Eu odeio os domingos, porque os domingos me lembram segundas as quais eu realmente odeio, pois elas são culpadas de mais um dia terrível de aula. Levantei da cama às 09h50, desci até a cozinha, tomei um café enquanto comia biscoitos de chocolate, senti um peso nos ombros, percebi que era uma mão, e já sabia de quem era.
— Sem biscoitos no café da manhã, Di. — Reclamou minha mãe dando um sorriso sarcástico, olhei pra ela mas a ignorei, e logo um silêncio tomou conta do local, mas por pouco tempo. — Olha, eu sei que não se mudamos para o melhor lugar e também sei que fizemos você passar por um momento difícil, se afastando dos seus amigos, e... — Eu logo a interrompi.
— Amiga, você quis dizer, eu só tenho uma amiga. - Disse deixando-a frustrada, em seguida sai dali. Agora era difícil olhar pra cara da minha mãe, depois que ela convenceu o papai a se mudar de onde morávamos pra se enfiar nesse fim de mundo.
Se alguém acha que o fato de eu ter só uma amiga me deixava triste, se engana, pois a Kim valia por mil amigos, eu adorava aquela vadia, nós somos uns 'amorzinhos' juntos, formaríamos um belo casal, isso se ela tivesse pênis. A Kim ainda não sabe que eu sou gay, mas eu tinha a maior certeza do mundo de que ela já sabe em oculto, eu só não falei isso pra ela pois eu tenho medo de algo dar errado, eu tenho muito medo de confiar nas pessoas, mesmo que ela seja minha melhor amiga, eu ainda tenho esse receio, mas sei que um dia irei dizer.
As horas se passaram, tomei um banho e desci para o almoço, vi meu pai sentado na mesa com minha mãe, juntei-me à eles. Não gosto de almoçar/jantar ou 'whatever' com minha família, eles ficam procurando qualquer assunto para que saia alguma palavra da minha boca, bom, as vezes eles conseguem e quando conseguem se arrependem, então na maioria das vezes as horas de comer são 100% em silêncio. Infelizmente, meu pai havia quebrado o silêncio fazendo uma questão idiota, a qual não queria ouvir e que estava evitando falar/ouvir qualquer coisa sobre o assunto, sim, a escola.
— Já arrumou tudo para a escola amanhã, Di? - Meu pai perguntou com sorrisos no rosto forçados e sem graça.
— Não, pai. - Falei entediado.
— Então é melhor arrumar, os feriados acabaram... Veja só, meu rapaz já está grande, indo pro segundo ano. — Meu pai dizia dando risadas junto com minha mãe, agora, pareciam verdadeiras, enquanto bagunçava meu cabelo.
— Para! — Exigi tirando a mão dele da minha cabeça e sai dali, pra mim o almoço já tinha acabado e só de imaginar que ainda tinha o jantar, já fico triste.
As vezes penso que tudo isso é só uma fase de adolescente, ou porque tudo é um saco mesmo, e então vou no banheiro fazer o que eu faço de melhor, me cortar. Eu comecei com isso quando tinha uns 14 anos, antes eu tinha medo de realmente acertar uma veia, mas agora não me importo mais. É uma sensação tão boa, a dor dessas linhas retas nos seus pulsos, não sou masoquista, mas é que essas dores são pequenas comparando com as quais eu sinto de tudo que acontece comigo. Não aguento mais o maldito bullying na escola, nunca tive sossego, sempre fui piada da classe, não suportava o meu corpo, e o que fazia quando trancava o meu quarto. Pra mim era uma maior segurança trancar o quarto ou quando ninguém estava em casa, e foi o que aconteceu depois do almoço, meus pais havia saído e a casa ficou toda pra mim, comecei a tirar minha roupa e fiquei pelado pela casa, eu adorava ficar pelado, me sentia livre, e era melhor quando ficava ereto, andar pela casa com meu pau duro é uma sensação maravilhosa. Acessei sites pornô gay, com uma mão masturbando-me, era difícil descola-la do meu pau quando aquilo tudo acontecia. Ainda achava tudo aquilo pouco, peguei um lubrificante da minha mãe, encharquei os dedos e penetrei dois deles no meu ânus, oh sim, era uma sensação maravilhosa, fui abrindo mais com o terceiro dedo, enquanto a outra mão masturbava o meu pau, e eu gemia, chamando pelo nome do meu 'crush' Gustavo. Gustavo era meu colega de sala, ele tinha a mesma idade do que eu, 16, ele era uma delícia, branco, cabelos negros cacheados, olhos castanhos, e um físico malhado, mas não tão forte. Eu tinha vários pensamentos sexuais com ele, mas infelizmente ele é hétero, pelo menos é o que aparenta ser, a pior coisa de quando um gay tem um 'crush' por um hétero é quando um gay se apaixona por um hétero, o que não é meu caso, tudo o que eu quero com ele é só foder. Depois de muitos gemidos e cenas de sexo na minha cabeça acabei gozando ali no chão, tirei os dedos do meu ânus, e cara, me sentia arrombado. Limpei toda a bagunça antes que meus pais chegassem e vissem que o filho deles é uma puta vagabunda.
