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História Viagem Para o Futuro - Ironias


Escrita por: DearDanvers

Notas do Autor


700 FAVORITOS! Gente, eu amo muito vocês. Boa sorte e boa leitura.

Capítulo 27 - Ironias


Fanfic / Fanfiction Viagem Para o Futuro - Ironias

Vamos, Laur, ponha o pé no chão!

Foi de encontro ao gelado piso de cerâmica, em cinco longos minutos meu maior progresso foi pôr a perna para fora do sofá que me encontro. Qualquer movimento brusco seria o suficiente para acordar a dama da luxúria indomável, que se pôs a dormir justo em cima de mim!

Se houvesse apenas um repelente contra esta mulher, eu não exitaria em ir ao encontro!

Estou deitada sobre o sofá e a loira está com seu corpo depositado sobre o meu, com as pernas entrelaçadas firmemente agarrada à minha roupa, sua cabeça descansada em meu peito como uma (nada) romântica cena. Freneticamente buscando coragem e meios de conseguir sair deste móvel sem acordá-la, minha expressão de pavor é cômica. Estou desta maneira desde que acordei.

Depois do incidente que atiçou meu emocional, Vero abrigou eu e meus soluços nervosos em sua amigável residência, a maior parte do tempo que estive fora para ocupar a minha mente. Era necessário esquecer, em algum lugar distinto, os sentimentos profundos de desespero. E que assim começasse meus exercícios de responsabilidade que milagrosamente promoveriam a maturidade que há em mim.

A notícia do procedimento de inseminação artificial realizado na Candice conseguiu retirar meu corpo dos meus próprios sapatos e meu espírito do meu próprio corpo, não havia chão e como estou sempre na linha tênue da loucura calculei naquele mesmo segundo todas as más probabilidades. O que nessas últimas horas me fizeram lembrar dos dias que não acreditava que o um porcento poderia acontecer, e me pego rezando para que não aconteça.

Tantas as ironias que me cercam.

Vero me fez engolir informações básicas sobre moda e me forçou algumas lembranças de trabalhos anteriores alegando que se não reconhecesse um ou outro poderia me passar por antipática, não me importaria tanto (eu sempre tive uma tendência a ser antipática) mas a minha amiga se importa em demasiado. Não perderia minha falsa imagem de boa mulher agora que se tornou realidade, não? Sei que saí de sua acasa após três xícaras de chá, um sanduíche, um banho bem demorado e uma pilha imensa de livros sobre a história que engloba a moda atual, nem para as provas da escola eu estudava tanto. Mas havia um motivo para isto tudo, voltaria a trabalhar e mal posso esperar, confesso.

Quando cruzei a porta do apartamento que me encontro, era madrugada. Esta bendita mulher havia me ligado, no mínimo, umas vinte vezes. Só torcia para que ela não estivesse acordada, entrei com tamanho cuidado pois pensava que um único estalar de ossos dos meus pés seriam suficiente barulho que levaria a acordar minha esposa. Chamar esta mulher de esposa é tão nauseante quanto dizer que Camila é minha amiga, nem no universo paralelo mais caótico (que penso que seja este) ela seria menos do que minha alma gêmea, nossos destinos se tocam e se entrelaçam pelo infinito.

Sonhos à parte, não vou ficar me torturando criando a visão de uma família feliz. É como se eu estivesse caminhando, devo olhar para o horizonte e ver o que possivelmente (e apenas uma menção) do que posso conquistar porém sempre desviando o olhar para ver se o próximo passo é seguro, caso contrário eu começo a tropeçar e cair diversas vezes atrasando cada vez mais o meu objetivo.

Um passo de cada vez, Starlet, um passo de cada vez.

Por último, fui direto ao sofá. Nem sobe efeito de drogas pesadíssimas eu me submeteria a deitar ao lado da loira, num quarto fechado, escuro... Seria usada e abusada. Acabei me deitando no sofá, a maldição do sofá não está somente na casa da Camila, está comigo, não importa aonde eu vá, me deitarei no sofá. Chega a ser poético.

Minhas preces não foram ouvidas, acordei no meio da mesma madrugada sentindo um peso sobre meu peito... Era a bendita! Deitada sobre mim como está ainda agora, e é quase de manhã! Na hora não sabia se agradecia ironicamente a Deus ou se amaldiçoava à minha própria sorte, eis que fiz ambos.

