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História Vier Monde - Sonhos


Escrita por: bullshift e markie

Notas do Autor


PERDOA O ATRASO DE 1 DIA, PERDOA. Mas nós não queríamos postar com pressa e sem conteúdo e certeza de que estava tudo certo (apesar de eu acreditar que deve ter algum erro perdido no meio). Eu, Camille, senti falta de vocês... Sempre saio nas sextas e não posso falar com vocês. Mas estou aqui hoje e já digo que o capítulo tá cheio de novos sentimentos e MUITAS perguntas, vindas das duas partes. Aproveitem, queremos que nos digam o que acham e que (principalmente) os leitores ghosts escondidinhos falem conosco, queremos fazer amizades. :c
Enfim, boa leitura, aproveitem, até depois! ♡

Capítulo 6 - Sonhos


Fanfic / Fanfiction Vier Monde - Sonhos

À medida que observava Jeongguk preparar seu café da manhã, com seu queixo apoiado na bancada, não parava de pensar naquelas cenas que vira enquanto dormia. A princípio tudo começou bem, ele havia visto coelhos se alimentando, avistado o moreno que tanto possuía afeto, mas conforme as cenas se passavam, tudo pareceu ficar cinza e via animais em situações perigosas, sem mencionar risadas maldosas de rostos que não conhecia. Aquilo deveria se chamar pesadelos, por ouvir Jungkook comentar outrora. Definiu que definitivamente não eram coisas boas.

O rapaz à sua frente demonstrava notar sua quietude mais extensa, e diversas vezes olhava-lhe com um semblante preocupado, aparentando sentir suas emoções que seu âmago não fazia o bom trabalho de conter, assim deixando exposto em suas íris. Na verdade, Jimin estava ainda melancólico, com saudades, do seu lugar. Portanto, logo que a tigela de cereais fora entregue, alimentou-se o mais rápido possível para poder, finalmente, ver e sentir seu lar.

Percebeu, sem querer, que a vertigem antigamente dominante já não era tão presente. Deveria ter se acostumado com as mudanças constantes de floresta à cidade e vice-versa. Lembrava-se involuntariamente de quando aceitou a ideia, cuja achava absurda, de deixar o Bosque das Flores Secas. Habitava aquele lugar há tanto tempo que demoraria a contar. Vivenciou tantas situações, e, superficialmente, existia a imagem de quase todos os guardas em sua mente. Possivelmente avistara-os na época que ainda andava sobre quatro patas, por isso não tinha lembranças exatas.

Quando ocorreu sua transição, foi demasiadamente estranho. Não conseguiria outra palavra para definir. Havia sentido medo, um pouco de constrangimento talvez por conta dos olhares que constantemente recebia por ser um estranho, mas algo perambulou seu interior quando aceitou o auxílio de Jungkook naquele dia. Quem sabe por ser a primeira pessoa ao ver após sua mudança, contudo um laço indescritível formou-se entre eles, como se ele se transformasse em seu ser vivo favorito, sem quaisquer chances de alterações. Posteriormente veio Hoseok, Taehyung, e os meninos. Ele havia aprendido tanto com todos, e aquele pensamento lhe causava certo conforto, certa felicidade.

Jimin tinha a possibilidade de cair em tantas mãos, mas felizmente foi as de Jungkook que lhe acolheram e que lhe mostraram um mundo ainda mais bonito e, por mais que estivesse aprendendo, ainda era cheio de mistérios. Ele gostava daquilo.

A floresta em que morava tinha tanta magia que indagava-se se os humanos a apreciavam como deveriam. Não tinha certeza se era por tratar-se de um ser mágico que vivia exatamente para cuidar daquele tipo de coisa, mas as grandes árvores, as flores, os animais, e os aromas que o vento levava eram fatores que, para Jimin, continham um valor inigualável. Seu coração aparentava ter raízes profundas de todo aquele lugar. E exatamente por esse sentimento tão forte ansiava verificá-la e confortá-la assim como a si mesmo que tudo estava bem.

Com o recipiente devolvido ao maior, avistou-o vir ao seu lado e se pôr sentado em um daqueles assentos altos. Olhando-o daquela proximidade, expressou certa confusão em seu rosto.

— O que foi? — perguntou, e percebeu que sua voz saíra baixa demais.