No dia seguinte acordei pelo maldito despertador, eu enxergava tudo negro, e só conseguia pensar em ir pra escola, isso só martelava minha cabeça, acordar cedo já era um pé no saco e saber que era obrigado ir pra escola, é a minha morte. Me arrumei, peguei minha mochila, desci, peguei uma maça e fui comendo enquanto caminhava em direção a porta da frente de casa, minha mãe deu tchau e eu respondi acenando de costas pra ela. Chegando na escola já abaixei a cabeça, não conseguia olhar pra cara de ninguém, todo mundo me dava nojo, até que me deparei em meu maior desafio pra chegar até a sala de aula, o corredor, eu odiava corredores de escola, todos os alunos vagabundos ficavam neles, zombando de pessoas indefesas, e uma delas, claramente era eu. Passei pelo corredor ainda com a cabeça baixa, tentando não ser notado, mas claro que era impossível, ouvi gracinhas daqueles idiotas, tudo o que me dava vontade era de arrebentar a cara de cada um. Distraído com as vozes que diziam coisas ofensivas ditas por aqueles imbecis martelando minha cabeça, tropecei batendo a cara no chão e só ouvia risadas, tinha tropeçado pois um deles havia colocado o pé de propósito no meio do meu caminho. Naquela hora eu queria não ter existido, maldita hora em que minha mãe foi fazer força pra um bebê inútil cabeçudo como eu vir pra essa droga de mundo, em meio aos pensamentos de constrangimento, senti uma mão nas minhas costas tentando me ajudar a levantar, virei-me e percebi que era uma garoto de pele morena, cabelos castanhos escuros, olhos castanhos, e um porte físico médio, nem gordo nem magro, era meio que perfeito.
— Você tá bem? — O moreno perguntava aparentando preocupado.
— Eu tô. Valeu. — Respondi dando uma última olhada rápida pra ele e continuei caminhando até a sala.
Coloquei meu capuz e deitei minha cabeça em meus braços na carteira da sala de aula. Eu só consegui pensar o quanto fui constrangido, não só por aqueles garotos idiotas, mas principalmente por aquele menino que me ajudou e eu nem sabia o nome dele, e por sinal ele era gatinho, me senti como uma dessas garotas de filmes que cai e o protagonista a ajuda a se levantar, pergunta o nome e blábláblá. A sala toda estava cheia, e só restava uma carteira, na minha frente, e bem justo nessa carteira que um garoto havia sentado, me deparei e vi que era o gatinho que havia me ajudado há uns minutos atrás, fiquei surpreso.
— Turma, este é o Christopher, o novo aluno da sala. — A professora explicava quem era a pessoa desconhecida, a qual tinha virado comentários causando um tumulto na sala. — Espero que se sinta bem aqui e que seja diferente e melhor do que sua antiga escola, Christopher. — O moreno respondia com um sorriso envergonhado pra professora.
Ninguém conhecia o Christopher, a não ser eu, eu o conhecia como o garoto que me levantou enquanto caído, há uns minutos atrás, meu herói. Eu queria chamar a atenção dele, mas não queria que ele soubesse que eu estava tentando chamar a atenção dele, então fiz uma das coisas mais bestas, joguei a minha caneta "sem querer" do lado da carteira do moreno, e o cutuquei em seguida pedindo que pegasse a minha caneta, ele se virou e lembrou de mim.
— Ei! Você é aquele garoto que eu vi agora a pouco, não é?
— É, belo jeito de nos conhecermos, não?! — Arranquei uma risada dele, ele tinha uns dentes lindos, assim como seus lábios.
— Como você se chama?
— Diogo e você é Christopher.
— Sim, mas pode me chamar só de Chris, não sou muito chegado no meu nome todo, só para algumas ocasiões. — O moreno explicou e como eu tinha uma mente lixosa de suja já pensei bobagem, "algumas ocasiões" seria em um sexo, como por exemplo eu o chamando: "Vai Christopher, me fode", sem perceber acabei dando risada dos meus pensamentos diabólicos.