Agora só precisa deslizar por debaixo dela!

Movi meu braço para fora como se estivesse derretendo e fui deslizando, prendi a respiração e tranquei o diafragma. Um espião da CIA perderia feio para minhas habilidades de escapatória. Ajoelhei-me próximo ao móvel com o peso da mesma sobre os meus braços que se empenhavam a ajustá-la sobre o mesmo. Esteva ficando roxa de prender o fôlego quando minhas mãos perderam o contato com a pele da moça.

Isso!

— Fique quietinha aí. — sussurrei me afastando.
Corri para o banheiro. Tomei uma chuveirada rápida, escovei os dentes, vesti um terno, peguei as chaves, pus os sapatos, guardei a carteira, apanhei a pasta e acabei pairando na cozinha... Candice já se mexia e murmurava inconscientemente algumas palavras de um possível sonho, em breve acordaria e eu espero não estar aqui para presenciar. Enchi os bolsos com biscoitos, não haveria tempo para o café! Fui de pontinhas dos pés até a porta, passei para o lado de fora e dei uma última espiada.

Continuava serena, dormindo de lado, respiração tranquila e (principalmente) calada. Fechei a porta e corri como o vento.

 

[...]

[...]

[...]

 

Cheguei no andar habitual daquele edifício, a seriedade era tão eminente a seriedade do lugar, os tons de branco com cinza, os empregados que fazem cinco tarefas ao mesmo tempo andando de um lado para o outro e alguns querendo me puxar o saco se oferecendo para comprar um café, uma hora extra ou qualquer outro favor. Era um inferno bem comandado e bem organizado onde reinava o estresse.

Perdi a conta de quantos milhares de amostras de tecido foram de um lado para o outro nas mãos de diferentes especialistas, é bizarro imaginar que eu era capaz de coordenar tudo nessa grife, Feline tomava proporções que estão bem além da minha mera capacidade de empilhar papéis e decorar nomes de estilistas famosos. Tudo o que eu poderia fazer era sorrir nervosa e cumprimentar quem me cumprimentasse sem mais delongas.

Me senti mais em casa quando finalmente vi minha amiga Hernandez ao me aproximar do meu antigo santuário, para os leigos, meu escritório. Recebeu-me com um sorriso largo e rápido deu a volta no balcão ansiando me abraçar numa carreira desajeitada devido aos saltos altos (que não a deixavam alta mas ajudavam). A envolvi num abraço bem apertado e beijei o topo da sua cabeça, é difícil imaginar que eu passei quase vinte anos sem falar com ela, como poderia negar um fonte de carinho como essa?

— Como está, AllyCat? — perguntei me afastando um pouco.

Ela sorriu animada.

— Está tudo indo perfeitamente bem e... Oh! — correu para buscar algo no balcão. — O convite do meu casamento!

Entregou em minhas mãos um envelope em tom pastel.

— Muito obrigada, Ally! — o abri com cuidado e a encarei sorrindo. — Será daqui há um mês?

— Exatamente. — pareceu um pouco preocupada.

— Não se preocupe, tudo dará certo.

Suspirou.

— Estou rezando por isso! — deu um sorriso modesto. — Como está se saindo na casa da Camila, senhorita babá? — cutucou meu abdome brincalhona.

Minha alegria sumiu, em seu lugar somente uma expressão de abatimento. Tentei disfarçar antes que moça percebesse.

— Não estou mais lá.

— Houve algo? — ficou sentida.

Como a Camila diria: há coisas que estão melhor em segredo. 

— Não, eu somente achei que seria melhor dar um tempo nas férias. — reajustei o meu terno.

Deu um olhar mais sugestivo.

— Olhe só... Será que a Lauren de sempre está ressurgindo? — fez graça me fazendo dar uma escassa risada.

— Não, não... Bem longe disso.

A olhei timidamente mas com o dulçor dos seus trejeitos ela me pôs de volta em minha colocação mais animada. Ela é o tipo de pessoa que tem tanta paz de espírito que com sua palavras (não muitas ou enfáticas) lhe acalmam a alma.

