História Você é definitivamente um mau caminho!!! - Você é louca!

O ar congelante e forte demais não me deixava gritar de desespero. Estava tudo escuro e eu não conseguia ver para onde estava caindo. De repente me lembro de que em paraquedas tem que se puxar uma cordinha, olho para cima e vejo uma cordinha balançando com a força do vento, estico a mão e a pego, fazendo meu corpo dar uma arrancada para trás quando o paraquedas se abre.
     Com paraquedas aberto, então acho que pelo menos não vou morrer! De repente meus pés começam a roçar em arvores e me desespero, será que vou acabar presa em uma delas?
Meus pés param de bater em arvores e fico mais aliviada, e é quando percebo que já estou chegando ao solo, minhas pernas se enrolam uma na outra e finalmente tinha parado.
     Olho ao redor e era bem difícil de enxergar somente com a luz da lua, mas parecia que eu estou dentro de alguma floresta. Logo me lembro do que Vint me disse que era para retirar o paraquedas assim que chegasse ao solo. Comecei a retira-lo e depois enrolar, não sei bem para que foi esse aviso, mas prefiro não arriscar.
     Com o paraquedas em mão, agora é onde coloca-lo? Agacho-me no chão e o coloco entre algumas folhas que estavam perto de um tronco caído.
Começo a andar sem saber para onde exatamente ir, os galhos das arvores machucam meu rosto quando passo por eles, e quando penso em agradecer Vint por ter me dado calças Jeans e casaco de couro, me lembro de que se ele fez isso, então ele sabia exatamente que isso ia acontecer, esse filho da puta me paga quando eu o encontrar, quantas vezes mais ele pretende me arremessar de lugares?
     Paro de andar quando ouço barulho de passos, olho para os lados e não vejo nada e me pergunto se estou ficando louca, mas os passos continuam e eu não sei o que fazer, meu corpo me diz para correr, mas meu cérebro me diz para não o fazer.
     Decido por dar ouvidos ao meu cérebro e fiquei parada. Quando vejo luzes e homens gritando algo em uma língua que não entendo. Luzes de lanternas atingem meus olhos e abaixo a cabeça o que os faz ficarem bravos — acho que querem que eu olhe para a luz.— forcei meus olhos a aguentarem e de repente sinto um empurrão em meu ombro me fazendo cair no musgo de bunda, para logo depois me levantar pela blusa e pude perceber meu agressor, era um homem negro que usava uma farda verde, ele falava comigo na língua estranha para mim e eu não sabia o que fazer. Logo quando outro homem o agarra pela farda e diz algo que parecia estar desaprovando seus atos, o que parecia ter tido efeito já que o homem me soltou de mau gosto.
— O que faz aqui?
    Perguntou em inglês o homem que tinha me ajudado. Meu cérebro entrou em pânico sem saber o que responder, será que eu poderia falar a verdade? Algo me diz que não.
— Eu não sei exatamente como vim parar aqui! — não estava mentindo. Ele parecia não acreditar, óbvio quem ia?
    Ele virou para os outros e falou de novo na língua que não entendia e parecia algum tipo de ordem, porque depois de falar eles começaram a se mover e ele pegou em meu braço como se eu fosse algum tipo de prisioneira. Deus onde fui me meter? E onde está Vint? Será que ele também foi pego?