— O que foi? — Chris riu junto me vendo com um sorriso no rosto safado no rosto, e claro que corei percebendo a situação.
— Nada, eu sou idiota. — Forcei um sorriso.
No decorrer da nossa conversa percebi que Christopher adorava jogos e outras coisas que só héteros entendiam, eu fingi que algumas coisas eu sabia só pra ficar dentro da conversa mesmo. Fiquei desanimado por saber que mais uma vez teria um 'crush' hétero, Chris percebeu minha cara de desanimo e minhas poucas palavras durante a conversa.
— Você é sempre assim? Calado? Ou eu que tô sendo chato mesmo? — Ele dava uma risada sem graça.
— Não! Você não está sendo chato, eu que sou. Não falo nem comigo mesmo, só penso.
— Então você é do tipo pensativo, legal, porque eu também sou assim. — Damos risadas um do outro, conversamos sobre nossos problemas até ele perceber os traços feridos nos meus pulsos, ele pegou meus dois pulsos e juntou-os. — Eu não acredito que você faz isso. Não precisa fazer isso, cara. Você sabe, um dia eles vão parar de te perturbar e você é que vai rir deles.
— Não é só por eles, é por quem eu sou, tenho nojo de mim. — Expliquei com a cabeça baixa tirando meus pulsos das mãos dele.
— E por que você tem nojo de você?
— Isso eu não posso responder. — Dei um sorriso olhando pra ele. Claro que não poderia responder, eu iria contar que enfiava os meus dedos no meu ânus e mais coisas terríveis?! Maldita puberdade e falta de rola.
Fomos cortados pela professora que reclamou da nossa conversa na sala de aula. O horário final havia batido, e eu e o Chris estávamos amigos, me despedi dele e fui pra casa. Chegando em casa tomei um banho e fui direto pro notebook, abri meu facebook e naveguei, vendo notícias, quando me deparo com uma solicitação de amizade, era meio que emocionante receber uma solicitação de amizade, não sabemos quem é até clicarmos, mas geralmente só recebia solicitação de gente desnecessária, como pessoas da família etc. Mas, dessa vez foi diferente, vi a foto e não consegui decifrar direito quem era, mas logo vi o nome "Christopher Nunes" meu coração acelerou, cliquei no perfil dele, fiquei passando as fotos do mesmo até que me deparei com uma visão mais maravilhosa, ele sem camisa em um banheiro, o corpo dele era liso, gostoso, maravilhoso, nossa, eu só fiquei ereto e minha mão já estava lá mexendo no meu pau, tirei meu short e em seguida abaixei a cueca e me masturbei vendo aquela imagem tão linda daquele corpo, fiquei imaginando altos sexos com ele, eu gemia baixo o nome dele, o Gustavo já tinha passado pra segundo plano na minha mente doentia. Sim, eu era doente, eu batia punheta pra quase qualquer um que achasse gostoso, mesmo só vendo uma foto, como aconteceu com meu professor de física, entre outros. Gozei na minha mão mas escorreu caindo no chão, era líquido demais.
Depois, finalmente aceitei o Chris no facebook, ele veio falar comigo.
Christopher Nunes: Oi Diogo.
Diogo : Oi Chris. Como me achou?
Christopher Nunes: Fácil! Quando se existe amigos em comum, haha.
Diogo: Ué, quem você conhece que eu conheço também?
Christopher Nunes: Um colega de sala, acho que é Gustavo.
Diogo: Ah é! Gustavo... Quem não conhece aquele garoto?! Chris, estou saindo aqui, nos vemos amanhã, bye.
Christopher Nunes: Tudo bem, até então.
Depois de ter saído do Facebook ouço batidas na porta, mando entrar, era minha mãe, com uma cara de boba, parecia que tinha medo de algo, ela sentou-se na cama comigo e comentou algo para disfarçar o próximo assunto, que eu já sabia o que era:
— E como foi na escola hoje?
— Quer mesmo falar sobre isso? — Falei fixando nos olhos dela com minha cara de deboche.
— Olha Diogo, estou farta disso! Você não fala com ninguém, se isola, trata eu e o seu pai como se fosse qualquer um, por que você é assim? Droga! Por que você não é como... — Interrompi ela no último segundo.
— O meu irmão? — Depois que disse ela tentou desfazer o que tinha acabado de comentar, mas não conseguiu, eu fui até a porta, abri, e estendi o meu braço em direção a saída, para que ela notasse e saísse, ver a cara dela por mais um minuto, sinceramente, não sei o que faria. Ela saiu em seguida. Bati a porta como se fosse arrombá-la.
