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História Virou Simplesmente Amor - Sorte ou azar?


Escrita por: MaryeMimym

Notas do Autor


Voltamos '-------------'
Não nos pronunciaremos, até porque, depois de uma longa demora, palavras não serão o suficiente.
Ah, e se tiverem alguma dúvida sobre algum personagem, não deixem de perguntar, para que a fic não fique confusa.

Capítulo 13 - Sorte ou azar?


Lire havia estranhado o comportamento de Ryan, já que ele não respondia as suas mensagens e nem retornava as ligações.

A loira tentava não imaginar coisas e se manteve firme diante àqueles acontecimentos estranhos, mas era difícil. Lire pensou várias vezes em ligar para Arme e desabafar. Mas desistira todas as vezes que tentava ligar ou mandar mensagem. Achava desnecessário, afinal, Ryan deveria estar ocupado. Estavam de férias e na última conversa que tiveram tudo era duvidoso.

Mas Lire ainda tinha uma insegurança incômoda. Desde a praia que Ryan vinha ficado distante.

Ela estava em seu quarto. Sua mãe a chamara para ir ao cinema, mas Lire recusou, inventando qualquer mentira esfarrapada.

No momento, encontrava-se de bruços na cama e encarava o celular em sua mão.

Foi para a lista de chamadas. Com o polegar moveu a tela e foi até o nome de Ryan, que estava escrito exatamente o nome dele. Ameaçou ligar, mas soltara o aparelho em cima do travesseiro. Suspirou.

–O que está acontecendo? - Murmurou para si mesma.

Levantou-se da cama. Deveria fazer algo. Ficar se martirizando não ajudaria em nada.

Trocou o short, pois estava com a parte debaixo do pijama e mudara para um jeans.

Pegou as chaves que estavam em cima do criado-mudo, um presente de seu avó. Pegou também o celular e saiu de casa. Aquela conversa na lanchonete não poderia terminar daquele jeito!

Andou debaixo de um sol escaldante que fazia naquele dia, mas seu nervosismo era tanto, que Lire pouco se importou. Andou por volta de 25 a 30 minutos.

Chegou ao condomínio onde Ryan morava. O porteiro pediu identificação. Lire não costumava ir à casa do namorado; ele ia mais à sua.

O porteiro, um moreno baixo, já um senhor com cabelo e bigode brancos, um tanto barrigudo, ligou para Ryan avisando que tinha mais uma pessoa querendo visitá-lo.

Lire tentou ao máximo não pensar besteira. As outras pessoas que estavam com Ryan poderiam ser familiares ou, até mesmo, os amigos.

Como o próprio atendeu, disse que Lire poderia entrar.

O porteiro deu um sorriso para a loira e comunicou que ela poderia ir até a casa de Ryan e indicou o caminho e o número. Ela retribuiu o sorriso e agradeceu.

Lire apressou os passos. Estava mais nervosa que antes.

Parou em frente à porta e hesitou em bater.

–Isso é tão ridículo da minha parte... - Sussurrou ela, pensando em voltar - Eu não sou assim...

Quando Lire se virou a porta abriu. A loira automaticamente se virou e ficou surpresa.

–Lass! - Ela sorriu espontaneamente. Ficara feliz pela visita ter sido os amigos.

Lass deu passagem e Lire entrou, deparando-se com Ryan sentado no chão com o antebraço apoiado na mesinha de centro e Ronan sentado no sofá mexendo no celular. Lire não definiria "sentado" a forma que o azulado estava, que era bem mais para estirado no sofá do que sentado de forma mais educada.

Ryan não a olhou quando Lire entrou, o que a fez soltar um suspiro pesado e quase inaudível. Mas Lass a ouviu, por estar próximo a ela e fechando a porta.

–Olá rapazes. - Cumprimentou a loira, mostrando visivelmente sua timidez.

Apenas Ronan respondeu, com um sorriso e um aceno.

–O que você faz aqui? - Ryan se pronunciou, olhando, finalmente, para Lire, que recuou com o tom usado pelo rapaz – Achei que já tínhamos tido uma conversa.

Lire pensou em inventar uma história, mas àquela altura do campeonato nada lhe vinha à cabeça.

–Você está muito diferente, fiquei preocupada, só isso. - Respondeu ela, com o coração apertado.

