1. Spirit Fanfics >
  2. Vintage Love >
  3. Nós pertencemos um ao outro

História Vintage Love - Nós pertencemos um ao outro


Escrita por: seexsaw

Notas do Autor


confesso que nunca pensei que iria voltar a escrever het!stories de novo, vou falar pra vocês vkdkdkdks

mas oq é que acontece? eu to apaixonada por fems, apaixonadissima e não pude deixar de lado o plotzinho maroto com o otp que veio na cabeça

espero que vocês amem tanto esse chansoo como eu amei escrever

esse mundo fem é novo pra mim, então, espero que se surpreendam e gostem mesmo assim


aaaaaaaaaaaaa eu to euforica

anyway, deixarei vocês lerem agora

boa leitura, meus amores!

Vejo vocês nas notas finais <3

Capítulo 1 - Nós pertencemos um ao outro


Tinha plena certeza de que não deveria estar batendo na porta do apartamento de alguém de maneira tão forte e àquela hora—mais conhecida como madrugada. Sabia muito bem que Jongin iria querer o meu couro pendurado na porta de sua casa como um troféu por ter o acordado, mas eu não podia conter a minha ansiedade. Eu precisava de ajuda e estava enlouquecendo.

Rapidamente olhei para os lados para checar se nenhum vizinho acordara com a barulhada que eu estava fazendo, já que eu ainda temia pela minha vida, então um tanto quanto desesperado murmurei o nome do Kim de um modo quase que engasgado invocando-o naquela porta no mesmo momento. Minhas mãos suavam frio e eu apertava o embrulho em meus braços contra o meu corpo a fim de protege-lo de qualquer impacto.

Dois minutos angustiantes se passaram e quando eu estava prestes a sucumbir ao meu medo de ser linchado, a porta do apartamento de Jongin abriu-se quase de imediato dando a visão de um moreno todo e completamente ferrado de sono que quase não abria olhos já pequeninos por natureza. Senti-me mal por um segundo, sabia que o Kim trabalhava dois períodos para pagar as suas despesas somadas a da faculdade caríssima de medicina veterinária e não tinha tempo nem pra respirar direito.

Com um sorriso quase que solidário, dei um passo a frente e tive a iniciativa de abraçar o moreno com toda a força que tinha, demonstrando pra ele o quanto eu estava arrependido de acordá-lo àquela hora.

—Nini, eu sinto muito por ter te acordado tão cedo. Sério mesmo, mesminho, mas era importante e... —abraçava o Kim tão fortemente que enquanto me desculpava acabei por sentir o corpo do menor pesar sobre meus ombros. O bendito estava ressonando em cima de mim.

Praticamente arrastei o moreno para dentro da casa fechando a porta com um dos meus pés enquanto carregava-o até o sofá, onde o larguei deitado, e coloquei o embrulho em cima da bancada da cozinha ouvindo de imediato os latidos dos cachorros de Jongin ecoarem no cômodo.

Direcionei-me até a cozinha e abri os armários a fim de encontrar a ração para os bichinhos, já que o Kim por muitas vezes chegava tão cansado da faculdade que desabava ali mesmo no sofá com o pacote de ração em mãos antes mesmo de alimentá-los. Coloquei um pouco de ração e água em cada recipiente separado pelos nomes excêntricos “Dancing” e “King” dos cachorros de meu amigo e depois de brincar um pouquinho com eles, voltei até a sala.

E não, eu não vi nada diferente de um Kim roncando igual um trator com problemas mecânicos. Bufei e peguei o embrulho na bancada e levei até o sofá já que eu estava a fim de me sentar no estofado. Chutei levemente a sola do pé do moreno que estava quase que seminu em minha frente—trajando apenas uma cueca boxer branca e uma jaqueta de couro que ele usava tanto que já parecia sua segunda pele—e levantei suas pernas pesadas para que eu pudesse me sentar, depositando-as em cima das minhas coxas.

Não demorei muito para depositar uns tapas leves nas pernas do moreno jogado no sofá com o intuito de acordá-lo.

—Kim Jongin. —chamei uma vez. —Acorde, eu preciso conversar contigo.

Nada.

—Jonginnie. —fiz manha, chamando-o novamente. —Nini!

Nada de novo. Bufei irritadiço. Assim era difícil!

Rebusquei nas profundezas do âmago do meu cérebro alguma música do Elvis que Jongin tanto idolatrava barra amava e um tanto quanto atrapalhado comecei a cantarolar a música de modo errôneo e grotesco, pois sabia que aquilo o despertaria na mesma hora. Ele era fanático.

—Não sei o quê... Conversation, a little... Action, please... —cantarolei meio quadradão, meio incerto da letra e o resto só murmurei.

