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História Viajante - A verdade


Escrita por: SaphirePrince

Notas do Autor


Mais alguns capítulos para o fim o/

Ps: memórias levemente alteradas.
Perdoem os erros e não desistam de mim sz

Capítulo 37 - A verdade


S.P


No dia em que Harry e eu contamos aos outros sobre o bebê que estamos esperando, Sarah me puxou de lado e insinuou que estava sentindo falta de alguma coisa em Harry, algo como um anel. "Algo de ouro sabe, talvez algumas pedras...uma esmeralda ficaria linda no anelar de Harry. " ela disse.

Sutileza não era o forte da mulher, mas observando Harry conversar alegremente com os amigos tive que concordar com ela. Faltava um anel em seu dedo para dizer ao mundo que eu o havia reivindicado, que ele me pertencia tanto quanto eu pertenço a ele. Coincidentemente, ou nem tanto assim, no mesmo dia uma coruja me entregou um pequeno embrulho: uma caixinha de veludo com um anel de ouro. O aro grosso com o brasão da família gravado nele, segundo as palavras da minha avó na nota que acompanhava a caixinha, era passado de geração em geração e dado pelos homens da família aos seus pretendentes como sinal de um compromisso firmado.

o anel era perfeito e desde então a caixinha residia no bolso das minhas vestes enquanto eu esperava o melhor momento para dá-lo a Harry e, bem, propor a ele. Se eu tivesse sorte, ele seria oficialmente meu antes do bebê nascer. Desafortunadamente nos dias que se seguiram eu não tive a oportunidade e, a julgar pela maneira como ele se encolhia enquanto a curandeira falava e pelo nervosismo que praticamente irradiava dele, eu não faria isso tão cedo.

- Com todo o respeito, Madame Pomfrey, mas não dá para acreditar nisso. – Remus disse. – Todo mundo sabe que é impossível sobreviver à maldição da morte. Os resultados estão errados.

- Estou tão confusa quanto você, senhor Lupin, mas garanto que não há nada de errado com os resultados

Aquilo era completamente absurdo, não importava quanto a curandeira tentasse nos convencer do contrário.

Deixando de se encolher contra a cadeira, Harry olhou para o diretor, uma pergunta não dita pairando entre os dois.

- É sua história para contar, meu filho. Porém, se você aceitar o conselho de um homem velho, eles merecem saber. – o diretor disse. 

Harry acenou para o diretor, se levantou e andou até um dos armários da sala. Abrindo o armário com muita familiaridade, Harry tirou de lá uma penseira e a depositou no centro da mesa.

- Se você precisar, a caixa também está naquele armário. - Dumbledore ofereceu e Harry recusou enquanto nós tentávamos entender do quê eles estavam falando.

- Tudo o que Madame Pomfrey disse é verdade. – ele disse, para a surpresa de todos. Quem, em nome de Merlin, sobrevive à maldição da morte? Duas vezes então? – Olha, eu não fui totalmente honesto com vocês. Quero dizer, todos os pequenos pedaços da minha história que compartilhei com vocês eram verdade, mas eu, de propósito, omiti informações importantes.

- Duvido muito que qualquer coisa que você diga seja mais chocante do que saber que você sobreviveu àquela maldição não uma, mas duas vezes. – Sirius verbalizou o que todos estavam pensando.

Harry e Dumbledore trocaram um olhar preocupado.

- Há muita coisa para contar e explicar, então eu acho melhor mostrar. As coisas serão um pouco confusas no começo, mas vocês entenderão tudo no fim. Nem tudo aqui me pertence e nem tudo eu quero realmente revelar, então vocês só verão, mas não ouvirão nada.

Harry parou de falar, fechou os olhos e se concentrou. Pressionando a ponta da varinha contra a têmpora, ele puxou vários fios de memória e os depositou na penseira. Com um movimento de sua varinha, as imagens foram projetadas no ar, acima da superfície da penseira.

Quando a primeira imagem apareceu, precisei olhar para Lily e confirmar que ela estava vendo o mesmo que eu e, pelo olhar confuso dela, estava. Era bizarro que Harry tivesse a memória do momento exato em que nós nos conhecemos, mas nenhum dos dois falou nada.

Para a minha surpresa, as imagens continuaram e mostraram alguns dos meus encontros com Lily perto de casa, as interferências desagradáveis de Túnia, até mesmo um momento ou outro em que contei para ela a situação dos meus pais. Por sorte não havia som, eu odiaria que os outros soubessem daquelas coisas... As imagens continuaram. Mostraram a minha primeira vez na plataforma, a primeira conversa com os marotos, nossa seleção e a primeira vez que Lily e eu fomos separados desde que nos conhecemos. As memórias mostraram vários momentos daqueles anos em Hogwarts.

De repente as imagens mudaram para coisas que não aconteceram, principalmente levando em consideração que a memória mostrava a nós mesmos como alunos e havíamos acabado de nós formar em bons termos uns com os outros. Apesar de ter me acostumado a ser alvo de Potter e os outros, foi desagradável me ver ser içado pelo tornozelo e ser motivo de zombaria, mas foi incrivelmente doloroso ver a forma como aquela versão minha tratava Lily quando ela tentou me ajudar. Olhando para os outros ao meu lado, vi que as imagens tinham perturbado a todos tanto quanto me perturbaram.