Lass já havia voltado a se sentar no outro sofá de dois lugares.

–Eu sou obrigado a falar com você por 24 horas? - Ryan estava sério e reprimia a loira.

–Não é isso, é que...

–Lire, eu pensei que você não fosse ficar me enchendo o saco! - Ele se levantou. Lass e Ronan o acompanharam com o olhar.

–Eu sinto muito mesmo, foi um erro ter vindo aqui. - A menina estava se sentindo constrangida na frente dos meninos. Estava com vontade de chorar e de sair dali correndo.

–Foi mesmo um erro. Parece até que não confia em mim.

–Não é isso, Ryan, eu...

–Não tente se justificar! Eu não posso mais ficar um dia sem falar com você que já vem tirar satisfações? - Ryan abriu os braços demonstrando indignação.

–Eu jamais faria isso! Eu confio em você! - Lire se defendia, mas sabia que não teria mais forças para argumentar – Mas depois da nossa conversa, eu pensei que...

–Não está parecendo, sabia? - Ryan abaixou o rosto e balançou a cabeça, impedindo que a menina terminasse de falar - Não quero que fique me pressionando, Lire. - Ele a olhou.

A menina passou as costas da mão nos olhos.

–Eu só... - Interrompeu sua própria frase. Olhou para Ronan e Lass e depois voltou para Ryan.

Virou-se rapidamente. Abriu a porta e saiu. Correu portaria a fora. O senhor moreno se levantou no susto quando Lire passou por ele. A menina estava aos prantos.

Na sala, Ryan fechou o punho e encarava a porta. Ronan se levantou e começou a aplaudir.

–Hollywood está perdendo um grande ator.

Lass reprovou a brincadeira do amigo.

–Ele fez a menina chorar, você acha isso legal, Ronan? - Repreendeu Lass.

Ronan pensou um pouco, encarou Ryan, que havia se virado para o azulado, e soltou:

–Ryan, você é um monstro sem coração. - Parou um pouco - Como pôde? - Ronan foi o mais dramático que conseguiu, reprovando a atitude do alaranjado.

–Esse era o combinado. Fazer a Lire sentir raiva de mim, por mais que isso doesse...

Ryan abaixou o rosto e encarou o chão.

Ronan olhou para o Lass e depois voltou para o amigo.

–O seu plano é incrível, Ryan, vai dar tudo certo. A Lire vai entender. E, caso dê algo errado, peça desculpas e torça para que ela te perdoe.

Ryan o olhou.

–Você não está ajudando muito, cara.

Lass resolveu dar a sua opinião:

–Ryan, eu geralmente discordo de tudo o que você planeja, pois são coisas idiotas, mas você está arriscando tudo pela pessoa que você cuidaria por um bom tempo da sua vida. Estou te dando um voto de confiança, cara. Se você quiser andar para trás, vá em frente, mas tudo será pior. Se você planejou uma surpresa para a Lire, aconselho não desistir no meio do caminho. Não depois do que aconteceu hoje.

Ryan assentiu. Entendeu bem o que Lass quis dizer.

–Então, - Ryan suspirou - dois dias antes do aniversário do Ronan iremos nos reunir e colocarei o plano em ação.

Ronan fez um sinal de "joia" com a mão e Lass apenas balançou a cabeça.

–Vai dar tudo certo... - Ele murmurou para si mesmo. Pela primeira vez precisava de confiança de sobra.

***

Lupus viu no visor do seu telefone o número de Rey. Bufou. Não queria falar com a menina. Não queria, sequer, lembrar que ela estava viva. Mas ele sabia que onde quer que ele fosse, a sombra de Rey o seguiria.

Três toques. Não se ouviu mais o telefone.

Lupus respirou fundo e olhou para o relógio. Alguém bateu na porta. Temeu que fosse a menina. Subiu para o quarto e se dirigiu para a janela. Mediu a altura dali para o chão da casa do vizinho e a distância do terraço do mesmo.

–Ou eu pulo e me arranho ou eu... – Lupus riu – Pulo e me arranho.

Ficou no vão da janela e pulou para o chão. Rolou e se arranhou. Levantou sem ao menos olhar para as feridas que adquiriu nos braços e joelhos.

