História Vizinhos - Estranhamente Amigas

Sakura
--- Eu preciso desse apartamento! - A loira falou emburrada colocando a mão na cintura
--- Eu também, e tenho certeza que preciso mais que você. - Falei com raiva cruzando os braços.
--- As duas precisam entrar num acordo, não posso perder meu tempo com isso - O dono do prédio já estava estressado - Estarei aqui ás 17hs, espero que tenham resolvido que ficará com o apartamento.

Ele saiu resmungando do pequeno hall, após um curto período de silêncio, eu me dei por vencida, era melhor eu procurar outro lugar, tinha muita coisa para me preocupar, e a mudança não podia ser uma delas.
--- Bom, você venceu, o apartamento é todo seu - falei por fim, e fui em direção a porta.
--- Não, espera - A loira me segurou pelo ombro - Olha nós duas precisamos do apartamento, certo? - Ela estava sem jeito, mas mesmo assim continuou.- E se nós duas alugássemos? Tipo morar juntas, sabe?
--- Tenho certeza que minha mãe disse pra eu não morar com estranhos.- Ela tinha mesmo proposto isso?
--- Qual o seu nome? - Ela perguntou animada.
--- Sakura Haruno - Falei entediada.
--- Ino Yamanaka, prazer - Ela falou estendendo a mão, eu apertei automaticamente - Viu? Não somos mais estranhas.
--- Um aperto de mão e viramos amigas, se eu te abraçar sou obrigada a me casar com você? - Falei sarcástica.
--- Tente entender, não vamos perder nada com isso, vamos dividir todas as contas, e acho que nos daremos bem.- Ela deu um sorriso amigável - Ah, e prometo que não sou um psicopata. - Ela levantou a mão direita.

Coloquei a mão no queixo, estava pensando na probabilidade daquilo dar errado, eram enormes. Mas o que é um peido pra quem já está cagado? 

--- Então o que me diz?
--- Tudo bem..."Parceira" - Falei rindo e ela me abraçou animada, começou a falar sobre conhecer o bairro e foi me puxando por afora. Acho que estava começando a me arrepender do acordo.

(....)

Até agora eu estava indo bem, já tinha conseguido um apartamento e me matriculado na faculdade. Claro que morar com uma pessoa que eu conheço a umas quatro horas , num bairro violento e sem nenhum plano para seguir a vida, não seja um exemplo de responsabilidade mas eu estava tentando.

--- Vamos pro prédio, tudo que eu quero é tomar um banho. - Eu falei, estava totalmente esgotada.

--- Não sabia que fazer uma matricula demorava tanto assim. - Ficamos a tarde toda na faculdade que eu iria cursar arrumando alguns documentos que precisava, mas pelo tanto que demorou acho que a Ino já estava quase se arrependendo de ter se oferecido para vir comigo.

Pegamos um ônibus na frente da universidade e meia hora depois já estávamos na rua do prédio, ainda tivemos que esperar mais uns 10 minutos até o Danzou, o dono, chegar. Assim que pegamos a chave subimos as escadas pra ver como era o apartamento que ficava no segundo, e último, andar.

O prédio não era dos melhores, a pintura estava descascada e sem vida, assim como todo o ambiente. Cada andar tinha quatro portas, cada uma de um apartamento. O nosso era o seis.

Assim que entramos podemos perceber que era maior do que esperávamos, a cozinha era ligada com a sala separados apenas por um pequeno balcão, por sorte já estava mobiliado, geladeira, fogão, pia, microondas, um pequeno sofá e uma televisão. No corredor, os quartos ficavam frente a frente, cada um com um armário e uma cama, e no final tinha um banheiro simples. O apartamento não era uma coisa linda, mas estava crente que com o tempo iríamos acostumar.

--- Até que não é tão ruim, né?

--- Podia ser pior - Eu respondi com um sorriso torto - Vou tomar banho e acho que já vou dormir.

--- Ta bom...Vou ver um pouco de tv.

