecia um anjo com o cabelo voando e os olhos brilhantes.

— Oi — disse Baekhyun, quase baixo demais. Chanyeol sorriu ainda mais e se sentou ao lado dele.

— Oi — ele respondeu. Não parecia nervoso como naquela manhã. Estava tranquilo como se aquele fosse um dia comum.

Diante daquele sorriso, Baekhyun realmente não sabia o que fazer ou o que dizer. Por um momento, nenhum dos dois disse nada. Baekhyun ficou encarando Chanyeol que encarava o lago.

— Então... — Chanyeol começou a falar, trazendo uma lembrança do dia em que se conheceram na loja de vestidos. Foi daquele mesmo jeitinho que ele começou a conversa.

Então — concordou Baekhyun, sorrindo. Estava se sentindo perdido, mas da melhor maneira.

— Eu tenho lido seus textos — Chanyeol comentou, finalmente desviando o olhar do lago. — Todas as noites, eu leio e releio cada um deles.

— E o que achou? — A voz de Baekhyun saiu suavemente. Chanyeol mordeu o lábio.

— Acho que você é incrível. Eu consigo ler você em cada vírgula. Cada espaço, cada frase, cada ideia. Você tem um dom maravilhoso.

— Obrigado — Baekhyun sussurrou.

Imaginou o que aconteceria se fizesse uma declaração naquele instante. O que faria então? Se ele amasse Chanyeol e Chanyeol o amasse, o que eles fariam depois?

Mas ele não sabia sobre os sentimentos de Baekhyun e teria que continuar sem saber.

— O que acha de me explicar a situação de hoje cedo? — Baekhyun sugeriu, como quem não quer nada. Chanyeol assentiu.

— Explico.

Chanyeol respirou fundo antes de se virar no banco e tomar a mão de Baekhyun. O toque causou arrepios nele, porque aquele lugar entre as mãos de Chanyeol era quente e transpirava segurança. Baekhyun sentia uma pressão nos dedos, como se o mundo estivesse ali e fosse preciso segurar bem firme para não perder.

— Lembra do dia em que você quase desmaiou lá no apartamento?

Baekhyun sorriu.

— É difícil não lembrar de qualquer coisa que envolva você.

— Ah. — Chanyeol pareceu surpreso. Ele sorriu para o nada antes de continuar. — Então, naquele dia. Eu te levei pro quarto, te deitei na cama e fiquei ali. Eu fiquei olhando pra você e, por um momento, eu lembrei de um estudo que dizia que levamos quatro minutos para nos apaixonar por alguém. Então eu fiquei te olhando igual um tonto, esperando pelos minutos, mas logo nos primeiros segundos, eu olhei bem pra você e vi que estava apaixonado.

Baekhyun soltou uma risada nervosa, por causa do peso das palavras. Ditas assim, com tanta seriedade, pareciam absurdas. Eram reais, entretanto, e estavam sendo jogadas em Baekhyun. Tinham o peso de um dente-de-leão no ar, mas, ao tocá-lo, apertavam como pequenos laços de seda ou pequenas criaturas que se agitavam no coração e diziam delicadamente que aquele amor era possível. Existia, e existia ali para ele.

Era absurdo, mas era verdadeiro.

— Eu fui pra China — Chanyeol continuou. — Lá eu discuti com meu pai sobre não amar a Sohyun e foi quando percebi que estava disposto a lutar pelo direito de sentir algo por você. Mesmo que tivesse que lutar contra minha família e o mundo, eu lutaria. E, finalmente, no dia em que comprei o medalhão e as gatas, eu já estava morrendo de saudade e contando os dias pra voltar. Eu percebi que realmente te amava.

— E você está disposto a me escolher, Chanyeol? — Baekhyun perguntou. — Você escolhe me amar, mesmo depois que o amor acabar?

— Isso é coisa daquele chinês filósofo, não é? — disse Chanyeol, arrancando uma risada de Baekhyun. — Eu conversei com Luhan sobre isso. Ele me disse que um dia, quando o sentimento acabasse, eu teria que estar disposto a escolher te amar de novo.

— E você está?

Chanyeol olhou para o lago por um momento. Parecia pensar, talvez. Baekhyun manteve a atenção no rosto dele, tão tranquilo. Seu foco continuava a cair no calor que as mãos de Chanyeol transmitiam.

— Sim — disse ele, finalmente voltando os olhos para Baekhyun. — Se um dia eu acordar e sentir que não posso mais amar você, que seus olhos não refletem mais as estrelas e suas manias que eu costumava amar me fazem ter vontade de ir embora, eu prometo e me comprometo a continuar me dedicando, a continuar procurando pelas estrelas até que as encontre de novo. Eu prometo continuar escolhendo você. Eu sempre vou encontrar algo para adorar, mesmo quando tudo for feio. Eu não tenho como prever como as coisas vão ser, não tenho como saber se isso vai dar certo. Mas eu juro, eu vou ignorar esse julgamento de certo ou errado, pra ficar do seu lado pra sempre. Eu vou escolher amar você por toda a eternidade, por todo o infinito e entre todas as outras coisas.

— Nossa — ofegou Baekhyun. Se sentiu quase nu diante do olhar de Chanyeol. Ele estava esperando. — Eu não sei se posso responder isso, acho que... Você realmente foi influenciado pelos meus textos.

Chanyeol riu.

— É, acho que sim. Por favor, não responda agora. Eu também não saberia o que fazer com sua resposta. Mas espero que pense nisso.

— Eu vou pensar, é claro que vou.

Baekhyun se levantou, ainda com a mão entre as de Chanyeol, e o puxou para cima. Como resposta temporária, se aproximou e o abraçou.

Firme, com força e vontade, ele abraçou Chanyeol. Não sabia o que exatamente queria passar com aquele abraço, mas foi importante.

Naquele abraço Baekhyun não garantiu nada, apenas deixou a dúvida em aberto, a possibilidade de uma resposta que chegaria mais cedo ou mais tarde, ainda que tivesse que atravessar com honestidade os universos secretos que guardava dentro de si.

Mais cedo ou mais tarde. Toda promessa cobra seu tempo.



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