All this aggravation ain’t satisfactioning me. —a voz grogue e derrotada de sono do moreno continuou a melodia estranha que eu reproduzia. —Isso é golpe baixo.

—Você nunca me escolheria se eu te fizesse um ultimato entre o sono e eu, já com o Elvis... —falei. —Agora é sério, acorde, preciso conversar com você. —chacoalhei as pernas alheias.

—Eu estou ouvindo. —o Kim murmurou, mas continuou com os olhos fechados.

—Você precisa ver também, seu idiota. —reclamei e puxei-o pela jaqueta surrada que trajava.

—Ei, ei, minha preciosa não! Já entendi, já entendi, ‘tô acordando, ‘tô acordando. —o menor disse desesperado agarrando-se a jaqueta como se sua vida dependesse disso. Revirei os olhos. Tão exagerado.

Observei os movimentos lentos demais de Jongin sentando-se no sofá e se esparramando nele ao passo em que reclamava e xingava aos sete ventos inexistentes dentro daquele forno de apartamento o quanto me odiava por acordá-lo. Meu olhar passeou pelo corpo do moreno e não hesitei em questioná-lo o que todos faziam. Qual era a sua obsessão com aquele traje anos 50 até mesmo quando ele ia dormir.

—Cara, você lava essa jaqueta com tanta frequência quanto ela precisa ser lavada? Você anda tanto com esse pedaço de couro fajuto e velho que ele está quase se fundindo com a sua pele! —disse indignado.

Não era normal uma pessoa perambular por aí com a mesma jaqueta todo santo dia, muito menos dormir com ela. Sabia que o Kim não tinha grana para comprar algumas roupas inspiradas no seu tão adorado ídolo Elvis Presley, mas assumir aquela peça de roupa que ganhara a tantos anos atrás, de um brechó que estava se fechando, como código de vestimenta em toda e qualquer ocasião—quando digo toda e qualquer ocasião, quero dizer toda e qualquer ocasião mesmo—era demais.

O olhar que o moreno me lançou fora tão forte e impactante, tão mortal que eu sabia que se Kim Jongin tivesse algum poder naquele momento, eu estava fritinho. O sono que o assolava parecendo ter sumido em milésimos de segundos ao passo em que o menor praticamente parecia um touro enraivecido encarando-me com suas narinas infladas. Só faltou a argola no nariz.

—Pra sua informação, essa jaqueta é minha terceira filha, ‘tá? Ela é tão limpinha e bem cuidada quanto o Dancing e o King. E também é tratada com muito carinho! —seu tom de voz raivoso e ultrajado quase me cortara como lâminas afiadas. Engoli em seco. Eu não estava ali pra ser assassinado, havia um motivo. E um muito importante, por sinal.

—Tá, ’tá, eu entendi. Você namora essa jaqueta, tanto faz, agora me ouve. —disse revirando os olhos e pegando o embrulho que havia deixado no encosto do sofá e depositando-o no meu colo. Vagarosamente tirei o respectivo produto de dentro de todos aqueles embrulhos de jornal e caixas protetoras e direcionei o meu olhar até Jongin que quase faltou saltar em mim ao vislumbrar da visão de um pequeno toca discos de vidro límpido e cristalino à sua frente.

—É pra m... —o moreno já ia dizendo, ambas as suas mãos indo em direção ao toca discos, mas eu logo o tirei da ilusão.

—O aniversário de Kyunghee é amanhã... —comecei e rapidamente o Kim recuou-se para seu lugar com um biquinho infantil nos lábios. Ele era mesmo um dongsaeng mimado.

—Oh, aniversário dela, huh? —disse em desdém na medida em que cruzou os braços e deu de ombros. —E daí?

Suspirei fundo com a ação totalmente exagerada de Jongin e despejei tudo, de uma vez só, todas as minhas inseguranças, diante o presente que havia comprado pra minha namorada.

—A questão é que eu andei praticamente a cidade inteira para achar alguma coisa que a Hee gostasse e ainda nem tenho certeza se esse realmente é o presente certo, além de que gastei todas as minhas economias. —continuei o meu monólogo intenso, porque tinha quase certeza que o moreno não estava dando a mínima. —Já o amiguinho platinado dela, com certeza não deve ter tido trabalho nenhum em achar algo. Eu sou um mau namorado por não entender muito do mundo de Kyunghee? Eu nunca sei que presente comprar quando temos alguma data especial, já perdi as contas de quantas vezes dei vinis repetidos pra ela pensando ter achado o mais inédito da cidade.

—Alguém já te disse que você fala demais? Porra, Park Chanyeol. —O Kim dissera um pouco contrariado e eu sabia o real motivo. O aniversário do moreno era dois dias depois do de minha namorada. —E não, você não é um mau namorado, apenas um merda mesmo.