— Você está muito quieto. Muito sério. Aconteceu alguma coisa?

Naquele momento tudo havia se concretizado na cabeça do alaranjado. Por um segundo desviara o olhar, mas não demorou para encará-lo e manear negativamente com a cabeça.

— Eu só estou sentindo falta da minha casa.

A resposta acabou causando um silêncio no recinto, e o alaranjado não soube definir aquilo como algo bom ou ruim. Sabia que o silêncio sempre lhe era sinônimo de calma, porém quando existia aquela aura estranha era onde começava suas dúvidas. Ele nada mais era que um espírito da floresta, não pertencia à classe onde possuía poderes, mas almejava ler mentes para entender pelo menos um pouco do que se passada na cabeça de Jeongguk naquela hora. Ainda observava-o, e avistou um sorriso curto aparecer nos lábios vermelhos.

— Então vamos indo. Hoseok Hyung deve estar a caminho também. — levantou-se, apalpando os bolsos para verificar que não esquecia de seus pertences principais, voltando-se para a pequena ninfa ligeiramente. — Acho melhor você levar aquele casaco ali. — apontou para o sofá, onde a vestimenta situava-se no braço esquerdo. — Aliás, deveríamos marcar de comprar roupas para você. Depois vamos fazer isso, ok?

As palavras acabaram melhorando o humor da pequena criatura apenas por se imaginar fazendo aquilo. Não que já tivesse conhecimentos sobre – até porque ainda não havia andado na cidade com veemência –, mas sentia-se ansioso por tal a partir do momento. Sentia que tudo vindo daquele mundo poderia lhe render boas sensações.

Dentro do veículo Jimin sentia o ar quente acolher seu corpo. O frio que outrora fazia já não estava tão forte devido a nova estação que Jimin sempre julgou ser sua favoritam, porém o calor ainda não era tão predominante. Dos vidros do carro de Jungkook, os orbes curiosos fitavam as outras pessoas nas calçadas como de praxe. Percebeu que havia estabelecido aquele costume há alguns dias, e após conversar com Suga sobre o amor, via ainda mais dele demonstrado quando um casal estava de mãos dadas ou simplesmente aconchegados num abraço. Ele gostava de visualizar a cena, e parecia divertido sentir-se amado. Almejava algum dia descobrir mais sobre ele, na prática.

Assim que adentraram a área mais verde da cidade, uma satisfação ia crescendo no peito de Jimin, aumentando a níveis altos logo que pôs os pés na terra. Com um pouco de esforço havia conseguido se ajeitar e permanecer com calçados, mesmo que ainda preferisse ter seus pés descalços ou no máximo com alguma meia. Jimin sempre iria querer as coisas pendidas ao livre, pois assim ele era boa parte de sua vida.

E apenas por se lembrar dela, saber que lhe restava praticamente apenas mais três meses naquela forma e ao lado de todos os garotos, amigos que fizera, lhe deixava um pouco para baixo. Era ciente de que aproveitaria cada momento possível ao lado deles, mas era inevitável lembrar-se do fato que voltaria a ser uma raposa. Na realidade, em pelo menos um momento de seu dia pensava sobre aquilo, e entrava numa confusão, dentre vários dilemas, refletindo sobre o que poderia acontecer. Tinha medo. Mas talvez não um medo de como ocorreria sua transformação, e sim de ser esquecido, rejeitado.

Acabou deixando aqueles pensamentos de lado assim que a voz animada de Hoseok adentrou seus ouvidos. Deu-lhe um bom dia e, daquela vez, não se surpreendeu pelo abraço apertado que imediatamente fora lhe dar. Começou tomar gosto por aquele tipo de toque que transmitia calor, e em sua mente fazia a conclusão de que era num abraço onde era compartilhado afeto, sendo trocado apenas com quem se gostava. Jimin teria que fazer uma anotação mental para repetir aquela ação mais vezes, com outras pessoas. Jeongguk foi a primeira pessoa que surgiu em sua cabeça, e ele até mesmo havia feito isso uma vez. Notou que gostaria, sim, de ter a temperatura dele junto com a sua. Era como a noite que dormira junto com ele, onde havia ficado aconchegado, protegido, em seus braços. Junto com ele as coisas pareciam tão diferentes...