Em seguida, me vi pedir desculpas e ser rejeitado. Sentada ao lado de James, Lily soluçou. Acho que era a primeira vez que ela via como podia ser implacável. O filme bizarro das nossas vidas continuou rodando e agora eu podia ver aquela estranha versão minha cada dia mais distante de Lily, que havia se aproximado de James Potter, e cada vez mais imerso em artes das trevas.

Um salto no tempo, e então eu me vi no cume de um morro, de joelhos, implorando algo a Dumbledore. Como não havia som, consegui ler algumas palavras soltas. Aparentemente eu era um comensal da morte naquela memória e estava pedindo que ele protegesse alguém. As coisas estavam ficando mais confusas a cada minuto.

A imagem se transformou e então eu estava entrando em uma casa destruída. Lily, que havia parado de soluçar, soltou um grito que foi rapidamente abafado quando a memória mostrou um James Potter morto antes da imagem desfocar. Quando entrou em foco novamente, eu me vi no chão de um quarto revirado, embalando o corpo sem vida da minha melhor amiga enquanto um bebê com uma ferida sangrando na testa chorava a plenos pulmões. Um bebê extremamente parecido com Potter, mas com os olhos de Lily.

- Você é um viajante! – eu afirmei, minha voz se elevando a quase um grito, quando aquela memória terminou.

- Sim. – ele respondeu parecendo subjugado.

Me senti entorpecido, sem saber o que dizer ou o que pensar.

- Isso não explica como você conseguiu essas memórias. Aliás, isso pode muito bem ser falso, há coisas aí que sequer aconteceram! – Ouvi Lily dizer, embora o som de sua voz começasse a parecer distante. - Como você pode ter conseguido essas memórias? Que relação você tem com o garotinho que parece ser nosso filho?

- Há mais para ver. – ele rebateu gentilmente. – Como eu disse, vocês entenderão tudo no fim.

Harry apontou a varinha para a penseira, e outras memórias começaram. O bebê que chorava na memória anterior era agora uma criança pequena e a ferida agora era uma cicatriz em forma de raio maculando a testa daquela criança. Ele estava chorando de forma contida em um lugar pequeno e escuro, obviamente assustado. Quando a porta foi aberta foi possível ver o colchão velho e o cobertor esfarrapado, ficou nítido para todos que o pequeno armário servia de quarto para a criança.

Lily chorou abertamente enquanto assistimos horrorizados a criança daquela memória crescer sob o abuso constante de seus guardiões. Para ela duas vezes mais dolorido: aquele era, para todos os efeitos, seu filho e os algozes da criança eram sua irmã e o marido dela. Apesar de todos os problemas que as duas tiveram, Lily nunca deixou de amar a irmã.

Que Petúnia Evans repudiava a magia da irmã não era novidade para mim, tampouco que no fundo ela tinha inveja de suas habilidades. Mas transformar isso em ódio contra o próprio sobrinho, o único pedaço restante da irmã morta e uma criança inocente, a ponto daquelas atrocidades era algo que não dava para entender.

A criança cresceu, recebeu sua carta de admissão em Hogwarts e sequer teve permissão para lê-la. Seus tios fugiram com ele para o meio do nada e foram encontrados pelo meio gigante gentil chamado Hagrid. Nós vimos os olhos do menino brilhando de alegria e curiosidade mal disfarçada quando o homem o levou pelo Beco Diagonal. Assistimos seu primeiro passeio de trem, fazer amizade com um garoto ruivo, sua seleção, e o momento em que meu eu mais velho e visivelmente mais amargo pôs os olhos no garoto pela primeira vez.

Eu me vi antagonizar o garoto em sua primeira aula de poções. Por quê aquela versão minha era tão idiota, pelo amor de Merlin?

As memórias continuaram: no primeiro ano ele enfrentou um Trasgo com o garoto ruivo para salvar uma garota de cabelos castanhos e espessos, teve sua vassoura amaldiçoada e enfrentou um bruxo adulto possuído por Voldemort. No segundo ano havia um basilisco, uma garota ruiva e outro pedaço da alma de Voldemort. No terceiro ano do garoto, Remus surgiu como professor de defesa contra as artes das trevas e Sirius como um fugitivo de Azkaban; o menino usou um vira-tempo para ajudar o homem e, de quebra, um hipogrifo, além de enfrentar vários dementadores de uma vez. No quarto ele foi escolhido como o quarto campeão de um torneio tribruxo, brigou com o garoto ruivo, teve que enfrentar um dragão, quase se afogou, foi sequestrado, obrigado a ver seu companheiro ser assassinado, teve seu sangue usado em um ritual para trazer Voldemort de volta ao mundo dos vivos, obrigado a duelar e desaparatar de volta ao castelo carregando o corpo sem vida do outro garoto. No quinto ano ele foi ridicularizado, punido com uma pena de sangue pela vadia que sempre usa rosa, Dolores Umbride, atormentado com visões dolorosas das atividades de Voldemort e em seguida com aulas de oclumência onde eu, mais uma vez, fui um total bastardo com o menino. No fim daquele ano uma visão falsa o levou ao ministério e nós praticamente podíamos ouvir o grito angustiado que ele emitiu quando Sirius Black foi atravessou o véu.