Semicerrei os olhos diante o xingamento e olhei de forma ameaçadora para o ninho de passarinho que o Kim tinha em cima da cabeça como topete com quilos e quilos de gel. Não demorei muito para levar a minha mão desocupada até a sua cabeleira compacta pelo produto que passara e bagunçar aquilo tudo para irritar o mais novo.

—O assunto é sério, seu bosta! —disse rindo do desespero do menor em retirar a minha mão de seus cabelos negros.

—O meu descontentamento como seu amigo também é, seu idiota. —Jongin dissera desvencilhando-se de mim por completo. —Se eu fosse seu namorado, você não teria esse tipo de problema. Eu aceitaria esse toca discos aí de boas.

Ri da tentativa falha do outro de fazer drama.

—Se você fosse mesmo meu namorado, eu já tinha jogado essa jaqueta fora no lixão mais distante do distrito.

O Kim encarou-me indignado.

—Me arrependo amargamente de te levar naquela loja de discos de vinis comigo, seu ingrato!

E o resto da madrugada acabou comigo e Jongin rebatendo as provocações um do outro, enquanto o moreno fazia de tudo para ficar com o toca discos para ele, já que se encantou tanto com o objeto.

Conversamos um pouco sobre minhas inseguranças de não ser nem dez por cento integrado no mundinho vintage e rocker de Do Kyunghee e por fim dividimos alguns restos de pizza do dia anterior até o Kim cair no sono de novo e eu cair fora com a minha bicicleta a fim de chegar em casa e fazer um embrulho bonitinho pro presente de minha namorada, ainda nervoso.

Nada novo sob o sol.

[...]

Quando o sininho da porta da loja de vinis onde Kyunghee trabalhava tocou assim que adentrei o ambiente, um sentimento de pavor e nostalgia tomou conta de mim. Pavor porque eu não fazia a mínima ideia se a Do iria aprovar o meu presente e nostalgia, pois eu me lembrava muito bem da primeira vez que vim até a essa loja—obrigado pelo Jongin—e consequentemente encantei-me com uma garota toda tatuada—e muito, muito linda— que atendia os últimos clientes.

Lembrava-me do quão bobo eu havia ficado assim que meus olhos se cruzaram com a baixinha, minhas bochechas e orelhas pareciam que iriam pegar fogo a qualquer momento e a cada instante em que eu cutucava o Kim implorando pra sair correndo dali, pois a garota que me olhava de maneira quase que debochada devia estar se perguntando qual era o meu problema pra estar tão vermelho, era agraciado por uns lindos e belos palavrões vindos daquele moreno do capeta.

E eu, pensando que nada podia ficar mais constrangedor e que fingindo que estava a amarrar os sapatos—tudo isso para me esconder atrás dos estandes de vinis—por um tempo um tanto quanto considerável, por causa do maldito Kim que não achava logo o disco que queria, iria me safar, acabei por me deparar com dois pés cobertos por um coturno marrom bastante surrado à minha frente.

—Ei, o clima está fresco aí debaixo? —a ouvi dizer com um tom brincalhão. Meu coração falhou algumas batidas enquanto eu me perguntava: Ela estava falando comigo? Ela não podia estar falando comigo.

Quando meu olhar nervoso vagarosamente passou por toda a figura baixinha da vendedora e enfim encontrou o seu rosto, a minha primeira reação fora levantar bruscamente. Tão brusco que eu ao menos percebi que acima da minha cabeça havia outro estande, só o fiz depois que a dor alastrou-se pelo meu crânio a fim de me desnortear. Ainda mais.

—Hey, orelhinhas... —a garota dissera. Minha visão duplicara quase que instantaneamente. —Você está bem? Foi uma batida e tanto aí, não foi?

A última coisa que vi naquele momento, fora a silhueta desfocada da baixinha agachando-se em minha frente enquanto chamava o meu amigo para ajudar, pois eu provavelmente iria desmaiar. E foi o que eu fiz, não antes de vomitar as minhas tripas—e a minha dignidade—afora nos coturnos da outra.

Ótima primeira impressão: Checado.

Perdido nas profundezas dos meus devaneios de vergonha alheia de mim mesmo, sacudi a cabeça para me esquecer daquela fatalidade e foquei-me em esconder o presente de Kyunghee atrás de meu corpo. Quando fechei a porta e virei-me em direção ao interior da loja novamente, uma imagem acabou por instalar um incômodo pequenino e chato bem no âmago do meu peito. Ciúmes o nome, mas ninguém precisava saber, não é mesmo? Então eu sorri.