— Se sente um pouco melhor agora, Jiminnie? — ouviu Jungkook perguntar-lhe, e direcionando sua atenção ao mesmo, avistou um semblante diferente. Na verdade, estava estranhando-lhe o caminho todo. Havia permanecido quieto, não puxando tantos assuntos como costumeiramente fazia. Aparentava estar um tanto... Reflexivo.

— Por que diz isso? Ele estava passando mal? — Hoseok interveio, alternando o olhar entre os dois outros rapazes. Seu rosto demonstrava alerta, a preocupação lhe tomou de forma imediata.

— Não foi nada, Hobi... — tranquilizou-o. — Eu só estava um pouco triste por passar tanto tempo longe daqui, mesmo que fosse... Um dia, e uma noite. Acabei tendo um sonho ruim por ter ficado afastado. Não queria que a floresta sofresse...

— Oh, acho que consigo te entender, Jimin-ah. É normal sentirmos saudade de onde vivemos. Mas, fazendo a mesma pergunta do Kook-ah, você está melhor agora? — Começavam a caminhar para dentro da grande casa, na tentativa de esconder-se da brisa um pouco fria que perambulava o local pela manhã. No meio de tantas árvores sempre parecia mais frio do que realmente estava.

— Sim, eu me sinto melhor. — mandou um sorriso breve, e assim que estavam dentro da construção, Jimin sentia-se observado. Foi quando olhou para o moreno, flagrando-o lhe fitando sem quaisquer motivos aparentes. Mordiscou o lábio por impulso, permanecendo daquela maneira enquanto tentava entendê-lo. Contudo, abruptamente, o acastanhado produzira um ruído, derrubando um caderno e algumas poucas HQs no instante em que pousou sua bolsa na mesa. Imediatamente os olhos se direcionaram a ele.

— Desculpem por isso. — pigarreou, apressando-se em recolher tudo que caíra. — Não prestei atenção. Aliás, Jeongguk, viu como os caras que ficam aqui de noite deixam isso bagunçado? — ele comentava distraidamente, andando pelo recinto à medida que recolhia também alguns copos descartáveis com resquícios de café e revistas fora do lugar. Hoseok sempre foi um ser que prezava pela organização.

— Vi sim. Logo te ajudo a arrumar isso. — soltou um riso, deixando seus pertences acima de uma cadeira. Virou-se então para o dono de fios alaranja. — Quer algum café, Jimin?

Ele apenas maneou com a cabeça. Estava já muito bem satisfeito.

— Não, obrigado. — enfiou as mãos nos bolsos traseiros da calça que vestia, naquele dia um pouco mais larga do que de costume e mais quente. Parecia que Jungkook dissera algo como moletom. — Eu vou andar um pouco, mas prometo voltar antes do entardecer, ou se precisar de algo.

Jeon Jeongguk já não se sentia tão preocupado com Jimin quando o mesmo proferia algo como aquilo. No começo foi difícil se acostumar com o fato do alaranjado sair e caminhar por onde bem queria, nutria um pouco de medo que ele acabasse se perdendo no meio de tantas árvores praticamente iguais, porém tinha que colocar em sua cabeça que Jimin não era um ser humano comum. Ele era uma ninfa, alguém que vivia para proteger aquele lugar, e que provavelmente deveria conhecê-lo como a palma da mão.

Ainda era um tanto estranho para ele ver Jimin como um ser que basicamente vivia em livros de mitologia. Ele era tão idêntico a um ser humano, tão real, que não aparentava, há um mês, andar em quatro patas e conter pelos cobrindo toda a extensão de seu corpo. Estava certo de que o Bosque das Flores Secas era um grande local, porém não conseguia lembrar-se de ter visto nenhuma raposa pelas redondezas. Poderia ser então que Jimin viera da parte onde não lhes era acessível, uma parte mais profunda da floresta inteira.

Gostara de ter a presença do Park por onde estivesse. Sabia que não havia se passado tanto tempo numa concepção humana, mas reconhecia que um mês estava a se completar e isso era muito para alguém que em algum tempo deixaria de existir. Não completamente e propriamente dito, apenas voltaria a sua forma original. E isso já era o suficiente para Jeongguk se perguntar em alguns e breves instantes se estava preparado para tal. Esse exato questionamento, essa exata preocupação, lhe deixava um pouco confuso. Principalmente depois de notar que estava apegado àquela pequena criatura talvez até mais do que poderia.