— Entendo você, é importante que queira reconquistar sua independência aqui de novo. Costumava a ser seu amor maior, pode ser que lhe faça muito bem.

E ela tem razão novamente, necessito de um pouco de estabilidade e ocupação. Mostrar que não sou uma criança brincando de casinha, eu tenho a perfeita capacidade de tomar responsabilidade independente de ter sido a covarde que eu fui a vida inteira.

— Estou certa disso. — falei com simpatia. — Se me permite, irei entrar no meu escritório, a Vero deve estar uma fera! 

— Boa sorte no seu primeiro dia de trabalho. — deu uma piscadela.

— Obrigada!

Minha mão girou a maçaneta com cuidado, a mesma deu um estalo e entrei no recinto. Aparentemente estava da mesma maneira que o vi da última vez. Muito bem organizado, frio, com luzes não muito chamativas, estantes com diversos livros a única diferença notável era a impaciente mulher sentada na quina da escrivaninha com as pernas cruzadas mostrando do joelho para baixo suas pernas torneadas e seus saltos elegantes, nenhum pouco surpresa em me ver.

— Está atrasada, Jauregui. — Vero falou alto e claro.

Olhei para o relógio de parede.

20 minutos atrasada.

— Sinto muito eu...

— As desculpas serão desculpas, — saiu da escrivaninha. — Da próxima vez tente chegar mais cedo. — assenti. — Vamos começar de imediato.

Fiz, em passo apressado, o meu caminho dando a volta na mesa e me apropriando da poltrona que falava por si só a minha importância logo que sentei (me sentia até vulnerável por um mérito tão gigantesco e uma mulher tão banal, por enquanto.) Trouxe à minha frente uma pilha de papéis cheias de tópicos e os organizou em diferentes setores.

— Consegue se lembrar do que te ensinei ontem sobre economia e negócios? — indagou.

— Sim, com certeza.

— Trouxa aquela pasta que lhe dei há séculos?

— Aqui está. — a pus sobre a mesa.

— Então vamos nos aprofundar um pouco mais sobre os assuntos anteriores.

Fiquei sentada e muito bem comportada, ela falava e discutia comigo exatamente tudo o que estava sendo ensinado. Começamos com lições sobre fechamento de negócios e contratos. Ela me dizia detalhadamente os processos que levavam e me dava exemplos em que eu mesma fiz parte anos atrás. É bizarro e muito surpreendente descobrir quão brilhante eu conseguia ser, para tudo eu dava um jeito, era maquiavélica. Todos os meus planos tinham detalhes de extrema importância e nada de muita extravagância, meu sucesso foi conquistado em pouco tempo, eu peguei a oportunidade e fiz dela um universo de tantas outras mais.

Explicou-me como o dinheiro deveria ser investido, quais parcerias trariam mais vantagens e neste ponto entrou as questões sobre moda e tendências atuais. Quando adolescente eu era vista estudando biologia, matemática, me entregava bastante nas aulas de literatura... Porém nunca havia me imaginado desesperada estudando sobre moda e estilistas, sobre grifes, modelos em alta e gemologia. Tirando o fato de eu ter dois filhos, um quase enteado, uma ex-namorada que virou ex-amante e uma esposa que está prestes a virar ex-esposa, eu poderia dizer que é como ir à escola.

As mesmas lições tomaram horas e horas.

— Vamos, Laur, você consegue lembrar! — cruzou os dedos cheia de expectativas.

Me esforcei e esforcei, aquele nome estava na ponta da língua.

— Me dê ao menos uma dica! — implorei.

Ela pensou por uns segundo e seu rosto se iluminou.

— Vocês já tiveram um caso!

Fui de ansiosa para muito entediada, minha expressão caiu naquele mesmo segundo, revirei os olhos. Minha amiga viu o erro que cometeu e tapou a boca com ambas as mãos.

— Poxa, desculpe. Este assunto não era exatamente um assunto proibido pra você. — deu um sorriso arrependida.

Passei as mãos no cabelo.

— Odeio ter que lembrar que fui uma babaca. — arquejei em seguida.

Aproximou sua cadeira da minha lateral e apoiou o braço no meu ombro.

