História Vizinhos Por Acaso-Bellarke - Essa é a minha família completamente(ou não) perfeita

 -Clarke, sua maldita!- Raven balançava meu corpo violetamente me fazendo murmurar diversos palavrões enquanto afundava minha cabeça no travesseiro-Temos que ir!

-Ir pra onde, caralho?-Perguntei me sentando na cama sentindo minhas pálpebras pesarem.-Porra, ainda são quatro horas da madrugada!

-Foda-se, a gente vai pra casa-Raven murmurou se levantando da cama onde eu estava deitada-Me ligaram da faculdade, tenho que passar lá ainda hoje para buscar uns papéis.

 Raven saiu do quarto e eu me levantei da cama indo até o banheiro. Fiz toda aquela coisa diária de higiene matinal e depois arrumei minha bolsa. Sai do quarto e desci as escadas indo até á sala onde todos se encontravam.

-Agora que a princesinha já se arrumou, da pra gente ir?-Jasper perguntou entediado e eu revirei os olhos.

- Como vai ser a divisão do carro?-Octavia perguntou se levando do sofá e puxando sua mala de rodinhas para perto da porta. Enquanto todo haviam trazido somente algumas bolsas com nada além do necessário, Octavia havia trazido metade de seu guarda-roupa, praticamente.

  -Eu e Octavia vamos no carro do Finn. Clarke, Bellamy Monty, no carro do Jasper.-Raven explicou saindo da casa, e nós também.

  Eu joguei a minha bolsa dentro do porta-malas e depois entrei no carro. Monty ia no banco do passageiro ao lado de Jasper, e eu e Bellamy íamos no banco de trás. As lembranças dos momentos inesquecíveis que passamos na praia ficariam grudadas para sempre em minha memória, disso eu tinha certeza. Foram poucos dias, mas foram o suficiente para me fazer entender o real significado que cada uma dessas pessoas tinha na minha vida.

-Aqui-Bellamy entrou no banco de trás e me entregou uma barra de chocolate. 

-Obrigada!-Sorri e abri o pacote. Enquanto eu me deliciava com aquela barra maravilhosa  de chocolate Bellamy me encarava.-O que foi, palhaço?

-Nada-Levantou as mãos em sinal de rendição e riu.-Mas tem chocolate aqui- Ele aproximou o rosto do meu e passou o dedo no canto da minha boca. Seu rosto estava bem próximo do meu e eu podia sentir sua respiração contra a minha.

-Você é um clichê, Bellamy-Ri. 

-Partiu!-Jasper gritou entrando no carro, me fazendo empurrar Bellamy.

A viagem de volta duraria mais ou menos umas quatro horas, por que de acordo com Raven, iríamos pegar um pouco de trânsito pelo caminho. 

O sono estava dominando meu corpo e eu senti minhas pálpebras fecharem. Encostei minha cabeça no ombro de Bellamy, e meio que automaticamente, cai no sono.

     Jasper 

Eu odiava quando as coisas pareciam nunca estar trabalhando ao meu favor. O trânsito estava terrível e eu me perguntava qual era o motivo de nós termos resolvido voltar tão cedo. Sério, que idéia estúpida.

No banco de trás do carro, Clarke dormia com a cabeça encostada no ombro de Bellamy, que tinha uma feição bastante cansada. Ao meu lado, Monty parecia estar prestes a dormir também, mas parecia querer continuar acordado.

-Como está seu relacionamento com Harper?Não vejo mais vocês dois juntos-Perguntei, tentando puxar um pouco de assunto.

-Ah, cara, você sabe que eu e Harper nunca tivemos nada sério.  Só ficamos uma vez. Eu sei que ela é sua irmã, mas isso não quer dizer que eu queira ter alguma coisa séria com ela.

-Relaxa-Ri.

[... ]

Após deixar todos em suas respectivas casas fui para a minha, claro, depois de passar em uma lanchonete da cidade.

Como é hábito em todo dia de domingo, meus pais se preparavam para ir á igreja. Embaixo do antebraço da minha mãe ela carregava uma bíblia, enquanto meu pai terminava de ajeitar sua gravata, com um pouco de dificuldade, admito. Eles eram muito devotos a religião, coisa que eu não sou. Quer dizer, eu raramente vou á igreja, pra falar a verdade. Não que eu não acredite em Deus e na sua existência, mas é que isso me deixa um pouco confuso. Por quê, apesar de tudo, ele já ignorou meus pedidos de soluções para meus problemas muitas vezes. 

Meu pai é rígido, não se deixa influenciar e acha que sempre sua opinião é a única certa. Minha mãe é um pouco mais tranquila, mas aceita qualquer merda que meu pai impõe, o que me deixa um pouco puto. Afinal, por que ela não fala o que acha, porra? Por que ela deixa ele sempre resolver tudo?!

-Oi, querido-Minha mãe sorriu. Suas olheiras eram nítidas, mas seu sorriso era enorme. Ela veio em minha direção e deu um beijo na minha bochecha, quanto ao meu pai, ele nem se deu ao trabalho de olhar na minha cara.

-Sua irmã está em casa e tem pizza na geladeira-Ela se despediu com um aceno e saiu da casa, junto com meu pai.

Meu pai meio que me acha o desgosto da família. Não frequento a igreja e sempre estou indo para festas, ou simplesmente fazendo qualquer coisa que me mantenha longe de casa o maior tempo possível.

 Fui até a cozinha e peguei um pedaço de pizza. 

-Vamos lá, minha preciosa-Falei mordendo um pedaço da mesma.

Depois de sair da cozinha fui até o quarto de Harper, onde presumi que ela estava.Bati duas vezes na porta, até ser atendido por uma baixinha loira que me abraçou.

-Saudades de você-Ela sorriu e depois voltou a se sentar na cama.

-Eu só viajei por 4 dias, você é muito exagerada-Ri me sentando

-Cala a boca-Ela gargalhou jogando uma almofada em mim.

-O que você está fazendo?-Perguntei, olhando para os materiais escolares espalhados pela cama.

-Um trabalho da escola. O objetivo é escrever sobre uma lembrança que marcou muito a sua vida, no estilo de um roteiro. E ai, nós vamos protagonizar uma cena na sala de teatro, com base na lembrança. -Explicou, com uma calma surpreendente. Afinal, Harper é o tipo de garota que odeia ter que ficar explicando as coisas.

-E sobre que lembrança você vai falar? Sobre quando você foi ficar com um garoto na quadra da escola e acabou espirrando durante o beijo, deixando o menino com meleca espalhada por toda a cara?-Perguntei em um tom divertido. Esse dia foi épico.

-Vai se fuder, Jasper!-Ela mostrou o dedo do meio e depois apontou para a porta do quarto-Sai daqui!

-Relembrar é viver, maninha!-Balancei as mãos no ar e ela jogou uma caneta na minha direção.

Sai do quarto entre risos e depois fui para o meu. A minha família não é totalmente perfeita, nem estruturada, mas é o que eu tenho. E eu os amo. Até mesmo o meu pai, que parece nutrir um ódio por mim que eu nem sei da onde vem.