O problema era que Jimin tinha tudo que acabava lhe atraindo. Ele nutria uma graça que nenhum ser no mundo teria. Era tão inegável o fato que era um ser puro, alguém sem maldade nenhuma dentro de seu coração, e com certeza cheio de vontade de aprender sobre o mundo que vivia, cujo qual muitas vezes possuía maus julgamentos pelas próprias pessoas que viviam nele. Em sua vida estava o objetivo de mostrar-lhe as melhores coisas que poderia oferecer, causando mais sorrisos bonitos nos lábios carnudos e avermelhados de Jimin. Afinal de contas, além de gostar do sorriso dele, adorava a linha que seus olhos formavam. Poderia abraçá-lo e apertá-lo para sempre naqueles momentos.

[…]

 

— E então? Vai me contar a razão de estar tão disperso hoje? — sequer notara o momento que começara a refletir, e que essas reflexões lhe levassem até Jimin novamente e no sonho que tivera, mas virou a cabeça para o amigo mais velho, cujo impulsava-se para acima da mesa vazia.

— Hm? Como assim? — franziu o cenho, respirando fundo antes de encaminhar-se para a pequena cozinha a fim de pegar um pouco de café para si mesmo. Haviam acabado de inspecionar o bosque – mais uma vez –, e àquela altura deveriam ser um pouco mais das quinze horas.

— Não pense que consegue me enganar, Jeongguk... Eu te conheço há mais tempo que todo mundo, sei quando algo está acontecendo com você. — ele não saiu de onde estava, mas disse alto o suficiente para que o outro pudesse escutar com clareza o que dizia. Em pouco tempo o mesmo voltara para o cômodo, e em seu rosto estava uma expressão um tanto suspeita.

— Não é nada demais, sabe... — escorava-se no móvel que o Jung estava sentado. — Na verdade, realmente não é nada. Eu só estava pensando no Jimin.

— “Só”, você diz?

— É... Na verdade foi um sonho. — bebericou um pouco da bebida doce, assim como gostava, sem olhar para o mais velho, nem para um ponto específico. — Eu tive um sonho que eu acho que não deveria ter com ele...

Um sonho erótico? — abaixou o tom de voz, como se falasse um segredo, mas por dentro estava um pouco surpreso por Jeongguk estar falando o que ocorria tão facilmente. Em outros momentos ele enrolaria e teria que insistir mais para arrancar-lhe alguma informação. Portanto, enxergava que a situação realmente era crítica.

— Nah, hyung! — exaltou-se, empurrando de leve um dos ombros dele, olhando-o com uma careta. — Bom, não, não foi um sonho erótico. Mas tenho medo que poderia ter sido se eu não tivesse acordado. — confessou o resto baixinho, claramente acanhado pela confissão. Apesar de ambos conversarem sobre incontáveis assuntos, sonhos eróticos e sexo não era algo comum de ser pautado aleatoriamente, e somente existiam em determinados momentos. Já fazia um tempo que não debatiam sobre algo semelhante.

— Meu Deus, o que você sonhou? — indagava expressando certo humor, atento ao rosto alheio, e de relance via que as orelhas dele se avermelhavam. Às vezes o jovem conseguia ser mais fofo que Seokjin.

De fato, Jeongguk demorou um pouco para tomar coragem.

— Ele estava no meu colo. A gente estava conversando... Normalmente, sabe? Mas de repente a gente tava se beijando e... Eu não sei. Eu não me lembro direito, mas...

— Kook-ah, você está tendo sonhos quase eróticos com um ser totalmente puro! Eu estou plenamente indignado com o que se passa nesse teu subconsciente pervertido! — brincava, vendo o mais novo terminar o café que bebia, mostrando-se em seguida meio ofendido com o que dissera.

— Pare de brincar! Eu estou falando sério, Hobi Hyung... — choramingou. — Ele parecia tão diferente... E isso me deixou meio perturbado também! Como você disse, Jimin-ah é alguém muito especial para se pensar desse jeito... Eu me sinto o homem mais pervertido da face da terra...

— Jungkookkie, acho que você está passando por alguns problemas de carência, e essa carência acabou anexando o Jimin, que no caso é a pessoa mais próxima de você no momento, e acabou dando nisso. Quanto tempo faz que você não fica com alguém?