Ela ficou na sala, e eu fui pro meu merecido banho, terminei colocando meu pijama. Já no meu quarto, fiquei encarando o colchão sem lençol,  mas como estava com tanta preguiça acabei só jogando uma coberta e me deitei. Nota mental: trazer meu travesseiro amanhã sem falta.

(....)

Acordar parecia uma tarefa quase impossível essa manhã, depois de uns quinze minutos enrolando finalmente levantei, peguei uma troca de roupa e minha toalha, e fui em destino ao banheiro, precisava de um bom banho pra realmente despertar.

Embaixo do chuveiro fiquei pensando sobre tudo que teria de fazer hoje, precisava buscar mais algumas coisas em casa, o que era meio estranho de se pensar, por que agora esse apartamento era minha "casa". Fiquei algum tempo pensando nisso, até me conformar com minha situação e terminar meu banho.

A Ino não parecia demonstrar nenhum sinal de vida, então decidi fazer o café da manhã pra depois chamar ela, o único problema era: Não tinha nada naquela geladeira, nem nos armários, não tínhamos comida alguma. Acho que teria de fazer compras, pelo menos pra hoje.

Coloquei uma roupa mais decente, um short jeans claro e um moletom com capuz cinza, no qual tentei esconder meus cabelos rosas, peguei algum dinheiro e as chaves, agora só faltava descobrir onde teria um mercado.

Assim que saí do apartamento vi de relance a porta da frente bater, foi quando me toquei que nem tinha pensado que tinha novos vizinhos, que na verdade não estava nem um pouco afim de conhecer, nunca foi uma pessoa muito social. Mas algo me incomodava, provavelmente era aquele cheiro de perfume que impregnava o lugar, muito forte para ser feminino.

Segui meu caminho a procura de um mercado, não foi tão difícil quanto achei que seria, logo na esquina tinha uma pequena padaria, comprei o necessário para o café e logo voltei pro prédio.

Como não tínhamos cafeteira, improvisei uma panela para fazer café. Também tinha comprado pão, queijo e alguns ovos, eu não sou aquilo que se chama de "cozinheira" mas com certeza ia estar uma delicia.
--- Bom dia flor do dia! - Até me assustei com a criatura sorridente na minha frente.
--- Ué, ta animada? 
--- É andei pensando um pouco antes dormir e percebi que finalmente eu estou livre - Ela terminou gritando e com os dois braços levantados. - Então não tem o porquê ficar desanimada.
--- Okay então o adulta, vai querer café? - Falei zuando ela.
--- Claro.

Enquanto tomávamos café da manhã ficamos conversando também. Descobri bastante coisa sobre ela, agora ela falava sobre a madrasta dela.
--- É serio! Nem o capeta aguentaria essa mulher. Ela é tipo a junção de todos os vilões da Disney num corpo todo enrugado e cabelos ressecados. - Ino fazia o maior drama.
--- Nossa me veio a imagem da Cruella De Vil  - Nós duas ríamos como idiotas.
--- Acho que foi inspirada nela - Ela limpou uma lágrima que involuntariamente saía de seus olhos - Falando no demônio, é melhor eu ir, não quero topar com ela - Ela fez o sinal da cruz pra logo ir pro seu quarto.

Comecei a arrumar a cozinha e guardar as coisas do café. Cinco minutos depois a Ino reaparece com uma calça jeans azul e uma camiseta cinza simples guardando algumas coisas numa mochila roxa.
--- Nossa...Você não vai tomar banho antes de sair? - Perguntei curiosa.
--- Não oxê, tomei antes de dormir, pra que tomar outro? - Ela falava como fosse óbvio.
--- Ai sua porca - Falei entre risos
--- Porca não! - Ela cruzou os braços - Qual o sentido de tomar outro? Eu só dormi, não corri uma maratona.
--- Então ta fedida - Eu tentava ser o mais irritante possível.
--- Ai me deixa, ta vendo ta me fazendo perder tempo - Ela falou olhando o celular, e toda bravinha foi rumo a porta bufando - Tchau Sakura
--- Tchau porquinha - gritei de volta.

Fui me trocar novamente, coloquei uma calça preta e uma regata azul escura. Peguei uma bolsa e coloquei tudo o que iria precisar e saí do apartamento.