Mentira, só fiquei com cara de bunda mesmo enquanto observava Kim Junmyeon içar Kyunghee sem muito esforço do chão na medida em que a abraçava fortemente dando beijos e mais beijos nas bochechas alheias e dizendo o quanto ela estava ficando mais velha e experiente. Comprimi os lábios em uma fina linha inexpressiva. Eles ao menos notaram a minha presença e há uma porra de um sininho irritante na porta para avisar quando alguém entra.

O platinado colocou a Do no chão novamente e apoiou ambas as mãos nos ombros dela, fingiu inspecionar meticulosamente cada centímetro do rosto de Kyunghee e logo apontou para os cantinhos dos olhos da mesma a fim de tocar naquele lugar em específico.

—O que eu vejo aqui, uma ruguinha? —provocou semicerrando os olhos como se estivesse tentando enxergar melhor. Seu olhar logo se voltou para os cabelos negros da outra, que estavam presos em um coque mal feito, e fingiu retirar um fio. —E um cabelo branco! Mas já, Kyunghee?

A risada melodiosa da Do ecoou por todo o ambiente e eu decidi andar vagarosamente até um dos estandes de vinis e colocar o meu capuz na cabeça para não ser reconhecido. Patético? Talvez. Mas qual é, eu já tinha vomitado nos coturnos de minha namorada quando eu ao menos a conhecia. Nada poderia ser pior.

—Qual é o problema, vovozinho de natal? Você mesmo platinou todo o cabelo pra que ninguém percebesse quando eles esbranquiçassem. Tá falando de quem, hein? Hein, hein? —Kyunghee logo então ficara na pontinha dos pés para alcançar a cabeleira clara do Kim e bagunça-la.

Bufei. Um tanto quanto alto demais, pois o olhar de ambos os amigos logo vieram até a minha direção. Virei de costas instantaneamente para encarar outro estande, dessa vez escondendo o embrulho tão patético de mal feito do presente em minhas mãos na frente do meu corpo. O que eu estava fazendo ali? Kyunghee não ia gostar nada de seu presente, justamente por eu não saber nada sobre ela que não seja óbvio.

Uma vontade imensa de chorar me atingiu, mas eu engoli o choro murmurando para mim mesmo que otakus não choram a não ser por causa da morte de seus personagens preferidos. Peguei um vinil qualquer com minha mão desocupada e fingi estar dando uma checada desinteressada, coloquei o vinil novamente em seu lugar e respirando fundo a fim de sair rapidamente dali, ouvi a voz tão conhecida por mim ecoar logo atrás de mim.

—Ei, cachinhos, você não está pensando em ir embora sem antes dar o meu presente, não é? —Kyunghee disse de modo divertido, mas com sinceridade em sua entonação. Fechei os olhos fortemente em extrema vergonha não querendo, nem por um minuto, virar-me em direção a minha namorada e encará-la.

—Onde está Junmyeon? —foi a primeira pergunta que resolveu deixar a minha garganta, sem mais, nem menos. A minha voz fraca e entrecortada. Maldito ciúmes!

—Ele foi para os fundos, pra nos deixar a sós. —falou e eu nada respondi, apenas continuei cabisbaixo e paralisado em meu lugar.

Ouvi o suspiro cansado da Do assim que percebeu que eu não iria me virar por conta própria e aquela sua ação acertou em meio em um ponto onde doeu muito. Eu era um idiota mesmo. Como uma pessoa não tinha conhecimento do mundo da própria namorada? Como uma pessoa não consegue encarar a própria companheira? Eu era um fracassado mes...

A palestra de frustações diárias em minha mente fora interrompida pelas ações bruscas e um tanto quanto impacientes de uma Kyunghee que me agarrou pela gola do capuz, consequentemente virando-me em sua direção, e não fez nada mais, nada menos do que me tascar um beijão sem qualquer uma cerimônia.

A baixinha, depois de selar os nossos lábios juntos, acabo por envolver a minha nuca com um dos seus braços enquanto acariciava ternamente o meu queixo com a sua outra mão. Totalmente entregue, meus braços circundaram a cintura da Do quase que de modo inconsciente trazendo-a pra mim com o intuito de não soltar nunca mais. Aquele parecia o lugar onde eu pertencia, perto, agarradinho a Kyunghee.

A menor finalizou o beijo em vários selinhos intermitentes enquanto ainda segurava o meu queixo.

—Você... É... Mesmo.. Um... Bobo... Park... Chanyeol. —ela disse entre selares ora breves ora demorados. Terminou com uma mordida leve em meu lábio inferior.

Quando ela se afastou, tudo o que eu pude fazer foi ficar paralisado. Eu estava entorpecido, sem reação. Esse era o efeito de Do Kyunghee em mim. Desde sempre.