Foi onde Jeongguk parou para pensar. E se acabara parando para pensar numa resposta, era sinal que verdadeiramente tinha tempo. Abaixou o olhar diante a resposta que encontrou em sua mente.

— Isso é tão errado, Hyung... Me fez enxergar Jimin de uma forma diferente também. Não queria vê-lo com outros olhos, assim, tão rápido. — ele dizia daquela forma, mas sabia que no fundo aquilo já tinha acontecido em outros momentos. Não era por causa do sonho que essencialmente veria o alaranjado com outros olhos. Era impossível para si dizer quando tudo começou a acontecer, mas na noite em que dormiram juntos já fora suficiente para lhe pôr pensamentos “errados” na mente. Como, por exemplo, a maneira que ele era lindo ao dormir, ressonando baixinho, com um levíssimo bico nos lábios. Os mesmos lábios que Jungkook desejou tocar naquela hora, mas conteve-se graças aos céus.

— Não falando pelo sonho, mas... Você acha que está gostando dele?

Sentiu seriedade na fala alheia, e rapidamente notou que não tinha respostas para a mesma. Observou que teria aquela questão para pensar durante a noite, mas, embora tivesse chegado naquela conclusão, não era muito lógico já nutrir sentimentos diferentes por Park Jimin. No fim aquilo não deveria se passar de uma carência que resolvera lhe atingir, assim como Hoseok dizia.

— Nah... Deve ser apenas carência mesmo. — respondeu, torcendo para que seu tom tivesse saído firme o bastante para que o mais velho acreditasse. Sabia como ele era com assuntos como aqueles, provavelmente ele lhe encheria o saco, lhe provocando o resto do dia com olhares insinuativos que apenas eles entenderiam dentre outras coisas.

Jeon Jeongguk recebera um olhar avaliativo do homem que situava-se sentado na mesa de madeira, rapidamente constatando que ele lhe julgava minuciosamente, assim como pensou. Entretanto, acabara por demorar demais do que deveria e chegou até mesmo estranhar o ato. No que ele estaria pensando?

— Bom, se você diz... — era ciente do que Hoseok queria dizer com suas palavras. Ou talvez fosse apenas coisa da sua cabeça confusa. Hoseok poderia estar deixando explícito nas entrelinhas que era muito mais que aquilo. Ou quem sabe, verdadeiramente acreditando no que havia dito. Tentou ser o mais sincero consigo mesmo com a resposta, ele havia de acreditar em si. — Acho melhor gritarmos pelo Jimin, logo nós vamos precisar ir embora e vai saber onde aquela criaturinha se meteu.

— Sim, vamos sim. Ele sempre gosta de ir mais para o fundo do bosque. — ajeitando o casaco, jogou o copo descartável fora e já encaminhava-se para a porta do casarão.

— Mas, ah, Jeongguk... — chamou a atenção do mesmo, que fitou-lhe.— Qualquer coisa, não hesite em me chamar para conversar, ok? Ficarei feliz em te ajudar. — sorriu-lhe, saltando ao chão. Jeongguk, sentindo-se contente com a fala do acastanhado, instantaneamente sorriu de volta.

— Pode deixar.

Honestamente, as coisas pareciam mais simples com as palavras de Jung Hoseok por perto. Era grato por cada mísera coisa que ele havia lhe feito. Não era por nada que tinha um vínculo maior com ele.

Um grande melhor amigo, diria.

[…]

 

Assim que chegaram no apartamento de Jeongguk e acenderam as luzes, Jimin respirou fundo como se estivesse cansado. Ele espreguiçou-se e começou tirar o casaco que mais cedo Jungkook dissera para levar. Jungkook sentia-se faminto, mas preguiçoso demais para preparar alguma coisa para comer. Contudo, sabia que deveria alimentar o pequeno espírito da floresta que dividia o ambiente consigo. Sugeriu-lhe um banho que ligeiramente foi acatado, com Jimin sumindo dentre a porta do quarto em que dormia. Há tempos havia dito para ele que poderia pegar qualquer roupa que lhe fosse atrativo no guarda-roupas, e sua sorte fora ter um pacote de roupas íntimas inutilizadas até aquele tempo.