(....)

Já eram quase oito da noite e eu estava voltando, passei o dia na casa que agora minha mãe moraria sozinha, também aproveitei pra deixar os últimos documentos na minha futura faculdade, e eu estava muito contente com isso. A última coisa da lista era conseguir um emprego, mas por motivos de extremo cansaço, resolvi deixar para amanhã.

Subi as escadas quase morrendo, estava tentando achar minha chave na bolsa, quando me assusto com um barulho de uma porta batendo, mas não tinha ninguém ali, então deduzi que foi o meu vizinho ninja e novamente eu nem ouvir ele chegar, tenho quase certeza disso quando sinto o cheiro do perfume de novo.

Assim que entrei no apartamento me deparo com a Ino dançando que nem uma louca na sala.
--- Eai porquinha, como vai? - Me joguei no sofá.
--- Se não vai me deixar né?! - Ela sentou do meu lado - Sei la...Quiz me divertir um pouco então coloquei música pra dançar.
--- Acho que temos conceitos diferentes sobre diversão - Fiz uma cara pensativa.
--- Ah tava mó tédio aqui, não me julgue - Ela cruzou os braços mostrando indignação, mas logo seu rosto mostrou uma estranha animação - Sabe o que eu tava pensando? Até agora não vi nossos vizinhos...será que são legais?
--- Nem sei...Não vi nenhum também.
--- A gente poderia ir falar com eles, o que acha? - Não sei como ela conseguia ser tão animada.
--- Ah não...Não sou boa nessas coisas que envolvem pessoas, ainda mais quando preciso conversar com elas.
--- Você é muito chata - Ela bufou - Vem, vamos dançar - ela levantou e ficou me puxando.
--- Eu não danço.
--- Para com isso, todo mundo dança - Ela me largou e ligou o rádio - Vem logo - Ela tentou novamente
--- Eu não sei Ino 
--- O que? Não to te ouvindo - Ela ficou se fazendo de desentendida e foi aumentando o som.

Depois de muita insistência eu acabei levantando e fui dançar com ela. Não sei se consideraria aquilo uma dança, só ficávamos pulando e se mexendo iguais umas doidas, mas realmente era muito divertido.

Não sei por quanto tempo ficamos dançando mas sei que eu não me sentia tão bem assim há muito tempo. Magicamente eu ia esquecendo tudo o que estava me deixando triste nos últimos tempos, nem sabia direito que música tocava mas acompanhava a Ino em seus movimentos estranhos. 

Desabamos no chão esgotadas, estávamos ofegantes e suadas, o que pra mim é uma péssima sensação, eu sou muito sedentária, acho que o máximo de exercícios que faço na minha vida é andar até o ponto de ônibus, sempre que subo as escadas penso que vou ter um ataque cardíaco, talvez eu precise fazer algum tipo exercício...
--- Tô com fome - A Ino falou fazendo uma careta - Tem alguma coisa pra comer?
--- Acho que sobrou do café... - Respondi com os olhos fechados.
--- Humm...Já sei - Ela se levantou com tudo e ofereceu a mão pra me ajudar - Vamos!
--- Vamos aonde sua doida? Tá noiada?
--- Nós vamos comprar pizza.
--- Não sei onde...Nem conhecemos nada aqui ainda - Se existisse um prêmio para piores ideias a Ino seria a vencedora.
--- Por isso mesmo, vamos dar uma volta pelo bairro, a gente compra uma pizza e quem sabe não fala com algumas pessoas - Ela falou sorridente.
--- Por que não? Nada pode dar errado mesmo... - Falei sarcástica, mas acho que ela não entendeu direito porque começou a dar pulinhos de alegria,
--- Ehh! Esse é o espirito garota! - Sério, ela parecia ter cinco anos agora - Vem, vamos nos arrumar, rápido! - Ela foi correndo em direção ao banheiro.
--- Ah...Pelo menos você vai tomar banho agora, né?! - Provoquei novamente.
---  Vai cagar Sakura! - Ela gritou e eu ri da sua irritação. Realmente morar aqui ia ser bem divertido...