—E-eu... —tentei dizer, mas nenhuma palavra parecia querer sair por minha garganta. Virei o rosto na direção contrária à baixinha. Estava envergonhado por sentir ciúmes.

—Ei, olha pra mim. —a Do pediu carinhosamente, sua mão direita logo fora de encontro ao meu queixo novamente fazendo com que eu a encarasse. —Junmyeon viu você vindo pra cá lá de fora, disse que você estava bem distraído também, pra falar a verdade.

—Hm. —foi tudo o que eu consegui murmurar.

Kyunghee sorriu abertamente. Nem preciso dizer o quanto eu me derreti com aquela forma peculiar de coração que se formava em seus lábios quando ela o fazia. Deus, eu era tão apaixonado!

—Ele estava apenas brincando com você. Nós te vimos, ouvimos você entrar. —ela explicou e eu senti todo o meu sangue circular em apenas uma área. Nas minhas malditas bochechas. Maldito constrangimento. —Seu bobo.

—Ya! —exclamei em embaraço na medida em que passei minhas mãos pelo meu rosto. —Por quê?!

—Está tudo bem, grandão. —a menor me assegurou abraçando-me a cintura para ficar pertinho de mim. Olhei-a cabisbaixo. Adorava o detalhe de que ela sempre tinha que olhar pra cima, de uma maneira peculiarmente fofa, para olhar no meu rosto. —O que você tem pra mim, huh?

A partir do momento em que ela fez o questionamento, meu sangue pareceu congelar dentro de minhas veias. Ainda tinha aquela situação do presente, eu estava tão absorto em minha vergonha que havia esquecido completamente que o mesmo ainda estava minha mão. Estúpido, estúpido! Eu devia ter jogado isso fora na lixeira que vi quadras antes da loja. Era tão... Horrível.

—Então, sabe como é... —tentei arranjar alguma desculpa, mas a tentativa fora falha porque Kyunghee pegou o embrulho de minhas mãos sem nenhuma hesitação.

Apoiou o presente em cima do estande para que não caísse na medida em que desembrulhasse e começou a fazer a tarefa. Camadas e camadas de papel de presente com várias estampas diferentes foram se desfazendo. Sim, eu havia ficado na dúvida até mesmo de que estampa usar, por isso coloquei várias.

Enquanto suava frio e estava prestes a ter um ataque cardíaco fulminante, acabei por perceber uma bandagem pequena de papel filme atrás da orelha da Do. Provavelmente havia feito outra tatuagem, como as que ela tinha em meio a nuca e pescoço, descendo pras omoplatas e costelas, e curioso não demorei muito a espiar o desenho retirando alguns fios de cabelo que caíam em frente à tattoo.

—Fiz hoje. Gostou? —a baixinha questionou na medida em que eu observava o traço bem feito na pele morena da mesma. O desenho era um pequeno e delicado vinil, cuja área estava sendo traçado por constelações. —São duas constelações, a de capricórnio e sagitário e elas estão unidas ao vinil porque, bem... Foi onde tudo começou. Aqui nessa loja. Foi Junmyeon que me deu de presente.

Minha boca se escancarou diante a explicação da tatuagem e eu nunca me senti tão impotente. Ela havia marcado a própria pele para eternizar-nos nela enquanto eu havia lhe comprado um toca discos de segunda mão em uma loja de antiguidades. Mas o pensamento—ridículo, eu sei. Minhas inseguranças não tinham hora nem dia marcados para aparecerem—de algo tão óbvio como presente para Kyunghee não ter passado por minha mente, fez com que eu me sentisse um bosta.

Uma tatuagem. Uma merda de tatuagem, a Do era cheia delas, as amava. Bati com a mão em minha testa em desaprovação. Eu era realmente um péssimo namorado. Burro, burro, burr...

—Chan! —o grito de Kyunghee tirou-me dos meus devaneios. —Eu não acredito, que coisa mais linda!

A baixinha havia desembrulhado o pacote e quando notara o conteúdo do presente dera pulinhos eufóricos com o toca discos em mãos, o encarando como se fosse a coisa mais linda do mundo.

—Chanyeol, eu ‘tô apaixonada. —ela disse animada quase abraçando o toca discos. Tive que rir. Todo o peso em meus ombros, os pensamentos pessimistas, as inseguranças caindo por terra fazendo-me respirar propriamente.

—Hey, não seria mais apropriado você estar apaixonada pela pessoa que te deu o toca discos e não o contrário? —questionei em um tom zombeteiro na medida em que me aproximava da menor.

—Por quê? Ele merece? —a Do entrou na brincadeira dando uma risadinha provocativa.