Arrancou a blusa também, determinado a fazer um simples lamen para ambos, pois era rápido e prático, só teria que tomar cuidado com os temperos cujos temia serem demasiadamente prejudiciais à ninfa. Sem demora deixou a água no fogo e caminhou até o quarto para conferir se Jimin havia conseguido as roupas sem problemas. Ele, obviamente, fora o primeiro a banhar-se, e à medida que os minutos passavam-se, Jungkook deixou preparado o jantar acima do balcão. Pensou muito se deveria tomar banho antes de comer, mas acabou acompanhando o Park naquela tarefa. Tomaria banho antes de se deitar.

Nos minutos em que observava Jimin já saber como lidar com certos objetos ou fazer determinadas coisas, sentia-se orgulhoso. Com esse sentimento, sempre acabava se lembrando que os seus amigos — principalmente Yoongi — gostava de lhe zoar com o apelido de pai de Jimin. A princípio teve um pouco de medo, pois não queria colocar-se naquela imagem e talvez aborrecer Jimin com seu jeito — era o que lhe faziam pensar —, mas tudo se resumia a preocupação. Jeon Jeongguk era bastante apreensivo, principalmente quando quem cuidava não localizava-se aos seus olhos.

Agora o garoto de fios laranja estava no sofá macio, assistindo a um canal de televisão. Avisou-lhe logo que tomaria um banho e então eles poderiam se deitar, caso fosse sua vontade. O resmungo manhoso atingiu seus ouvidos e só então constatou que o baixinho parecia realmente uma criança sonolenta. Adorou-o ainda mais a partir daquele momento.

Então partiu para o banho, aproveitando desse tempo sozinho para organizar seus pensamentos e ensaiar seus próximos passos. Jeongguk não gostava de estar sempre pisando em território desconhecido, fazendo coisas que não programara antes ou simplesmente vivendo sem aviso prévio. Pensava sobre como faria com Jimin nos próximos meses e como as coisas aconteceriam. Afinal, ele moraria consigo durante todo o período e acreditava que ele pelo menos precisava viver decentemente. Chegou à conclusão de que deveria comprar-lhe roupas assim que possível, percebera nos últimos tempos que ele gostava de certos estilos semelhantes mas ao mesmo tempo diferentes do tipo de roupa que Jungkook costumava usar. Seus shorts largos foram rapidamente roubados por Jimin, os moletons coloridos e, principalmente, as camisetas estampadas.

Saiu do banho rindo com uma vergonha de si mesmo, afinal, estava pensando nele novamente, sempre preocupado. Era realmente como um pai, se fosse admitir. Secou-se rapidamente e vestiu a calça de moletom com a qual costumava dormir, apenas tocando-se de que já estava tarde quando ouviu a briga que vinha do apartamento vizinho. Não era muito comum ouvi-los brigar, apesar de já ter acontecido antes. Só que desta vez era mais alto, com mais raiva. Seguiu até a sala, onde as vozes tornavam-se mais altas ainda e encontrou Jimin deitado no sofá, escondendo os ouvidos nas palmas das mãos. Agachou-se na frente dele, acariciando seus fios alaranjados antes de tirar as mãos de onde estavam, chamando-o.

— Jimin, Jimin! — chamava-o, buscando atenção. — Fale comigo, está tudo bem.

Ele então abriu os olhos, totalmente assustado. Estava todo encolhido, a briga o assustava totalmente.

— Kookkie, eu posso dormir com você hoje? — choramingou, sentando-se. — Não quero ficar sozinho, as vozes estão me assustando...

— Tudo bem, venha, vamos deitar. São só nossos vizinhos brigando, se acalme.

Jeongguk levantou-se do chão, puxando o alaranjado pelas mãos até que estivesse de pé, na sua frente. Caminhou com ele quase abraçado a si, indo na direção de seu quarto com certa pressa, afinal, a briga ainda não havia terminado. Pensou em falar com o porteiro, mas não faria real diferença afinal a briga era sobre o dinheiro do final do mês e não algo sério como agressão física ou qualquer tipo de violência. Ajeitou Jimin em sua cama, deitando ao seu lado e o deixando abraçar seu corpo, esfregando o rosto em seu peitoral quente. Podia sentir o coração dele batendo rápido e forte perto de seu tórax, acelerando o seu no mesmo instante.