— Superar não significa esquecer, e é importante que você não esqueça nunca. Use quem você era e quem você está batalhando para ser como dois modelos a serem comparados, vingue-se de si mesma e veja que está sendo bem melhor.

Fiquei um pouco mais contente, a moça esfregou minhas costas.

— Mas seja sincera. Eu era tão babaca assim?!

Arregalou os olhos e concordou com gosto.

— E como era! Era uma puta de uma babaca, nossa Senhora, chegava a ser insuportável às vezes!

Contorci minha expressão um tanto indignada.

— Nem tão sincera, por favor! — exclamei.

Ouvimos um barulhinho, Veronica o identificou logo. Levantou da cadeira e foi em direção às poltronas, inclinou-se sobre uma delas e ficou a bulir os conteúdo de sua bolsa, por fim pegou o seu celular e olhou intensamente para sua tela. Suas expressão estava ambígua. Suspirou e me dirigiu palavra.

— Temos duas boas notícias e uma má notícia. — A olhei exitante. — A primeira boa notícia é que... Vocês tem separação de bens e a segunda é que as condições do seu divórcio já estão sendo analisadas pelo Quilty.

Respirei aliviada e deixei minha testa tocar a mesa, eu estava rezando em agradecimento por dentro.

— Mas...!

Voltei minha atenção.

— Acho melhor você mesma ler, Laur. — entregou-me o eletrônico e li atentamente o trecho que aparecia em sua tela.

"É de meu total acordo (Lauren Michele Jauregui) que haja concessão de minha cônjuge (Candice Swanepoel Jauregui) para material genético (espermatozóides) caso haja o desejo da mesma na constituição de uma família (carregar uma criança no ventre para posteriormente estar sobe os devidos cuidados, com seu total direito de maternidade), sem minha presença poderá haver um representante (de preferência ela em si) enviado para garantir meu acordo e vigiar, até onde possível, as etapas do procedimento."

— Ela tinha direito de fazer isso?! — exclamei furiosa.

— Totalmente. Bastava ela chegar em alguma clínica com qualquer estagiário em direito ou até mesmo sozinha, mostrar a página onde se localiza esse termo e ela estava legalmente liberada pra fazer o procedimento, você vai acabar arcando com os custos dessa ou dessas crianças.

— Pare de falar no plural. — massageei minhas têmporas.

— O que diabos você estava tentando fazer?! — pôs a mão na testa. — Essa porra tem até sua assinatura! Vocês se conhecem há muito tempo e estão juntas há muito tempo, bem antes de casar então você a conhecia muito bem. Será que foi alguma forma de plano B?!

— Plano B de quê? — indaguei perdida.

Começou a andar de um lado para o outro.

— Você tem tentado fazer a cabeça do Miguel desde os treze anos dele, mais ou menos a idade que ele começou a ficar biruta como ele é, sem ofensas. E até hoje você não conseguiu fazer com que esse menino se oferecesse pra ser seu sucessor, o que eu achei bem idiota da parte dele, ele teria tudo nas mãos, não é mesmo? — grunhiu.

Sim, ele teria. Por motivos como este a Camila não criou os filhos para serem mesquinhos ou oportunistas. Está como ensinamento de berço, nenhum dos dois querem tudo nas mãos, ele querem ser donos do próprio sucesso, querem algo que os façam sentir inspirados, querem ter amor pelo trabalho e não pelo dinheiro. Ensinados a se afastarem de gente como eu.

— Então como não podia dar certo você fez esse acordo para tentar ter um sucessor. — completou.

— Eu pensei que era inteligente, Vero! — choraminguei.

— É exatamente isso que estou estranhando mais, tudo seu tinha um propósito sem pontos fracos mas isto é um acordo muito vulnerável. O que você estava tentando fazer?

Seu olhar ficou distante, de pensamentos complexos. Eu mal poderia pensar por mim ou me decifrar, mas Veronica poderia, ela conhece as pessoas.

Duas batidinhas foram dadas na porta, em seguida a porta foi minimamente aberta e um rosto bastante conhecido por mim.

— Diga, Hernandez. — Vero disse.

— A Srta Jauregui tem uma importante visita, ou melhor, duas. — sorriu sugestiva para mim.

— Pode deixar entrar. — permiti.

Da entrada surgiram duas pessoas que eu amava imensuravelmente.