—Sim, ele merece. Merece também vários beijinhos e chamegos. —disse como quem não quer nada, ainda assim indo em sua direção.

—Fecha os olhos. —ela disse. Franzi o cenho em confusão. —Anda logo, grandão.

Fiz o que me foi ordenado.

—E agora? —questionei ansioso.

—Abaixe um pouco e faça biquinho. —Kyunghee pediu.

—Você vai mesmo me faz...

—Anda logo, Chanyeol! —a baixinha esbravejou impaciente.

—Tudo bem, tudo bem. —levantei as mãos em rendição na medida em que fiz o que tinha que fazer.

—Aproxime-se e pode me beijar agora. —ela autorizou e assim eu fiz, meus lábios tendo contato imediato a algo gelado e plano. Abri os meus olhos. —Ele não é tão lindo que dá vontade de beijar? —Kyunghee disse apontando para o toca discos, cujo objeto eu estava beijando e eu me afastei rapidamente com uma expressão indignada pelo ultraje cometido contra mim.

—Ya, Do Kyunghee! —exclamei irritadiço e quando percebi que a menor iria fugir de mim, agarrei-a pela cintura fazendo com que as suas costas colidissem com o meu peitoral.

A menor gargalhou no momento em que a levantei do chão e comecei a distribuir beijos por todo seu pescoço e nuca.

—Golpe baixo, golpe baixo! —ela dizia em meio as risadas enquanto batia levemente em meus braços para que eu a colocasse no chão.

—Por que você sempre tem que me fazer desempenhar o papel de bobo nesse relacionamento, huh? —questionei sorrindo.

—Talvez porque você seja? —a menor rebateu rapidamente e foi tudo o que precisou para que eu a colocasse no chão com cuidado novamente a fim de virá-la em minha direção e beijá-la até que ela se cansasse de mim.

E foi o que eu fiz. Acabei levando um tapinha aqui e uns soquinhos ali, em meio a muitas gargalhadas, mas eu sobrevivi. Os beijos de Kyunghee foram o suficiente para me curar.

[...]

Assim que o período de trabalho de Kyunghee se finalizou, ajudei ela e Junmyeon a fecharem a loja e o platinado logo disse que precisava resolver algumas outras coisas apenas pra nos deixar sozinhos. Deu um último abraço na Do e um beijo na bochecha da mesma a fim de parabenizá-la de novo e foi embora.

Ficamos ponderando por alguns minutos enquanto andávamos sem rumo o que podíamos fazer naquela noite fria de Seul para comemorarmos e tudo o que Kyunghee disse era que queria ficar em casa, pedir uma pizza e ficar agarradinha comigo debaixo de um edredom. E bem, eu não podia negar um pedido de uma aniversariante, não é mesmo?

Depois de um tempo nos entupindo de pizza e sorvete, acabamos por ficar quietinhos curtindo um a presença do outro sem dizer muita coisa, apenas trocando carinhos e selinhos periódicos. No momento, eu me encontrava sentado no tapete ao chão recostado—lê-se totalmente largado—contra Kyunghee que estava sentada atrás de mim, comigo entre suas pernas, enquanto acariciava ternamente os meus cachinhos desfazendo-os e os refazendo enquanto cantava baixinho a música que tocava no rádio.

I know your eyes in the morning sun

I feel you touch me in the pouring rain

And the moment which you wander far from me

I wanna feel you in my arms again

O sentimento de relaxamento que tomava conta de mim era quase que irreversível, pois os meus olhos já pesavam um pouquinho de sono devido a todo aquele carinho. Tudo isso somado a melodia bem cantada pela Do estava levando-me a um estado de inércia imediato. Sorri como o bobo apaixonado que era.

How deep is your love, how deep is your love

I really need to learn

'Cause we're living in a world of fools

Breaking us down

When they all should let us be

We belong to you and me

—Você sabe que eu amo quando canta pra mim. —afirmei, impedindo momentaneamente os carinhos em meus cabelos na medida em que me esparramei mais no chão para que pudesse ficar mais baixo que a Do para encará-la. —Isso não é justo, tem noção de como o meu coração fica?

Kyunghee sorriu um tanto quanto envergonhada e ali eu tive a oportunidade de me apaixonar de novo. E eu o fiz.

—O que não é mesmo justo, é você não cantar pra mim mesmo tendo todo esse vozeirão da porra, Park Chanyeol. —a outra apontou contrariada.

—Aish, você sabe que eu tenho vergonha! —reclamei. —Isso que não é justo, não quero falar sobre esse assunto. —fiz um biquinho manhoso que logo fora selado de um ângulo estranho, mas que ainda sim funcionou, por minha namorada.