— Hm... Hoje uma mulher procurou eu e Hoseok. Ela foi lá falar conosco. — começava a comentar, numa tentativa de distrair Jimin e, ao mesmo tempo, contar a novidade que provavelmente o deixaria feliz.

— Sério? E o que ela falou? — o pequeno perguntara baixinho, apertando Jungkook um pouquinho.

— Resolvemos uma papelada para um acampamento de uma escolinha. — na mesma hora os olhos do menor vieram ao seu, já com aquele brilho que o moreno sabia decifrá-lo. — Sim, as crianças ficarão por lá um tempo. O que achou da ideia?

Felicidade seria a melhor palavra que descreveria Jimin naquele minuto. O Jeon poderia não entender muito bem, mas o alaranjado possuía um amor imenso pelas pequenas crianças. Não sabia se a ninfa tinha memórias boas sobre elas, mas sinceramente... Por que não gostar delas? Conforme Jimin falava sobre as mesmas, os olhos atentos e escuros do maior o observavam, hipnotizados demais pelo o pouco que via do rosto dele. Agiu errado em não ter prestado atenção em metade do que foi dito, mas assentiu-lhe, respondendo que a data para o evento estava a confirmar.

Além de ter sido um ótimo assunto para afastar o foco de Jimin na briga alheia, foi um ótimo fator para trazer à tona seus sentimentos novos. Deixou que o pequeno deitasse sua cabeça em seu peito outra vez, percebendo que o cheiro dos fios e do próprio rapazinho poderiam ser seus favoritos facilmente. Assustou-se um pouco com os pensamentos, mas acabou dando de ombros. Não era o momento para agravar sua confusão.

E, então, com o silêncio que dominara o local – somando com o término da briga de seus vizinhos – achava que Jimin havia finalmente dormido, descansado. Mas ele logo se mexeu, levantando o olhar até Jeongguk que o encarou no mesmo instante, perdendo o ar de repente. Jimin estava lindo com apenas a luz de fora da janela o tocando, os olhos pequenos e curiosos o encarando com milhares de perguntas rondando as orbes. Sabia que ele tinha algo para lhe questionar.

— Gukkie-ah. — chamou miseravelmente baixo. — Meu coração tá batendo muito rápido... Por quê?

Jeongguk engoliu em seco, observando os olhos brilhantes do outro, de repente não conseguia se desviar deles. Na verdade, Jimin sabia do que se tratava. As palavras de Yoongi ecoavam em sua mente, como se estivessem ali apenas para fazê-lo não esquecer.

Você se sente diferente com a pessoa que se ama.

Abaixou o olhar, sentindo a mão quente de Jeongguk tocando seu peito, por cima da camiseta larga, apenas para checar seus batimentos. Estava realmente acelerado e, com isso, o seu acelerou da mesma maneira, forte e grotesco batendo contra o peito. Os olhares se encontraram novamente e no silêncio ficaram assim, se encarando. Não era desconfortável, só doía por sentir o peito batendo forte demais, suas orelhas esquentando e Jimin o observando, assustado.

Assustado. Lembrou-se então porque batia forte demais.

— Você ficou assustado com a briga dos nossos vizinhos, Jimin-ah. — deixou que ele abaixasse a cabeça, acabando por deitar em seu peitoral nu. — Foi só isso...

E talvez com aquela última frase, Jeongguk tentasse convencer a si mesmo do que estava acontecendo. Afinal, foi só um susto. Apenas isso. Nada além disso.

— Pelo menos com você eu me sinto seguro, Kook. Boa noite.

Sorriu, pensando em responder, mas sendo pego pela respiração pesada dele e as mãos pequenas abraçando-o. Logo, começou, com sutileza e a princípio hesitação, a acariciar os fios macios do cabelo dele, tranquilizando-o e passando uma mensagem silenciosa de que estava ali para ele. Adorava a proximidade que tinha com ele, afinal, Jimin era um ser maravilhoso e repleto de ensinamentos que Jeongguk queria ter para jamais esquecer-se dele, afinal, o que seria dele a partir do momento que Jimin partisse?

Eram pensamentos que não almejava dar atenção no momento, sinceramente.


Notas Finais


Bom, esperamos que tenham gostado! ♡ Nos digam o que esperam dos próximos capítulos, certo? Até o próximo!


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