     Levaram-me por todo o caminho na mata e chegamos a um lugar que parecia ser um acampamento, tinha outros homens africanos com fardas verdes e também cachorros em que seguravam em suas coleiras. O homem que me segurava deu ordens aos outros e me levou para dentro da grande tenda. Ele olhou para mim.
— Então, quem é você? E o que faz aqui? E não adianta mentir para mim.
     Fiquei sem reação. Ele suspirou.
— De verdade não sei exatamente o que estou fazendo aqui... — falei com sinceridade, e ele parecia acreditar mais agora.
— Olha só, somos guardas florestas e estamos de olho em caçadores ilegais que parecem ter aumentado de números nos últimos meses, o que é bem assustador o fato de que não estamos dando conta, ai você aparece assim no meio da mata sem mais nem menos, então desembucha logo.
— Então vou ser sincera com você também, por mais que não saiba como isso vá acabar... Eu vim atrás de dinheiro, sou uma ladra!
     Ele parecia ter congelado suas emoções e de repente começou a rir.
— Eu sabia que isso ia soar ridículo.
— Me desculpe, é só que não combina nada com a senhorita — bufei.
— Se me dissessem isso, também teria a mesma reação, mas você me surpreendeu, achei que ia reagir mais agressivamente, afinal de contas estou em seu país e lhe dizendo que vou rouba-lo.
— Contanto que não tenha nada haver com os animais! E não é anormal pessoas vindo para cá querendo lucrar de algum jeito, mas mudando de assunto, o que exatamente pretende roubar?
— Ladrões?
— Hum?
— É que agora parece que trabalho para o Robin Hood! E não sei onde ele está.
— Tem mais alguém com você? — perguntou preocupado.
— Humm sim?
— Ele pode estar em perigo! Estamos em áreas de caçadores, e não vão ser bonzinhos como fui com você.
— O que quer dizer?
— Que pode estar morto, por sorte.
— Tenho que encontra-lo, se não, como vou sair desse país?
— Não parece muito preocupada com seu estado.
— Na verdade quero mata-lo. Mas como posso encontra-lo?
— Eu não deveria te ajudar, mas...

    Estamos nesse momento andando pela mata escura, com um cachorro e uma lanterna. Tupac o homem que resolveu me ajudar, está nos guiando em busca de acampamento de caçadores para encontrar Vint. Pergunto-me se está bem, ou se foi culpa minha que ele tenha sido pego, afinal de contas demorei muito para saltar do avião, o que pode tê-lo feito cair no lugar errado.
    De repente paramos por ver luzes e Tupac dá algo para o cachorro comer e seguimos em frente agachados. Logo a frente conseguíamos ver homens armados em volta de uma fogueira e ao canto amarrado a roda do carro estava Vint de cabeça abaixada, sua camisa estava manchada de sangue, o que me fez ficar desesperada, será que ainda está vivo?
— Ele está vivo! Só apanhou muito — meu coração se apertou.
— Como vamos tira-lo de lá?
— Deixe me pensar em algo — uma ideia surgiu em minha mente.
— Acho que tenho uma ideia!
— O quê?
     Olhei para o chão e coloquei as mãos na lama aos meus pés, respirei fundo e comecei a passar em meu rosto e depois nas roupas.
— Que tipo de plano é esse?
— Eu vou distrai-los enquanto você da à volta e solta Vint e pega o carro.
— E você?
— Vou dar um jeito, não se preocupe.
    Nos preparamos para dar inicio ao plano, respirei fundo e comecei a dar passos em direção ao bando em volta da fogueira, fiz de conta que estava muito cansada de correr e arfando.
Um homem se vira e me ver e começa a gritar em outra língua e apontando a arma para mim, meu coração se dispara ao perceber quão ruim foi essa única ideia. Todos os outros se viram com suas armar apontadas para mim e inconscientemente levantei as mãos em sinal de rendimento. Vi pelo canto de olho quando Tupac se dirigia até Vint, e essa era a hora certa, me virei rapidamente e comecei a correr com todas as forças que tinha.
    Coloquei as mãos na cabeça quando ouvi os tiros que se dirigiam para mim, um tiro acerta perto de meu pé e adentro a mata com os galhos cortando meu rosto. Desespero-me quando ouço os cachorros que vinham atrás de mim, como ia me esconder de seus olfatos?
     Corro até chegar em campo aberto e não ter mais para onde se esconder, olho para os lados e realmente não tinha mais mata era tudo aberto e só tinha algumas zebras comendo capim, ouço os cachorros e tiros e começo a correr de novo, minhas costelas já não aguentavam mais, quando ouço o som de tiros mais próximos ainda e o carro que Tupac estava dirigindo um Land Rover que não atingia uma velocidade muito alta, estava vindo em minha direção.
    Dei graças a Deus quando o carro andou do meu lado e Vint que agora estava acordado, me estendeu o braço e eu o agarrei e ele me puxou para dentro. Ele me abraçou fortemente.
— Você é louca!
— Acho que estou passando muito tempo com você!