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História Vidas entrelaçadas - Capítulo 4- Pandinha


Escrita por: DomiFagundes

Notas do Autor


Oi pessoal!! como vocês estão??
Como eu fiquei três dias sem postar capítulo, eu vou postar três capítulos hoje para compensar, ok??
Espero que gostem do capítulo
beijinhos S2

Capítulo 4 - Capítulo 4- Pandinha


Fanfic / Fanfiction Vidas entrelaçadas - Capítulo 4- Pandinha

Meu corpo pesava, minha cabeça latejava e minha boca estava extremamente seca. Olhei pra o lado e constatei que aquele não era meu quarto. Primeiro porque não havia sofá. Segundo porque era possível ouvir o barulho do chuveiro e minhas amigas odeiam tomar banho de manhã. Desesperei-me ao pensar que eu poderia ter feito alguma coisa e olhei embaixo do cobertor para me certificar de que eu não estava completamente pelada na cama de um desconhecido.

Como um click, as lembranças da noite anterior tomaram minha mente e eu simplesmente queria desaparecer. Eu não deveria ter beijado ele, e muito menos deveria ter dito o quanto ele beija bem. Cobri-me até o pescoço enquanto pensava no que eu faria para consertar o que eu havia feito, mas nada me vinha à mente.

Ouvi o chuveiro ser deligado e o Dylan saiu apenas com uma toalha pendurada na cintura. Seu abdômen definido estava à mostra e seus olhos estavam mais claro que o normal.  Tentei controlar a minha respiração e desviar o olhar, mas meu cérebro não mandou o recado para o meu corpo. Senti vontade de espirrar e logo o garoto me encarava assustado

-Desculpa, eu não sabia que você estava acordada- eu ia dizer que não tinha problema, mas minha garganta falhou e apenas um som inaudível deixou minha boca- Eu deixei um copo de água e um remédio para dor de cabeça ao seu lado- olhei para a mesinha e encontrei o que ele havia dito.

-Obrigada... De novo – sorri e levei o remédio até minha boca.

-Disponha- ele se dirigia para o banheiro com uma cueca, uma blusa e uma calça jeans.

-Dylan... Sobre ontem – o chamei e mordi meus lábios para tentar conter o sorriso ao lembrar do beijo- desculpa por ter te beijado. Quer dizer, eu estava bêbada e... - Meu deus, o que eu estou fazendo? -foi um erro- não, não foi- e a gente podia esquecer isso – não, não podemos- certo? - me levantei da cama passando a mão pelo meu cabelo que deveria estar todo bagunçado.

-Laura- ele se aproximou fazendo o meu coração disparar- você sabia que não se pede desculpa quando beija alguém? - seu corpo estava tão perto e meu corpo relaxava à medida que eu sentia sua mão percorrer minhas costas.

O que ele estava fazendo?

 Nossos corpos estavam colados e eu senti a toalha molhada encostar-se às minhas pernas. Nossos olhos não desviaram em nenhum momento e sua boca aproximava-se da minha orelha. Meu ponto fraco

- Muito menos pede para esquecer- ele piscou se afastando, e, subitamente, me deixando com frio. Como se ele tivesse sido capaz de tirar uma atmosfera quente que existia ao meu redor quando estávamos próximos

- Hmm... Eu tenho que ir me encontrar com as meninas – Eu disse e ele se levantou junto comigo enquanto uma risada gostosa deixava seus lábios.

-Acho melhor você tirar a maquiagem antes- corri até o espelho do banheiro e me assustei ao ver o estado que eu me encontrava.

-Deve estar por aqui- ele disse entrando no banheiro e mexendo em algo que fazia um barulho como se potinhos de vidro estivessem se esbarrando

-O que?

-O demaquilante da Carol

Constatei que o banheiro estava uma bagunça assim que notei uma pia repleta de maquiagens misturadas a outras coisas que, muito provavelmente, eram do Dylan

- Achei- Ele me entregou um algodão com um pouco do líquido e eu passei na minha face removendo a mancha do meu olho.

