História Violet Moon - Concluída - Capítulo 4

~> Sábado / 08:00
A luz morna e aconchegante do sol entrava pelas fendas da grande persiana do quarto onde estava Keith. Já era de manhã.

Não tardou muito para que Celestia, a médica do Kogane, entrasse no recinto para fazer os procedimentos e se deparasse com a seguinte cena: o latino dormindo com um dos braços atrás da cabeça e o menor deitado em seu peito, segurando o suéter do outro. Era muito fofo.

E foi com essa cena que a ruiva riu baixo e se aproximou dos dois, para acordá-los.

– Sr. Kogane? – sacudiu levemente o coreano – Garoto? Acorde – fez o mesmo com o cubano.

– Hmmm...? – resmungou Lance por causa da luz em seus olhos, já que estava virado pra janela. Ao ver que já era de manhã tentou se levantar, mas acabou sendo impedido quando sentiu um peso em seu ombro e, também, quando notou que seu suéter estava sendo segurado pelos dedos finos de Keith.

Estavam frente a frente, virados um para o outro.

O McClain voltou a se deitar, sorrindo, começando um pequeno carinho na cabeça de Keith sem tirar os olhos e o sorriso de bobo apaixonado do rosto enquanto velava o sono de seu amado.

Ele queria poder ficar ali observando o de mullet por mais tempo, porém, quando escutou o pigarreio da ruiva que os olhava com um sorriso divertido, corou bruscamente querendo esconder o rosto por ter sido pego no flagra.

– Poderia deixar pra fazer isso quando eu der alta para ele?– riu da cara do garoto o vendo olhar para qualquer outro canto – Dormiu bem?

– S-Sim – disse fitando o lençol fino que cobria ambos enquanto a mais velha checava os dados nos aparelhos.

Não demorou mais do que alguns minutos para que Keith também acordasse e desse conta de que estava nos braços quentes do McClain. Havia dormido ali. O rubor tomou conta do rosto pálido do menor, assim como o do latino. Ambos estavam vermelhos como morangos, completamente constragidos, e tal cena arrancou boas risadas da mulher que estava presente. Lance logo se levantou, dando espaço para a mulher fazer seu trabalho.

– Vocês são umas figuras – disse com um grande sorriso enquanto terminava de checar a pressão e escutar o coração do Kogane.

~> 11:00
Lance havia voltado pra casa para que tomasse um banho, comesse e arrumasse sua moradia, além de ir até onde o coreano estava se hospedando — o Kogane deu o endereço a ele — e pegar os documentos e os pertences do mesmo, como roupas, livros e as poucas coisas que tinha ali, enquanto isso Keith estava lutando contra si mesmo para que não travasse ou chorasse.

– Com licença, bom dia Sr. Kogane! – o policial que entrava no quarto.

– Bom dia!

– O senhor pediu para que nos chamássemos, certo? – o homem caminhou até ele, acompanhado de outro homem, parando no pé da cama olhando o Kogane.

– Sim... pedi – o garoto fitava as próprias mãos e respirou fundo antes de começar – Eu lembro os nomes das pessoas da noite do ocorrido...

O policial se atentou as palavras dele, pegando seu bloco com a caneta.

– Poderia dizê-los para mim?

– Lotor... – os policiais travaram ao escutarem tal nome – e alguém chamado... Rolo, eu acho. Pelo menos foi assim que lembro como Lotor o chamou.

– Um momento, por favor. – os homens se olharam um tanto atônitos, logo voltando para Keith – Lotor? Lotor Galranes?

– S-Sim, por que? – o coreano olhou para a ruiva ao seu lado, que arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços em dúvida.

– Ele é o filho do tenente Zarkon. – olhou seriamente para o coreano – Essa é uma acusação muito séria. Você tem certeza que ele estava ali?

O menor assentiu com a cabeça.

– " Não caralho, o garoto tá mentindo só pra prejudicar esse mauricinho que não vale bosta... puta que pariu!" – Celestia se conteve de revirar os olhos por terem duvidado do mais novo por causa do título de alguém.

– Sim senhor! Não tenho porquê mentir sobre isso. – o Kogane já estava a pensar que os homens não tomariam seu caso por causa de Zarkon, mas lhe veio uma luz.