— Mãe 'Lo! — Luna correu em minha direção.

Levantei da cadeira e reforcei minhas estruturas quando a menina saltou em mim entrelaçando as pernas em volta da minha cintura e eu a apertei com força sentindo o cheiro o agradável dos seus cabelos. Deixou suas pernas relaxarem e aos poucos foram me soltando ainda sem coragem total de me deixar ir. Nem se passou tanto tempo assim, Separados por pouco mais de um dia somente mas para quem os via o tempo inteiro e presenciava todas discussões bobas e o botava para dormir é como ter ficado um dia com uma faca travessada pelo peito.

Agora entendo os meus pais quando tinham receio de me deixar viajar.

— Minha princesinha, eu senti tanta a sua falta! — beijei seu rosto.

Ela se contorcia com a ausência de ar e esfreguei meu nariz no dela dando um beijo de esquimó, encolheu-se gargalhando baixinho. Nos observando de longe estava Miguel, com as mãos nos bolsos da calça jeans, um pouco sem graça de estar ali. Ergueu a mão com o palmo aberto como uma reverência rápida.

— Não irá fugir de mim, mocinho.

Fui até ele de braços erguidos partindo pra segurar seu rosto, ele ficou imóvel enquanto eu o dava dezenas de beijos pelo seu rosto, não estava incomodado, somente encabulado. Ficou todo vermelhinho e é adorável quando ele fica assim, nem parece aquele chato aborrecido e complexado (e o amo daquele jeito também).

— O que vieram fazer aqui? — perguntei surpresa.

Luna me abraçou por trás apoiando o queixo no meu ombro.

— Nós queríamos saber se você quer ir ao Dolores conosco, estávamos com saudade. — aconchegou-se mais.

— "Nós"? — lancei um olhar sugestivo ao rapaz.

Ficou calado prendendo um sorriso afundando mais as mãos nos bolsos.

Como é lindo, é lindo saber que sentem minha falta. Quando os vejo o mundo inteiro se torna lindo.

Olhei para Veronica que recolhia os papéis da mesa, em minha expressão era visível o meu implorar. Ela assentiu uma vez somente me dando permissão para prosseguir com o plano dos jovens.

— É claro que eu vou com vocês, meu anjos.

Vero deu um aviso antes de eu partir.

— Nada de se desesperar, Laur, as chances são mínimas e vamos conseguir.

[...]

[...]

[...]

 

Os observei enquanto se empanturravam, Camila poderia até brigar comigo, eu não me importaria. Agora que estou com meus bebês e eles estão felizes e se divertindo não há muito com que me importar. Infelizmente, a própria faltava. Camila está em minha mente a cada segundo do meu dia, como primeiro e único amor que tive, todavia ela mesma tem que demonstrar que me quer e mostrar que está disposta a lutar por mim. Estou fazendo minha parte quanto uma mulher responsável e sensata, a parte dela é decidir se quer estar comigo, eu faço questão do amor dela mas ser escrava da incerteza da mesma é desumano, chega de implorar e me castigar.

Estou fazendo as oportunidades, se a mesma as desejar, irá aproveitá-las.

— Como está a sua mãe e o Shawn?

Luna respondeu.

— O mesmo de sempre, ele contou como foi a viagem e quando menos esperamos ele já estava guardando as roupas dele e expulsando as suas, ficou com o Matthew por um tempo e logo se perdeu no trabalho de novo. É como tentar prender fumaça.

Meu coração se apertava sentindo a falta de uma pessoa a mais. O pequeno citado em sua sentença anterior.

— O Matthew está bem? — perguntar isso era inevitável.

Eu sofro por este garotinho como sofro pelos mais velhos, talvez tenha sido um erro me aproximar demais. Uma voz em minha cabeça diz que independente de eu ter vindo antes ou depois eu ainda teria uma ligação especial

— Matt está um pé no saco. — o rapaz disse ainda de boca cheia.

— Não diga isso do seu irmãozinho, 'Guel. — fiquei sentida.

Luna revirou os olhos e tomou partido da conversa.

— Matty está muito chorão, estas duas últimas noites ninguém conseguiu dormir. Ele anda sentindo sua falta também, engatinha a casa inteira e fica chamando pelo seu apelido, acho que a mamãe vai enlouquecer. — deu um gole em seu milkshake. 