Espreitou se tinha alguém na casa do vizinho. Haviam saído. Pulou o muro deles e olhou para a porta de sua casa.

–O que ele faz aqui? – Murmurou.

Sacou a arma e se aproximou vagamente, sem parar de apontar para a pessoa a poucos passos de si.

–Poupe-me de suas tentativas falhas de ser cauteloso. – Avisou Zero, virando-se de braços cruzados.

Lupus guardou a arma.

***

Meio dia e o cheiro já emanava na cozinha e na sala. Edel, de fato, era uma boa cozinheira. Como Ronan havia voltado para o seu quarto, Edel aproveitou que estava sozinha e começou a arrumar a mesa para o almoço.

–Eu não acredito. - Apareceu a mãe do Ronan.

Edel, no susto, deixou os talheres, que segurava, caírem sobre a porcelana do prato.

A Sra. Erudon acabou rindo.

–Perdoe-me, não queria assustá-la.

–Não… - A menina riu abafado – Está tudo bem.

–É que você não precisava arrumar a mesa, já fez muito em cozinhar hoje. - A mãe do Ronan se aproximou da mesa e pegou os talheres caídos dentro do prato e os organizou.

–Eu costumava fazer isso junto com meu irmão.

–Eu entendo, meu anjo, eu entendo.

As duas trocaram olhares como se fossem mãe e filha, mas nada duradouro.

–Vejo que está quase tudo pronto para o almoço de hoje. - O Sr. Erudon chegou de surpresa - É uma lástima termos alguns convidados para este almoço. - E sorriu.

–Por favor, agora não. - Repreendeu a mulher.

Edel permaneceu calada.

– O cheiro está divino. - O Sr. Erudon mudou o assunto e olhou para a menina e depois para a esposa. - Poderia ajudar seu marido a escolher uma roupa apropriada para o dia de hoje?

Como se o clima mudasse e a paz se restabelecesse, a Sra. Erudon sorriu para o marido e se juntou a ele.

–Creio que, depois desse trabalho, você mereça um bom banho e um descanso até a hora do almoço, Edel.

–Farei isso, senhora Erudon. - Ao dizer isso, a menina achou uma brecha para passar entre os anfitriões da casa e ir para o seu quarto.

Não demorou muito até todos estarem prontos e Sebastian anunciar a chegada de Amy, que, como já “era de casa”, não se importou em ficar sozinha na sala esperando pelos Erudon. A mãe de Ronan apareceu primeiro e as duas começaram a conversar, até o Sr. Erudon aparecer e convidá-las para se juntarem a mesa.

Logo depois Ronan desceu as escadas jogando seus cabelos para trás, parou antes de atingir o térreo ao ver a porta se abrir. Sorriu.

–Sejam bem-vindos, senhor e senhorita Sieghart. - Sebastian sorriu e deu passagem para os ruivos.

–Não precisa nos tratar assim. - Elesis estava acanhada. Jin apenas riu, mas também estava desconfortável.

Ronan se apressou para se aproximar de Elesis, mas desacelerou o ritmo, para não assustar a menina, afinal, tudo era novo para todos.

Sebastian sorriu orgulhoso para o jovem Erudon, não precisava de palavras para identificar a felicidade daquele momento; depois desse ato o jardineiro se retirou. Ronan segurou a mão de Elesis, mas a menina estava tão enevoada que nem sentiu o entrelaçar dos dedos. Contudo, ao olhar para o sorriso largo de Ronan e os olhos de seu irmão fixados nas mãos juntas, separou-as e encarou o menino.

–Não faça mais isso, idiota azul. - E saiu andando, parando no meio do grande salão.

Ronan suspirou.

–Acredite, - Disse Jin, manifestando-se. - Trazê-la foi bem mais complicado do que imagina, então aproveite enquanto ela não surta e sai correndo.

Ronan abriu bem os olhos para o ruivo.

–O que você fez para ela vir?

–Vai por mim, você não vai querer saber. - Jin começou a andar para se juntar à Elesis.

Ronan coçou a nuca e se juntou aos dois, guiando-os para o cômodo onde seria o almoço. Ouviram as gargalhadas do Sr. Erudon.

Elesis sentiu seu coração acelerar e seu corpo travar a cada passo que dava.