—Então o que você quer fazer, Yeollie? —a menor questionou voltando a acariciar os meus cachos, algo que logo foi interrompido, pois eu levantei o meu corpo imediatamente me sentando no tapete.

—Se eu te disser que eu quero muito te beijar, você realizaria o meu desejo? —perguntei atrevido. Nossos olhares se cruzaram e eu não pude deixar de olhar pra boquinha tão convidativa da Do. Eu queria beijá-la. Muito.

—Não sei, depende. —Kyunghee se fez de pensativa. —O que eu ganho com isso, hein?

Semicerrei os olhos.

—Ya! —exclamei irritadiço, mas não por muito tempo porque segundos depois eu já estava sorrindo. Sorrindo por causa de Kyunghee que já havia se ajoelhado no tapete e estava vindo em minha direção a fim de, provavelmente, se jogar em cima de mim como sempre fazia.

No momento em que a baixinha chegou perto o suficiente e todo o peso de seu corpo repousara em cima de mim, eu ao menos fiquei surpreso. Caímos com tudo contra chão duro, protegido apenas pelo tapete felpudo e com o baque acabei por bater a cabeça de leve, o que fez com que eu gemesse de dor e Kyunghee encarasse-me com uma expressão preocupada.

—Channie, me desculpa! —ela dizia incessantemente acariciando com uma das mãos o ponto onde eu havia batido. —Não foi minha intenção, jur...

Então a fim de interromper suas desculpas desnecessárias, beijei-a sem nenhuma hesitação, trazendo-a pra mim pela nuca enquanto acariciava os seus cabelos negros que caíam em cascatas sobre suas costas. Peguei-a suavemente por ambos os lados do rosto e distribuí selos por toda a sua boca, até mesmo os cantinhos, e as bochechas fazendo com que a menor risse com o ato.

—Está tudo bem comigo, tampinha. —provoquei com um sorriso sapeca no rosto.

—Ya, Park Chanyeol! —as bochechas de Kyunghee tornaram-se rubras e ela se irritou com isso se afastando de mim para encarar-me melhor. —Que vontade de socar essa sua cara linda.

— Pra que toda essa violência se você pode simplesmente me beijar? —respondi com uma sobrancelha levantada sugestivamente.

—Bastardo. —ela disse.

—Eu também te amo, Do Kyunghee. —falei e antes que eu pudesse continuar com as provocações, a outra já estava beijando-me novamente.

Continuamos daquela maneira um pouco mais leve e carinhosa por uns momentos, ora ou outra dando umas poucas bitoquinhas um no outro, entrelaçando nossos dedos, acariciando um o rosto do outro até que as coisas começaram a ficar um pouquinho mais perigosas.

Kyunghee, que agora estava em cima de mim, havia me recostado no sofá para que eu ficasse sentado e assim a tarefa de nos beijarmos ficasse mais fácil. A menor tinha ambas as pernas envoltas em minha cintura mantendo-me aprisionado enquanto beijava e sugava com uma lentidão angustiante a pele de meu pescoço e maxilar. Minhas mãos se perdiam entre a cintura alheia e os cabelos da mesma.

Quando a Do pareceu bastante satisfeita com o trabalho que havia feito em minha pele e parou olhando-me sapeca com o lábio inferior entre os dentes para esconder o sorriso ladino no seu rosto, não me contive e acariciando os cabelos da nuca da mesma a trouxe para mais perto de mim, beijando-a com firmeza no toque, no ato.

Minha namorada circundou meu pescoço com ambos os braços e ajeitou-se no meu colo fazendo-me grunhir em reação. Interrompemos o ósculo intenso a que estávamos sendo submetidos apenas para tomar um pouco de ar, arfando desesperados um contra a boca do outro.

As mãos de Kyunghee logo se perderam no cós da minha calça moletom, cujo elástico ela puxou até o limite para soltar contra a minha pele novamente. Tudo isso com um sorriso quase que sádico no rosto ao perceber o meu corpo estremecer. Eu era extremamente suscetível aos toques da baixinha e ela sabia muito bem usar aquilo contra mim.

Um pouco hesitante e encarando a menor em busca de aprovação, assim que recebi o aceno, minhas mãos invadiram a blusa de frio que a Do usava traçando desenhos abstratos no abdômen da mesma, sentindo poro por poro arrepiar-se contra as pontas dos meus dedos.

Kyunghee mordeu o lábio inferior fortemente e como castigo moveu-se contra minha pélvis arrancando de mim um gemido entrecortado e contido. Apenas sorri com a atitude alheia, meneando a cabeça em desaprovação devido a provocação direta e direcionei a minha atenção até a clavícula tatuada—e agora exposta—da outra. Fiz com que minha língua traçasse um caminho tímido daquela área em especial até o lóbulo de sua orelha o qual eu mordi e assim comecei a depositar selos e mais selos no pescoço desenhado da outra, sentindo-a trazer-me pra mais perto pela blusa que eu usava.