A mamãe tigre também sente muito a sua falta, mi amor.

— Por que você quis ir embora? Você e a mamãe brigaram? — fez beicinho e seu irmão ficou atento.

— Nós não brigamos, é uma questão complicada, coisa de gente grande. — apoiei os cotovelos na mesa.

Miguel ficou bravo, comprimiu os lábio tentando tomar controle.

— Nós somos gente grande, não somos crianças, Lauren. — afirmou aumentando o tom.

— Foi uma questão bem delicada que sua mãe e eu discutimos e decidimos que por enquanto eu deveria reconquistar parte da minha vida. Vocês viram que eu estava no escritório, certo? Mesmo assim quero ver vocês sempre.

O rapaz pareceu acalmar-se um pouco mais dando uma mordida em seu hambúrguer.

Um rapaz alto e simpático nos abordou.

— Querem mais alguma coisa? — olhou para ambos os gêmeos.

Oh Deus! Eu sei quem ele é.

Os cabelos sedosos e meio ondulados, a pele mais morena e alto.

— Zam! Você é o tal de Zam, não é? — o indaguei com expectativa.

Ficou surpreso, certamente ele já havia me reconhecido. Estava com roupas parecidas com a da última vez que estive aqui só que com um avental por cima. Lhe ergui o braço querendo o cumprimentar, ele o fez também e ambos os jovens pareceram ficar confusos.

— Olha só, lembrou-se de mim. Realmente tem boa memória. — ficou presumido.

Os gêmeos se olharam no instante e gargalharam.

— Não tem graça! — exclamei em sussurro os ceifando com o olhar.

— A senhora conhece o Zaman? — Miguel perguntou.

— Conheço, oras. E vocês?

Ambos assentiram.

— Miguel, eu sinto muito pelo meu irmão pegar no seu pé, acredite, nenhum de nós o ensinou a ser assim, você me conhece. — falou com mais compaixão.

— Não se preocupe, Zam, você está de boa comigo. — respondeu no mesmo tom. — E de onde você o conhece, Lauren?

Eu e o homem nos olhamos um pouco, sem muita ideia de como explicar que eu quase caí bêbada nesta mesma lanchonete e ele me ajudou a pegar um táxi, pois as circunstâncias me deixaram cega e incapacitada de dar um passo sequer sem ir ao chão. É uma baita de uma vergonha e está bem longe do modelo de mãe que quero passar aos meus filhos.

— Ela veio aqui há pouco tempo pois estava bem... — pausa. — Chateada por ter ficado longe de vocês. — sorriu pra mim tentando disfarçar. — E quem diria que justo vocês eram os filhos queridos dela, não é mesmo? — bagunçou os cabelos da Luna.

— Queremos a conta, Zaman. — o pedi gentilmente.

Poucos segundos depois ele a trouxe e nos despedidos sem delongas. Eu deveria entregar esses bebês na casa de sua mãe, a mesma casa que eu não me atreveria a entrar tão cedo. Seria muito abuso estar lá sendo que Mendes estava de volta para a infelicidade da casa. Como disse anteriormente, eu não o odeio mas ele não faz muito para ser melhor. Saímos da lanchonete, os irmãos se espreguiçavam mal aguentando o peso de suas barrigas cheias pouco se importando com o que os estranhos na mesma calçada estavam a dizer.

— Olha que fofo, mãe 'Lo! — 'Lu exclamou animada.

Estava agachada afagando um pequeno cachorro de pelos castanhos que estava se deliciando com o carinho recebido.

— Você tem dono, pequeno? — o rapaz começou a fazer carinho também.

O cachorro também me era familiar.

— Ei! — cruzei os braços. — Você é aquela bola de pelos que rasgou a minha calça naquela noite!

E era sim, o maldito!

— Não fale com ele assim, mãe 'Lo, veja como é adorável e limpinho!

— Tem até coleira, deve estar perdido. — disse o rapaz tocando a o envoltório vermelho do animal.

— Podemos ficar ele até que o achem?! — a menina fez beicinho.

Neguei com a cabeça com bastante convicção.