O celular do Dylan tocou e ele foi em direção ao quarto enquanto eu observava o garoto com uma sensação esquisita em meu estômago. Com toda a certeza do mundo aquela comida mexicana estava me fazendo mal

-É tão complicado... Sim eu sei... Estarei aí em quinze minutos... Prometo não demorar- ele desligou o celular e colocou o rosto na fresta da porta- Vou me trocar aqui no quarto então não sai dai... Ou sai se quiser- falou e eu taquei uma toalha no rosto dele antes de fechar a porta. Fiquei um tempo me encarando no espelho e levei minhas mãos até os meus lábios.

- Vamos? – sai apressada quase tropeçando eu uma mala que estava no meio do caminho- só lembrando que você tem que chegar com vida ou vão achar que eu sou responsável por um homicídio. E aí...- ele gesticulava com a mão fazendo uma expressão cansada- vai ter toda aquela papelada, aquele lance de advogados, e eu estou até com preguiça de pensar em todo o longo processo pelo o qual eu teria que passar

-Vai ganhar o prêmio de piadista do ano– revirei os meus olhos na brincadeira e fomos em direção ao refeitório.

Ele estava mais uma vez vestindo um casaco e usando óculos escuros. O que era uma pena, porque o cabelo dele era lindo. Não que eu reparasse nisso, é claro.

-Eu tenho que ir resolver umas coisas agora pandinha

-Pandinha? Sério? - falei rindo e nos despedimos com um leve acendo e um sorriso de canto que parecia surgir em nossos rostos em uma sincronia assustadora.

Analisei atentamente o restaurante do hotel e eu, sabia, que não seria fácil achar os meus amigos naquela enorme bagunça de pessoas, mesas, garçons e crianças correndo sem rumo. Era quase um caos se não fosse pelas comidas maravilhosas dispostas em uma enorme mesa coberta por uma toalha branca que se estendia até o chão.  E foi pensando na diversidade de comida que eu me vi pegando um prato e comecei a me servir, no caso, só coloquei uma montanha de panqueca.

-Bom dia Laurita

Uma menina com um sorriso radiante parou ao meu lado intercalando seu olhar entre mim e o prato lotado de panqueca. Seu olhar parecia perdido por alguns instantes até que, rapidamente, voltou a focar seu olhar em mim

-Você e seu irmão são péssimos em inventar apelidos- ela riu me envolvendo em um abraço

Meu bolso vibrou e eu torcia para não ser nenhuma mensagem da minha mãe. Agradeci mentalmente quando vi o nome do Pedro ao lado de um emoji de nojo, brincadeira, esta, que fazíamos um com o outro desde sempre.  Ele me dizia que estava em uma das mesas do café da manhã, o que não ajudou muito até eu ver um braço estendido em nossa direção.

– Vem- puxei a garota até a mesa e a apresentei para o pessoal

- Então... Onde a senhorita passou a noite? Foi com o Andy não foi? - Droga! Ainda tinha essa.

-Na verdade, Cami, eu dormi no quarto dela, né?

-Foi sim – A Carol disse

-Eu não sabia que você curtia meninas Lau- A Cami falava com curiosidade- mais uma para o meu time - ela brincou falando a respeito de ser bissexual.

A Cami havia se assumido bissexual para nós e para o Pedro ao mesmo tempo, pois, assim que eles começaram a namorar ela achou importante revelar isso para ele para que ele a conhecesse como um todo e não só como uma parte. Afinal, ela gostava de menino e menina, e não tinha problema nenhum nisso.

Segundo ela, foi a primeira vez que ela assumia para alguém além da mãe, e que, apesar de difícil, havia sido uma das experiências mais libertadoras que ela já havia vivenciado

-Não foi dessa maneira- sorri- ela me ajudou ontem na festa já que passei um pouco do limite

A Carol assentiu comendo seu enorme prato de frutas

-Não sei nem como aguentei dormir com ela- um sorriso se formou em seu rosto entregando a brincadeira- ela ronca demais

-Eu não ronco não – Fechei a cara tentando conter a risada que parecia me invadir completamente.

De algum modo eu havia acordado naquela manhã com uma energia que parecia energizar cada parte do meu corpo. Eu me perguntava como isso era possível visto a quantidade de bebida que eu havia ingerido na noite anterior

 Durante o café da manhã, conversa vai... conversa vem... e não demorou muito para que a Carol conversasse com todos como se fosse nossa amiga a anos.