Enquanto estávamos um pouco perdidos naquele frenesi momentâneo de tantas sensações mixadas juntas, acabamos por ser abruptamente interrompidos pelo barulho irritante e incessante da música tema de abertura de The Waking Dead ecoar no cômodo. Era o meu maldito celular. Interrompemos o beijo que segundos antes havíamos iniciado com selares afoitos e demorados, como se não quiséssemos parar. E realmente não queríamos.

—Deixa... —dei um selo na boquinha judiada de Kyunghee. —Tocar... —e outro selo. —Daqui a pouco... —mais um. —Quem quer que... —e mais um. —Esteja me ligando, cansa.

Acabou por não funcionar, pois a Do afastou-me a contragosto e levantou bruscamente do meu colo a fim de pegar o celular que estava posto em cima do sofá. Choraminguei.

—Pode ser importante. —ela disse entregando-me o aparelho. Respirei fundo e umedeci os lábios em descontentamento ao pegar o celular e ver quem era a maravilhosa e super conveniente pessoa que havia nos interrompido.

Kim Jongin. Só podia ser.

Bufei ao revirar os olhos.

—É o Jongin? —a Do questionou ao observar minhas expressões. Confirmei com a cabeça.

—Você me conhece tão bem. Por que eu não ignoro essa ligação e voltamos ao que estávamos fazendo? —insisti.

—Park Chanyeol, atenda o telefone. —a menor ordenou fazendo um coque desleixado em seus cabelos. Apenas assenti à contragosto. Maldita cópia barata de Elvis Presley.

—O que foi, Jongin? —atendi bruscamente.

—Porra, Park. Como vai você também? Está bem, se alimentou, dormiu bem? —o Kim ironizou do outro lado da linha. —Até parece que dormiu comigo hoje...

—Pra quê você me ligou a essa hora da noite, Kim Jongin? Seja objetivo. —falei um tanto quanto impaciente. Kyunghee deixou um tapa estalado em um dos meus braços, gemi de dor.

—Só queria deixar claro, caso a Kyunghee não tenha gostado do presente, que a proposta de você ser o meu namorado, ainda ‘tá de pé, falou?

Comprimi o celular raivosamente com uma vontade enorme de socar o rostinho moreno e topetudo daquele ser irritante denominado Kim Jongin.

—Você me ligou só pra isso? —questionei indignado.

—Como assim só pra isso? Aquele toca discos é maravilhoso! Só estou querendo te alertar que alguém que não aceite algo tão lindo daquela magnitude, não merece o seu amor e que há uma pessoa muito perto de você que está disposta a aceitar e...

Revirei os olhos diante todo aquele drama.

—Adeus, Kim Jongin. —disse e assim desliguei o celular.

Suspirei irritado na medida em que me esparramei contra o sofá. O clima havia sido totalmente estragado.

—Você realmente vai enrolar pra dar logo a jaqueta que comprou pra esse menino? Ele vai enlouquecer, te enlouquecer dessa maneira. —a Do disse encarando-me com um sorriso pequeno no rosto enquanto retirava as mechas de cabelo que caía sobre o meu rosto com delicadeza.

—O aniversário de Jongin é daqui dois dias e eu quero fazê-lo sofrer um pouquinho antes de eu entregar. —comentei com um sorriso travesso.

—Você é um péssimo amigo, sabia disso? —Kyunghee disse ajeitando-se no meu colo novamente enquanto circundava o meu pescoço com seus braços.

—E um péssimo namorado, eu sou também? —brinquei deixando um selo rápido no nariz da Do.

—Não sei, eu preciso comprovar. —a menor disse sem rodeios.

Sorrimos um para o outro. Deixei outro selo em seu nariz na medida em que envolvi a cintura alheia com meus braços.

—O que está esperando? —foi tudo o que eu disse, antes de voltarmos ao que estávamos fazendo antes de sermos interrompidos.

E não é que o clima voltou rapidinho? Fazer o quê se esse é o efeito Do Kyunghee. Só precisava seguir conforme a música e era exatamente o que eu iria fazer. Usufruir do nosso amor vintage (mesmo que eu não faça nem 10% de ideia do que seja isso.)


Notas Finais


A música destacada em negrito é how deep is your love do bee gees, super recomendo <3

Gente, eu to muito apaixonada por essa shot, espero do fundo do meu coração que vocês tenham se apaixonado também. Bem, foi isso.

Beijão!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...