–Calma. Eu estou aqui. - Disse Ronan ao se aproximar.

Elesis olhou para trás, na esperança de ver um sorriso familiar, um sorriso de Jin.

Os três adentraram na sala. Amy levantou-se ao ver o ruivo e, pedindo uma licença rápida, saiu da mesa para abraçá-lo.

–Você veio! - Cantarolou a menina.

Jin ficou mais envergonhado ainda.

–Vem. - A rosada o puxou para se sentar ao seu lado.

Com isso, a atenção dos Erudon se direcionou para Ronan e Elesis.

–É um prazer tê-la aqui conosco. - Comentou a mãe de Ronan, com um sorriso simpático no rosto e também se levantou para abraçar a ruiva.

Sentiu que Elesis se enrijeceu com a aproximação e completou:

–Não precisa ficar assim, meu anjo. - A senhora Erudon sorriu. - Saiba que eu gosto muito de ver meu filho feliz ao seu lado.

–Até eu tenho que admitir que Ronan combina mais com ruivas do que comigo, uma rosada única! - Amy não pôde deixar esse momento passar.

Elesis estava ficando cada vez mais angustiada com aquela situação e nem um sorriso esboçou, ao contrário do restante presente na sala, que riram do que Amy havia dito.

O Sr. Erudon observava os traços de Elesis. Seria ela a pessoa certa para Ronan? Ou a pessoa ideal para o que o pai dele procurava? Para ele, ambas as respostas eram “não”, contudo, ele não deixou de ser... Simpático?

Ronan segurou a mão de Elesis, com a permissão dela, e a guiou até a cadeira para se sentarem. Ronan ficou defronte ao Jin e Elesis em frente ao sorriso debochado de Amy.

Os pais do menino ficaram nas extremidades, cada um em uma ponta.

–Hoje o almoço foi preparado por alguém diferente. - Não deixou de dizer o Sr. Erudon com um semblante único.

Edel desceu as escadas correndo e parrou no caminho para a sala onde seria a refeição. Passou na cozinha e pediu para ajudar a servir. Agiu de boa intenção, sem imaginar o que estava por vir.

Edel entrou na sala com uma bandeja bem ornamentada em mãos.

Elesis não se entretinha com o momento e alternava em encarar a mesa, Amy e a mão do Ronan entrelaçada à sua.

Enquanto a ruiva tinha uma visão limitada, o pessoal olhou para Edel. Os Erudon sorriram, mesmo que surpresos. Jin permaneceu inexpressivo e Ronan sorriu para Edel. Amy não gostou de ver o amigo e a menina trocando olhares e sorrisos e lançou:

–Ué? – Amy juntou as mãos e continuou assim que teve a atenção de todos – Uma nova servente na casa?

***

Um casal avistou um táxi e fez sinal para que o mesmo parasse. Entraram no veículo e o garoto entregou um pedaço de papel com um endereço para o motorista.

–Não acredito que irei com você vê-los. – Disse a garota um tanto irritada.

–Tudo bem. – Suspirou o menino – Se quiser, pode ficar aqui. Prometo que não irei demorar.

Ela permaneceu emburrada, olhando para frente, ignorando o rapaz. Não custou muito para chegarem ao destino. Antes de sair, o garoto virou o rosto da companheira e deu um leve selinho e sorriu após o ato. A menina retribuiu um sorriso rápido, mas permanecia chateada com ele.

***

Rey estava em sua sacada quando viu um garoto, pouco familiar, trocando palavras com seu porteiro. O mesmo abriu para o rapaz e o acompanhou para dentro da mansão. Ela reconheceu o rapaz e sorriu maliciosa. O porteiro chamou um dos mordomos, James, que acompanhou o rapaz até o escritório de Von Crimson.

–Não quero mais saber. Pra mim, chega!

Pode-se ouvir uma risada grossa vindo do escritório.

–Acha que pode nos abandonar assim? Temos um acordo!

–Não me recordo de estar em um acordo que seria para sempre.

–É pelo tempo que for necessário.

–Se descobrir, não poderei fazer nada.

Logo quando James iria bater na porta, esta foi aberta por Dio, que o encarou com desprezo e saiu dali.

–Sr., este rapaz veio lhe ver. – Anunciou o mordomo, indicando o menino que estava ao seu lado.