A manhã passou incrivelmente rápida em meio a mergulhos na piscina e no mar. Entretanto, na hora do almoço, decidimos sair um pouco do ambiente hoteleiro e visitar a caverna já que o dia estava lindo e não havia uma nuvem sequer no céu azul claro. Poderíamos ter ido com o transporte da agência de viagem que havíamos contratado, mas a Carol disse que estava de carro e que, dessa forma, poderíamos aproveitar para passear um pouco pela cidade.

No começo, pensei que não fosse caber todos nós, mas me surpreendi ao ver uma minivan estacionada na parte de trás do hotel. Eu me questionei a respeito do porquê ela ter alugado um carro tão grande, mas me contive e não perguntei de modo que aquela pergunta rodava em minha cabeça de forma curiosa como se tivesse algo muito maior por trás de algo tão simples

-Gente! Peguem seus celulares- a Alice anunciou e todas fizeram isso enquanto a Caroline olhava a estrada a sua frente e eu procurava uma música decente no rádio. Gritinhos histéricos preenchiam o carro e eu já sabia do que se tratava

-O que está acontecendo? – a Carol perguntou com uma curiosidade estampada em seu olhar, e eu apenas fui capaz de tampar meus ouvidos para evitar que as vozes agudas perfurassem meu tímpano

-É um cara que elas são fãs- respondi evitando pensar no show que ocorreria em algumas semanas

-E como são – sorriu

Olhei pela janela assim que fui avisada que havíamos chegado, e eu me impressionei com o lugar. Havia árvores por todos os lugares e a água dentro da caverna era mais azul que o olho do Pedro.

-Esse lugar é...

-Incrível – eu e a Carol completamos a fala da Bia e eu notei uma lágrima escorregar pela bochecha da garota

Seu olhar agora parecia envolto em pensamentos e, mais uma vez, eu sabia, dentro de mim, que havia algo naquela atmosfera que vinha deixando a Carol completamente nostálgica e um pouco... triste? Não saberia dizer ao certo, mas seu olhar se perdia em alguns momentos

-Está tudo bem? – Ela apenas assentiu e disse esse lugar trazia boas recordações.

Realmente havia algo que fazia com que ela ficasse imersa em pensamentos de uma hora para a outra

Andamos até pararmos bem em frente daquele cenário maravilhoso e aproveitamos para tirar uma foto todos juntos.

-Quem vai entrar primeiro? - perguntei sentindo um frio na barriga ao ver a distância que nos separava da água

-A Cami- O pê sorriu a desafiando e a mesma retirou sua roupa ficando apenas com o biquíni. Meu amigo babou como sempre e levou um tapa de leve da namorada

-Só se você vier junto

-Nem pensar. Quem acha que ela deveria ir antes? - ninguém levantou a mão e o garoto bufou- Tudo bem

Os dois se abraçaram e fizeram um drama básico antes de pular.

-Sua vez agora Lau- Olhei para baixo e mesmo que não fosse tão alto, devo admitir que dei uma travada

-Acho melhor eu esperar aqui mesmo. Deve estar bem gelada a água – dei uma desculpa esfarrapada

-Vamos lá, vai ser divertido! -olhei para a Carol e concordei com a cabeça

-Mas você vem comigo- retruquei a fazendo rir da minha infantilidade

-Sabe o que é Lau... Tenho alergia à água

-Olha, eu realmente não sei quem deu a pior desculpa- o Pedro disse causando um eco lá embaixo.

-Tudo bem, vamos - puxei-a e contamos até três antes de nos jogarmos.

Afundei na água e me senti leve. Essa sensação definitivamente poderia durar para sempre. Subi até a superfície e olhei para cima bem na hora em que a Bia, a Helô e a Alice pularam todas juntas. Daria uma ótima foto no ângulo em que eu estava.

-Essa água está uma delícia.

-Nem me fale Cami- falei em um suspiro

Depois de algumas horas naquele paraíso, fomos dar uma volta por Cancun e me surpreendi com o quanto a Carol conhecia esse lugar.