Meu irmão mais velho, Nathan, sempre foi o queridíssimo da família, segundo eles, ele era inteligente, cursava faculdade de Medicina, e já fazia estágio. Eu sempre tive ódio de ser o caçula insignificante da família, pra eles Nathan era o melhor em tudo, era super sociável, coisa que nunca fui. Ele é legal comigo, mas não dou muita bola pra ele, não só porque a família toda o exalta, mas pra mim ele é um tanto faz, nunca se preocupou comigo, já que mora em outra cidade e sozinho.
No dia seguinte, felizmente, cheguei na escola sem nenhuma perturbação, zoação ou algo do tipo, todos estavam, graças à Deus, preocupados demais com o festival que aconteceria na escola. Eles fazem esses tipos de festivais pra nomear, no dia, um representante de turma, achava aquilo ridículo, mas também não me importava, porque todos eventos que acontecia naquela escola eu faltava. Coloquei meus fones de ouvidos durante a aula de matemática, ignorei por completo qualquer coisa ao meu redor, minhas músicas soavam, claro, mais importantes. Estava em outro mundo por causa das músicas até que fui incomodado por alguns toques nas costas, virei-me, era o Chris.
— Ei! O que tá escutando? — Chris falava entusiasmado.
— Rihanna.
— Curto muito as músicas dela!
Me surpreendi, héteros gostam de Rihanna?
— Sério? — Dei risada.
— Sim, por quê? — Ele retribuía os risos.
— Esquece.
— E você... Curte esse festival? — Chris tinha mudado de assunto.
— Claro que não. Quer dizer... Nem ligo. E você?
— Pra mim tanto faz. Quem sabe eu não vou pra dar risada?
— Dar risada? Por quê? — Perguntei.
— Essas pessoas que se matam por votos, fazem de tudo, pra no final, o oposto ganhar.
— Isso não é tão engraçado. — Dei um sorriso.
— É engraçado sim. — Ele resmunga.
— Então tá, resmungão. — Dei uma aperto na bochecha dele puxando pro lado, Chris só deu risada. Quis ter um pouco de intimidade, quem sabe ele correspondia as mesmas coisas depois? Ou até coisas maiores.
Na noite, fui para o meu quarto, entrei no OoX um bate papo com webcam com pessoas estranhas, eu costumava a entrar sempre, porque sempre aparecia caras com grandes rolas, e eu como uma puta, adorava. Eu só mostrava meu pescoço pra baixo, claro, e também porque ninguém é obrigado a ver essa cara feia. Por mais que eu estava morto de cansado eu sempre tinha que me masturbar antes de dormir, eu realmente era um doente, ninguém me agradava naquele chat, até que parei em um moreno, conversei, ele me mostrou o pau dele, em seguida ele pediu pra esperar, segundo ele ele já voltava. Passaram-se 3 minutos, o sono estava tomando conta de mim totalmente, acabei adormecendo, com o meu notebook no meu colo, o chat do OoX ali aberto, minha conversa totalmente indecente com o cara, e algumas abas abertas em sites pornô gay.
Despertei no dia seguinte, não lembrava de como eu tinha dormido, qual tinha sido minha última ação antes de dormir, só sabia que era sábado e eu poderia aproveitar, ah, sábado, um dos melhores dias. Comecei a me recordar do acontecido de ontem, comecei a gelar sem motivo, mas em seguida o motivo veio a tona, onde estava meu notebook? Não me lembro de ter colocado em nenhum lugar, tinha certeza que deixei no colo, a porta do meu quarto estava meio aberta, olhei para todos os lados do quarto e vi que o notebook estava no criado mudo, eu tremi, gelei, lembrei-me de que não tinha desligado, tudo estava aberto, quem tinha colocado meu notebook ali? Com certeza teria sido minha mãe, eu realmente não queria estar ali, vivo, que constrangimento, que sentimento mais horrível, minha mãe soube que eu sou gay da pior maneira possível, uma puta gay. Eu não tinha escolhas, e fiz algo que não sou muito bom mas sempre faço quando estou com um grande problema, pedir favores à Deus, o errado é que, lembrar Dele só quando nós precisamos, é meio egoísta, mas nessa hora não me preocupei muito, apenas pedi. Parecia que tinha engolido um caroço enorme no pescoço, o meu medo só aumentava, e o pior de tudo era, eu teria que descer pra tomar café da manhã.
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