–Ah! Meu jovem, por favor, entre! – Disse Von Crimson, como se a conversa com Dio não houvesse acontecido e se levantou da cadeira sorrindo. - Azin, certo?

–Sim senhor. – O rapaz se aproximou e apertaram as mãos, demonstrando formalidade.

–Acredito que veio buscar a outra parte. – Von Crimson sentou-se novamente e pegou um envelope em uma de suas gavetas. – Vocês deixaram um pai e uma filha felizes. - Em nenhum momento, este deixou de sorrir.

–Mesmo que tenha custado a dignidade e os sentimentos de minha parceira, certo?

–Haverá outras oportunidades para ela. – Suspirou o Sr.

–Na verdade, não. – Azin se mostrou sério o tempo todo, até mesmo quando recebeu o envelope – Com licença.

O senhor assentiu e chamou por James para que acompanhasse o garoto novamente. Na sala, Rey parecia o aguardar. Ordenou que James saísse.

–Por favor, seja breve, alguém está me esperando...

–Não se preocupe, eu serei. - Rey pausou por um momento e viu que ele segurava um envelope. – Uma boa quantia?

Azin olhou para o envelope em suas mãos e sorriu cinicamente.

–O acontecido não valeu tanto quanto recebi.

–Posso lhe dar mais… - Soltou as palavras como um veneno de cobra que não demora tanto para alertar sua presa.

–Não está em meus planos mais um serviço para vocês. – Azin também foi rápido à resposta.

–Uma pena… - Rey começou a se dirigir às escadas. – Sabe que eu poderia pagar mais que isto em suas mãos.

–Não se trata apenas de dinheiro. Falta dignidade a alguns e…

Rey virou-se novamente para olhar o garoto, o mesmo já estava abrindo a porta para ir enfim, mas ela o impediu se aproximando e fazendo que Azin a olhasse.

–Nós dois sabemos que você não possui dignidade alguma também.

–Ah! Está ficando interessante.

–Acredito que você tenha quebrado o braço do ruivo…

–E daí?

–Golpe baixo. Eu sei, assim como comprar a final. Mas você não se importa. E o meu serviço seria completar o seu.

–Essa conversa está seguindo um rumo ainda confuso e eu tenho que ir, mas me ligue. Seu querido pai tem meu telefone.

Azin saiu da casa. No carro ouviu algumas reclamações por ter demorado. Felizmente, já tinha alguns planos para retribuir a paciência de Holy. Rey retornava ao seu quarto quando passou pelo de Dio e ouviu alguns barulhos de coisas se quebrando.

–Eu vou descobrir o que estão me escondendo… Claro que vou. – A menina contorceu o pulso – Mas não perderei o foco com o Lupus.

***

–O que faz aqui?

–Você já foi mais gentil, Lupus.

–Não tente ser engraçado, Zero, até porque, com vocês – Lupus olhou com desdém – eu nunca usei educação.

–Era de se esperar de um verme. – Lupus abriu a boca para rebater, mas Zero continuou – Vim aqui para falar da Lin e não de bons modos. Preciso que venha comigo.

–Por quê? A menina parece se controlar numa boa.

–É isso que me intriga. É muito poder para uma menina como a Lin suportar “numa boa”.

–Zero, está se preocupando demais. – Lupus sorriu de canto – Deixa como está. Afinal, estamos de férias.

O menino se dirigiu para a porta.

–Soube que o Lass se machucou.

–Vai me ameaçar com ele? – Lupus não o olhou, encarou a porta – Pois saiba que pouco me importa.

–Você acha que farei alguma coisa com ele? Lupus... – Zero deu dois passos para trás – A pessoa que está te ameaçando não sou eu. E ela está vindo.

Lupus não imaginava como Zero sabia de algo. Mas o cara era estranho, então...

–Só me ajude com a Lin. – Zero respirou alto, como se estivesse demonstrando irritação.

–Quanto tempo?

–Se fala da menina que o perturba, acho que em vinte minutos ela estará aqui. Se você fala da Lin... Bem, mais uns dois treinos.

–Dois treinos. – Lupus parou – E uma verdade.

–Do que está falando?

Lupus se virou.

–Ainda não engoli o discurso da Lothos.