-Este é o melhor restaurante de todos. Eu costumava vir aqui, mas depois de um tempo perdeu a graça- seu sorriso desapareceu e eu me peguei pensando no que poderia ter acontecido- mas a comida ainda deve continuar sendo maravilhosa- Eu havia acabado de conhecer ela e o irmão, mas eu sabia que Cancun mexia com eles de uma forma inexplicável-hm... O que vocês acham de jantarmos aqui hoje? -Seus olhos brilharam quando concordamos.

Entramos no local e nos sentamos em uma mesa perto de um jardinzinho. Aquele restaurante era tão bonito e tudo nele parecia me chamar a atenção. Desde o chão como uma madeira clarinha até as paredes preenchidas por quadros com paisagens tropicais. E a área externa era de tirar o folego. O jardim possuía luzinhas por toda a parte e miniaturas e borboletas de diversas cores rondavam o local como se estivessem em casa. E o que surpreendia, é que talvez elas estivessem.

-Boa noite! Já sabem o quem vão pedir? Temos o especial da Ca... Não acredito! Carol quanto tempo- O garçom falava em espanhol e assim que colocou os olhos a Carol passou a falar inglês. Os dois se abraçaram como velhos conhecidos- você não vem aqui desde o... - A garota assentiu o cortando- hm...  Vai querer o de sempre?

-Sim! Com pimenta extra

-Pode deixar, e vocês?

-Carol, quer me ajudar? - Perguntei já que eu não fazia ideia

-Esse aqui- apontou para o cardápio e me pareceu bom. Todos fizeram seus pedidos e logo os pratos já estavam sendo servidos

- “La noche” para a senhorita- disse colocando um prato muito bem decorado, mas um pouco... diferente, na minha frente- se precisarem de mais alguma coisa é só chamar

Eu provavelmente estava com uma expressão muito estranha em meu rosto ao ver o que eu comeria, uma vez que a Carol ria descontroladamente como se eu estivesse a atacando com cócegas.

-Você vai amar! Experimenta- assim que coloquei na boca comprovei que ela estava certa. Aquilo era maravilhoso

Não parecia com nada que eu já havia comido na vida. Até mesmo a combinação dos temperos e a textura eram novidades para mim. Como eu nunca havia comido aquilo antes? Eu mastigava divagar na expectativa de fazer aquele momento durar mais. Soltei um suspiro de satisfação, e percebi que a Carol me observava com um sorriso no rosto em aprovação.

 Pagamos a conta depois de conversas e risadas e nos preparávamos para irmos embora quando ouvimos o nome da Bia ser pronunciado. Assim que virei para trás avistei o mesmo garoto do dia da balada ao lado do irmão babaca. Revirei os olhos e voltei minha atenção para meu prato, agora, vazio.

-Oi Andrew- Ela levantou dando um beijo na bochecha do garoto- Oi Bruno. O que vocês estão fazendo aqui?

-Eu vim jantar aqui com o meu irmão, mas ele acabou chegando atrasado e eu acabei jantando antes, então, estávamos indo embora.

-Eu estava fazendo coisas mais importantes, por isso, me atrasei.

-Sim, sabemos que coisas são essas- o clima estava tenso entre os dois e eu senti alguém tocar no meu braço.

 -Não vai me cumprimentar? –perguntou e eu apenas dei um “oi” seco- será que a gente pode conversar? -disse mais baixo apenas para eu ouvir

-Tenho que voltar com as meninas. Não vai dar Bruno- falei me desvencilhando da sua tentativa de me abraçar

-Eu te levo de volta-insistiu e eu concordei apenas por não estar com vontade de discutir

O Bruno foi em direção a uma rua estreita que ficava entre o restaurante e outro estabelecimento e, cada vez que entravamos mais na rua, um sentimento ruim se apossava de mim

-O que você quer? – falei grossa

-Você

-Só isso? Então estou indo, porque isso você não vai ter nunca mais.

-Qual é Laura! você achou mesmo que você era uma exceção? Eu não me relaciono com ninguém, sacou? - seu tom de voz mudou e eu comecei a ficar assustada.

Sua mão foi para a minha cintura e ele me apertou contra a parede. Seu cheiro era de álcool e eu tive a certeza de que ele havia bebido.

-Me solta Bruno- tentei empurrar ele para longe, mas não conseguia.

-Eu tentei ficar com você, mas você não me deu o que eu queria- seu olhar foi para o meu seio e eu me desesperei.