– Se quiser posso fazer um exame. – a voz firme da mulher se fez presente naquela conversa – Ordenei para que os enfermeiros, que cuidaram dele quando chegou aqui, guardassem o sêmen que foi encontrado nele. – tocou o ombro do garoto que evitou dar um sorriso pra doutora em puro agradecimento  – Se ele diz, é porque tem certeza e se vir a ocorrer dúvidas futuras, faremos um teste para saber se o material genético que tem lá é compatível ao do Sr. Galranes.

Ambos, tanto os policiais quando o de mullet, estavam surpresos pela iniciativa da médica. Já Celestia só queria sair dali e escovar os dentes com ácido sulfúrico por se forçar a falar o nome Galranes.

– Entendi... – concentrou-se em seu bloquinho, anotando todos os fatos que tinha juntamente do nome de Lotor Galranes – Qual o nome do segundo? Poderia repeti-lo?

– Rolo, se não me engano. – ficou pensativo – Pelo menos foi assim que lembro Lotor chamar ele.

Durante as próximas duas horas, toda a história do ocorrido de Keith estava sendo escrito vigorosamente em um bloco de anotações. Tudo estava voltando e o coreano estava aguentando tudo. Falou, aproximadamente, que horas tudo ocorrera, quem estava, fez a descrição de Rolo com o policial que acompanhava o que fizera as perguntas. Estava tudo exposto na mesa.

– Certo! – fechou o bloco e o colocou no bolso da calça, junto da caneta – Já temos tudo o que precisamos para procurar o homem chamado Rolo e colocar ele e o Lotor na cadeia! Os colocaremos atrás das grades, tenha certeza. – foi até o lado do rapaz, que estava com um sorriso de alívio, estendo a mão para ele, a apertando – Passar bem, Sr. Kogane!

Keith acenou afirmativamente com a cabeça, apertando a mão do outro policial antes de vê-los ir embora.

– Bom... – Celestia suspirou – Vou esperar seu namorado chegar para dar a boa notícia! – sorriu gentilmente na direção do coreano, vendo o mesmo ficar vermelho e o aparelho de batimentos começar a apitar que nem louco.

– Ele não é m-meu n-n-namorado...

– "Pelo menos, não ainda... "

– Mesmo? Não é o que me parece durante esses três dias que você está aqui. – disse ela com um grande sorriso no rosto, lembrando todas as vezes que pegou ou o latino ou o coreano olhando um para o outro que nem dois bobos.

~> 13:35
Alguns minutos se passaram desde que o policial fora embora e a ruiva já havia arrumado tudo, trocado os curativos, checagem de aparelhos, pressão, ouvir o coração; tudo para que o coreano estivesse bem e confortável.

Já era de tarde quando latino estava entrando na recepção do hospital com uma pequena cestinha preta e acaba encontrando Celestia.

– Finalmente chegou, McClain! – exclamou ela cruzando os braços com um sorriso. Claramente animada pela notícia que daria aos dois garotos.

– Já vi de tudo, mas você me chamando pelo nome... – fez cara de surpresa – Primeira vez! – retribuiu o sorriso e entregou os documentos do menor ao ver a mulher se aproximar. Keith estava sem nenhum registro enquanto estava no hospital, então Lance tinha que buscá-los, aproveitando pra mover todas as coisas do garoto pra sua casa.

– Obrigada! – pegou os documentos e os dando para o recepcionista realizar o registro total do coreano – Vamos logo, tenho uma noticia para você e o Kogane – avisou guiando-o até o quarto e entrando primeiro, sendo recebida por um sorriso fraco do menor.

Sem tirar os olhos dos violetas, puxou o cubano para dentro do quarto e observou o sorriso de Keith se alargar, as pupilas brilharem e um leve rubor tomar seu nariz. Ao escutar o "pi pi pi" da máquina, Celestia riu baixo.

Ela foi para o lado do mais novo, deixando o McClain na porta.

– Olha só quem chegooooou! – cantarolou Lance, que foi desfilando até a frente da cama, parando com uma mão na cintura e a outra esticada para cima.

– Senhoras e senhores, apresento a vocês... – o Kogane fechou a mão em um punho e o aproximou da boca, como um microfone, imitando um apresentador. O McClain deixou a cesta na cama e foi para perto da porta – Laaaaaaaaance Shakiraaaaaa CLAIIIIIN.