–Isso não tem nada a ver comigo.

–Não se engane fácil, Zero.

–Acho que encerramos o assunto.

–Creio que não.

Zero se virou e saiu andando.

–Acho que sim... – Lupus abriu a porta e entrou.

***

Lire estava enevoada, sem rumo, completamente perdida em seus devaneios. Fosse lá o que Ryan estivesse fazendo, testar os sentimentos dela não era bom, assim Lire pensou.

Pegou o celular. A foto de fundo eram os dois. Apagou a tela. Queria gritar, desabafar, ouvir de alguém que tudo melhoraria!

Ligou novamente o celular e foi nos contatos. Olhou cada um dos nomes listados passando depressa, como se estivesse com raiva do aparelho. Ryan... Refez o processo inverso e parou no nome de Arme. Discou.

–Lire?

–Eu não sei o que fazer... – Sua voz estava trêmula.

–O que houve?

–Fui até ele.

–Ele quem?

–Como assim “ele quem?”! Ele ué!

–Lire, eu juro que não sei de quem você está falando!

–RYAN! Reconhece este nome? – Lire, que até então estava triste, depressiva, estava agora impaciente, perplexa e revoltada.

–Que Ryan? Não! Pera... Volta tudo!

–Voltar o quê? Voltar nada não, melhor terminar mesmo.

–Oi?

–Já pulamos isso...

Hã? Tá, começa do começo, pode ser sem o “Oi, tudo bem?”.

–Arme... – A amiga se calou. Paciência era algo que não lhe importava naquele momento.

Lire respirou fundo e contou que foi à casa de Ryan. Que não sabia mais o que fazer, que conversou com Ryan no dia anterior e que achou estranho. Não sentia mais ele sendo sincero. Ousou dizer que duvidava dos sentimentos, talvez. Arme estava nitidamente revoltada. Dizia que não era possível que algo assim estivesse acontecendo e que Lire estava, com certeza, errada em duvidar dos sentimentos.

–Arme, não tem nada que eu possa fazer. Se tinha, já tentei.

–Você não está pensando em...

–Desistir? Sinceramente, estou.

–Não faça isso...

–Eu... – As lágrimas já caiam há algumas palavras. Tentava não soluçar e controlar a respiração. – Estou na rua, vou pra casa. Dormir um pouco pode ajudar. Talvez eu sonhe com uma realidade alternativa em que dê tudo certo...

–Tá pegando pesado. Não estou gostando.

–Tchau, Arme. “Té” mais...

A baixinha ouviu a ligação sendo finalizada. Encarou o aparelho e apertou.

–É... Agora não tem volta. Tenho que fazer algo...

***

Zero passou na casa de Lin, mas não a chamou.

Está perto, Zero... O selo será destruído... E Ela se libertará.

–Com licença? – Uma senhora abordou Zero – Está tudo bem com o senhor?

Ele a olhou como se não reconhecesse nem mesmo o lugar em que estava.

A porta da casa a frente se abriu.

–Zero? – Lin saiu com um sorriso cético – O que faz aqui?

–Esse senhor ficou parado aqui na calçada com esse rosto pálido, fiquei preocupada.

–Tudo bem, ele é meu professor. – Lin se dirigiu a senhora com um olhar do tipo “O professor que me ajuda, entende?”.

A senhora entendeu e apenas assentiu.

–Já que se conhecem, acho que já posso entrar. – Disse ela, com algumas sacolas de compra na mão.

–Quer alguma ajuda, Naninha?

–Não, meu anjo, muito obrigada. Pode conversar com seu professor.

Zero ficou parado. Olhava para Lin, mas ela não era o foco.

Assim que a senhora entrou, Lin se aproximou do professor.

–Está tudo bem, Zero?

Lothos... Verdade... Lupus e Lin são o destino mais ligado e a separação mais concreta. Salve-a, Zero, ou morra na inutilidade de sua forma com uma verdade não dita pesando em seus ombros.

–Zero? Zero? – Chamou Lin.

–Preciso que venha comigo. Precisamos falar com a Lothos.

Lin recuou.

–Está tudo bem? – Zero quis saber.

–Sua espada. – A menina parecia assustada – Ela parecia estar viva.

–Impressão sua.

–Você está estranho e estou com medo.