-Bruno! - gritei, mas o imbecil se aproximou ainda mais encostando nossos lábios.

-Solta ela, seu desgraçado-uma voz em inglês surgiu atrás de mim.

-Ou o que?

-Você definitivamente não vai querer saber- a mão do menino fechou com força e disparou uma sequência de socos no rosto do Bruno o fazendo cair

-Você está bem? - Assim que olhei para o seu rosto corri para abraçá-lo, mas em um movimento rápido o Bruno se levantou e chutou o Dylan na região do estômago. O loiro deu outro soco e o empurrou– não chega mais perto dela

-Fica frio, eu não vou

-Acho bom mesmo. Aliás, não faça isso novamente, independente de quem seja. Não se força ninguém a fazer essas coisas, deu para entender? – O Dylan lançou um olhar assustador para o Bruno que apenas concordou e se afastou

Caminhamos até o carro dele e ele tirou a toca deixando seu cabelo à mostra.

- Quantos sustos você ainda vai querer me dar nessa viagem? - perguntou e eu o abracei afundando minha cabeça em seu pescoço

-Você realmente é bom em salvar pessoas- disse, mas não consegui sorrir.

Eu estava assustada e me perguntando se ele teria mesmo coragem de levar aquilo para frente. Será que ele teria mesmo coragem de me...

-Hey -Pegou em meu queixo me fazendo olhar em seus olhos- ele não vai fazer nada com você. Eu prometo- Ele depositou um beijo em minha bochecha enquanto permanecíamos abraçados.
            -Dylan- Eu disse depois de um tempo em silêncio. Seu olhar estava concentrado na estrada a sua frente - O que você estava fazendo lá?

-Eu tinha tido uma reunião de trabalho hoje o dia inteiro praticamente. Eu estava indo pegar meu carro quando ouvi você gritar.

-Mas você não é dos Estados Unidos? Quer dizer, você trabalha aqui também?

-O trabalho me segue – Ele estacionou o carro na garagem do hotel e colocou a toca novamente. Caminhamos até o elevador juntos

- Obrigada de novo, de novo e de novo

Nos despedimos antes dele sair no andar dele com mais um agradecimento sincero saindo da minha boca. Eu não tinha palavras para agradece-lo. Porque se ele não tivesse chegado a tempo, eu teria sido marcada para o resto da minha vida. E eu sabia, dentro de mim, que anos se passariam e aquilo ainda existiria em mim como um fantasma do passado.  

Abri a porta do meu quarto e encontrei as garotas fazendo uma guerra de travesseiro como se estivéssemos em outra época quando aquilo era normal entre a gente.

-O que aconteceu? – A Carol veio correndo em minha direção e eu sussurrei em seu ouvido “seu irmão me salvou pela terceira vez”

-Lau, você está bem? O que aquele desgraçado tentou fazer?

Minha amiga parecia soltar fumaça e seu rosto estava vermelho entregando a raiva que já sentia mesmo sem saber o que, de fato, havia acontecido.

-Eu estou bem Lice. Agora eu estou. Ele estava bêbado e... –Balancei a cabeça- Ele tentou me .... -Parei a frase pela metade incapaz de dizer “estuprar. Aquilo estava martelando em meu peito, e eu não sabia como fazer aquela dor sem marcas físicas desparecer

 As meninas me abraçaram antes que eu desmoronasse em lágrimas. Minha adrenalina havia tomado conta do meu corpo, e eu me permitia a tirar de dentro de minha toda aquela sensação ruim que saia em forma de choro

-A gente não devia ter te deixado lá. Mas que droga!

-Não dava para prever esse tipo de coisa- respondi sincera

 Essa era a mais pura realidade. A gente não pode se culpar pelas coisas que acontecem em nossas vidas. Pois, além de não termos o completo controle do amanhã, a culpa só nos afunda cada vez mais até nos encontrarmos em um buraco escuro sem saída. É preciso perdoar para seguirmos em frente e, de alguma forma, eu começaria, a partir de hoje, a trabalhar dentro de mim a jornada de perdoar o Bruno. Não por ele, mas por mim. Porque uma vida repleta de perdão é muito mais leve do que uma vida repleta de rancor.



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