– "Parece mais um apresentador de UFC do que um de show..." – pensou Lance.

O maior foi desfilando e rebolando até o meio do quarto, mandando beijinhos para todos os cantos como se estivesse em uma passarela e ele fosse a Gisele Bündchen. A visão era ridícula e cômica na opinião dos dois espectadores que caíram na risada.

Assim que os risos cessaram, o latino foi para o lado do coreano e Celestia se colocou ao lado do pé da cama olhando para os dois.

– Então... – ficou séria – A noticia é que... – viu ambos ficarem tensos, se entreolhando de segundo a segundo. Ela teve que se segurar muito para não rir quando deram as mãos – o mullet vai receber alta!

Ao escutarem essas quatro palavras e uma letra, os risos alegres expulsaram o silêncio tenso que havia se instalado e a felicidade tomava conta do local. Lance e Keith se abraçaram, agradecendo várias e várias vezes a médica que os olhava com carinho junto de uma sorriso. Gostou de passar esse tempo com os garotos, lhe renderam boas risadas.

– Você teve uma recuperação muito rápida meu bem. – era verdade, estava bastante surpresa com o quão rápido foi. – Vou só terminar o histórico e assinar o registro para lhe dar alta – disse saindo do quarto, deixando apenas os garotos.

Os olhos azuis se encontram com os violetas que, igualmente, transbordavam felicidade. Lance abraçou fortemente Keith, sendo retribuído da mesma forma. Mas... Havia uma pulguinha atrás da orelha do cubano já que ele sabia que os policiais viriam pela manhã.

– Keith – desfez o abraço pra olhar o garoto.

– Oi!

– Desculpa eu perguntar, mas... – coçou a nuca rapidamente para voltar a deixar suas mãos nos ombros do outro – quem eram os caras?

Viu o menor suspirar e o brilho dos olhos sumirem, sabia como seu amigo ficaria ao dizer o nome então estava se preparando.

– Era o Lotor... – olhou para um canto aleatório sentindo o corpo de Lance ficar tenso e quando escutou um "Ah", concluiu – Sim, é o Lotor que estudou com a gente no colegial.

Sentiu seus ombros serem levemente apertados, já que as mãos do outro estavam ali. O latino se levantou bruscamente e ficou dando voltas em círculos para poder, ou pelo menos tentar, se acalmar.

Seu sangue fervia em ódio por lembrar de todas as coisas que o Galranes já fez contra sua amigo. Sempre odiou o platinado, pois desde que entraram para a 1ª série, Lotor vivia rodeando Keith ou dando em cima dele, não desgrudava, parecia um abutre. Ele queria que o coreano fosse seu passatempo ou brinquedinho. Claro, o Kogane nunca aceitou, sempre desviava dele ou dava uns empurrões, mas Lance sempre arrumou briga com Lotor.

O McClain, quase toda semana, voltava para casa nos ombros de Keith, que ficava feliz pelo latino o defender, mas triste por vê-lo se machucar por sua causa.

Sim, Keith sempre defendia e se metia em brigas, mas em relação ao Galranes... se sentia impotente.

– Vai acabar abrindo um buraco no chão – disse o asiático já ficando tonto com as voltas do mais velho. O cubano parou de imediato e foi se sentar ao seu lado.

– Eu vou quebrar a cara desse canalha! – sua fúria era bastante perceptível graças ao seu tom de voz, a tensão no rosto e as vezes que estava estralava os dedos – Nojento, babaca, imbecil, pau no cu dos INFER-

Seu berro e xingamentos foram interrompidos pelo menor que colocou as mãos na boca de Lance, que o olhava surpreso.

– Primeiro... se acalme; – suspirou pesadamente olhando o outro – Segundo... não grite ou fale alto, estamos em um hospital. E terceiro – tirou as mãos da boca do mais velho enquanto tinha um sorriso divertido nos lábios – desde quando você tem essa boca suja Lancey?

Viu o outro desviar o olhar com um sorrisinho.

– Digo é nada... – os olhos azuis pararam na cesta que havia levado para o Kogane, então logo a pegou e a entregou – Pra você!!

Era uma cesta toda preta que carregava um embrulho azul e um grande laço vermelho que o amarrava.

– Sério? – sorriu desfazendo o laço de fita, curioso. Já Lance apenas sorria.