–De quê?

–Eu não sei! Estou treinando com Lupus e sei que é para controlar os dois lados que habitam em mim, mas... E a lógica disso tudo? Por que está se submetendo a isso? Além disso... O Lupus é confuso consigo mesmo, estou angustiada, você entende?

–Não queira entender os meus propósitos, apenas aceite minha ajuda calada e eu nunca entenderia adolescentes sentimentais.

–Até parece que Lupus é sentimental e, quer saber? Parece que está fazendo isso mais em prol de si mesmo do que para me ajudar. – A menina cruzou os braços.

–Valente. Mas será que é o bastante para decidir logo que lado escolher?

Lin abaixou o rosto.

–Apenas vamos. E espero que o silêncio continue.

***

Lupus estava perdido. Lembrou-se do beijo. Lin.

–Minha vida nunca foi tão confusa como agora.

Quando mais novo, já sabia que era diferente dos meninos. Quando alguém falava algo, demonstrava sentimento seja ele qual fosse, Lupus não se importava. Então por que, agora, ele se importa?

Suas ações não tinham uma explicação. Mas o que ele sentia por Lin... Ah, só poderia ser verdadeiro ou uma ilusão criada por si mesmo.

Se soubesse o número de Lin, ligaria para ela. Fechou os olhos. Teria que busca-la, pois Zero não havia avisado se falaria com a menina ou não. Não custava ir lá. Na verdade... Custava muito. Mas entre Rey e Lin, seu coração não demorou a responder.

Coração... Sentimento mundano e totalmente desequilibrado. Seria mesmo capaz de Lupus cair nessa armadilha sentimental? Nem ele sabia o que dizer.

Saiu de casa.

–Ora, ora, ora... – A voz feminina fez Lupus se arrepender de ter saído naquele exato momento.

–Se veio aqui—

–Calado! – Rey o empurrou para dentro da casa, fazendo o rapaz bater com as costas na porta semiaberta e cair no chão – Quem você pensa que é para me deixar assim? Sozinha?! Esqueceu quem eu sou ou simplesmente está se fazendo de sonso?!

***

Arme chegou ao prédio onde Ryan morava. Perguntou ao porteiro se ele estava e obteve uma resposta positiva. Pediu para que sua chegada não fosse anunciada e, como já era “de casa”, ele não se importou muito, ainda mais que a família de Arme era amiga da de Ryan.

–Então... O porteiro disse que ele está com dois amigos... – Murmurou a baixinha no elevador. – Não sei o que estão tramando, mas pegarei em flagrante!

Ela se aproximou da porta, respirou fundo, pegou na maçaneta calmamente e escancarou a porta gritando o nome do alaranjado como se fosse um sargento militar.

–RY-AN!

–Pelas Deusas de Ernas! O que é isso? – Disse o alaranjado enquanto caía da poltrona como consequência do susto que levara.

Como Arme imaginava, Ronan e Lass também estavam lá. Quando ela abriu a porta gritando, Ronan bateu continência e Lass, com os olhos completamente arregalados, pegou, quase imperceptível, uma almofada para ficar segurando como proteção.

Ryan engatinhou até que sua cabeça ficasse à lateral da poltrona onde estava e ficou observando a amiga encarando os três, com um foco maior nele.

–Ryan Woodguard.

–Nome e sobrenome? - Ronan sussurrava para Lass. - Ele foi pego…

–Eu acho que ela nos considera cúmplices, caro Ronan.

–Então fomos pegos? - De olhos arregalados, se dirigiu ao amigo ao lado que confirmou acenando a cabeça. Voltaram a observar Arme e seu discurso.

–Eu não sou Lire para aceitar uma desculpa fácil e ficar calada, e nem sou Elesis para usar força bruta e forçá-los a falar.

–Pelo discurso em si e pelo tom, ela parece pior. – E, como da última vez, Lass confirmou com a cabeça para o amigo ao lado.

–Quero explicações e não saio daqui até ouvir a melhor desculpa que você conseguir dar. - Como Ryan estava no chão, graças ao susto, Arme sentou-se na poltrona que ele esteve antes.

Ryan se levantou e olhou para seus amigos no sofá. Ronan e Lass, por sua vez, se entreolharam e Ronan aconselhou que contasse. Não tinha mais jeito. Precisavam correr o risco e contar para a baixinha.