Em seu sexto ano eu me vi assassinar o diretor na frente do garoto e fugir com outros comensais da morte, inclusive o garoto loiro que deveria ser filho de Lucc.

No que deveria ter sido seu último ano em Hogwarts, nós assistimos o garoto e seus dois amigos – o ruivo e a menina de cabelos espessos – em constante fuga, caçando os objetos que guardavam os pedaços restantes da alma de Voldemort. Eles foram perseguidos, capturados, a garota foi torturada... Comensais atacaram a escola. Houve uma grande batalha. Eu me vi ser atacado pela cobra de Voldemort e entregar minhas memórias antes de morrer nos braços do garoto. O vi caminhar resignadamente ao encontro de Voldemort. Ele foi atingido em cheio pela maldição da morte e sobreviveu para matar o Lorde das Trevas de uma vez por todas.

Ele foi a diversos velórios, incluindo o de Remus e sua esposa. Ele segurou brevemente o filho de ambos, seu afilhado se eu havia entendido corretamente, antes de quebrar e chorar copiosamente pela perda de ambos. Quando parecia que tudo havia terminado e ele poderia se reerguer, seus amigos foram sequestrados, assassinados e seus corpos foram jogados na entrada do ministério. Depois disso tudo era uma confusão, uma alternância entre pequenos momentos de sobriedade e muitos de total embriaguez...

Eu não precisava ver as últimas memórias para saber do que se tratava. O garoto da imagem, o filho órfão de James e Lily, se transformou em Harrison, meu Harry.

- Meu nome de batismo é Harry, não Harrison. Mais especificamente Harry James Potter. – ele disse quando a exibição de memórias chegou ao fim. – James e Lily Potter são meus pais. Remus Lupin e Sirius Black, meus padrinhos. Na minha linha do tempo, antes de eu nascer, quando Tom estava no auge, surgiu uma profecia que dizia que aquele com o poder para derrotá-lo nasceria no fim de julho. Parte dessa profecia foi ouvida pelo comensal da morte Severus Snape – meu coração falhou uma batida nessa parte e, de repente, eu senti frio – que entregou a ele em seguida. Duas crianças nasceram no fim de julho mas Tom decidiu que eu era essa criança da profecia. Em desespero, o comensal procurou Dumbledore e implorou por ajuda, em troca ele se colocou a disposição do diretor, que resolveu arriscar sua vida transformando-o em um espião. Nossa casa foi colocada sob o feitiço Fidelius, mas fomos traídos por Peter, que era guardião do segredo. Na noite de 31 de outubro de 1981, quando eu tinha pouco mais de um ano, Tom invadiu nossa casa e matou meu pai. Ele ainda ofereceu poupar minha mãe se ela o deixasse me matar. Ele a matou quando ela recusou e o sacrifício dela me protegeu quando ele tentou me matar. Essa foi a primeira vez que eu fui atingido pela maldição da morte. Tom desapareceu naquela noite e o resto vocês viram. Com a profecia pairando sobre a minha cabeça, eu fui obrigado a enfrentar o bruxo até finalmente derrota-lo. Perdi todos vocês no processo. Quando meus dois melhores amigos também foram mortos por minha causa, eu quebrei além do reparo. Quando eu encontrei uma forma de viajar ao passado, não tive dúvidas do que deveria fazer...

Harry continuou falando, mas eu já havia parado de escutar. Estava entorpecido, fora de órbita. Não queria acreditar que havia me apaixonado por alguém do futuro que, além de tudo, era filho de James e Lily. Não queria acreditar que eu havia me tornado um comensal, nem que fui o responsável pela morte dos dois e pelo sofrimento de Harry. Também não queria acreditar que eu  tinha sido aquele bastardo assassino das memórias. Tampouco queria dar ouvidos às vozes na minha cabeça que diziam que meu relacionamento com Harry não passava de uma artimanha dele para me manter longe daquilo, para evitar que seu seguisse aquele caminho, não por mim, mas pelos pais.

Eu levantei e caminhei até a porta, vagamente ciente de ouvir Harry me chamando.

A caixinha no meu bolso parecia estar pesando uma tonelada durante aqueles poucos passos.

Mais senti do que vi Harry me alcançar e agarrar meu braço antes de eu sair. Eu não podia encará-lo naquele momento, tinha a certeza de que faria algo estúpido e me arrependeria depois. Me desvencilhei do seu aperto e saí, atravessando o castelo tão rápido quanto minhas pernas podiam me levar, tentando afastar as lágrimas dos meus olhos e o sentimento de traição que se instalou no meu coração.

Ele correu atrás de mim por todo o caminho, gritou por mim, implorou que eu parasse e o ouvisse. Não parei até atravessar os portões e a última coisa que ouvi antes de desaparatar foi o meu nome deixando seus lábios em um sussurro entrecortado quando ele finalmente me alcançou.



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