— A mãe de vocês irá me matar se aparecerem na casa dela com essa coisa! Vocês nem estão preparados pra receber um cachorro em casa ainda! — disse firme.

A moça ficou abatida.

— A gente vai para casa conversa com a nossa mãe e depois nos resolvemos quanto ao resto. Por favor, por favorzinho! — me implorou de joelhos.

— Nenhum animal de estimação é mais barulhento e babão do que o Matthew, vamos ficar bem, sério. — Miguel explicou.

Suspirei cedendo um pouco.

— Mas onde ele ficará até que se resolvam?

Ambos se olharam novamente.

— Você pode ficar com ele por pouco tempo, oras. — ambos disseram.

Estão abusando. Os olhei incrédula de tanta audácia em propôr aquilo.

— Mas nem em um milhão de anos eu volto para casa com esse emaranhado de pelos! — exclamei bem firme.

 

[...]

[...]

[...]

 

O animalzinho se revirava e lambia meu rosto conforme eu prosseguia pelo corredor. Depois de tanta discussão e drama aqui estou eu, indo para meu apartamento na companhia do tal cachorro. Luna fez beicinho, Miguel deu uma de adulto responsável, me apresentaram mil e uma cenas com argumentos bobos sobre como deveriam cuidar do animal perdido. Os infelizes sabem como me dobrar pra me manipular, me conhecem bem. Os deixei na esquina de casa, preferia não ver Camila para não fraquejar tão cedo, esperar mais uns breves dias dariam a janela de tempo que preciso pra me recompor. Desde que se foram estou na companhia do tal cachorro.

Sim, eu voltei para casa com aquele emaranhado de pelos.

— Por favor, não coma o sofá, não faça xixi no carpete e não faça barulho pra não acordar a Candice quando ela estiver dormindo! Agora eu vou ter que aturar ela e você, só que falar com você é mais fácil, sinta-se honrado.

Finalmente eu tive de voltar para o apartamento e enfrentar pelo resto do dia aquela mulher, estava sem paciência para isso. Pelo menos com a boa lembrança de ambos os meus filhos (mesmo faltando meu futuro enteado) me sentia mais renovada e mais livre do medo de me afastar deles, respirei sem a sensação de corda no pescoço.

O cachorrinho pôs a língua para fora animado e lambeu meu rosto mais algumas vezes. Adentrei o apartamento e a porta bateu, o peludo ficou atento e eufórico vendo o lugar novo, olhei em volta vendo se a loira estava presente.

— Amor! — ela gritou vindo do quarto.

Poxa vida!

Um grito alto se fez presente. Me assustei na hora e todos os meus sentidos ficaram em alerta.

— O que faz como essa coisa?! — tapou a boca e o nariz.

— É o cachorrinho que meus filhos irão cuidar...

Rebateu imediatamente.

— Eu tenho alergia a cachorros!! — exclamou dando passos para trás. — Eu não vou chegar perto de você até que se livre dessa coisa!! — gritou irritada. — Nem se atreva a entrar no nosso quarto, entendido?!

Abri um grande sorriso olhando para o peludo. E depois voltei a encará-la e fingi seriedade. Entrou no quarto e bateu a porta, aproveite-me e sentei no sofá, liguei a televisão e o pus ao meu lado.

— Até que você me será bem útil... Dash! — fiz carinho em seu pelo macio.

Meu celular vibrou, o busquei no bolso e o chequei.

Miguel: Mãe, não se esqueça da minha competição de natação na sexta-feira.

Miguel: Vamos ficar com o cachorro... Só na sexta também.

Miguel: Eu te amo muitooooo!!

Miguel: Isso aí em cima foi a Luna quem escreveu.

Sorri com cara de boba encantada.

— Pois bem, pequeno Dash, teremos uma ótima semana um como outro.

O mesmo latiu em resposta.

Que ironia...


Notas Finais


O que acharam? Pois é aqui que a história começa a mudar, em que os polos se invertem... Bons entendedores entenderão as meias palavras.

Deixem seus respectivos comentários e digo (de novo?) eu leio TODOS! Quero ver vocês debatendo teorias e pondo suas mentes para funcionar!

700 FAVORITOS!! OBRIGADA!

Meu Twitter https://twitter.com/fosterjergi

Desculpem qualquer erro e até a próxima <3


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