Ela permaneceu séria e encarando Ryan durante suas explicações. Ele revelou todo o seu plano e os sacrifícios que precisaria fazer para que desse certo. Sua intenção nunca fora magoar Lire, mas, sim, fazê-la feliz. Arriscar uma surpresa grandiosa num momento especial: o aniversário dela.

–Então você estava evitando-a… - A cada conclusão, depois do depoimento, Arme aguardou para que Ryan completasse. Queria ouvir dele.

–Para não revelar nada e ela não suspeitar também. – Completou como esperado.

–Isso explica seu comportamento na…

–Na praia e na sua casa, na lanchonete... - Ryan abaixou a cabeça, sentia-se culpado. Mas pelo quê? Tudo o que ele fez era para um bem maior.

–E os dois… - Arme apontou para o namorado e o amigo no sofá. – Eles estão te ajudando nessa maluquice toda desde o início, certo?

Lass pigarreou para chamar a atenção e se defender.

–Diga-se de passagem, que fui forçado a me envolver. Recusei antes mesmo de saber o que poderia ser.

–E eu… - Ronan se manifestou novamente. - Avisei que seria uma loucura.

–Mas me apoiou! - Ryan denunciou.

–Loucuras, nem sempre, são ideias ruins e acho que todos, aqui presente, deveriam concordar que pode dar certo. – Concluiu Ronan.

Arme olhou para cada um dos garotos e depois olhou para o teto.

–Ryan… - Suspirou. - Concordo com o Ronan. Pode dar certo.

O menino de cabelos arrepiados encarou a baixinha. Estava surpreso e esperançoso.

–Tenho o seu apoio?

Ela levantou e caminhou até a porta. Antes de sair do apartamento, respondeu sem olhá-los:

–Se meu apoio significa não contar à minha amiga, sim. Mas quero que isso dê certo. Faça de tudo! A desculpa que darei à Lire deverá valer a pena. - Saiu deixando um clima tenso entre os três rapazes.

***

Lupus apoiou a mão no chão para se recompor.

–Eu não quero machucar novamente o seu querido irmão.

Lupus se levantou.

–Nele você não toca.

Rey quase que avançou em Lupus e encostou seu indicador no peito do rapaz.

–Então é melhor que, em uma semana, uma ruiva seja ferida gravemente. Eu quero ver sangue, Lupus, eu quero ver desespero. Sabe por quê?

O rapaz virou o rosto e fechou o punho.

–Porque é disso que eu gosto, ainda mais quando vejo quem me humilhou sendo feliz. E felicidade é algo que eu amo destruir.

Lupus engoliu a seco. Rey estava mais incisiva do que nunca. Temeu. Pela primeira vez temeu, não sobre o que aconteceria consigo. Temeu Lass e Lin.

–E depois disso?

Rey sorriu.

–Depois disso, meu querido Lupus, eu e você voltaremos a ficar juntos como se nada houvesse acontecido.

–E se eu recusar?

–E por que você recusaria?! – Rey deu um passou para frente – Isso, por acaso, tem a ver com aquela descontrolada do cabelo branco?! Hein?! Olha para mim! – Apertou o indicador e o polegar um pouco acima do queixo de Lupus e virou o rosto dele em sua direção – Pois se tiver... – Fechou os olhos e sorriu – Farei como que ela sofra e você sofra também, porque... Lupus, você é meu. Só meu, entendeu? – E soltou o rosto do rapaz.

–Você se arrependerá disso, Rey.

–Não se você se arrepender primeiro de me desafiar.

Rey se virou e caminhou até o carro a sua frente.

–Uma semana, Lupus, uma semana. – Avisou ela.

O rapaz entrou em casa e deixou a porta aberta. Pegou a primeira coisa que viu e arremessou longe. Socou a parede até os ossos de suas mãos latejarem. Seu rosto vermelho denunciava a fúria.

Controlou-se. Era como se uma voz em sua mente o acalmasse.

–Preciso ajudar a Lin. Por mais que no final... Eu tenha que deixa-la.

E, com esse pensamento, Lupus saiu de casa.


Notas Finais


Erros? :3
Saudades? :3
Ameaças? kkkkkk T-T


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